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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Termogênese corpórea




Para manter suas funções basais, incluindo digestão e homeostasia (temperatura interna estável), nosso organismo gasta energia, correspondente a dez por cento do que despende diariamente para a vida.

Esse fenômeno se chama termogênese, o que significa dizer a capacidade de equilibrar a temperatura interna em relação ao meio ambiente.

Esse processo é parte do mecanismo da termorregulação, que nos permite gastar energia para produzir e dispersar calor de acordo com as mudanças no meio externo ou com as necessidades internas.

Ele está completa e intimamente ligado ao metabolismo.

Todas as células e todos os tecidos do nosso organismo acabam gerando calor no processo de funcionamento habitual.

Quando o clima está aquecido, com temperaturas elevadas, nós transpiramos para perder calor e manter a temperatura interna equilibrada. Nesse trabalho, o organismo perde calorias, gasta energia.

No caso dos dias frios, a transpiração é reduzida, os músculos são colocados em atividades, para gerar calor interno e equilibrar a temperatura relativa, com relação ao meio ambiente.

Tudo isso é um mecanismo brilhante de que o organismo lança mão para manter a vida e esse mecanismo gasta energia, como já citei anteriormente.

Na verdade a termogênese existe de duas formas, sendo que a primeira é aquela na qual o gasto energético do nosso organismo é feito em repouso, na atividade basal, como digestão, respiração, batimentos cardíacos, e tudo o que você possa imaginar que acontece para que o corpo continue funcionando, mesmo em repouso absoluto.

Ou seja, dormindo, estamos gastando energia.

A segunda forma de termogênese é chamada facultativa, pois depende de nós, de nossa atividade e de quanto ela seja estimulada para queimar calorias, assim como também da temperatura ambiente, como já citei anteriormente.

Desta segunda forma de termogênese, a atividade física pode corresponder a quarenta por cento da queima de energias para o corpo, quer dizer, você pode incrementar (elevar) bastante a redução de peso, se elevar bastante a atividade física do corpo.

Os alimentos podem colaborar de alguma forma para a queima de calorias.

A termogênese alimentar é a energia que é consumida para processar e digerir os alimentos.

Se você ingere alimentos hipercalóricos, irá perceber que sua transpiração se eleva após a refeição, pois o organismo procura eliminar, sob a forma de calor, a energia que está sendo guardada na forma de gordura.

Mas existem alguns alimentos e alguns suplementos alimentares, que tornam o processo de digestão mais lento.

As fibras alimentares são um exemplo de alimentos que dificultam o processo de digestão e elevam o consumo de energia.

O café é outro exemplo de alimento que auxilia no aumento de consumo de energia, mas, por acelerar o metabolismo do corpo.

Nesse processo todo, de queima calórica na digestão, várias estrutura orgânicas participam de um mecanismo que interage para manter a homeostase orgânica.

O Estômago produz um hormônio chamado grelina, que é liberado quando o órgão está vazio e quando está em horários próximos às refeições: ele é chamado de hormônio da fome.

O Pâncreas secreta a insulina, que, além de outras funções, avisa o cérebro para reduzir o apetite.

O Tecido Adiposo, ou Gorduroso, produz uma substância chamada leptina, que sinaliza ao sistema nervoso para reduzir o apetite.

O Intestino Delgado produz o PYY, que se trata de um hormônio também supressor de apetite.

Quando lentamente se instala o quadro chamado de síndrome metabólica, composto por obesidade, hipertensão arterial e diabetes, todos esses hormônios entram em desequilíbrio, gerando fome persistente e redução da queima calórica, com acúmulo de tecido gorduroso particularmente na região abdominal.

A título de curiosidade, há alguns suplementos alimentares que podem interferir na termogênese. elevando o consumo de calorias. Um exemplo real é a cafeína, que certamente aumenta a taxa de queima calórica.

Outro exemplo parece ser a l-carnitina, que ainda ressente de comprovação científica para se ter certeza de que realmente funciona no sentido de aumentar a termogênese orgânica.

Para se fazer uma comparação, com relação a ela, quem ingere bastante carne também ingere l-carnitina e também tem elevação de queima calórica.

Mas cuidado com os chamados suplementos alimentares termogênicos, pois alguns podem causar sérios transtornos para a saúde, como, por exemplo, hipertensão arterial.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Leucemias




A leucemia é um câncer que afeta a medula óssea, produtora de glóbulos sanguíneos, afetando as células brancas do sangue. As células anormais jovens passam a ser produzidas em tal profusão e com tal velocidade que podem suprimir a produção de células normais.

Há dois tipos clínicos de leucemias, conforme as linhagens de glóbulos brancos afetados, as linfoides e as mieloides.

As leucemias linfoides afetam as células da medula óssea que originam linfócitos. São chamadas de leucemia linfoide, linfocítica ou linfoblástica.

As leucemias mieloides afetam as células que dão origem às plaquetas, eritrócitos e outros elementos figurados do sangue. São chamadas mieloide ou mieloblástica.

Qualquer uma das duas pode ser aguda, caracterizada pela rápida proliferação de células imaturas do sangue e com quadro clínico que se agrava rapidamente, ou crônica, na qual os sintomas são brandos e vão se agravando gradualmente.

A leucemia linfocítica aguda é mais comum nas crianças e a leucemia linfocítica crônica ocorre mais depois dos 55 anos. Já a leucemia mieloide crônica é mais comum em adulto e a mieloide aguda pode acometer tanto adultos, como crianças.

A causa das leucemias ainda não é totalmente conhecida e talvez cada tipo da doença possua sua própria causa. Na verdade, sabe-se de alguns fatores que parecem estar ligados à etiologia ou ao desencadeamento delas, dentre os quais estão a herança genética, a contaminação por certos tipos de vírus, a radiação, a poluição e o tratamento quimioterápico, dentre outros.


Os sintomas das leucemias são extremamente variáveis. Suas manifestações são dependentes da infiltração nos tecidos do organismo (amígdalas, linfonodos, pele, baço, rins, sistema nervoso, etc.) de células sanguíneas imaturas e a ocupação por elas da medula óssea, o que pode causar:

• Uma síndrome anêmica (por diminuição das hemácias).
• Uma síndrome hemorrágica (em virtude de uma trombocitopenia).
• Uma síndrome leucopênica (diminuição de leucócitos normais).

Os sintomas experimentados pelo indivíduo serão, então, em graus e associações variáveis, os próprios de cada uma dessas síndromes.


O médico (clínico geral, pediatra, hematologista, geriatra) fará uma história clínica e o exame físico que podem ser sugestivos de uma primeira suspeita. O hemograma pode reforçar essa suspeita.

O mielograma, um exame das células da medula óssea, extraídas preferencialmente do osso ilíaco ou do esterno, é muito importante para determinar a forma das células e proceder ao exame citoquímico delas.

Uma punção lombar pode ser feita tanto para análise do líquor, quanto para introdução de quimioterapia. Pode-se proceder também à pesquisa de alguns marcadores de superfície das células imaturas. Alguns exames de imagem (radiografia e tomografia computadorizada) também podem ajudar no diagnóstico.


O tratamento das leucemias tem o objetivo de destruir as células neoplásicas, para que a medula óssea volte a produzir células normais. Isso é feito através de medicamentos quimioterápicos e, eventualmente, radioterapia.

Deve se feito o controle das complicações infecciosas e hemorrágicas e a prevenção ou combate à afetação do sistema nervoso central. Durante o tratamento o paciente recebe frequentes transfusões de hemácias e plaquetas. Mesmo depois de normalizada a contagem de células, o tratamento deve continuar por um ou dois anos para destruir completamente as células anormais residuais. Em alguns casos, um transplante de medula é necessário.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Remoção de pólipos adenomatosos por colonoscopia previne a morte por câncer colorretal






A colonoscopia preveniu a morte pelo câncer colorretal em cerca de 53% dos casos através da retirada de pólipos adenomatosos. O estudo National Polyp Study (NPS), publicado pelo The New England Journal of Medicine, avaliou o efeito em longo prazo da polipectomia colonoscópica na mortalidade por este tumor.

Foram incluídos nesta análise todos os pacientes com pólipos (adenomatosos ou não adenomatosos) prospectivamente encaminhados para colonoscopia no centro clínico do National Polyp Study no perído de 1980 a 1990. O National Death Index foi usado para identificar as mortes e para determinar a causa das mortes.

A mortalidade pelo câncer colorretal entre os pacientes que tiveram pólipos adenomatosos removidos foi comparada à mortalidade esperada por câncer colorretal na população geral, estimada pelo Surveillance Epidemiology and End Results (SEER) Program, e também com a mortalidade por câncer colorretal em pacientes com pólipos não adenomatosos (grupo controle).

Em 2602 pacientes que tinham pólipos adenomatosos removidos durante a participação no estudo, após uma média de 15,8 anos, 1246 pacientes tinham morrido de qualquer causa e 12 morreram de câncer colorretal. Dado um número estimado de 25,4 mortes esperadas por câncer colorretal na população geral, a polipectomia colonoscópica sugeriu uma redução de 53% na mortalidade. A mortalidade foi semelhante entre pacientes com adenomas e aqueles com pólipos não adenomatosos durante os primeiros 10 anos após a polipectomia.



Fonte: The New England Journal of Medicine, de 23 de fevereiro de 2012

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Importante? Conteúdo sexual na televisão associado à gravidez na adolescência...




Evidências crescentes indicam que a exposição de jovens a conteúdo sexual na televisão modela as atitudes e o comportamento sexual, de tal maneira que pode influenciar os desfechos de saúde reprodutiva.

Um estudo publicado no periódico Pediatrics avaliou a relação entre esta exposição e a gravidez na adolescência. Observou-se que, entre adolescentes com 12 a 17 anos, a exposição a conteúdo sexual na televisão foi preditora de gravidez na adolescência, após ajuste para todas as co-variáveis.

Os adolescentes expostos aos maiores níveis de conteúdo sexual na televisão (percentil 90) foram duas vezes mais propensos a vivenciar uma gravidez nos 3 anos subseqüentes, quando comparados aos jovens com menor exposição (percentil 10).

Este estudo demonstra a ligação entre exposição a conteúdo sexual na televisão e experiência de gravidez antes de 20 anos. A limitação desta exposição por adolescentes, por meio da informação acerca das conseqüências negativas, pode reduzir o risco de gravidez na adolescência.


