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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Ciúme patológico


O ciúme é uma emoção humana muito comum e talvez universal que pode assumir uma intensidade e características formais patológicas. Embora na maioria das vezes se refira à vida amorosa e nela atinja o seu ápice, o ciúme em sentido amplo ocorre também em outras dimensões da vida nas quais haja vínculos afetivos intensos, como entre irmãos ou grandes amizades.

Três coisas caracterizam o ciúme:

(1) ser uma reação frente a uma ameaça à estabilidade de uma relação emocional significativa,

(2) haver um rival real ou imaginário que pode desfazê-la e

(3) ser uma reação que visa eliminar os riscos da perda do objeto amado.

Em questões como essa, a linha divisória entre normal e anormal frequentemente se torna pouco nítida. No sentido quantitativo, o ciúme se torna patológico quando atinge uma intensidade em que há prejuízos para a vida normal da pessoa. Do ponto de vista formal, o ciúme patológico é aquele que ocorre mesmo quando a realidade não mostra indícios para a desconfiança alegada, sendo que a ideia da pessoa acometida não é corrigível por argumentos lógicos ou demonstrações racionais.

Até mesmo se o(a) parceiro(a) confirmar as suspeitas, numa tentativa de solucionar o problema, isso não trará a tranquilidade esperada e a confissão do(a) companheiro(a) é vista como não tão detalhada e fidedigna quanto deveria. O ciúme patológico assume às vezes a característica de ideias supervalorizadas ou delirantes e retira o indivíduo de tal forma do contato com a realidade que ele deixa de perceber uma eventual traição real em favor de uma suposição infundada.

Os objetos do ciúme patológico, sobretudo se delirante, são claramente improváveis ou mesmo absurdos, incluindo parentes, idosos ou crianças. Enquanto o ciúme normal é transitório e específico para uma determinada pessoa, o ciúme patológico costuma ser permanente e mesmo crescente e abranger grande número de pessoas, às vezes mutáveis. Uma dose ligeira de ciúme normal costuma ser benéfica para a pessoa alvo, que se sente valorizada por ela, enquanto o ciúme patológico é incomodativo.

No ciúme normal, a pessoa que tem ciúmes deseja preservar aquela de quem tem ciúmes, porque a ama. No ciúme patológico a pessoa ciumenta frequentemente se torna hostil e agressiva com aquela de quem tem ciúmes, embora não admita ficar sem ela. Aquele que sofre de ciúme patológico se preocupa com relacionamentos passados de seu parceiro, reais ou supostos. As pessoas alvo de ciúmes patológicos vivem ocultando ou dissimulando elogios e presentes recebidos ou omitindo fatos e informações na tentativa de minimizar os graves problemas que o ciúme lhe traz, mas geralmente acabam por agravar ainda mais situação.

Nada resolve as dúvidas levantadas pelo ciúme patológico e, se a pessoa não chegou a nenhum dado concreto, acha que é porque não pesquisou direito ou faz raciocínios pouco lógicos para justificar suas suspeitas. Assim, por exemplo, um marido que suspeitava de telefonemas para a sua esposa que partiam de um vendedor de uma loja de decorações constatou que os telefonemas se deviam ao fato de que estavam mudando as cortinas do apartamento, mas então se convenceu de que era com esse vendedor que a esposa o traía. Enfim, quanto mais investiga, mais aumentam as dúvidas que tem e nada é suficiente para trazer paz. O ciúme patológico afasta tanto a pessoa da realidade que se estiver acontecendo uma traição real ela deixa de percebê-la, por estar totalmente apegada às suas ideias anormais.

Muitos autores diferenciam o ciúme patológico do ciúme delirante. Enquanto o primeiro parece estar relacionado aos transtornos do espectro obsessivo, o delírio de ciúmes está relacionado a quadros psiquiátricos definidos, bem como ao alcoolismo crônico e às dependências químicas. Nem sempre é fácil determinar as causas do ciúme anormal e às vezes não há uma causa conhecida, embora ele possa ser um sintoma de um quadro psicopatológico maior, ligado a um transtorno obsessivo compulsivo, a um desenvolvimento delirante, a um quadro paranoide, etc. O que demonstra o caráter emocional e altamente irracional do problema é a existência, embora mais rara, da situação inversa, em que a pessoa incentiva seu par a procurar outros relacionamentos e a contar-lhe os detalhes deles.

Do ponto de vista comportamental, do lado da pessoa ciumenta, o ciúme patológico parece ser um desejo de controle total sobre a outra pessoa. Alguns autores consideram o medo da perda do outro como a causa fundamental do ciúme, sendo isso mais importante que a crença superestimada da infidelidade. A psicanálise levanta a possibilidade da existência de motivos inconscientes (temor da impotência, homossexualidade), mas nenhuma dessas hipóteses conta com uma concordância unânime.

O ciúme patológico se faz acompanhar de outros sintomas psicológicos como ansiedade, depressão, raiva, vergonha, humilhação, perplexidade, culpa, aumento do desejo sexual, autoestima rebaixada e sensação de insegurança. A pessoa acometida já não trabalha direito, procura saber a todo instante por onde anda e o que está fazendo a pessoa de quem sente ciúmes, telefona constantemente para seguir-lhe os passos, perde o sono por ciúmes, fica nervosa quando não localiza o objeto do ciúme, abre correspondências, ouve telefonemas, examina bolsos, bolsas, carteiras, recibos, roupas íntimas, segue o(a) companheiro(a), contrata detetives particulares, realiza visita ou faz telefonemas de surpresa, etc., na expectativa quase sempre frustrada de surpreender a situação imaginada, mas nada disso ameniza suas dúvidas. Adota defensivamente um comportamento impulsivo, egoísta e agressivo, podendo chegar a comportamentos criminais. O ciúme patológico pode levar a homicídios e a máxima “se não vai ficar comigo, não vai ficar com ninguém” é típica dessas pessoas.

A pessoa acometida pelo ciúme patológico se torna viciada ou obcecada pelo(a) parceiro(a), ela vive pelo outro(a), esperando que este outro dê significado à sua própria vida. O comportamento de cuidar do(a) parceiro(a) ocorre de forma descontrolada, obsessiva e a pessoa acaba por abandonar o seu desenvolvimento e a sua realização pessoais.

O tratamento do ciúme patológico é sempre muito difícil. Sempre que o ciúme patológico for sintoma de um quadro maior, este deve ser adequadamente tratado. Se o sofrimento ultrapassa certos limites, uma psicoterapia pode ajudar, mas é difícil o paciente aderir a ela até seu êxito. O(a) ciumento(a) patológico(a) deve ser visto(a) como uma pessoa doente, que precisa de ajuda profissional.

sábado, 29 de agosto de 2015

Curva glicêmica


Chama-se curva glicêmica, também denominada de teste oral de tolerância à glicose, à representação gráfica da forma como o açúcar se apresenta no sangue após a ingestão de um alimento determinado e demonstra a velocidade com que o carboidrato é consumido, expresso pelo índice de glicose no sangue. A curva glicêmica é dita baixa se o açúcar (carboidrato) chega lentamente ao sangue e é consumido também lentamente. Do contrário diz-se que há uma curva glicêmica alta.

Como preparo para uma curva glicêmica deve ser feito um jejum de 10 a 12 horas, por isso recomenda-se que o exame seja feito pela manhã.

Antes ou ao longo do exame o paciente não deve usar laxantes, nem fumar ou fazer atividade física; mas não há restrição ao consumo de água.

A duração do exame pode chegar a seis horas, na dependência de quantas amostras de sangue serão colhidas.

Inicialmente, é feita a coleta de sangue para medir a glicemia em jejum e logo depois é dado ao paciente certa dose de um xarope açucarado.

Após uma, duas ou três horas, conforme a solicitação médica, é feita a coleta de uma pequena quantidade de sangue, que é então avaliada em laboratório com relação à glicemia.

Durante o exame não se deve comer nem beber nada, sendo necessário ainda ficar de repouso, relaxadamente. Um índice de glicose inferior a 140 mg/dl é normal; entre 140 e 199 mg/dl indica tolerância diminuída à glicose e um índice igual ou superior a 200 mg/dl indica diabetes.

Os valores intermediários, sugestivos de pré-diabetes, recomendam a repetição do exame e a mudança dos intervalos de tempo em que são feitas as coletas de sangue.

Não existem contraindicações absolutas para fazer a curva glicêmica, entretanto existem algumas condições que devem ser evitadas porque podem dificultar a interpretação dos resultados, como algumas doenças infecciosas ou uso de determinadas medicações.

A curva glicêmica é um exame de sangue feito principalmente para o diagnóstico do diabetes mellitus ou da diabetes gestacional. A curva glicêmica ajuda também a estabelecer os padrões metabólicos da glicose e assim da fome e do controle do peso.

