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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Um pouco sobre demências




Demência Vascular


É largamente aceito que as doenças cerebrovasculares possam ser responsáveis pelo desenvolvimento de quadros demenciais. As demências vasculares (DV) constituem a segunda maior causa de demência.

Entretanto ainda não há consenso sobre os mecanismos fisiopatológicos exatos que levam à demência (Román, 2002).

A definição de demência classicamente prioriza o comprometimento de memória (por acometimento cortical, tal como na DA) (APA, 2000a); entretanto, falha na identificação de grande número de pacientes, cujo comprometimento primário ocorre em outros domínios cognitivos. Os pacientes com DV tipicamente apresentam-se com síndrome demencial do tipo córticosubcortical, na qual os sintomas primários são de déficits nas funções executivas ou focais múltiplos (Román, 2002).

A apresentação clínica da DV depende da causa e localização do infarto cerebral (Rockwood et al., 1999). Doença de grandes vasos leva comumente a múltiplos infartos corticais (com síndrome demencial cortical multifocal), enquanto uma doença de pequenos vasos, geralmente resultado de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes melito, causa isquemia da substância branca periventricular e infartos lacunares (com demência subcortical, alterações frontais, disfunção executiva, comprometimento de memória, prejuízo atencional, alterações depressivas, lentificação motora, sintomas parkinsonianos, distúrbios urinários e paralisia pseudobulbar) (Román, 2002).

Em estudo recente (Groves et al., 2000), poucas diferenças consistentes foram identificadas entre DA e DV. Pacientes com DV mostraram taxas mais elevadas de depressão e comprometimento funcional, além de menor comprometimento cognitivo quando comparados a pacientes com DA. Duas classificações têm sido usadas para o diagnóstico de DV: o critério desenvolvido pelo NINDS-AIREN (National Institute of Neurological Disorders and Stroke and the Association Internationale pour la Recherche et l’Ènseignement en Neurosciences) e o critério do CAD-DTC (California Alzheimer‘s Disease Diagnostic and Treatment Centers). Para ambos os critérios, três elementos são fundamentais: síndrome demencial, doença cerebrovascular e relação temporal razoável entre ambas. Os critérios diagnósticos para demência vascular segundo NINDS-AIREN (Roman et al., 1993) encontram-se no item 2 do apêndice, e as principais diferenças entre as duas classificações encontram-se na Tabela 1.

Na prática clínica, o escore isquêmico de Hachisnki também providencia elementos adicionais para o diagnóstico da DV. Escore maior ou igual a 7 é consistente com DV, escore menor ou igual a 4 com DA e escore de 5 a 6, é sugestivo de DA associada a DV. Em metanálise recente, os eventos mais freqüentemente encontrados em DV que em DA são os seguintes: deterioração em “degraus”, curso flutuante, história prévia de HAS ou acidente vascular cerebral (AVC), além da presença de déficits neurológicos focais (Moroney et al., 1997).

OBS: DA = Doença de Alzheimer; DV = Demência Vascular

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