Fonte: Pediatrics, Volume 122, Number 5

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Pancreatite





A pancreatite é um processo inflamatório do pâncreas, agudo ou crônico, de variadas causas. Esta patologia pode melhorar sem deixar sequelas ou evoluir para casos mais graves, com possibilidade de levar à morte.

O pâncreas, além de produzir insulina e lançá-la na corrente sanguínea, secreta várias enzimas que atuam na digestão lançadas no intestino através do ducto pancreático. Quando essas enzimas não são excretadas e se acumulam no pâncreas, ele começa a "digeri-las", acarretando sérias consequências. Estas enzimas podem cair na circulação e lesar outros órgãos como pulmões, coração, rins, etc.


As causas da pancreatite são variadas e, em algumas ocasiões, difíceis de determinar. As mais comuns são: cálculo da vesícula biliar e consumo excessivo de álcool. Outras causas menos comuns são o uso de determinados medicamentos, infecções virais e traumatismos.

Muita gente acha que somente o fígado é o grande prejudicado pelo consumo excessivo de álcool, mas o pâncreas, por conta da pancreatite está efetivamente muito relacionado com ele, além de outros órgãos, como o cérebro, o coração e os rins.


Os sintomas da pancreatite podem ser agudos ou crônicos.

Na forma aguda, os sintomas mais comuns são:

• Dor abdominal intensa e de início abrupto que pode irradiar para as costas. A dor é chamada "dor em barra", pois toda a parte superior do abdome dói.
• Náuseas e vômitos.
• Dificuldade de eliminação das fezes e da urina.
• Icterícia (ou "amarelão") também pode estar presente.


Nas formas crônicas podem ocorrer, além dos sintomas citados:

• Diarreia com eliminação de gordura (fezes que bóiam no vaso e são brilhantes).
• Sinais e sintomas de hiperglicemia (são os sinais e sintomas do diabetes mellitus).

Além da história clínica e do exame físico do paciente, o médico pode valer-se das dosagens da lipase e da amilase (enzimas pancreáticas), de uma tomografia computadorizada ou da ecografia abdominal.


Há casos leves que podem ser tratados em casa, outros requerem internação hospitalar e cirurgia.

Ainda não existe um medicamento específico para tratar a inflamação do pâncreas. Por isso, é necessário deixar o órgão em repouso, ou seja, dependendo do caso, pode ser necessário jejum absoluto.

O tratamento visa diminuir as secreções, as enzimas e os mediadores inflamatórios pancreáticos, adequar a alimentação e adotar medidas gerais de suporte (analgésicos, hidratação, etc.).

Em casos de cálculos biliares, pode ser necessária a retirada dos mesmos.

Nas pancreatites crônicas, pode ser necessário fazer a reposição oral de enzimas pancreáticas.


O diagnóstico correto e o tratamento precoce são fundamentais para o sucesso no tratamento.

Procure um médico (clínico geral, endocrinologista, cirurgião geral) para avaliar os seus sintomas.

Os casos leves curam sem sequelas. Casos mais severos podem deixar sequelas que impõem limitações à vida do indivíduo (hiperglicemia, dificuldades de digestão, etc.).

As sequelas estão relacionadas aos processos de cicatrização da inflamação pancreática. Alguns casos especialmente graves podem levar à morte.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Conjuntivites





Conjuntivite é uma inflamação da membrana transparente e fina que reveste o branco dos olhos e o interior das pálpebras (conjuntiva). Pode atacar um só ou ambos os olhos ao mesmo tempo e durar, em média, de três a quinze dias. Normalmente, cura sem deixar sequelas.

Ela pode ser causada por fatores alérgicos, irritativos ou infecciosos e cada um deles necessita de um tratamento específico.

A conjuntivite alérgica ocorre nas pessoas que sofrem de outras alergias como rinite ou bronquite.

A conjuntivite irritativa pode dar-se pelo contato direto dos olhos com alguma substância irritante (fumaça, produtos de limpeza, poluentes industriais, etc.).

A conjuntivite infecciosa é transmitida por vírus, fungos ou bactérias. Quando infecciosa, ela é altamente contagiante, sendo comuns casos simultâneos em uma mesma residência, colégio ou local de trabalho.

Das infecciosas, a mais comum é a de origem viral.


Estar em companhia de pessoas infectadas, em ambientes fechados, o uso comum de objetos, o contato direto com pessoas contaminadas ou mesmo a água da piscina são fatores que favorecem a contração da conjuntivite infecciosa.

As mãos são os vetores mais comuns na transmissão das conjuntivites infecciosas.

As conjuntivites alérgicas ou irritativas dependem de contatos com alérgenos ou fatores irritativos, respectivamente.


Quando se observa uma pessoa com conjuntivite, nota-se que o olho está avermelhado, inchado, lacrimejante, pruriginoso (coçando) e, às vezes, com secreção - e a pessoa tem a sensação de que há um corpo estranho no olho.

As conjuntivites alérgicas e irritativas geralmente afetam os dois olhos ao mesmo tempo.

As irritativas são episódicas e as alérgicas têm períodos de melhorias e reincidências. Ela é benigna por não envolver a córnea e ocorre geralmente em regiões ou épocas mais frias.

A conjuntivite por infecção geralmente começa por um dos olhos podendo, subsequentemente, afetar também o outro e este fato é muito comum. Nas infecções bacterianas há secreção purulenta que se acumula no canto dos olhos ou mesmo em toda área dos olhos.

O diagnóstico das conjuntivites e a determinação de seu tipo são realizados pelas características clínicas.

A presença ou não de secreção e seu aspecto são fatores que indicam o tipo das conjuntivites.

Nas que ocorrem por alergia ou irritação, a secreção tende a ser clara. Na conjuntivite viral, há mais lacrimejamento do que secreção.

No caso de conjuntivite bacteriana, a secreção geralmente é purulenta e acumula no canto dos olhos.

Consulte um oftalmologista antes de usar qualquer colírio nos olhos.

As conjuntivites bacterianas devem ser tratadas com antibióticos tópicos de amplo espectro.

Para as conjuntivites virais, o tratamento consiste na utilização de compressas frias, vasoconstritores tópicos e lágrimas artificiais.

As conjuntivites alérgicas devem ser tratadas com anti-histamínicos e estabilizadores de mastócitos. Deve-se evitar o contato com os alérgenos ou fatores irritativos.

NUNCA use colírio com corticosteróides sem orientação médica.


Para evitar as conjuntivites deve-se:

• Lavar frequentemente as mãos.
• Evitar as aglomerações.
• Não frequentar piscinas ou praias.
• Não coçar os olhos.
• Trocar com frequência as toalhas e os sabonetes ou usar toalhas de papel.
• Trocar diariamente as fronhas dos travesseiros.
• Não compartilhar o uso de instrumentos ou maquiagem.
• Evitar o contato direto com outras pessoas contaminadas.
• Não ficar em ambientes onde haja bebês e não colocá-los muito próximos ao amamentar.

Quais os cuidados a serem tomados se eu estiver com conjuntivite?

• Não usar lentes de contato.
• Não frequentar aglomerações, nem piscinas ou praias.
• Evitar a luminosidade intensa, pois essa pode fazer com que o olho contaminado venha a doer mais.
• A água boricada NÃO deve ser usada.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Tai chi chuan ajuda pacientes com Doença de Parkinson.





Uma das dificuldades da doença de Parkinson é o distúrbio do equilíbrio, que pode levar à diminuição da capacidade funcional e ao aumento no risco de quedas.

Embora os médicos incentivem rotineiramente a prática de exercícios para esses pacientes, poucos programas têm se mostrado eficazes.

Foi realizado um estudo randomizado e controlado, publicado pelo periódico New England Journal of Medicine, para determinar se um programa de tai chi chuan poderia melhorar o controle postural de pacientes com doença de Parkinson. Foram selecionados aleatoriamente 195 pacientes, com estágio de 1 a 4 da doença (classificação de Hoehn e Yahr), para um dos três grupos:

• Treinamentos de tai chi chuan.
• Treinamento de resistência.
• Treinamento de alongamentos.

Os pacientes participaram de sessões de 60 minutos de exercícios, duas vezes por semana, durante 24 semanas. Os desfechos primários foram alterações em relação ao início do estudo nos testes de estabilidade. Os desfechos secundários incluíram medidas de marcha e força, escores de alcance funcional e avaliação do número de quedas.

Os resultados mostraram que o grupo que participou do programa de tai chi chuan apresentou-se consistentemente melhor do que os de treinamentos de resistência ou de alongamento. O grupo do tai chi chuan também se saiu melhor do que o grupo de alongamento em todos os desfechos secundários e superou o grupo de treinamento de resistência nos testes de marcha e de alcance funcional.

Tai chi chuan reduziu a incidência de quedas, quando comparado ao alongamento, mas não em comparação com o treinamento de resistência. Os efeitos do tai chi chuan no treinamento foram mantidos após três meses da intervenção e nenhum evento adverso grave foi observado.

Concluiu-se que o treinamento de tai chi chuan parece reduzir os distúrbios de equilíbrio em pacientes com doença de Parkinson leve a moderada, com benefícios adicionais na capacidade funcional e na redução do número de quedas.

O Tai Chi Chuan é uma arte marcial de origem chinesa, criada há mais de 2.000 anos. Com a invenção das armas de fogo, perdeu seu caráter marcial e passou a ter uso terapêutico. Sua prática busca o equilíbrio do corpo e da mente. Uma das histórias da criação do Tai Chi Chuan diz que o mesmo originou-se da observação dos movimentos dos animais e da natureza.

Fonte: The New England Journal of Medicine, de 9 de fevereiro de 2012

Atendimento à distância




Assistência médica a distância é proibida

Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que entrou em vigor quarta-feira, 180 dias após ser publicada no Diário Oficial da União, proíbe médicos de prestarem assistência a distância, por telefone ou pela internet. As chamadas novas regras de publicidade também não permitem que médicos usem redes sociais para conquistar clientes e veda o anúncio de títulos acadêmicos sem relação com sua especialidade.

Segundo o CFM, os pacientes poderiam ser induzidos a acreditar que o médico tem qualificação extra. Pelo texto, o médico pode divulgar ter realizado cursos de capacitação, mas eles devem estar relacionados à especialidade do médico. Os comprovantes devem ser registrados no Conselho Regional de Medicina. Fica proibido ao médico participar de anúncios de empresas e produtos, o que é extensivo a entidades sindicais e associativas médicas.