Quando se come uma bala ou mesmo um pão, alimentos com carboidrato simples, ele segue rapidamente para o sangue e o açúcar no sangue aumenta rapidamente, mas também é prontamente consumido e a curva desce, produzindo necessidade de voltar a comer.

Quanto mais constante for a curva glicêmica, menos fome o indivíduo tem e mais seu peso corporal fica constante, porque a pessoa não desenvolve episódios descontrolados de vontade de comer. As pessoas que não alteram grandemente seu peso durante a vida, geralmente têm uma curva glicêmica constante.

A curva glicêmica deve ser feita quando há a suspeita de diabetes ou por volta da 20ª semana da gravidez para indicar se a mãe desenvolveu ou não diabetes durante a gravidez.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Anedonia; Apatia


Anedonia é a perda da capacidade de sentir qualquer tipo de prazer por todo o tempo.


A anedonia é apanágio maior das grandes depressões, mas pode acontecer também nos esquizofrênicos, neurastênicos, nos usuários crônicos de drogas (sobretudo durante as crises de abstinência), em pessoas muito ansiosas e naquelas com transtornos esquizoides de personalidade.

Parece haver tipos constitucionais com certos graus de anedonia.

No sentido bioquímico, a anedonia está associada a baixos níveis de monoaminas (serotonina, dopamina, adrenalina e noradrenalina) no sistema nervoso.

Os pacientes com anedonia ficam normalmente numa situação de total indiferença consigo mesmos, não têm apego por nada, nem mesmo pela própria vida e costumam ser resistentes a mudar a sua situação, nada fazendo para isso, mesmo diante da insistência de pessoas próximas.

Correlativamente, há uma dificuldade ou incapacidade de experimentar sentimentos negativos.

Essas pessoas parecem não responsivas emocionais. Em casos extremos, tanto faz que lhe morra um parente próximo ou que ganhe um grande prêmio numa loteria.

Contudo, há uma gradação de intensidade dos casos de anedonia que decresce dessas situações extremas até outras, mais leves.

Por outro lado, embora as pessoas sejam incapazes de sentir prazer em qualquer circunstância, há casos em que o problema se dá com aspectos específicos da vida, como o apetite, o sexo, as relações sociais, as atividades de lazer, etc.

Os pacientes com anedonia têm dificuldades em suas relações sociais, tornando-se desinteressantes, afastando de si as demais pessoas e vivendo em isolamento.

O médico diagnosticará a anedonia clinicamente a partir do relato das pessoas próximas ao paciente e de suas próprias observações da falta de reações emocionais do paciente.

Não há nenhum exame objetivo que seja capaz de diagnosticar a anedonia.

O tratamento da anedonia dependerá do quadro mórbido em que ela esteja inserida.

Se ela for, por exemplo, um sintoma da depressão, o tratamento farmacológico deve ser feito com antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de dopaminas.

Se aparecer em outros quadros patológicos deve seguir também o tratamento deles, principalmente com medicações desinibidoras e ativadoras.

No sentido psicológico, as terapias cognitivo-comportamental ou analítico-comportamental podem ser de grande auxílio ao tratamento medicamentoso.

Um dos problemas do tratamento da anedonia é que esses pacientes dificilmente aderem voluntariamente ao processo terapêutico e pelo menos as tentativas iniciais quase sempre partem mais dos familiares que do próprio paciente.

A anedonia relacionada a quadros mórbidos bem definidos e curáveis tende a desaparecer na medida em que esses quadros também desaparecem. Aqueles casos constitucionais ou devidos a transtornos de personalidade são de mais difícil solução e até mesmo insolúveis.

A pessoa que sofre de anedonia parece estar emocionalmente "congelada" e se torna socialmente desagradável, o que acaba prejudicando muito suas relações sociais e levando-a a um quadro de isolamento, do qual, contudo, ela não se ressente.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Prebióticos e Probióticos


Os probióticos (do grego: pró = a favor; βιωτικός adjetivo decorrente de βίος = "vida") são bactérias vivas que habitam normalmente o corpo ou podem ser artificialmente introduzidas nele e que são benéficas para a saúde, especialmente para o sistema digestivo. Atualmente costuma-se chamar de probióticos os alimentos e suplementos que contenham essas bactérias. A Organização Mundial da Saúde define os probióticos como “microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro".

Em geral, pensa-se nas bactérias como algo nocivo, que causa doenças. Mas há também as bactérias boas e até necessárias ao bom funcionamento orgânico. Assim, se há bactérias que causam doenças, há também as doenças causadas pela falta de algumas delas. No corpo, sempre convivem os dois tipos: as bactérias com potencial para causar doenças não devem ultrapassar certo nível e as úteis ao organismo não devem ter seu nível muito diminuído.

Habitualmente, os probióticos são classificados como alimentos e não como medicamentos, sendo considerados seguros. Eles podem ser encontrados sob a forma de pó ou em cápsulas a serem adicionados à água, ao leite ou a sucos. Alguns efeitos colaterais leves podem surgir nos primeiros dois dias depois de iniciá-los e incluem dores de estômago, diarreia, gases, inchaço ou reações alérgicas.

As medidas sanitárias atuais mais rigorosas e os modernos produtos de higienização tanto eliminam as bactérias nocivas quanto as “boas” bactérias. Daí que o uso dos probióticos seja cada vez mais necessário. Provavelmente, os primeiros probióticos de um indivíduo são obtidos pelo bebê de forma natural ao atravessar o canal do parto. Durante o seu crescimento, o indivíduo se depara com muitas ameaças para as bactérias benéficas em seu intestino, a partir da água potável clorada, dos alimentos excessivamente processados, etc., as bactérias "boas" só podem sobreviver no trato gastrointestinal se for mantido um equilíbrio adequado de diferentes tipos de bactérias. Isso é muito importante para o sistema imunológico da pessoa, porque 80% dele vive em seu intestino. Os principais benefícios dos probióticos são ajudar o indivíduo na digestão dos alimentos, melhorar a síntese de vitaminas do complexo B e a absorção de cálcio, ajudar a manter um equilíbrio saudável da flora intestinal, promover a saúde vaginal nas mulheres e apoiar o sistema imunitário.

Grande parte dos iogurtes comerciais, por exemplo, não é uma boa fonte de probióticos, porque a pasteurização reduz a maioria das bactérias benéficas, isso acontece mesmo com os iogurtes ditos orgânicos. Alguns iogurtes (particularmente os congelados) não contêm mesmo quaisquer bactérias vivas. Muitas vezes as bactérias úteis, que normalmente habitam o organismo, são eliminadas ou muito diminuídas por efeito secundário de certos procedimentos industriais, mas devem ser repostas para manter o indivíduo saudável. É o que acontece, por exemplo, depois de tomar antibióticos em altas doses ou por longo tempo, os quais podem eliminar as bactérias “más", mas também eliminam as “boas”. Os probióticos, então, ajudam a manter o equilíbrio entre os microrganismos “bons” e “maus” e a manter o corpo funcionando como deveria.

Existem muitos tipos diferentes de bactérias que podem ser classificadas como probióticos, mas as principais pertencem a dois grupos. Os Lactobacillus, o mais comum deles, são encontrados no iogurte e em outros alimentos fermentados e ajudam na diarreia e na digestão da lactose. Os Bifidobacterium também são encontrados em alguns produtos lácteos e podem ajudar nos sintomas da síndrome do intestino irritável.

Os probióticos são usados principalmente em moléstias intestinais como a síndrome do intestino irritável, a doença inflamatória intestinal, a diarreia infecciosa e a diarreia relacionada ao uso de antibiótico. Também atuam em sintomas como os de doenças da pele, no eczema, na saúde bucal, urinária e vaginal e para prevenir alergias e resfriados. Sempre que viajar para países ou regiões que tenham hábitos alimentares diferentes daqueles a que o indivíduo está acostumado, ele deve levar consigo algum prebiótico, porque os alimentos a que não esteja acostumado podem alterar sua flora intestinal.

Os probióticos são diferentes dos prebióticos, pois os probióticos são microrganismos vivos e os prebióticos são fibras que ajudam a alimentar essas bactérias, além de ajudar a regular o intestino e criar um ambiente em que essas bactérias se multipliquem. Os prebióticos são não-digeríveis e funcionam como alimento para as bactérias intestinais benéficas. Os prebióticos não devem, pois, serem absorvidos durante a passagem pelo trato digestivo superior, devem servir como substrato a uma ou mais bactérias intestinais benéficas, alterando a microflora de maneira favorável e devem produzir efeitos benéficos sistêmicos ou na luz do intestino.

Os representantes mais conhecidos dos prebióticos estão concentrados em alimentos de origem vegetal, como cebola, alho, tomate, banana, cevada, aveia, trigo, mel, cerveja, etc. Eles também diminuem o colesterol, ao diminuir a absorção de gorduras, ajudam o sistema imune e a absorção de cálcio e de magnésio pelo organismo. Os benefícios dos alimentos ricos em prebióticos só são notados quando estes são consumidos diariamente, por um longo período. Contudo, o consumo de fibras deve ser feito com moderação porque, em excesso, pode resultar em diarreia ou flatulência.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Síndrome de Munchausen


A síndrome de Munchausen, atual e preferencialmente chamada de transtorno fictício, é uma condição mental grave em que alguém engana os outros por parecer ou por ficar propositadamente doente ou auto-lesionar voluntariamente.

A síndrome pode variar de leve a grave.

A pessoa pode alegar sintomas ou mesmo adulterar e fraudar exames médicos para convencer as demais pessoas de que necessita de tratamentos complexos e de alto risco, como uma cirurgia, por exemplo.

Alguns pacientes se fazem submeter a um grande número de cirurgias, com base em tais queixas, e têm o abdômen marcado por um tão grande número de cicatrizes que é costume referir-se a ele como “abdômen em mapa”.

Não se conhecem as causas exatas da síndrome de Munchausen, no entanto, as pessoas com este transtorno podem ter experimentado uma doença grave quando crianças ou jovens ou podem ter sido abusadas emocional ou fisicamente.

Vários fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento da síndrome de Munchausen, incluindo trauma ou doença grave durante a infância, um parente com uma doença grave, um sentimento prejudicado de autoestima, perda de um ente querido ou abandono no início da vida, transtornos de personalidade, desejo não realizado de ser médico ou de trabalhar no campo da saúde.

Os pacientes alegam sintomas fictícios que imitam doenças, lesões fictícias ou de fato as produzem. Para evitar a descoberta de sua verdadeira condição essas pessoas representam sintomas, infringem lesões a si mesmas e fraudam exames ou resultados deles, etc. Por isso pode ser difícil perceber que seus sintomas são realmente parte de um transtorno mental grave.

A síndrome de Munchausen imposta a outro (antes chamado de síndrome de Munchausen por procuração) é quando alguém transforma outra pessoa, geralmente uma criança, em suposta doente.

Normalmente, isso envolve um dos pais e um de seus filhos ou filhas. As pessoas com síndrome de Munchausen podem, deliberadamente, exagerar sintomas realmente existentes, criar histórias fictícias e adulterar dados hereditários ou de doenças anteriores, falsificar registros médicos, fingir sintomas, causar automutilações, contaminar intencionalmente os materiais colhidos para exames, tomar medicações que causam efeitos colaterais, infectar feridas ou cortes, alterar instrumentos e tabelas médicas, etc.

Geralmente as pessoas com síndrome de Munchausen têm amplos conhecimentos de termos e doenças médicos e por isso podem parecer convincentes, levando a hospitalizações e cirurgias frequentes, embora seus sintomas sejam vagos e inconsistentes.

Suas condições “pioram” sem razões aparentes ou não respondem da forma esperada às terapias padrão.

Relutam em permitir que os profissionais de saúde falem sobre eles com a família ou amigos, que poderiam contestar suas alegações.

Pessoas com síndrome de Munchausen podem se impor ou agravar doenças ou lesões até mesmo com risco de vida.

Elas costumam buscar tratamentos de muitos médicos e hospitais diferentes, às vezes com um nome falso, e mostram grande ânsia de exames ou operações de risco.

O diagnóstico desta síndrome é extremamente difícil. Esses pacientes mudam de médicos ou de hospitais tão logo se sintam reconhecidos.

Diferentemente da simulação, em que as pessoas buscam obter benefícios práticos, aquelas com síndrome de Munchausen sabem o que estão fazendo, mas não compreendem as razões porque agem assim.

O médico deve suspeitar da síndrome de Munchausen quando o histórico médico da pessoa não faz sentido, a doença não segue o curso normal ou não responde ao tratamento da forma esperada, os sintomas são inconsistentes ou contraditórios ou quando se descobre que a pessoa está mentindo ou causando sua lesão.

A síndrome de Munchausen é difícil de tratar porque as pessoas com essa síndrome querem estar no papel de doente e são relutantes em procurar tratamento.

Não há terapias padrão e raramente o paciente concorda em ser tratado por um profissional de saúde mental. No entanto, a ajuda psicológica é fundamental.

O tratamento inclui psicoterapia e aconselhamento comportamental. Alegar para um paciente que ele sofre da síndrome de Munchausen pode funcionar para ele como uma acusação e torná-lo afetado, irritado e colocá-lo na “defensiva”, fazendo com que ele termine abruptamente o relacionamento com o médico e procure tratamento em outros lugares. Assim, o médico pode, a princípio, “admitir” os sintomas fingidos, em benefício de manter a relação.

Medicamentos podem ser utilizados para tratar outras perturbações mentais que estejam presentes, tais como a depressão ou a ansiedade.

Em casos graves, a hospitalização psiquiátrica temporária pode ser necessária.

Como a causa da síndrome de Munchausen é ignorada, não há atualmente nenhuma maneira conhecida de preveni-la.

O reconhecimento precoce da síndrome pode ajudar a evitar exames e tratamentos desnecessários e potencialmente perigosos.

As complicações mais comuns das pessoas com síndrome de Munchausen são lesão ou morte por conduções autoinfligidas, cirurgias ou outros procedimentos supérfluos ou perda desnecessária de órgãos ou membros.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Desvios da coluna



A coluna vertebral é composta por 33 vértebras que são unidas por determinados componentes, como os discos intervertebrais e ligamentos, por exemplo.

Ela estende-se do crânio até a parte mais alta do cóccix. No adulto, o comprimento da coluna pode variar de 72 a 75 centímetros.

Na postura padrão, a coluna não é um empilhamento correto de vértebras, mas consta de quatro curvaturas côncavas e convexas, no sentido ânteroposterior e lateral, nas regiões cervical, torácica, lombar e sacra, adequadamente dispostas para sustentar eretamente o corpo, permitir a locomoção e o bom funcionamento dos órgãos respiratórios, equilibrar a cabeça e proteger a medula espinal.

A postura é correta quando o eixo da coluna vertebral encontra-se em harmonia com o corpo e diz-se que há desvio de coluna quando ocorre uma alteração no alinhamento da coluna vertebral.

Os tipos principais de desvios de coluna são cifose, lordose e escoliose.

Cifose corresponde à situação que é popularmente chamada “corcunda”, caracterizada pelo aumento anormal da curvatura torácica posterior; lordose é o aumento da curvatura anterior na região lombar e a escoliose (do grego skolios = torto) é caracterizada pelo desvio da curvatura lateral da coluna, que pode ser chamado de cervical, cervicotorácica, torácica, toracolombar, lombar ou lombossacra, conforme esteja localizado o ápice da curvatura.

As principais causas de desvios anormais da coluna são anomalias congênitas, processos patológicos que afetem as vértebras, hábitos viciosos de postura e traumatismos, mas eles podem também ter causas desconhecidas (idiopáticas).

A cifose torácica pode ser causada por osteoporose, osteocondrose espinhal, erros posturais e traumas, ou ser multifatorial, envolvendo mais de uma dessas causas.

A lordose em geral surge para compensar deformidades de quadril, principalmente em decorrência da obesidade.

Em mulheres, a curvatura pode ainda ser aumentada pelo uso excessivo do salto alto, práticas frequentes de dança como o balé ou na gravidez.

A escoliose é idiopática na maioria das vezes e pode ser originada na infância, na fase juvenil ou na adolescência, mas também pode ser decorrente de miopatias, osteopatias, alterações funcionais ou posturais.

Pode haver cifose e lordose ao mesmo tempo, devidas a movimentos compensatórios de adaptação ou associação da cifose com a escoliose (cifoescoliose), normalmente por doença congênita.

Alguns desvios de coluna são assintomáticos.

Quando há sintomas, eles dependem da causa, localização e intensidade do desvio.

O maior e mais chamativo sintoma é a dor, principalmente nas costas ou na nuca.

Podem ocorrer deformações esqueléticas compensatórias, o que acaba por sobrecarregar as articulações, provocando um maior esforço e alterando a eficiência das suas funções.

Os desvios de coluna habitualmente são de instalação lenta e podem causar alterações da sensibilidade e rigidez da coluna.

Quando há uma enfermidade subjacente tem-se de contar também com os sintomas dessa enfermidade.