Pela nova resolução – que substitui a anterior, de 2003 –, fica proibido também exibir imagens de pacientes para divulgar técnicas, métodos ou resultados de tratamento, mesmo que o paciente tenha autorizado. A exceção será em trabalhos e eventos científicos, mas só quando for imprescindível e sempre com autorização.

Também pelas novas regras, atestados, fichas, boletins, receituários e solicitações devem conter, além do nome do profissional, especialidade, número de registro no CRM.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Tratamento de anemias: uso de suplementos de ferro.




A anemia continua a ser um grave problema de saúde pública entre as crianças em muitas regiões do mundo, ainda não está claro qual estratégia para o tratamento é mais eficaz.

Um estudo publicado no Nutrition Journal avaliou a eficácia e a aceitação de crianças a várias estratégias reconhecidas para tratar a anemia.

577 crianças não amamentadas com 6 a 43 meses de idade foram selecionadas para o estudo; 267 apresentavam anemia (hemoglobina <11.7g/dL), e 266 delas foram randomizadas em 5 grupos para receber diariamente: um suplemento de ferro (SF), um suplemento de ácido fólico e ferro (SFF), um suplemento de micronutrientes múltiplos (SMM), um alimento fortificado com micronutrientes complementares (AF), água fortificada com zinco, ferro + ácido ascórbico (AGF). O teor de ferro de cada dose diária foi de 20, 12,5, 10, 10 e 6,7 mg, respectivamente.

Todos os tratamentos aumentaram significativamente a Hb e concentração de ferro total, a ferritina não se alterou significativamente. Grupos SMM, SF e SFF aumentaram a Hb e o ferro total, significativamente mais do que AF. A prevalência de anemia foi reduzida em maior medida nos grupos de SMM e SFF (72% e 69%, respectivamente) do que no grupo AF (45%) (p <0,05). Não houve diferenças significativas na antropometria ou no número de episódios de diarreia e infecções respiratórias entre os grupos de tratamento Os suplementos SMM e SF foram menos aceitáveis para as crianças do que SFF, AF e AGF.

Concluiu-se que SFF e SMM aumentaram mais a Hb do que o AF. Os suplementos que continham micronutrientes (SFF e SMM) foram mais eficazes para reduzir a prevalência de anemia. Em geral, os alimentos fortificados foram mais aceitos pelos participantes do estudo do que os suplementos.

Não se trata de substituir o tratamento através do uso de alimentos "ricos em ferro", mas sim de racionalizar a administração de medicamentos que tenham efetivo potencial de curar a anemia em médio e longo prazo.

Fonte: Nutrition Journal, Volume 40, Issue 9, 201

Doença de Crohn





A doença de Crohn é uma doença inflamatória crônica do intestino. Ela acomete geralmente o íleo e o cólon, embora possa afetar qualquer outra parte do intestino.
Muitos autores consideram que a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa sejam manifestações diferentes de uma mesma patologia subjacente.

As pessoas acometidas por esta condição apresentam granulomas nas paredes intestinais intercalados por áreas normais, que cursa com períodos de remissão sintomática e outros de agravamento. Na maioria dos casos, a doença de Crohn é de intensidade moderada e se torna bem controlada pela medicação, tornando possível uma vida razoavelmente normal para seu portador. No entanto, pode também ser muito debilitante para alguns pacientes sem, contudo, provocar a morte.

A causa da doença de Crohn ainda não é totalmente conhecida, mas há certos indícios de que seja uma doença imunológica em interação com fatores ambientais, os quais podem ser provavelmente um vírus ou uma bactéria, mas essa teoria ainda não tem uma confirmação definitiva.
Apesar de ser possivelmente desencadeada por um agente infeccioso, a doença ocorre por um desequilíbrio das defesas do indivíduo devido a fatores gênicos. Em pessoas sem essa susceptibilidade genética, esses microrganismos nunca causariam a doença por si mesmos.


A doença cursa com períodos de remissão sintomática e outros de agravamento. Os sintomas mais comuns da doença de Crohn são:

• Dor abdominal
• Diarreia
• Perda de peso
• Febre moderada
• Sensação de distensão abdominal
• Perda de apetite e de peso
• Em alguns casos pode haver aftas e eliminação de sangue pelo intestino


Com a repetição das crises, podem ocorrer complicações. As mais comuns são:

• Abscessos
• Fístulas
• Obstruções intestinais
• Perfurações intestinais

O curso da doença é muito variável e depende de fatores ativadores: algumas pessoas têm a doença e não manifestam sintomas; outras os manifestam uma só vez na vida etc.


Como o médico diagnostica a doença de Crohn?

O médico vale-se da historia clínica e do exame físico (pouco conclusivos) e os complementa com testes laboratoriais de sangue, tomografia computadorizada, colonoscopia e biópsia.

Qual é o tratamento da doença de Crohn?

Não há uma cura radical da doença. Os tratamentos visam reduzir a inflamação no intestino, fazer correções nutricionais e aliviar os sintomas. Para isso, são usados medicamentos imunossupressores como salicilatos ou corticoides.

Os portadores da doença devem evitar comidas apimentadas, lactose, chocolate, álcool e café. Já o consumo de carboidratos, de mais fácil digestão, deve ser estimulado. Em casos mais severos ou complicados, uma cirurgia que retire as partes muito afetadas do intestino pode ser necessária.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Essa é boa para o carnaval!





Beijos podem causar reações alérgicas!

Pessoas que sofrem de alergias alimentares não devem apenas ser cuidadosas com os alimentos que consomem, mas também com as pessoas que beijam.

O beijo de alguém que comeu uma substância à qual o parceiro é alérgico pode causar reações como o inchaço de lábios e garganta, irritações da pele, coceira, urticárias e dificuldade de respiração.

Dependendo da gravidade da alergia, o contato com o alergênico pode até mesmo causar a morte da pessoa.

Para evitar o problema, profissionais recomendam que a pessoa que não tem a alergia escove bem os dentes e enxágue a boca sempre que comer a substância que pode causar reações alérgicas no parceiro.

Outro conselho é evitar o alimento entre 16 e 24 horas antes de beijar o namorado ou namorada. O alérgico deve sempre consultar o seu médico quanto a situações de risco, para que a prevenção possa ser feita de forma correta e adequada especificamente ao seu caso.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Zumbido no ouvido ou tinnitus (mais uma vez...)





O zumbido no ouvido ou tinnitus afeta 28 milhões de brasileiros e 15% da população mundial. Ele é um som incomodativo, que nasce dentro da via auditiva, sem a presença de um estímulo externo e cuja intensidade não pode ser medida. É um sintoma muito comum, que traz prejuízos à qualidade de vida e que deve ser pesquisado e tratado adequadamente pelos profissionais de saúde.

O zumbido significa que a via auditiva está funcionando em ritmo mais acelerado que o normal em resposta a alguma agressão que o ouvido possa ter sofrido, mesmo que pequena.

O ruído percebido pode ser contínuo ou intermitente e compara-se a qualquer tipo de som, sendo os mais comuns: chiado, apito, cachoeira, panela de pressão, canto de cigarra ou grilo, zunido de abelha, etc. Algumas pessoas só o escutam quando tudo está em silêncio, outras o ouvem o dia inteiro.

O zumbido no ouvido é um sintoma e não uma doença específica, ele pode ocorrer em diversas patologias. Existem mais de 200 causas associadas ao tinnitus.

Não se consegue determinar todas as causas do zumbido, mas várias delas podem ser identificadas:

• Perda auditiva.
• Problemas metabólicos.
• Estresse ou problemas emocionais.
• Disfunções na articulação temporomandibular.
• Cera em excesso.
• Reação a medicamentos.
• Abuso de cafeína, de doces ou de alimentos gordurosos.
• Exposição a sons muito altos ao longo da vida ou de forma aguda.
• Otites e labirintites.
• Envelhecimento.
• Diabetes mellitus.
• Hipertensão arterial (pressão alta).
• Doenças da tireoide.

Uma mesma pessoa pode ter mais de uma causa de zumbido.

Além do ruído incômodo, que interfere no sono e na concentração da atenção, a pessoa geralmente fica ansiosa ou deprimida.

O médico faz uma detalhada história clínica, exames complementares audiológicos, laboratoriais, eletrofisiológicos e de imagem e avalia a vida psíquica do paciente.

Muitas vezes é necessário uma equipe multidisciplinar para dar apoio a uma pessoa com tinnitus.

Não existe um tratamento único aplicável a todos os casos. O tratamento deve ser individualizado, segundo as causas que determinaram o aparecimento do tinnitus. Pacientes com problemas parecidos podem reagir de forma completamente diferente ao mesmo medicamento ou procedimento adotado para o tratamento.

Muitas vezes é difícil ou impossível determinar as causas e tratar o zumbido, mas é possível fazer um treinamento para conviver melhor com ele, como é o caso da terapia de retreinamento de zumbido ou do mascaramento sonoro. Existem também grupos de apoio a pacientes com zumbido.

Procure um clínico ou um otorrinolaringologista para orientá-lo. Uma consulta com um fonoaudiólogo, um fisioterapeuta e com um psicólogo também pode ajudar.

Quais as medidas que podem auxiliar na prevenção do zumbido?

• Evitar ouvir sons muito altos, principalmente com fones de ouvido.
• Usar protetores de ouvido quando for obrigado a submeter-se a sons altos.
• Evitar o estresse.
• Alimentar-se de forma saudável, evitando longos períodos de jejum.
• Não abusar de cafeína, doces, álcool e nicotina.
• Certos medicamentos também podem produzir zumbidos como efeito colateral. Se você estiver tomando algum medicamento, consulte seu médico a respeito.

É possível treinar a criatividade?





Você e uma pessoa criativa? Gostaria de ser? Pois bem, ao contrário do que a grande maioria das pessoas acredita, a criatividade não é apenas um dom nato, e é sim possível adquiri-la ao longo da vida.

Segundo o Dr. Anthony McCaffrey, da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, os momentos de criatividade espontânea, chamados de “momento eureca”, são raros e exigirem a superação de desafios mentais formidáveis. Por isso, é possível prepará-los através de uma técnica de treinamento sistemático.