Os desvios de coluna podem ser diagnosticados através das queixas dos pacientes, do exame clínico, que detectará uma curvatura anormal da coluna vertebral, exame neurológico e do exame radiográfico.

O exame neurológico evidenciará se a pessoa apresenta sinais e sintomas nessa área, decorrentes de compressões nervosas, como alteração da sensibilidade, dos reflexos e da função motora ou do equilíbrio, dor, adormecimento, sensação nas extremidades, espasmo muscular, alterações nos intestinos e/ou na bexiga.

O exame radiográfico permitirá identificar a existência de desvios e medir o alinhamento das curvaturas da coluna, as quais podem ser medidas, entre outras maneiras, pelo método de Cobb, conhecido dos especialistas.

Ressonâncias magnéticas, tomografias computadorizadas e cintilografias ósseas podem complementar o diagnóstico.

Os tratamentos dos desvios de coluna dependem das suas causas, da idade do paciente e das eventuais deformidades vertebrais.

Nos casos não cirúrgicos são indicados exercícios físicos, fisioterapia, estimulação elétrica, sapatos com salto e sola especiais e/ou o uso de coletes.

A intervenção cirúrgica é indicada para pacientes adultos, em casos especiais, por motivos funcionais, estéticos ou dolorosos e realizada normalmente em situações em que a curvatura é maior que 80 graus.

Quando o desvio é causado pela obesidade, a perda de peso é necessária para a correção ser mais eficaz.

Os desvios anormais da coluna podem ser prevenidos se a pessoa fizer exercícios físicos regulares, alongamentos e mantiver uma postura correta desde a infância.

Os adultos devem evitar o sedentarismo e a obesidade e também cuidar dos hábitos posturais.

É importante, principalmente para as mulheres, cuidarem da prevenção da osteoporose.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O Colesterol


O colesterol é um tipo de gordura (lipídeo) encontrada naturalmente em nosso organismo, assim como os fosfolípides, os triglicérides (TG) e os ácidos graxos.

O colesterol está presente no cérebro, nervos, músculos, pele, fígado, intestinos e coração e é usado para produzir hormônios esteróides, vitamina D e ácidos biliares que ajudam na digestão das gorduras.

Cerca de 70% do colesterol é fabricado pelo nosso próprio organismo, no fígado, enquanto que os outros 30% vêm da dieta.

Os fosfolípides formam a estrutura básica das membranas celulares.

Os triglicérides constituem uma das formas de armazenamento energético mais importante no organismo.

Os ácidos graxos podem ser classificados como saturados, monoinsaturados ou polinsaturados.

As lipoproteínas permitem a solubilização e transporte dos lípides.

São compostas por lípides e proteínas denominadas apolipoproteínas (apos).

Existem quatro grandes classes de lipoproteínas separadas em dois grupos:

•As ricas em TG: representadas pelos quilomícrons e pelas lipoproteínas de densidade muito baixa ou “very low density lipoprotein” (VLDL);

•As ricas em colesterol de densidade baixa “low density lipoprotein” (LDL) e de densidade alta ou “high density lipoprotein” (HDL). Existe ainda uma classe de lipoproteínas de densidade intermediária ou “intermediary density lipoprotein” (IDL) e a lipoproteína A [Lp(a)]. A função fisiológica da Lp(a) não é conhecida, mas ela tem sido associada à formação e progressão da placa aterosclerótica.

O colesterol alto é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Quanto mais alto o seu nível de colesterol, maior o risco de desenvolver alguma doença cardíaca, ter um infarto do miocárdio ou um derrame cerebral.

Quando há excesso de colesterol na corrente sanguínea (hipercolesterolemia), ele pode se depositar na parede das artérias, determinando um processo conhecido como aterosclerose.

As artérias ficam estreitadas e o fluxo sanguíneo mais lento ou bloqueado.

Se esse depósito de gordura ocorre nas artérias coronárias, pode ocorrer angina (dor no peito) e infarto do miocárdio. Se ocorre nas artérias cerebrais pode provocar acidente vascular cerebral (derrame).

Colesterol dentro da normalidade é importante para todas as pessoas: jovens, adultos de meia idade e idosos; homens e mulheres; e pessoas com ou sem doenças cardiovasculares já que as doenças cardiovasculares são a primeira causa de morte tanto para homens, quanto para mulheres no Brasil.

Existem quatro tipos principais de dislipidemias bem definidas:

•Elevação isolada do LDL-C (≥ 160 mg/dL).

•Elevação isolada dos TG (≥150 mg/dL), que reflete o aumento do volume de partículas ricas em TG como VLDL, IDL e quilomícrons.

•Valores aumentados de LDL-C (≥ 160 mg/dL) e de TG (≥150 mg/dL).
Nos casos com TG ≥ 400 mg/dL, quando o cálculo do LDL-C pela Equação de Friedewald* é inadequada, considerar-se-á hiperlipidemia mista se o CT for maior ou igual a 200 mg/dL.

•Redução do HDL-C (homens <40 mg/dL e mulheres <50mg/dL) isolada ou em associação com aumento de LDL-C ou de TG. Equação de Friedewald: O LDL-C pode ser calculado pela equação de Friedewald (LDL-C = CT - HDL-C – TG/5), onde TG/5 representa o colesterol ligado à VLDL ou VLDLcolesterol (VLDL-C), ou diretamente mensurado no plasma. Em pacientes com hipertrigliceridemia (TG>400mg/dL), hepatopatia colestática crônica, diabetes mellitus ou síndrome nefrótica, a equação é imprecisa.

Fontes:

National Institute of Health
National Heart, Lung and Blood Institute
Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III) Final Report
IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia

sábado, 22 de agosto de 2015

Testes de personalidade


O termo personalidade é usado na linguagem comum em várias direções diferentes, frequentemente com o sentido de "conjunto das características marcantes de uma pessoa".

No sentido em que o tomamos aqui, personalidade é o conjunto das características psicológicas que determinam os padrões de pensar, sentir e agir de cada pessoa.

Assim, essa definição destaca a singularidade da pessoa e seu modo único de compreender a vida e de agir e reagir diante de fatos da realidade, como estudar, trabalhar, conviver etc., ou seja, a individualidade pessoal e social do indivíduo.

Testes de personalidade são testes aplicados por psicólogos por meio de perguntas ou testes gráficos com a finalidade de revelarem traços inatos e adquiridos da personalidade do indivíduo, muitas vezes não conhecidos ou não relatados por ele próprio e que indicam seu caráter e temperamento.

Traços de personalidade são características marcantes da pessoa, os quais a distingue dos demais indivíduos e que determinam como ela age e reage a diferentes situações.

Para que os resultados possam ser adequadamente valorados, os testes psicológicos devem ser aplicados em uma situação padronizada e constante, que inclua o material empregado, as instruções oferecidas, o local da aplicação, etc.

Em todo o mundo, as maiores empresas incluem testes psicológicos de personalidade entre seus processos de seleção.

A finalidade de um teste de personalidade consiste em avaliar e medir as características psicológicas de uma pessoa, bem como o comportamento dela em diferentes ocasiões.

Os testes de personalidade podem ser utilizados com finalidade de ajuda diagnóstica de determinados estados mentais e para verificar as habilidades e limitações de pessoas em relação a certas atividades como dirigir, pilotar, etc.

Atualmente eles têm sido utilizados também na seleção de pessoal e associados a outros recursos de seleção (análise de curriculum, entrevista, dinâmica de grupo).

Estes testes têm se mostrado muito úteis na escolha de pessoas para o exercício de determinadas funções.

Enquanto os demais recursos de seleção avaliam dados objetivos dos candidatos, os testes de personalidade visam revelar características pessoais mais profundas e menos óbvias para eles próprios, geralmente não sabidas e/ou não relatadas.

Embora os testes de personalidade podem não ser um perfeito preditor do futuro desempenho de um candidato no trabalho oferecido, as informações fornecidas por eles podem ajudar o avaliador a ter uma impressão global do candidato e uma previsão da sua adequação ou não ao lugar pretendido.

Há uma grande variedade de testes de personalidade, cada um deles melhor adaptado a uma finalidade: diagnóstico, seleção, autoconhecimento, etc.

Alguns testes clínicos mais conhecidos são:

•Teste de Apercepção Temática (TAT), uma técnica projetiva que consiste em apresentar uma série de pranchas gráficas ao sujeito examinado, a partir das quais ele deve contar uma história sobre cada uma delas.

•Minnesota Multiphasic Personality Inventary (MMPI), que consiste de 550 afirmações que o sujeito deve classificar como verdadeiras ou falsas, quando aplicáveis a si mesmo.

•Teste de Rorscharch, que consiste em responder com o quê se parece cada uma das dez pranchas com manchas amorfas de tinta que o examinador lhe apresenta.

•Teste da Árvore, no qual é pedido ao sujeito que desenhe uma árvore, sobre a qual ele projeta aspectos de sua personalidade.

Outros ainda, mais facilmente aplicáveis à seleção de pessoas são:

•Inventário Fatorial de Personalidade (IFP), que visa avaliar o indivíduo normal em quinze necessidades ou motivos psicológicos: assistência, dominância, ordem, denegação, interação, desempenho, exibição, heterossexualidade, afago, mudança, persistência, agressão, deferência, autonomia e afiliação.

•Teste de Atenção Concentrada, que tem a finalidade de avaliar a capacidade que o sujeito tem de manter a sua atenção concentrada no trabalho durante um período.

•Teste Palográfico, cuja aplicação é muito simples e rápida. Ele avalia a personalidade por meio da expressão gráfica, com a realização de pequenos traços verticais e paralelos.

•QUATI, que avalia a personalidade através das escolhas situacionais de cada indivíduo.

•Teste de Raciocínio Lógico, elaborado com a finalidade de investigar o raciocínio lógico de motoristas, mas que também pode ser aplicado na seleção de pessoal e avaliação do potencial de funcionários.

•Teste Não Verbal de Inteligência, para avaliar a capacidade intelectual através de questões gráficas ou numéricas.

•Inventário de Administração de Tempo, instrumento que tem por objetivo colher informações sobre a forma como as pessoas utilizam o seu tempo no trabalho.

•Psicodiagnóstico Miocinético (PMK), utilizado na avaliação de candidatos a motorista, operadores de máquinas e para quem vai portar arma de fogo.

•Teste de Zulliger, que pode ser usado para toda a finalidade de diagnóstico, avaliação da personalidade, seleção de pessoal, avaliação de desempenho, etc.

•Teste Wartegg, que é uma técnica de investigação da personalidade através de desenhos obtidos por meio de uma variedade de pequenos elementos gráficos que servem como uma série de temas formais a serem desenvolvidos pelo indivíduo de maneira pessoal.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Fratura Óssea


Uma fratura óssea é a perda da continuidade de um osso, que o divide em dois ou mais fragmentos. As fraturas ósseas são acontecimentos muito frequentes.

Embora existam várias causas acidentais de fraturas, cerca de 40% das fraturas acontecem no ambiente doméstico.

Algumas fraturas são tão simples que nem chegam a ser percebidas ou resolvem-se espontaneamente, mas outras podem ser tão graves que acarretam risco de morte.

Fraturas podem ocorrer aleatoriamente a todas as pessoas, mas há uma maior incidência em certos grupos específicos, tal como em mulheres após a menopausa, devido à osteoporose (diminuição da densidade do osso pela menor produção de hormônios estrogênicos) e em idosos, devido ao maior número de quedas e à fragilidade óssea e muscular.

Os traumatismos que incidem sobre os ossos com forças superiores a sua capacidade de deformação são as causas mais frequentes de fraturas. Isso acontece, sobretudo, em quedas, pancadas e acidentes, mas há também fraturas que ocorrem devido a impactos mínimos ou até espontaneamente, chamadas fraturas patológicas, as quais se devem a um anormal enfraquecimento dos ossos, devido à osteoporose ou a tumores ósseos.

As queixas mais comuns são dores, inchaço, incapacidade total ou parcial de movimentos, deformidades e posturas anormais, sinais do traumatismo, como hematomas, lesões cutâneas, etc. Nas fraturas expostas ou complicadas podem aparecer outros sinas e sintomas além desses, dependendo do tipo de evento.

Há uma grande variedade de fraturas. Elas podem ser múltiplas ou únicas, por encurtamento muscular violento ou por torção, completas ou incompletas, oblíquas, epifisárias, fechadas ou abertas, etc. Podem ainda ser classificadas segundo outros critérios:

Segundo as suas causas:

Fraturas traumáticas: representam a maioria das fraturas e são causadas pela aplicação sobre o osso de uma força maior que sua resistência. Podem ocorrer no local do impacto (por exemplo, uma fratura de úmero por uma pancada) ou à distância (por exemplo, uma fratura da clavícula quando se apoia com a mão, após uma queda). Podem ocorrer também por uma contração muscular violenta ou serem devidas à aplicação repetida e frequente de pequenas forças sobre um osso, enfraquecendo-o progressivamente.

Fraturas patológicas: muitas vezes ocorrem espontaneamente ou em razão de traumatismos mínimos sobre um osso previamente fragilizado por osteoporose ou por um tumor ósseo.

Segundo a lesão envolvida:

Fraturas simples: apenas o osso é atingido e não há perfuração da pele ou lesão de outras estruturas adjacentes.

Fraturas expostas: a pele é rompida e o osso fica exposto ao exterior. Nesse tipo de fratura com frequência ocorre infecção bacteriana e mesmo que ela ainda não esteja presente, justifica-se o uso preventivo de antibióticos.

Fraturas complicadas: quando são atingidas outras estruturas além dos ossos, como vasos sanguíneos, nervos, músculos, etc.

Usa-se chamar de politraumatizado ao paciente que tenha sofrido ao mesmo tempo várias fraturas num mesmo ou em diversos ossos. Fraturas cominutivas são aquelas em que o osso se parte em vários pequenos fragmentos

Em geral um exame radiográfico é suficiente para confirmar uma fratura e para classificar o seu tipo. Conforme as circunstâncias do caso e se for necessária cirurgia, outros exames laboratoriais podem estar indicados para avaliar o estado geral do paciente.

Em alguns casos, exames de imagens mais precisos, como a ressonância magnética, por exemplo, podem ser necessários para diagnóstico e/ou acompanhamento do caso.

O tratamento das fraturas ósseas depende do tipo e das características delas, mas a cirurgia deve ser considerada como a última opção, reservada para casos especiais como fraturas expostas ou complicadas. O tratamento conservador procura favorecer condições para que ocorra o processo natural de reparação do osso e é variável conforme o osso que tenha sido atingido e o tipo de lesão em causa.

Nas fraturas em que tenha havido desvio ósseo é necessário fazer-se a redução da fratura, exercendo tração sobre o membro afetado e fazendo com que as extremidades ósseas voltem a ficar alinhadas e na sua posição anatômica natural.

Depois desse alinhamento, o membro afetado deve ser imobilizado, para que não haja dor e possa ocorrer uma reparação da fratura, o que pode ser feito por vários meios.

O mais frequente é que seja usada uma tala gessada ou o suporte com ligaduras elásticas. Conforme o osso atingido ou o tipo de fratura, essa imobilização pode variar de três a oito semanas, ou ainda mais. Concomitantemente, podem ser usados analgésicos e anti-inflamatórios para alívio da dor e da inflamação local. Alimentos que contenham cálcio favorecem a consolidação óssea.

O tratamento cirúrgico fica reservado para aqueles casos em que não possa ser feito um tratamento conservador e ele também procura restabelecer o alinhamento normal do osso e manter esse alinhamento até a reparação da fratura.

Adicionalmente, permite também corrigir algumas lesões de partes moles, como vasos sanguíneos rompidos, por exemplo. O restabelecimento da continuidade óssea por meio cirúrgico pode ser feito com a utilização de placas, parafusos, varetas endomedulares ou fios metálicos.

A imobilização de um membro fraturado motiva uma perda mineral do osso e, se for nos membros inferiores, há uma tendência à formação de trombos.

Uma das sequelas mais frequentes das fraturas é a consolidação viciosa, em que o osso cicatriza numa posição anatômica incorreta.

Fraturas expostas podem levar a uma infecção óssea especialmente grave devido à baixa irrigação sanguínea e escassez de células vivas nos ossos.

Na pseudoartrose os topos da fratura não se juntam após um determinado período de tempo. O tratamento da pseudoartrose exige correção cirúrgica.

Algum tempo depois de uma fratura pode ocorrer necrose (morte de parte do osso), se ocorrer interrupção dos vasos sanguíneos que levam sangue a essa parte do osso.

Como evoluem as fraturas ósseas?

•Após a redução habitualmente há uma diminuição da dor.
•Na maioria das vezes as fraturas são curadas sem deixar sequelas.
•Uma possível consequência de uma imobilização deficiente ou de removê-la antes da hora é a formação de uma pseudoartrose.
•A imobilização às vezes longa de um membro ou segmento corporal pode levar a uma atrofia muscular e posterior dificuldade de executar a função correspondente, pelo que uma fisioterapia deve ser iniciada de imediato.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Eletroneuromiografia


A eletroneuromiografia é um exame diagnóstico, utilizado na avaliação da condução nervosa e do estado dos músculos. O exame é feito em duas etapas: na primeira mede-se a condução dos nervos, através de pequenos choques elétricos aplicados neles; na segunda, analisa-se a atividade muscular no repouso e no esforço muscular leve, por meio da introdução de agulhas nos músculos.