Chamada de Hipótese das Características Obscuras, a técnica consiste na observação de uma característica incomum, obscura e que quase ninguém presta atenção, e no posterior desenvolvimento de uma solução com base nessa.

De acordo com McCaffrey, essa é uma abordagem passo-a-passo para “superar os obstáculos cognitivos à invenção”. O cientista acredita que a técnica de treinamento terá uma utilidade especial para engenheiros, sempre às voltas com a necessidade de resolver problemas práticos e criar novas soluções para problemas velhos.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Síndrome de West




A Síndrome de West é um tipo raro de epilepsia, chamada de "epilepsia mioclónica". As convulsões que a doença apresenta são chamadas de mioclonias e podem ser de flexão ou de extensão, e afetam geralmente crianças com menos de um ano de idade. São como se, de repente, a criança se assustasse e quisesse agarrar uma bola sobre o seu corpo.

Os espasmos são diferentes para cada criança. Podem ser tão leves no início que não são notados ou pode-se pensar que originam-se de cólicas. Cada espasmo começa repentinamente e dura menos de alguns segundos. Tipicamente, os braços se distendem e a cabeça pode pender para a frente e os olhos fixam-se em um ponto acima (Tic de SAALAM).

No início, a criança pode experimentar somente um ou dois espasmos por vez, mas, no decorrer de um período de dias ou semanas, estes evoluem para dúzias de espasmos que ocorrem em intervalos de poucos segundos. As convulsões são de difícil controle, e a criança pode chegar a ter mais de 100 convulsões por dia.

Cada espasmo é uma crise epiléptica (ataque epiléptico) composta de uma série de movimentos descontrolados, causados por um excesso de atividade elétrica no cérebro.

Estes ataques foram primeiramente descritos pelo Dr. West (1841) em relação ao seu próprio filho. A Síndrome de West é multifatorial e certos casos pode ter sucetibilidade poligênica ou pode ser completamente ambiental. Algumas crianças podem chorar e/ou gritar antes ou após as convulsões e mostram-se geralmente muito irritadas. O período mais crítico para as convulsões são a hora de dormir ou de acordar, onde a Síndrome apresenta toda a sua face mais cruel.

Um eletroencefalograma - EEG pode registrar esta atividade de forma segura e indolor. Um EEG em um bebê com espasmos infantis não apresentam os ritmos brandos e regulares que usualmente se apresenta nessa idade. Ao contrário, ocorrem súbitas eclosões de atividades elétricas, algumas de alto potencial e o registro do EEG aparenta estar caótico. Muitas dessas alterações elétricas tornam-se mais marcantes à medida em que a criança adormece. Este padrão é chamado de "Hypsarritmia" (hypsos=altura e rhytmos=ritmo).

Pode, também, apresentar atraso psicomotor, que pode variar do leve ao severo, dependendo da evolução do caso.

Os espasmos infantis causados pela síndrome não possuem uma causa única. Eles surgem como resultado de muitas e diferentes condições. Algumas vezes ocorrem em bebês com desenvolvimento abaixo da média e em relação aos quais já se sabe que são possuidores de condições neurológicas que afetam o desenvolvimento do cérebro.

Tais condições podem ter seu início antes do nascimento, por volta do tempo que antecede o nascimento ou como resultado de doença nos primeiros meses de vida. Alguns poucos exemplos são:

Lisencefalia: Um padrão anormal de desenvolvimento do cérebro começando nos primeiros estágios da gestação.

Encefalopatia neonatal: Quando os bebês mostram-se muito doentes imediatamente após o nascimento, como resultado de um insuficiente volume de sangue fornecido ao cérebro durante a gestação ou durante o nascimento.

Meningite: Nas primeiras fases de vida.

Em outras crianças, nenhum problema neurológico será notado até que os espasmos infantis comecem a se manifestar. Testes diagnosticarão condições neurológicas em algumas destas crianças, entretanto, em outras nenhuma causa será detectada, mesmo após os mais variados testes e exames.

Nas investigações a tomografia computadorizada - TCC tem detectado patologias em 75 a 90% dos casos de Síndrome de West, entretanto, a ressonância nuclear magnética - RNM tem se mostrado mais sensitiva que a tomografia computadorizada em detectar lesões em pacientes com crises parciais.

Por ocasião da definição do diagnóstico da SW e sua etiologia, esta pode ser classificada em três categorias:

SINTOMÁTICOS: são aqueles casos com causa bem definica (hipóxia neonatal, por exemplo).

CRIPTOGÊNICOS: são aqueles com forte suspeitas de causa orgânica, identificados por anormalidades ao exame neurológico, sem êxito em se obter uma etiologia.

IDIOPÁTICOS: são os casos em que não se define uma doença de base, estando o desenvolvimento psicomotor algumas vezes normal. Alguns autores consideram casos idiopáticos e criptogênicos como uma mesma categoria.

As Epilepsias são distúrbios intermitentes das funções do cérebro, frequentemente associados a distúrbios da consciência. O termo é plural pois abrange um enorme grupo de transtornos neurológicos e psiquiátricos. O tipo mais conhecido é o chamado de "Grande Mal", caracterizado por episódios recorrentes de convulsões generalizadas, nas quais o corpo todo estremece numa série de curtos espasmos. Os chamados "ataques" epiléticos variam desde os espasmos, mioclonias, ausências, convulsões febris na infância até os acessos psicomotores em adultos. Atualmente se classificam as convulsões epiléticas em dois grandes grupos: Parciais e Generalizadas.

Sabemos também que, as epilepsias são mudanças bruscas e repentinas no funcionamento bio-elétrico do cérebro e normalmente comparadas a um "curto circuito" momentâneo que afetam as células nervosas (neurônios), fazendo parte de uma disfunção do Sistema Nervoso Central - SNC.

Nos "ataques" ou crises epiléticas podem ocorrer perda de consciência momentânea, acompanhada de distúrbios, tais como: abalos musculares, movimentos bruscos, perda do equilíbrio corporal, alterações dos movimentos e das ações de uma pessoa. Posteriormente, há uma pausa, um repouso devido a exaustão das células nervosas, seguindo um período de confusão mental e/ou sonolência.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Síndrome de Crouzon




A síndrome de Crouzon, também conhecida como disostose crânio-facial tipo I, é uma doença rara de origem genética, caracterizada por comprometer o desenvolvimento do esqueleto crânio-facial.
Quando os pais são portadores do gene defeituoso, estes apresentam 50% de chance de transmiti-lo à prole. Existem estudos que levantam a hipótese dessa doença estar relacionada com a idade paterna avançada

Foi descrita pela primeira vez, no ano de 1921, por Octave Crouzon, que definiu a presença, na doença, da tríade de deformidades cranianas, alterações faciais e exoftalmia. Assim como outras síndromes (a de Apert e Pfeiffer, por exemplo), a síndrome de Crouzon encontra-se no grupo das craniossinostoses, que apresentam como característica a fusão sutural prematura de forma isolada ou em associação com outras anomalias. A síndrome em questão pode ser distinguida da simples craniostenose pela sua relação com malformações faciais.

Pode também estar presente nessa síndrome relativo retardo mental. Vários fatores encontram-se relacionados com seu desenvolvimento neuropsicológico, como: a existência da hipertensão intracraniana (HIC); fatores que dizem respeito ao ambiente no qual a criança encontra-se inserida e os estímulos que ela recebe podem representar um papel fundamental em seu desenvolvimento; o desenvolvimento morfológico do sistema nervoso central pode apresentar distintos tipos de alterações, como malformações ventriculares, malformações de Chiari, entre outras.

Os pacientes portadores da síndrome de Crouzon apresentam fronte larga, com abaulamento na região da fronte anterior, achatamento da região occiptal e relativa protuberância fronto-occipital. Isto confere ao crânio um aspecto de torre. A maxila é hipoplásica (prognatismo), além de hipoplasia centrofacial e maxilar, levando a uma má oclusão dentária. Alguns indivíduos podem apresentar estreitamento do palato duro, fenda palatina ou úvula bífida. O lábio superior apresenta-se curto e o lábio inferior, em associação com a língua, são proeminentes.

O prejuízo auditivo se dá em conseqüência da deformação da orelha média, além de outras alterações das estruturas internas do ouvido.

O nariz possui aspecto adunco, ocasionado pela salientada hipoplasia dos maxilares, lembrando um “bico de papagaio”. A obstrução das vias aéreas superiores é secundária ao desvio de septo, anormalidades no centro das narinas e estenose rinofaríngea. Estas alterações do aparelho respiratório podem resultar em angústia respiratória aguda, dispnéia do tipo polipnéia, e também, apnéia do sono.

Os problemas oculares são variados, sendo os mais comuns as órbitas rasas, proptose ocular bilateral, hipertelorismo, estrabismo divergente, atrofia óptica, conjuntivite ou ceratoconjuntivite de exposição e redução da acuidade visual. Em raros casos podem estar presentes nistagmo, coloboma da íris, anisocoria, microcórnea ou megalocórnea, catarata, glaucoma, esclerótica azul e luxação do globo ocular.

O diagnóstico precoce é fundamental para que sejam alcançados resultados melhores, evitando a HIC e conseqüentes problemas visuais. Deste modo, o histórico de doença na família é importante.

As radiografias cranianas são utilizadas para evidenciar deformações craniofaciais, moderada braquicefalia, impressões cerebriformes, alargamento da fossa hipofisária, seios paranasais reduzidos e hipoplasia da maxila.

O tratamento desta doença é multidisciplinar. Existe a opção do tratamento cirúrgico, altamente complexo e que envolve diversas etapas.

Oferecer qualidade de vida aos pacientes portadores dessa síndrome é o objetivo da abordagem terapêutica, sendo assim, o tratamento sintomático e de suporte com próteses auditivas, fonoterapia, fisioterapia, psicopedagogia, orientação familiar, aconselhamento genético, ensino da fala, leitura labial, escola especial cooperam na busca de uma melhor qualidade de vida.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

TOC na criança e a fluoxetina





As ações da fluoxetina resultam de um bloqueio altamente seletivo da recepção da serotonina nos neurônios pré-sinápticos . Com isso há uma elevação da concentração de serotonina ativa em áreas críticas do Sistema Nervoso Central. Além disso, apresenta uma ação reguladora dos b -adrenoceptores centrais e pode normalizar a densidade e a função dos receptores 5HT1A 5HT2 centrais em pacientes com depressão.