O aparelho que faz o exame capta e codifica a condução dos estímulos elétricos aplicados aos nervos, localiza os pontos de anormalidades ao longo de suas trajetórias e, através de agulhas semelhantes às que são usadas em acupuntura, capta também as descargas elétricas geradas pelos movimentos de contração dos músculos. Através destes sinais elétricos pode-se diagnosticar a possível origem do problema, se nervoso ou muscular.

O exame de eletroneuromiografia pode ser realizado no consultório, com o paciente deitado em posição dorsal, durante 20 a 30 minutos (os exames de mais de um seguimento corporal podem durar mais), examinando-se os segmentos corporais que se deseje.

Não há necessidade de nenhum preparo prévio para o exame. As únicas recomendações são:

•Não usar nenhum creme ou pomada sobre a pele da região a ser examinada, pois dificultam a adesão ou a condutividade dos eletrodos que serão colocados durante o exame.
•Suspender eventuais medicações que interfiram na condutividade nervosa, sob orientação médica.

A cada resultado obtido determina-se o próximo nervo a ser examinado. O exame de eletroneuromiografia pode ser ligeiramente desconfortável, mas não ocasiona dores ou mal-estar significativo. Os estímulos dados são pequenos choques elétricos de curtíssima duração e pouca intensidade, percebidos mais como pequenas pancadas que como pequenos choques. Eles se propagam pelos nervos e o aparelho mede a velocidade de propagação deste estímulo, levando à identificação de possíveis pontos com problemas. Os danos nos nervos causam redução da velocidade de propagação dos estímulos. Após essa etapa, faz-se a captação da atividade muscular nos segmentos corporais afetados. Essa medição é feita por meio do registro das contrações voluntárias dos músculos que se deseja examinar.

Quase não há contraindicações à eletroneuromiografia. Apenas deve-se evitar o exame em pacientes que usem marca-passo ou que estejam tomando anticoagulantes.

A eletroneuromiografia está indicada em todas aquelas situações em que se sabe ou se supõe haver alterações nos nervos periféricos ou nos músculos, as quais podem ter diversas causas:

•Doenças ocupacionais (do trabalho).
•Doenças traumáticas (acidentes por motos, carros, armas de fogo ou brancas).
•Doenças metabólicas (diabetes, alcoolismo), infecciosas e degenerativas.
•Acidentes neurológicos vários.
•Hérnias de disco cervical e/ou lombar.
•Síndrome do túnel do carpo e compressões do nervo ulnar.

Os pacientes acometidos por essas condições geralmente se queixam de terem áreas anestesiadas, sensações de formigamento e de distúrbios motores como redução da força, perda de massa muscular, câimbras e tremores excessivos.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Infecções Urinárias


É quando há proliferação bacteriana dentro do trato urinário, ou seja, bactéria dentro do sistema urinário contaminando a urina. A urina normalmente é estéril.

Quais são os sintomas de infecção urinária?

•Dor para urinar (disúria)
•Aumento da frequência urinária (polaciúria)
•Urgência para urinar
•Odor fétido na urina
•Ardência para urinar
•Sangue na urina (hematúria)
•Necessidade de acordar a noite para urinar (nictúria)
•Dor na região mais baixa do abdome, próximo à bexiga (dor supra-púbica)
•Urina turva

Nos casos de pielonefrite, em que os rins estão acometidos pela infecção, pode haver febre acima de 38° C, calafrios e dor lombar.

A causa é a proliferação de bactéria dentro do trato urinário.

Cistite é uma inflamação na bexiga, que pode ser bacteriana ou não. Quando é uma cistite bacteriana, é o mesmo que infecção urinária baixa.

As cistites não bacterianas também podem acontecer como, por exemplo, a cistite intersticial ou cistite actínica que vem após uma radioterapia.

Uma bactéria que entra no canal da urina, vai à bexiga, prolifera-se dentro da bexiga, causando uma cistite bacteriana (ou infecção urinária baixa). Mas ela também pode subir retrogradamente pelo ureter (canal que drena a urina do rim até a bexiga) até o rim, causando uma pielonefrite ou infecção urinária alta.

A cistite bacteriana é de fácil tratamento.

Em geral são usados 3 dias de antibiótico por via oral. Quando acomete os rins, ou seja, uma pielonefrite, é um processo geralmente mais longo e mais grave, necessitando de mais tempo de tratamento, muitas vezes por via endovenosa.

A infecção urinária pode acometer qualquer pessoa, desde crianças até idosos.

•As mulheres são o principal grupo acometido por esta patologia. Os fatores anatômicos explicam esta facilidade de contaminação. A mulher tem a uretra mais curta que o homem. Isto faz com que uma bactéria chegue fácil à bexiga. A proximidade da uretra com a vagina e com o ânus, locais onde existem bactérias, também aumenta este risco.
•Homens idosos são mais acometidos do que os homens mais jovens. O crescimento da próstata pode causar um esvaziamento incompleto da bexiga e um fluxo urinário ruim, o que facilita que a bactéria suba até a bexiga.
•Crianças que nascem com alguma anomalia congênita.

O diagnóstico é simples. Uma vez apresentando os sintomas de uma infecção urinária, a pessoa deve procurar um médico para que seja tratada o mais rápido possível.

Os dados clínicos e o exame físico são esclarecedores. O exame de urina confirma a proliferação bacteriana. Pela urocultura, pode-se verificar qual a bactéria que está causando a infecção e qual a resposta dela aos antibióticos usados no tratamento.

Em situações mais graves, por exemplo nos casos de pielonefrite, pode ser necessária a solicitação de outros exames complementares como a ecografia abdominal total, urografia excretora, cintilografias renais, tomografia computadorizada abdominal total, dentre outros.

A infecção urinária não é uma doença sexualmente transmissível. Ou seja, os parceiros sexuais não passam infecção urinária um para o outro.

No entanto, a vida sexual pode facilitar o aparecimento de infecção urinária em algumas mulheres que tem:
•Vida sexual promíscua, ou seja, vários parceiros sexuais.
•Atividade sexual muito ativa (muitas relações em um curto espaço de tempo).

E também naquelas que usam espermicidas, cremes ou lubrificantes que podem alterar o ph vaginal.

É muito importante fazer um exame de urina para diferenciar se há ou não a presença de bactéria em casos de sintomas de infecção urinária, pois pode ser que a relação sexual cause apenas uma irritação no canal da urina pelo atrito do pênis com a vagina.

Aproximadamente 20-25% das pessoas que apresentam uma infecção urinária têm recorrência do quadro no mesmo ano ou no ano seguinte.

O termo “cistite recorrente” é usado quando uma pessoa apresenta três ou mais episódios em um mesmo ano. A infecção urinária é muito comum. Se acontecer duas vezes em um ano, não é "cistite recorrente".

O único tratamento é com antibióticos, que não devem ser usados sem o conhecimento de um médico (urologista, nefrologista, clínico geral, ginecologista, pediatra).

A auto-medicação pode agravar o quadro mascarando os sintomas, dificultando o diagnóstico e facilitando o agravamento do quadro.

O uso incorreto de antibióticos seleciona bactérias resistentes e, no dia que a pessoa realmente precisar do antibiótico, ele pode não agir adequadamente.

Uma infecção simples pode causar uma pielonefrite, que acomete os rins, quadro que pode trazer riscos e complicações, podendo levar a uma situação grave.

Sempre é bom procurar um médico diante dos sintomas de uma infecção urinária.

Os estudos realizados mostram que o que causa infecção são alterações intrínsecas. Algumas mulheres, principalmente aquelas com infecções urinárias recorrentes, podem ter nas células que revestem o canal da urina e a vagina receptores em que as bactérias se ligam de maneira mais firme e, com isso, na hora que a pessoa urina a bactéria não é eliminada.

Então a maior ingestão de líquidos, principalmente água, pode facilitar a eliminação desta bactéria, pois o jato urinário vai ser maior, o que ajuda a eliminar estas bactérias aderidas.


Outros fatores que podem ajudar a evitar uma infecção urinária são:

•Evitar a utilização de produtos intra-vaginais (cremes, lubrificantes, espermicidas) que podem alterar o ph vaginal.
•A ejaculação intravaginal muito frequente pode alterar o ph vaginal e afetar a flora vaginal facilitando a infecção urinária. O sêmen é básico, podendo alterar o ph vaginal.