A fluoxetina parece ser tão eficaz quanto os antidepressivos tricíclicos no tratamento da depressão e revela vantagens sobre estes com relação a tolerabilidade. Devido à sua especificidade a fluoxetina não apresenta muitos dos efeitos associados com os receptores muscarínicos, histaminérgicos e a - adrenérgicos. Cardiotoxidade, sedação, ganho de peso e efeitos anticolinérgicos, próprios dos antidepressivos tricíclicos, não costumam ocorrer com a fluoxetina.

Após a administração por via oral, a fluoxetina é bem absorvida pelo trato gastrointestinal e atinge pico plasmático em aproximadamente 4-8 horas. A presença de alimentos parece retardar, mas não inibir, sua absorção. Cápsula e solução oral são bioequivalentes,

A fluoxetina é primariamente metabolizada no fígado à norfluoxetina, um metabólico ativo que garante meia vida longa a droga (7 a 15 dias).

A excreção é realizada, na grande maioria das vezes, por via renal. Apenas uma pequena quantidade da droga é eliminada nas fezes.

Experiências com a fluoxetina são amplamente divulgadas na literatura e têm demonstrado sua eficácia no tratamento de adultos com múltiplos estados depressivos, transtorno do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, transtornos da alimentação, transtornos de personalidade ( na irritação e impulsividade) e abuso de drogas.

Alguns relatos mais recentes sugerem que seu uso também possa ser eficaz no tratamento, por curto período de tempo, de crianças e adolescentes com transtorno obsessivo-compulsivo.

Em 1990, pesquisadores publicaram um estudo aberto e preliminar do uso de fluoxetina em 10 crianças e adolescentes com TOC ou TOC e S. de Tourette (entre 8 e 15 anos de idade). A fluoxetina foi dada durante 4 a 20 semanas em doses que variaram de 10 a 40mg por dia, sendo bem tolerada.

Metades das crianças apresentaram melhora com o uso de fluoxetina (três crianças apresentaram redução de 30% a 57% nos escores da CY-BOCS, uma criança apenas 15% de decréscimo no escore da CY-BOCS).

No mesmo ano, outros pesquisadores, também com um estudo aberto realizado com 8 crianças (idades entre 12 e 17 anos), demonstraram que 50% das crianças responderam ao uso de fluoxetina com dose média de 70mg/dia.

Um outro grupo de cientistas relatou um estudo aberto com uso de fluoxetina (doses de 20 a 40mg) em 26 pacientes (13 crianças e 13 adultos ). A grande maioria dos pacientes ( 81%) reportaram uma melhora subjetiva nas obsessões e compulsões.

Um pesquisador americano publicou o primeiro estudo controlado usando fluoxetina em crianças e adolescentes com TOC. Nesse estudo, catorze crianças participaram do estudo, idades de 8 a 15 anos, durante 20 semanas ("crossover" na oitava semana). A severidade dos sintomas foram medidas pela CY-BOCS e CGI-OCD. Os escores totais da CY-BOCS reduziram em 44% após as primeiras 8 semanas do tratamento com fluoxetina, comparado com uma redução de 27% com o uso de placebo.

Em 1995, uma Universidade estudou 38 pacientes com TOC diagnosticadas pelo DSMIII-R e submetidas ao tratamento com fluoxetina numa dose maior (50mg/dia) ou, ajustada para o peso dos pacientes, 1mg/Kg/dia. Com isso, observou a eficácia do tratamento em 74% dos casos, concluindo que os resultados obtidos entre 1990 e 1992 eram devidos ao uso de doses baixas de fluoxetina.

Uma série de efeitos colaterais tem sido descritos em crianças e adolescentes tratados com fluoxetina. Observa-se com grande freqüência casos de agitação psicomotora, insônia e mania.

Outras reações adversas apresentadas foram letargia, mudança de peso, boca seca, cefaléia, mioclonias, ansiedade, tiques e queixas gastrointestinais. Descrevem, ainda, a ocorrência de vertigens, diminuição do apetite, instabilidade emocional, ideação suicida e visão embaçada nas crianças tratadas com fluoxetina.

Há citações na literatura de uma taxa de 39% de pacientes que não apresentaram qualquer tipo de reação adversa à fluoxetina...

Em resumo, apesar de alguns efeitos colaterais, pode-se afirmar que a fluoxetina pode ser usada em doses adequadas (como sempre é) em crianças portadoras de transtorno obsessivo-compulsivo, com a finalidade de equilibrar o quadro em médio prazo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Gene do fast food???




Presente em 21% da população, forma de gene é a principal responsável pela preferência das pessoas por comidas gordurosas!

Cientistas americanos identificaram a forma de expressão de um gene, presente em 21% da população, que está relacionado à preferência pessoal por comidas gordurosas e, consequentemente, com o risco de obesidade. Os resultados da pesquisa, publicada na última edição da revista Obesity, ajudam a explicar por que é tão difícil para algumas pessoas seguir uma dieta de baixas calorias.

O gene em questão se chama CD36 e está presente em todo o mundo animal. Sua forma "AA", que foi identificada como a responsável pela preferência por gordura, teve um papel importante na evolução dos seres humanos segundo o estudo.

Gorduras são essenciais em nossas dietas. Na nossa história evolutiva, pessoas que tinham mais facilidade em ingeri-la tinham também mais chance de sobrevivência.

Além de essencial para a dieta, a gordura é saborosa para os humanos em geral.

Agora os cientistas demonstraram que pessoas com formas particulares do gene CD36 tendem a gostar mais de fast food e outras comidas gordurosas do que a média da população. O resultado é que essa porção da sociedade é um grupo de risco para a obesidade.

Para chegar aos resultados, os cientistas fizeram um experimento com voluntários negros, grupo étnico considerado especialmente vulnerável à obesidade. Os participantes preencheram questionários sobre suas preferências alimentícias, respondendo o quanto gostavam de comidas gordurosas como bacon, frango frito, cachorro quente, batata frita, bolos e biscoitos. Também foi oferecido a eles um prato de salada com quantidades variáveis de óleo de canola. Amostras de saliva dos voluntários foram coletadas para estudar que forma do gene CD36 possuíam.

Os resultados não deixaram dúvidas. Os participantes com a forma "AA" do gene gostaram da salada com maiores quantidades de óleo e mostraram maior taxa de preferência por alimentos gordurosos do que a média das respostas.

Os resultados mostram que essa parcela da população acha a gordura mais gostosa...

Espera-se que esse estudo possa ajudar as pessoas a escolher dietas que sejam mais fáceis de seguir. E também que o resultado pode ajudar pessoas que desenvolvem alimentos de baixas calorias a fazerem com que eles pareçam mais apetitosos.

O próximo passo na pesquisa, segundo a equipe que a coordenou, é investigar como o gene se expressa em crianças, já que, para elas, pode ser ainda mais difícil se adaptar a uma dieta pouco calórica.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Medicina Ortomolecular




A Medicina ortomolecular é um princípio das atividades da chamada "Medicina Preventiva" no qual se constitiu que as doenças são resultado de desequilíbrios químicos.

Assim, os tratamentos ortomoleculares buscam a restauração dos níveis de vitaminas e minerais considerados ideais no organismo.

Ela é o ramo da ciência cujo objetivo primordial é restabelecer o equilíbrio químico do organismo.

Este acerto (orto=certo) das moléculas se dá através do uso de substâncias e elementos naturais, sejam vitaminas, minerais, e/ou aminoácidos.

Estes elementos,além de proporcionarem um reequilíbrio bioquímico, combatem os radicais livres.

O organismo é uma máquina que está permanentemente se produzindo. Durante este processo de produção podem surgir falhas, seja na chegada de matéria-prima (vitaminas, minerais, etc.), seja na própria integração de todo e qualquer sistema que compõe a máquina.Estes sistemas devem trabalhar de forma harmoniosa, como uma engrenagem.

Estas engrenagens são os sistemas : NEUROENDÓCRINO, PSÍQUICO E IMUNOLÓGICO.

Qualquer falha em algum ponto ou mecanismo desta máquina (ser humano) compromete toda a produção (vida), surgindo os defeitos (doença).

Uma pessoa deprimida tem mais chances de apresentar infecções recorrentes, já que uma falha no sistema psíquico leva conseqüentemente a alterações no sistema imunológico.

Outro fator importante na gênese de várias enfermidades, como artrite e câncer, pode ser a formação de radicais livres.

Podemos entendê-los da seguinte forma: o organismo utiliza cerca de 98 a 99% do oxigênio que consumimos para produzir energia.

A pequena parcela que sobra (1 a 2%) não participa do processo, formando as espécies tóxicas reativas do oxigênio - os radicais livres.

Estes correspondem a átomos ou grupos de átomos com um elétron não emparelhado em sua órbita mais externa, sendo, portanto, muito reativos pois para recuperar o equilíbrio precisam 'doar' o elétron desemparelhado.

Desta forma, combinam avidamente com as várias estruturas celulares do corpo, o que resulta em destruição e, conseqüentemente, em enfermidades.

Entre estas podem ser citadas o câncer, osteoartrite, lúpus, enfisema e doenças cardio vasculares.

O Homem está sendo permanentemente submetido a condições que levam ao excesso de radicais livres como, por exemplo, o estresse, o tabagismo, a poluição, exposições prolongadas ao sol, o uso de drogas (inclusive medicamentos), entre outras.

A Medicina Ortomolecular, através do uso de vitaminas e minerais, objetiva, entre outros, neutralizar os efeitos tóxicos destas espécies reativas, proporcionando uma melhor qualidade de vida.

Ela também trata das deficiências de uma série de nutrientes.

Sabe-se, por exemplo, que um fumante gasta 25 mg de vitamina C a cada cigarro que consome.

Caso esta pessoa fume um maço por dia, estará perdendo 500 mg desta vitamina diariamente.

E, hoje em dia, sabemos os inúmeros benefícios que esta vitamina proporciona, seja no combate a radicais livres, na síntese de hormônios, ou mesmo estimulando o sistema imunológico. Todavia, apesar da medicina ortomolecular ter um sentido curativo, ela também é eminentemente preventiva.

Assim, por exemplo,é possível tratar uma pessoa com estresse antes que ele evolua para uma hipertensão arterial.

Da mesma forma, é possível tratar obesidade antes que ela ocasione diabetes.

O mais importante é que com a Medicina Ortomolecular o paciente volta a ser encarado como um todo, um conjunto que deve funcionar em harmonia.

Com esta visão global, qualquer tratamento torna-se muito mais vantajoso, pois encontra a origem dos problemas, a verdadeira raiz a partir da qual todo o processo patológico se desenvolve.

Ou, ainda, voltando à analogia, se encontrarmos o defeito exatamente onde ele origina-se na máquina, é muito mais fácil consertá-la antes que o problema atinja toda a produção, que nada mais é do que a própria vida.

É fundamental saber que a Medicina Ortomolecular através dos seus componentes pode ser adquirida em qualquer farmácia tradicional e sem prescrição médica, mas o ideal é que se consulte um médico para não causar hipervitaminose no organismo.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Demências

A Demência não é apenas um tipo de doença, ela é considerada uma síndrome, ou seja, é um grupo de sinais físicos e sintomas que a pessoa apresenta, estando presente em várias doenças diferentes. Assim, como uma síndrome a demência apresenta três características principais:· Prejuízo da memória. 


Os problemas de memória podem ser desde um simples esquecimento leve até um prejuízo severo a ponto de não se recordar da própria identidade.· Problemas de comportamento. 


Normalmente se caracteriza por agitação, insônia, choro fácil, comportamentos inadequados, perda da inibição social normal, alterações de personalidade· Perda das habilidades. São as habilidades adquiridas durante a vida, tais como, organizar os compromissos, dirigir, vestir a roupa, cuidar da vida financeira, cozinhar, etc.Os sintomas mais comuns que aparecem nas demências são:


1- déficit de memória

2- dificuldades de executar tarefas domésticas

3- problema com o vocabulário

4- desorientação no tempo e espaço

5- incapacidade de julgar situações

6- problemas com o raciocínio abstrato

7- colocar objetos em lugares equivocados

8- alterações de humor de comportamento

9- alterações de personalidade

10- perda da iniciativa - passividade


Os sintomas iniciais de demência variam, mas a perda de memória em curto prazo costuma ser a característica principal ou única a ser trazida à atenção do médico na primeira consulta.


Ainda assim, nem todos os problemas cognitivos nos idosos são devidos à demência.


Perguntas cuidadosas aos pacientes e aos familiares podem ajudar a determinar a natureza do comprometimento cognitivo e a estreitar o diagnóstico.


Existem muitas doenças ou alterações orgânicas capazes de levar a um quadro demencial.


Muitas dessas causas relacionadas à demência são reversíveis, principalmente o uso prolongado de alguns medicamentos, como por exemplo, drogas usadas para hipertensão arterial, diuréticos, alguns hipnóticos. A depressão também pode esta associada à demência (veja em Depressão no Idoso).


Muitas vezes, diferenciar a demência da depressão é uma tarefa difícil e que apresenta muitos obstáculos.


Outras doenças relacionadas com a demência são: doenças vasculares do sistema nervoso central - SNC, doenças infecciosas, hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12, sífilis e HIV no SNC, doenças degenerativas do SNC, etc.


O número de pessoas afetadas por demência vem crescendo significativamente com o envelhecimento da população mundial e estima-se que em 2025 o número de pessoas demenciadas no mundo seja de 34 milhões (hoje existem cerca de 18 milhões de pessoas com Demência).


O aumento na incidência da Demência será maior nos países em desenvolvimento, onde a população atual de pessoas com demência (11 milhões hoje) chegará a 24 milhões em 2025 ( Alzheimer's Disease International. 1999).


A Demência se caracteriza pelo desenvolvimento de múltiplos déficits psico-mentais (cognitivos), incluindo comprometimento da memória, devido aos efeitos fisiológicos de uma condição médica sobre o Sistema Nervoso Central.


Essa condição médica pode ser, por exemplo, devida aos efeitos persistentes de uma substância sobre o cérebro, uma doença vascular, uma doença de Alzheimer, etc.Juntamente com o comprometimento da memória, para o diagnóstico de Demência deve ser somado um comprometimento de pelo menos mais uma função cognitiva, como por exemplo, a afasia, apraxia, agnosia e perturbação do funcionamento executivo.


Esse prejuízo das funções mentais devem levar a um comprometimento social e/ou ocupacional, portanto, resumindo, a demência é uma síndrome de declínio cognitivo, geralmente progressiva, que apresenta uma variedade de causas (DSM.IV - 1994).


Um pouco sobre demências




Demência Vascular


É largamente aceito que as doenças cerebrovasculares possam ser responsáveis pelo desenvolvimento de quadros demenciais. As demências vasculares (DV) constituem a segunda maior causa de demência.

Entretanto ainda não há consenso sobre os mecanismos fisiopatológicos exatos que levam à demência (Román, 2002).

A definição de demência classicamente prioriza o comprometimento de memória (por acometimento cortical, tal como na DA) (APA, 2000a); entretanto, falha na identificação de grande número de pacientes, cujo comprometimento primário ocorre em outros domínios cognitivos. Os pacientes com DV tipicamente apresentam-se com síndrome demencial do tipo córticosubcortical, na qual os sintomas primários são de déficits nas funções executivas ou focais múltiplos (Román, 2002).

A apresentação clínica da DV depende da causa e localização do infarto cerebral (Rockwood et al., 1999). Doença de grandes vasos leva comumente a múltiplos infartos corticais (com síndrome demencial cortical multifocal), enquanto uma doença de pequenos vasos, geralmente resultado de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes melito, causa isquemia da substância branca periventricular e infartos lacunares (com demência subcortical, alterações frontais, disfunção executiva, comprometimento de memória, prejuízo atencional, alterações depressivas, lentificação motora, sintomas parkinsonianos, distúrbios urinários e paralisia pseudobulbar) (Román, 2002).

Em estudo recente (Groves et al., 2000), poucas diferenças consistentes foram identificadas entre DA e DV. Pacientes com DV mostraram taxas mais elevadas de depressão e comprometimento funcional, além de menor comprometimento cognitivo quando comparados a pacientes com DA. Duas classificações têm sido usadas para o diagnóstico de DV: o critério desenvolvido pelo NINDS-AIREN (National Institute of Neurological Disorders and Stroke and the Association Internationale pour la Recherche et l’Ènseignement en Neurosciences) e o critério do CAD-DTC (California Alzheimer‘s Disease Diagnostic and Treatment Centers). Para ambos os critérios, três elementos são fundamentais: síndrome demencial, doença cerebrovascular e relação temporal razoável entre ambas. Os critérios diagnósticos para demência vascular segundo NINDS-AIREN (Roman et al., 1993) encontram-se no item 2 do apêndice, e as principais diferenças entre as duas classificações encontram-se na Tabela 1.

Na prática clínica, o escore isquêmico de Hachisnki também providencia elementos adicionais para o diagnóstico da DV. Escore maior ou igual a 7 é consistente com DV, escore menor ou igual a 4 com DA e escore de 5 a 6, é sugestivo de DA associada a DV. Em metanálise recente, os eventos mais freqüentemente encontrados em DV que em DA são os seguintes: deterioração em “degraus”, curso flutuante, história prévia de HAS ou acidente vascular cerebral (AVC), além da presença de déficits neurológicos focais (Moroney et al., 1997).

OBS: DA = Doença de Alzheimer; DV = Demência Vascular

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Otites.





Otites são inflamações do ouvido, patologia bastante comum em crianças pequenas.

As otites podem ocorrer por inflamação da pele do conduto auditivo (orelha externa), sendo chamadas de otite externa, ou por inflamação da cavidade conhecida como ouvido ou orelha média, recebendo o nome de otite média.


O ouvido é dividido em ouvido externo, médio e interno.

• O ouvido externo é constituído pelas orelhas e canal auditivo externo. Ele capta e amplifica os sons, dirigindo-os ao tímpano - membrana que separa o ouvido externo do ouvido médio.
• O ouvido médio é constituído por uma câmera aérea no interior do osso temporal do crânio, na qual existem três ossículos articulados: o martelo, a bigorna e o estribo. Estes ossículos captam os estímulos chegados ao tímpano e os conduzem ao ouvido interno. O ouvido médio comunica-se com as cavidades nasais através da trompa de Eustáquio (ou tuba auditiva), que tem a função de equilibrar a pressão entre o ouvido médio e o meio ambiente.
• O ouvido interno é muito integrado ao cérebro e é constituído pelo labirinto, órgão responsável pelo equilíbrio e pela transformação dos estímulos captados em impulsos nervosos.

As otites externas geralmente são causadas por umidade excessiva e traumatismos por cotonete ou outros objetos inseridos no ouvido. É uma doença extremamente dolorosa.

As otites médias normalmente envolvem a trompa de Eustáquio, estrutura que liga a orelha média à parte mais profunda do nariz, a nasofaringe. Secreções nasais infectadas podem passar pela tuba auditiva e chegar ao ouvido médio, gerando inflamação. Este tipo de otite geralmente ocorre após gripes, resfriados, infecções na garganta ou infecções respiratórias.

As otites médias podem ser agudas ou crônicas, episódicas ou de repetição. Os sintomas mais comuns da otite média são: dor muito forte, febre alta, diminuição da audição e do apetite e secreção local, quase todos devidos à pressão exercida pelo acúmulo de pus. Este acúmulo de secreção pode ser tão intenso que leva à ruptura da membrana timpânica (otite média aguda supurada). Em casos mais severos, a otite média pode ter como consequência a perda da audição, se não for tratada adequadamente.

O diagnóstico das otites baseia-se na análise dos sinais e sintomas clínicos e no exame do ouvido com aparelhos específicos como o otoscópio e o microscópio.

A otite externa geralmente é tratada com medicamentos tópicos, ou seja, pomadas específicas ou gotas otológicas aplicadas no ouvido externo.

O tratamento das otites médias envolve o uso de medicamentos como analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos. A melhoria dos sintomas geralmente ocorre dentro de três dias. Às vezes, se faz necessária uma punção do pus coletado atrás do tímpano, que é feita por meio de uma pequena incisão nessa membrana, a qual posteriormente se refaz de maneira espontânea.

Em crianças abaixo de 2 anos de idade e pacientes com febre, o uso de antibióticos quase sempre é necessário para alívio sintomático e prevenção das complicações das otites médias. Mas a maioria dos casos, principalmente em adultos, pode ser tratada com analgésicos e anti-inflamatórios. O médico (clínico geral, pediatra ou otorrinolaringologista) deve avaliar qual o melhor medicamento a ser usado em cada caso.