Não há provas científicas, mas são recomendados:

•A higiene após defecação ou após urinar deve ser feita de frente para trás.
•Não fazer jatos de limpeza com chuveirinho, pois muda a flora e o ph vaginais.
•Esvazie a bexiga após o ato sexual.
•Tratar a constipação intestinal, quando necessário.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Esclerodermia


Esclerodermia, escleroderme (do grego: esclero = duro + derma = pele) ou esclerose sistêmica é uma doença crônica do tecido conjuntivo, geralmente classificada como uma das doenças reumáticas autoimunes em que o sistema imunológico ataca os tecidos do próprio organismo e na qual o endurecimento e perda da elasticidade da pele é uma das manifestações mais visíveis.

Há duas formas de esclerodermia: a localizada, que atinge apenas setores limitados da pele e a sistêmica, que atinge várias regiões da pele, bem como órgãos internos. A doença costuma também ser chamada de "esclerose sistêmica progressiva", mas essa denominação tem sido abandonada, uma vez que se verificou que a doença não é necessariamente progressiva. A esclerodermia não é doença contagiosa, infecciosa, cancerosa ou maligna.

As causas da esclerodermia ainda não são totalmente conhecidas. O que se sabe até aqui é que a doença envolve um excesso de produção de colágeno. Embora ela não seja diretamente hereditária, alguns cientistas acreditam que haja uma leve predisposição a ela em famílias com histórico de doenças reumáticas.

A maioria dos pacientes não tem nenhum filho ou parente com esclerodermia, no entanto, pesquisas indicam que há um gene de maior susceptibilidade à esclerodermia, embora não a provoque. A esclerodermia é mais comum no sexo feminino que no masculino, numa proporção de 4:1. Outros fatores como a etnia podem influenciar o risco de contrair essa doença, bem como ajudam a determinar a idade de início e a gravidade dela.

Normalmente, o papel do sistema imunológico é o de garantir a proteção do organismo contra invasores externos, como os vírus, por exemplo. Nas doenças autoimunes, como a esclerodermia, a capacidade de distinguir entre os fatores externos agressivos e os do próprio organismo deixa de existir e o sistema imunológico ataca a ambos como estranhos. Esse ataque às estruturas orgânicas as danifica, causando inflamações, alterações celulares e cicatrizações prejudiciais.

Os sintomas de esclerodermia variam grandemente de uma pessoa para outra e os efeitos da doença vão de manifestações ligeiras a outras que podem significar risco de vida. A gravidade da doença depende de quais partes do corpo são afetadas e da extensão em que o são. No entanto, um caso leve pode tornar-se grave se não tratado adequadamente. A doença pode se desenvolver em qualquer idade, mas seu início é mais frequente entre os 25 a 55 anos.

A esclerodermia localizada é mais comum em crianças, enquanto a esclerodermia sistêmica acomete mais os adultos. Na esclerodermia, talvez mais do que em outras doenças, há muitas exceções às regras e cada caso é diferente dos demais. Na doença localizada as alterações ocorrem em poucos lugares na pele ou nos músculos, confinada aos dedos, mãos e rosto e desenvolve-se lentamente ao longo dos anos, raramente se espalhando. Quase sempre ela é relativamente moderada e não afeta os órgãos internos. Apesar de poderem ocorrer problemas internos, eles são menos frequentes e menos graves do que na forma difusa.

Nas esclerodermias sistêmicas, as mudanças que ocorrem podem afetar o tecido conjuntivo em várias partes do corpo e envolver não só a pele como também o esôfago, o trato gastrointestinal, os pulmões, os rins, o coração e outros órgãos internos. Ela também pode afetar os vasos sanguíneos, músculos e articulações. Os tecidos de órgãos envolvidos tornam-se fibrosos e endurecidos, fazendo-os perder a sua funcionalidade, tornando-os menos eficientes.

O diagnóstico e tratamento precoces e adequados da esclerodermia podem minimizar os sintomas e diminuir a possibilidade de danos orgânicos irreversíveis, mas uma vez que ela apresenta sintomas semelhantes aos de outras doenças autoimunes, o diagnóstico diferencial entre elas pode se tornar difícil. O diagnóstico da esclerodermia exige uma boa história clínica, um exame físico bem feito, estudos de sangue e vários outros exames especializados, dependendo dos órgãos afetados.

Atualmente, ainda não há cura para a esclerodermia, embora existam medicações que lentificam a evolução da doença e auxiliam no controle dos sintomas. Existem também muitos tratamentos capazes de aliviar sintomas específicos como, por exemplo, para controlar a azia, melhorar os movimentos do intestino e diminuir a atividade do sistema imunitário. Algumas pessoas com doença leve podem não precisar de medicação se a esclerodermia não estiver mais ativa.

Geralmente a expectativa de vida gira em torno de doze anos a partir do diagnóstico, mas depende muito do órgão comprometido e do grau que ele for afetado.

As complicações da esclerodermia dependem da região do corpo em que ela se manifesta. Nas articulações, ela pode ocasionar perda da flexibilidade e deformidades, mas as principais complicações aparecem quando a doença acomete algum órgão vital, como o coração, rins ou pulmões, podendo gerar hipertensão pulmonar e doença renal, que são as causas de mortalidade mais comuns na esclerodermia.

Por outro lado, o medo de não se sentir mais atraente e ser rejeitado pelo companheiro (a) é uma das principais causas da baixa auto-estima entre os pacientes devido ao acometimento da pele do rosto.

Outro problema importante está relacionado à dificuldade de aceitar a nova condição e suas limitações. Por isso, é importante a participação efetiva de uma equipe multidisciplinar que avalie e atue diretamente em cada complicação decorrente da doença, assim como a participação de reumatologista, dermatologista, cardiologista, nefrologista, pneumologista, fisioterapeuta e psicólogo são fundamentais.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Síndrome da cauda equínea


A medula espinhal se dispõe ao longo do canal vertebral e termina ao nível da primeira vértebra lombar (L1), desde onde é prolongada por meio de longas e finas raízes constituídas pelos axônios que saem da medula e da coluna vertebral. Essas longas raízes formam a cauda equina, na parte inferior do canal vertebral, assim chamada porque lembra a cauda de um cavalo.

Assim, ela constitui a ligação entre o sistema nervoso central e periférico, enviando e recebendo mensagens das pernas, pés e órgãos pélvicos, sendo responsável pela inervação dos membros inferiores e órgãos da região pélvica. A cauda equina, como o restante da medula nervosa, é imersa no líquido cerebroespinhal.

A síndrome da cauda equina é o conjunto de sinais e sintomas decorrentes da compressão da cauda equina na região lombar.

A síndrome da cauda equina é mais frequente em adultos do que em crianças, mas pode ocorrer em crianças que tenham um defeito espinhal de nascença ou tenham uma lesão na coluna vertebral.

Frequentemente, ela é causada pela expansão de um disco intervertebral na região lombar, estreitamento do canal espinhal, tumor, infecção, inflamação, hemorragia, fratura, acidentes de carro, queda, tiro ou defeito de nascimento.

A síndrome da cauda equina pode ocorrer durante a gravidez, facilitada por uma hérnia de disco lombar. Enfim, as causas mais comuns da síndrome da cauda equina são todas as condições que resultam num canal vertebral estenosado (fechado).

Na síndrome da cauda equina não há condução dos estímulos periféricos para a medula espinhal e vice-versa e os reflexos e tônus muscular ficam diminuídos ou ausentes.

Isso ocasiona a perda parcial ou total da função urinária, intestinal e sexual devida à compressão da cauda equina na região lombar. A lesão em geral é incompleta, com preservação parcial da sensibilidade e da função motora.

É uma condição rara e em alguns casos constitui-se numa emergência cirúrgica. Os principais sinais e sintomas da síndrome podem aparecer agudamente, em horas ou dias, nos casos de hérnia discal, tumores, infecções e fraturas ou ser crônica, ocorrendo em meses ou anos, nos casos de estenoses lentas e progressivas do canal.

A lesão do neurônio motor inferior motiva uma paralisia flácida e não ocorrem hipertonia muscular e hiper-reflexia porque os neurônios motores permanecem intactos.

Quando a compressão é na região lombossacra, ocorre anestesia perineal e nas áreas internas das coxas, incontinência urinária e intestinal e perda da função sexual, com paralisia e anestesia do assoalho da pelve. Se a compressão ocorrer num nível mais alto, pode haver paresia ou paralisia dos membros inferiores.

O diagnóstico da síndrome da cauda equina pode ser a partir de uma cuidadosa história médica e de um minucioso exame físico, exames de sangue, ressonância magnética, mielograma e tomografia computadorizada.

Os exames de sensibilidade mostrarão analgesia perineal. Conforme a causa, o diagnóstico da síndrome da cauda equina é geralmente confirmado por um exame de ressonância magnética ou tomografia computadorizada.