Quais são os cuidados que podem ser tomados para evitar as otites?

• Evitar o uso de cotonetes que podem empurrar a cera para o interior do ouvido ou mesmo perfurar o tímpano.
• Usar protetores de ouvido quando for nadar.
• Limpar com frequência as secreções nasais ou da garganta para que elas não se acumulem e subam para o ouvido.
• Em caso de resfriados, gripes ou rinites, lavar as narinas com soro fisiológico várias vezes ao dia.
• Nunca amamentar um bebê deitado (sempre sentado ou recostado), pois isso facilita que o leite ascenda pela trompa.
• Não introduzir objetos no ouvido para limpá-lo ou coçá-lo.
• Enxugar bem a orelha após o banho.
• Não fumar próximo às crianças.
• Controlar doenças alérgicas e inflamatórias que acometem as fossas nasais.
• Tratar o refluxo gastroesofágico de crianças.
• Se possível, manter crianças menores de 2 anos fora de creches.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Consumo de frutose pode estar associado à gordura visceral e a fatores de risco cardiometabólicos





Embora os adolescentes consumam mais frutose do que qualquer outro grupo etário, a relação entre o consumo de frutose e os marcadores de risco cardiometabólicos ainda não foi estabelecida nesta população.

O estudo publicado pelo The Journal of Nutrition estabelece associações de ingestão total de frutose (frutose livre mais metade da ingestão de sacarose livre) com fatores de risco cardiometabólicos e tipo de adiposidade em um grupo de 559 adolescentes com idades entre 14-18 anos, na Geórgia.

Os parâmetros estudados foram: glicemia, insulina, lipídios, adiponectina e proteína C-reativa.

A dieta foi avaliada e a atividade física foi determinada por acelerometria. Tecidos moles livres de gordura e massa gorda foram medidos por Dual Energy X-Ray Absorption (DEXA). Já o tecido adiposo abdominal e a gordura visceral foram avaliados através de ressonância magnética.

As avaliações estatísticas revelam que a ingestão de frutose está associada à gordura visceral, mas não parece estar relacionada ao tecido adiposo abdominal. Também foram observadas as relações entre o consumo de frutose e uma tendência de aumento da pressão arterial sistólica, da glicemia de jejum e da proteína-C reativa (um sinal de inflamação sistêmica), além de uma diminuição nos níveis de HDL-colesterol (colesterol bom) e da adiponectina.

Os resultados mostram que, em adolescentes, o maior consumo de frutose está associado a múltiplos marcadores de risco cardiometabólicos e parece que essas relações são mediadas pela obesidade visceral.

Fonte: The Journal of Nutrition, de fevereiro de 2012

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Consumo de açúcar deve ser controlado como cigarro e álcool.




Cientistas da Universidade da Califórnia (EUA), em artigo publicado na revista Nature, recomendam o controle do consumo de açúcar pela população, da mesma forma que é feito o controle sobre o consumo de álcool e cigarro. Os pesquisadores alegam que o açúcar está alimentando uma epidemia global de obesidade e contribuindo para 35 milhões de mortes todos os anos.

Segundo as Nações Unidas, as doenças infecciosas no mundo já foram superadas pelas doenças não-transmissíveis como diabetes mellitus, câncer e doenças do coração.

Eles afirmam que os efeitos danosos do açúcar são semelhantes aos promovidos pelo álcool e que, por isso, seu consumo também deveria ser regulamentado pelas autoridades de saúde.

O consumo mundial de açúcar triplicou nos últimos 50 anos, após a adoção de dietas ocidentais que incluem alimentos de baixo custo e altamente processados. De acordo com os autores do artigo, o cenário chegou a tal ponto que os países deveriam regulamentar a taxação de produtos industrializados açucarados, limitar a venda de tais produtos em escolas e definir uma idade mínima para a compra de refrigerantes.

No entanto, diferente do álcool ou do cigarro, que são produtos consumíveis não essenciais, o açúcar está presente em diversos alimentos, o que dificulta a sua regulação.

A obesidade não é o principal problema do consumo excessivo de açúcar. Cerca de 20% das pessoas obesas têm metabolismo normal e terão uma expectativa de vida também normal e aproximadamente 40% das pessoas com pesos considerados normais irão desenvolver doenças no coração e no fígado, diabetes mellitus e hipertensão arterial, de acordo com os cientistas. Além disso, a disfunção metabólica é mais prevalente do que a obesidade.

Comparativo entre os danos provocados pela exposição crônica ao álcool e ao açúcar:

Exposição crônica ao álcool:

Desordens hematológicas
Anormalidades eletrolíticas
Hipertensão arterial
Dilatação cardíaca
Cardiomiopatia
Dislipidemia
Pancreatite
Obesidade (resistência à insulina)
Desnutrição
Disfunção hepática (esteatohepatite alcoólica)
Síndrome fetal alcoólica

Exposição crônica ao açúcar


Hipertensão arterial (ácido úrico)
Infarto do miocárdio (dislipidemia e resistência à insulina)
Dislipidemia (lipogênese)
Pancreatite (hipertrigliceridemia)
Obesidade (resistência à insulina)
Desnutrição (obesidade)
Disfunção hepática (esteatohepatite alcoólica)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Antidepressivos: um pouco de teoria, com tecla SAP ligada.




São drogas que aumentam o tôno psíquico, melhorando o humor e, conseqüentemente, melhorando o conforto emocional e o desempenho cognitivo de maneira global.

Acredita-se que o efeito antidepressivo se dê às custas de um aumento da disponibilidade de neurotransmissores no Sistema Nervoso Central (SNC), notadamente da serotonina (é um neurotransmissor, isto é, uma molécula envolvida na comunicação entre neurônios. Ela é quimicamente representada pela 5-hidroxitriptamina (5-HT), sendo também frequentemente designada por este nome), da noradrenalina (também chamada de Noraepinefrina, é uma das monoaminas (também conhecidas como catecolaminas que mais influenciam o humor, ansiedade, sono e alimentação junto com a Serotonina, Dopamina e Adrenalina) e da dopamina (importante neurotransmissor no cérebro, produzido por um grupo de células nervosas, chamadas de Neurónios Pré-Sinapticos, que atuam no cérebro promovendo, entre outros efeitos, a sensação de prazer e a sensação de motivação), juntamente com a diminuição no número dos neuroreceptores [Trata-se da teoria da chave (neurotransmissor) e da fechadura (neuroreceptor)] e aumento de sua sensibilidade.

Ao bloquearem receptores 5HT2 (da serotonina) os antidepressivos também funcionam para tratamento da enxaqueca.

O aumento de neurotransmissores na fenda sináptica (região de comunicação entre os neurônios ou entre neurônios e células musculares e epiteliais glandulares) se dá através do bloqueio da recaptação da noradrenalina e da serotonina (mecanismo de ação de uma molécula na fenda sináptica, quando modula a disponibilidade de neurotransmissores) no neurônio pré-sináptico (Um neurônio típico tem quatro regiões morfologicamente definidas: dendritos (1), corpo celular (2), axônio (3), e terminais pré-sinápticos (5). Neurônios recebem sinais nervosos de axônios de outros neurônios. A maioria dos sinais é liberada aos dendritos (1). Os sinais gerados por um neurônio são enviados através do corpo celular (2), que contém o núcleo (2a), o "armazém" de informações genéticas. Axônios (3) são as principais unidades condutoras do neurônio. O cone axonal (2b) é a região na qual os sinais das células são iniciados) ou ainda, através da inibição da Monoaminaoxidase (MAO), que é a enzima responsável pela inativação destes neurotransmissores.

Será, portanto, nos sistemas noradrenérgico o serotoninérgico do Sistema Límbico (unidade "responsável" pelas emoções) o local de ação das drogas antidepressivas empregadas na terapia dos transtornos da afetividade.

Amanhã continuaremos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Informações sobre o horário de verão




ESTABELECIDOS NO BRASIL POR DECRETO desde 1931 (por Getúlio Vargas), ainda que de forma descontínua, suas origens na verdade remontam à Inglaterra do ano de 1907.

Foi lá que um construtor londrino, membro da Sociedade Astronômica Real, chamado William Willett (1856-1915) deu início a uma campanha para diminuir o consumo de luz artificial ao mesmo tempo que estimulava o lazer dos britânicos.

Num panfleto de 1907 intitulado "Waste of Daylight" (Desperdício de Luz Diurna) Willett propôs avançar os relógios em 20 minutos nos domingos do mês de abril e retardá-los a mesma quantidade nos domingos de setembro.

As polêmicas surgiram ali mesmo. Especialmente entre os fazendeiros, que têm que acordar com o Sol não importa que horas marquem os relógios. Willett não viveu o suficiente para ver sua idéia colocada em prática. O primeiro pais a adotar o horário de verão acabou sendo a Alemanha, em 1916, seguido pela Inglaterra.

Era a Primeira Guerra Mundial. A economia de energia foi considerada um importante esforço de guerra, diminuindo o consumo de carvão, principal fonte de energia da época. A medida foi seguida por outros países europeus.

Os Estados Unidos o adotaram em 1918 junto com seu sistema de fusos horários. Foi difícil, mas os americanos acabaram se acostumando. Hoje eles sabem as datas de começo e término com anos de antecedência.

O PRINCÍPIO DO HORÁRIO DE VERÃO continua o mesmo: adaptar nossas atividades diárias à luz do Sol. Nos meses de verão o Sol nasce antes que boa parte da população tenha iniciado seu ciclo de trabalho. Assim, se os relógios forem adiantados durante esse período, a luz do dia será melhor aproveitada e as pessoas passarão a consumir energia em melhor acordo com a luz solar.

Hoje, aproximadamente 30 países utilizam o horário de verão em pelo menos parte de seu território. E muito embora o nome faça referência a uma estação do ano, as datas de início e fim do horário de verão não são definidas por critérios astronômicos.

Boa parte das porções continentais do planeta está no hemisfério norte. Ali o inverno costuma ser rigoroso e o Sol se põe bem cedo, levantando-se timidamente durante o dia. No verão ocorre o contrário: é comum ainda haver claridade por volta das 20 ou até 22 horas. É por isso que nesses lugares o horário de verão faz muita diferença.


NOS PAÍSES EQUATORIAIS (cortados pela linha do equador) e nos tropicais (situados entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio), a incidência da luz solar é mais uniforme durante todo o ano e dessa forma não há muita vantagem na adoção do horário de verão.

No caso do Brasil – atualmente o único país equatorial do mundo que adota o horário de verão – a economia de energia elétrica não é considerada o fator predominante. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a motivação de se estabelecer esse dispositivo no Brasil é pela segurança do sistema.

Durante os meses do verão ocorre um aumento na demanda de energia, o que é particularmente percebido por volta das 18h, quando as pessoas retornam para seus lares e ligam luzes, chuveiros, condicionadores de ar, fornos, etc. Esse também é o horário em que a iluminação pública é acionada. O aumento brusco da demanda pode ter impacto negativo na estabilidade do sistema elétrico.

Ao se adotar o horário de verão brasileiro ocorre um deslocamento na entrada da iluminação pública (devido à iluminação natural, ainda presente), que passa a não mais coincidir com a chegada das pessoas em casa após o trabalho. Por causa de fatores como este o aumento da demanda se dá de forma mais gradual, o que melhora a segurança do sistema, segundo o ONS.

Verifica-se uma economia de energia nos Estados da região Sul (até 5% de redução da demanda integrada durante o consumo de pico), porque essas localidades estão inteiramente ao sul do Trópico de Capricórnio.

Porém, nos Estados da região Nordeste e, principalmente, da região Norte, a variação de luz solar anual é insignificante – o que não justifica a adoção do horário de verão nem mesmo para melhorar a segurança do sistema.

Enquanto está em vigor (nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil) o único impacto no Norte e Nordeste do país é na programação das emissoras de televisão, que seguem o horário em vigor no Rio de Janeiro e São Paulo.

Isso sem mencionar o fato de que, como as estações são opostas em cada hemisfério da Terra, nos quase 10% de terras brasileiras ao norte do equador, em vez de verão, rigorosamente falando, temos inverno (embora as temperaturas nesses locais permaneçam altas entre dezembro e março).

SEMPRE QUE COMEÇA UM HORÁRIO DE VERÃO, isto é, quando se subtrai uma hora do dia, adiantando os relógios em uma hora, causamos um desconforto físico (por afetar o relógio biológico) e psicológico (por causar a sensação de perda de tempo).

Quando ele termina, ao contrário, temos essa hora que nos foi tomada de volta e a ilusão de um dia com 25 horas. É uma ilusão porque na verdade estamos apenas nos reajustando à natureza.

Com o fim do horário de verão os fenômenos celestes (nascer o pôr do Sol, por exemplo) voltam a coincidir com o horário “normal” – que se não serve para economizar ou garantir mais segurança ao sistema elétrico, pelo menos é aquele com o qual estamos acostumados há milhares de anos.

Características cerebrais criam vulnerabilidade para vício?





Viciados em drogas e seus irmãos não viciados compartilham as mesmas características cerebrais, não encontradas em outras pessoas saudáveis.

Estudo mostrou que o cérebro dos irmãos (dependentes ou não) tem anomalias em uma área do cérebro relacionada ao autocontrole chamada fronto-estriatal, na figura representada pela expressão "inteligência, julgamento e comportamento".

Pesquisadores acreditam que essas anormalidades cerebrais podem ser marcadores de uma vulnerabilidade herdada à dependência de drogas ou abuso de álcool.

O fato dos irmãos dependentes e não dependentes terem basicamente o mesmo ‘prejuízo’ na capacidade de autocontrole precisa ser interpretado com cuidado porque não reflete o padrão clássico de vulnerabilidade que sugere que parentes em primeiro grau tem características intermediárias entre os pacientes (os dependentes de drogas) e as pessoas saudáveis.

Presumivelmente os irmãos (não dependentes) devem ter outros fatores de resiliência que contrapõe a vulnerabilidade familiar à dependência de drogas.

Isto é o que cita a pesquisa da Universidade de Cambridge, no estudo publicado na semana passada no periódico científico Science.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Aids e casamento: o risco nos laços da conjugalidade




A presente resenha diz respeito à tese de doutorado de Zampieri, que, além de acadêmica, tem uma vasta experiência clínica, trabalhando com casais há mais de vinte anos. A temática da obra analisada é muito relevante, e fundamental para as pesquisas que envolvem a temática da saúde reprodutiva, porque aborda o problema da infecção pelo HIV no interior da conjugalidade. Este tema tem sido bastante debatido e tem criado dificuldades aos técnicos em saúde, os quais não têm conseguido realizar, de forma eficiente, a prevenção à AIDS, em especial quando as relações são estáveis e em regime de conjugalidade.

A questão central da autora é, destarte, discutir um grande problema: a infecção pelo HIV entre pessoas casadas. Seu estudo promove uma análise sobre os comportamentos de conjugalidade e os padrões de comportamento que propiciam as relações de infidelidade. A autora ressalta, em toda a obra, ser esta uma questão que remete aos problemas de gênero. Tomando por base a abordagem sistêmica, tenta partir de uma explicação biológica até chegar às características sociais dos problemas de gênero.

Na primeira parte de sua obra, Zampieri busca demonstrar, com vários argumentos, quanto os hormônios podem influenciar os comportamentos de homens e mulheres. Muitas vezes, chega à minúcia de citar um hormônio pouco conhecido, chamado desidroepiandrosterona, que é por ela denominado como a "mãe dos hormônios", relacionando-se ao "impulso sexual", ao orgasmo e à atração física (p.29). Também cita a polêmica do feromônio, o hormônio que, segundo afirma, está ligado determinantemente ao comportamento das pessoas.

Conquanto Zampieri afirme adotar uma postura que compreende a sexualidade como uma construção social, por vezes as suas argumentações parecem caminhar mais no sentido de naturalização dos processos sociais do que de problematização destes processos.

Na segunda parte da obra, que trata sobre gênero e sexualidade conjugal, a autora descreve o histórico da diferença entre homens e mulheres, utilizando Foucault (1999) para discutir os principais aspectos da sexualidade. Ressalta que o fato de as mulheres naturalizarem as relações de dominação pode facilitar a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS.

Nessa parte da obra, a autora deixa claro que compreende a sexualidade a partir de uma construção social, desfazendo para o leitor uma dúvida que parece ficar desde o início do trabalho, pois na primeira parte a sexualidade parece surgir como uma resposta a uma seqüência interminável de hormônios que interferem no comportamento de homens e mulheres. A autora faz, nesse momento, uma crítica às formas binárias de compreensão da identidade de gênero, embora não se aproprie das atuais discussões realizadas por alguns autores, dentre as quais pode ser citada como exemplo Butler (2003) e seu debate sobre teoria queer, que propõe uma superação das identidades dicotômicas masculino/feminino.

Os capítulos terceiro e quarto procuram relacionar o erotismo e a sexualidade na vida conjugal e a infidelidade, demonstrando a larga experiência da autora, experiência esta que foi adquirida em vários anos de atendimento (clínico), mas pouco contribuiu para uma consistente análise teórica dos pontos tratados. Uma das principais questões abordadas por Zampieri - ou seja, o amor – parece mais uma vez revestida de um naturalismo biológico. Mesmo quando vai abordar a idéia de amor romântico, discutido por autores como, por exemplo, Giddens (1993), deixa transparecer a idéia de que o relacionamento entre casais está atrelado a um impulso sexual das espécies, inclusive a humana.

As duas últimas partes do trabalho, capítulos quarto e quinto, talvez sejam aquelas que mais contribuem no campo da saúde coletiva e da sexualidade. Nestas, a autora aborda a infidelidade conjugal no casamento e suas conseqüências para a saúde, no caso da infecção pelo HIV, principalmente com relação às mulheres casadas. Para alcançar seu objetivo, faz um levantamento da situação da monogamia no mundo cristão e da infidelidade em outras culturas, como as dos cheyennes e dos zulus, demonstrando, assim, uma preocupação, em seu trabalho, com o viés histórico e antropológico. Quando a autora discute como a AIDS se apresenta dentro do cenário conjugal no Brasil, coloca o problema desta síndrome e revela que as pessoas reconhecem o risco para os outros, mas não para si próprias. Além disto, ela traz algo que alguns autores já têm discutido, como, por exemplo, o fato de que o conhecimento não se traduz em prevenção, pelo menos no caso da AIDS.

A autora demonstra que a experiência na psicoterapia, por meio do sociodrama, possibilita uma compreensão importante do problema da AIDS. Através da sua prática, pôde conferir o que as pessoas, principalmente os casais, têm pensado sobre o risco de contrair o HIV. Mesmo assim, a sua obra não chega a avançar ou surpreender no campo teórico, ou mesmo em descobertas sobre a temática. A sua linguagem é clara e faz com que mesmo pessoas leigas tenham um bom conhecimento de assuntos sobre os quais talvez ninguém goste muito de discutir e muito menos pensar: um destes assuntos é a infidelidade. A autora faz as pessoas pensarem (e bastante), o que para uma obra já é suficiente.

O livro de Zampieri é interessante e deve servir como um bom "manual" para casais repensarem a suas relações sexuais e conjugais. Talvez o ponto mais falho da obra esteja na integração dos capítulos. Isto acontece porque a autora é bastante ousada quando tenta romper as chamadas dicotomias entre "biológico e sociológico"; contudo, por vezes, fica difícil compreender onde deseja chegar. Ainda, surge em determinadas ocasiões uma explicação quase "hormonal" dos comportamentos; por outras, a autora faz a ressalva da construção social dos relacionamentos sexuais. Ao final, fica para o leitor uma série de dúvidas quanto à explicação da disseminação da AIDS entre pessoas que vivem em regime de conjugalidade. Com esta leitura o leitor terá acesso a esclarecimentos importantes sobre o relacionamento conjugal e sexual. Isto, a meu ver, já parece suficiente para uma obra que lida com questões tão complexas.



REFERÊNCIAS

Butler, J. (2003). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Foucault, M. (1999, 13ª ed.) História da sexualidade: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal.

Giddens, A. (1993, 2ª ed.) A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades. São Paulo: UNESP.

autor da resenha: Leandro Castro Oltramari

Pesquisador do IPPSEA, Instituto de Planejamento, Pesquisa Social e Estudos Avançados, docente da UNISUL e UNIVALI e doutorando em Ciências Humanas/UFSC