A eletroneuromiografia e o exame do líquido da coluna podem também ser úteis na determinação de causas infecciosas.

A síndrome aguda da cauda equina precisa de tratamento imediato para aliviar a pressão sobre os nervos. A cirurgia deve ser feita rapidamente, dentro de 48 horas após o início dos sintomas para evitar danos permanentes, tais como paralisia das pernas, perda de controle do intestino ou da bexiga, da função sexual ou outros problemas.

Em geral ela é feita para remover sangue, fragmentos de osso, tumor, disco herniado ou um crescimento anormal de ossos que estejam prejudicando a luz do canal vertebral.

Dependendo da causa da síndrome da cauda equina o paciente pode precisar de altas doses de corticoides para reduzir o inchaço e aliviar a dor. Se houver infecção, os antibióticos podem ser receitados; se houver um tumor pode ser necessária a cirurgia e/ou quimioterapia e/ou a radioterapia. Se já ocorreram danos nervosos significativos, nem sempre é possível repará-los e o paciente terá que aprender maneiras de se adaptar às mudanças no funcionamento do seu corpo.

A fisioterapia pode ser útil para a recuperação do paciente, após a cirurgia. Os fisioterapeutas irão cuidar do equilíbrio, da marcha e das transferências de forças. Além disso, a estimulação elétrica é útil para melhorar o tônus muscular.

O diagnóstico precoce da síndrome aguda da cauda equina pode permitir um tratamento que previna os possíveis danos neurológicos.

O prognóstico para a recuperação completa da síndrome aguda da cauda equina depende de muitos fatores. O mais importante deles é a severidade e duração da compressão das raízes nervosas.

Quanto maior for o tempo antes da intervenção para remover a compressão, maior o dano causado aos nervos. Dependendo de quanto dano tenha ocorrido, o paciente pode não recuperar totalmente suas funções.

Nem sempre é possível reparar os danos nervosos significativos e o paciente permanecerá permanentemente com incontinência urinária e fecal e paralisia dos membros inferiores.

sábado, 15 de agosto de 2015

Artralgias


Artralgias (do grego: arthro = junção + algos = dor) são dores em uma ou mais articulações. Costuma-se falar em monoartralgia quando uma única articulação é afetada e em poliartralgia quando são comprometidas várias articulações.

Muitos médicos usam esse termo para referir-se a qualquer tipo de dor nas articulações, mas outras organizações fazem uma distinção entre artrite e artralgia e definem a artrite como "inflamação das articulações".

Contudo, a artrite pode também causar dor nas articulações, como as demais artralgias. Assim, alguns autores afirmam que se uma pessoa tem artralgia (dores nas articulações), não necessariamente tem artrite, embora o contrário não seja verdadeiro e se tem artrite (inflamação das articulações) pode ter artralgias.

Assim entendidas, as artrites são uma doença e as artralgias apenas um sintoma.

Há diversas razões pelas quais as articulações podem se tonar dolorosas.

Entre elas contam-se traumas, ferimentos, inflamações, infecções, transtornos imunes, reações alérgicas e doenças degenerativas.

As causas traumáticas mais comuns são fraturas ósseas, luxações, uso excessivo da articulação, entorses, distensões e ruptura de tendão muscular.

Entre as inflamações estão a gota, a osteoartrite, a artrite reumatoide e a artrite infecciosa.

Em pessoas idosas são comuns as causas degenerativas, com perda do coxim de cartilagem que reveste as extremidades dos ossos nas articulações, para permitir que os movimentos sejam suaves e não dolorosos.

A predominância dessa osteodistrofia como causa de dores articulares aumenta com o desgaste promovido pela idade ou devido a doenças.

É comum que enfermidades sistêmicas apresentem artralgias como sintomas. As artralgias de origem autoimune, por exemplo, ocorrem na artrite reumatoide, esclerodermia, síndrome de Sjögren, lúpus eritematoso sistemático e doenças do tecido conjuntivo.

Outras causas de artralgia podem ser bursites, efeitos colaterais ou reações alérgicas a medicamentos, osteomielite, lúpus eritematoso sistêmico, tendinites e tumores ósseos. Fatores como idade avançada, obesidade e atividades que colocam pressão repetitiva sobre a articulação e lesão articular anterior aumentam o risco de desenvolvimento de artralgia.

se fazem acompanhar de rigidez e inchaço nas articulações, mas podem vir sem eles. Elas podem ser agudas, maçantes, em pontadas, queimação ou latejantes e podem ser contínuas ou intermitentes. Junto com elas pode acontecer uma sensação de queimação ou comichão, hipersensibilidade, rubor, calor, inchaço e restrição da mobilidade articular.

Nos idosos, a perda progressiva da cartilagem das extremidades dos ossos faz com que eles se atritem uns contra outros, o que conduz à dor e restrição ou perda da mobilidade comum à articulação em causa. A dor dessa osteodistrofia é pior após alguma atividade e ao final do dia.

Pela manhã ou após uma inatividade prolongada ocorre uma rigidez, que pode perdurar por alguns minutos. Dependendo da causa, a artralgia pode afetar apenas uma ou várias articulações e ainda ser uni ou bilateral.

O diagnóstico das causas das artralgias nem sempre é fácil, porque muitas condições comuns compartilham sintomas semelhantes. Esse diagnóstico envolve fazer uma boa coleta de dados médicos e realizar um minucioso exame físico.

Algumas manobras semiológicas podem ajudar a determinar a natureza da artralgia.

A tomada de exames laboratoriais como o hemograma, por exemplo, e de imagens das articulações, por meio de radiografias, tomografia computadorizada ou ressonância magnética complementam o diagnóstico.

O tratamento das artralgias irá variar em função da articulação afetada, da gravidade da lesão, da dor e da causa subjacente e visa tanto tratar e solucionar a causa delas quanto aliviar os sintomas.

Algumas artralgias são transitórias, outras não. Os casos mais simples e passageiros podem ser tratados com repouso das articulações afetadas, analgésicos e aplicação de gelo, até que os sintomas terminem.

Casos mais graves podem exigir prescrição de medicamentos específicos, ou mesmo cirurgia, inclusive para a substituição de articulações severamente danificadas.

Medicações como imunossupressores para a disfunção do sistema imunológico, antibióticos quando há uma infecção, podem ser usados ou descontinuados quando uma reação alérgica for a causa.

As injeções de corticoides são um tratamento muito comum para a inflamação das articulações, mas não devem ser repetidas com muita frequência.

O manejo sintomático da dor pode incluir exercícios de alongamento, medicamentos de combate e tratamentos considerados apropriados para os demais sintomas.

As complicações das artralgias não tratadas, dependendo da sua causa, podem ser sérias, incluindo desde deformidades visíveis da articulação afetada até incapacidade funcional, gangrena e amputações de membro.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Suicídio: algumas considerações


Nem todas as pessoas que cometem suicídio apresentam problemas psiquiátricos, mas é verdade que dentre os pacientes psiquiátricos a taxa de suicídio é maior do que na população em geral, assim como dentre as pessoas com doenças não psiquiátricas a taxa de suicídio é mais elevada também, em relação á população geral.

Não é válido julgar que uma pessoa depois de cometer ou tentar suicídio venha a ser considerada como portadora de doença mental por causa de seu gesto.

Em aproximadamente 70% dos suicídios a pessoa apresentava alguma condição psiquiátrica, nos outros 30% alguma condição social como doença não psiquiátrica, desemprego e problemas legais como principais fatores.

Observa-se também uma diferença nos fatores que levam ao suicídio conforme a idade, abaixo dos 30 anos de idade uso de drogas ilícitas e personalidade anti-social são mais frequentes enquanto que acima dessa idade 69% dos suicídios estão correlacionados a transtornos do humor.

Mitos acerca do Suicídio

As pessoas que ameaçam se suicidar não o fazem de fato 80% das pessoas que se mataram verbalizaram previamente sua intenção

O suicídio ocorre sempre sem aviso.

Geralmente são avisos indiretos ou dissimulados como: "não sivo para nada", "só estou atrapalhando", mas as pessoas que se matam sempre avisam antes.

Uma pessoa que já pensou em suicídio será sempre uma candidata a ele.

Não é verdade: uma pessoa que pensou ou tentou suicídio poderá vir a superar suas diviculdades e passar a rejeitar fortemente a idéia de morrer.

O suicídio ocorre mais entre os ricos.

Falso, ocorre nas mesmas proporções entre ricos e pobres.

Ajudas...

Ajudar não é fácil e não nascemos sabendo, esta é a posição inicial para quem nunca teve um preparo especial para lidar com quem precisa de ajuda.

Ajudar significa dar aquilo que a pessoa precisa e não aquilo que achamos que ela precisa.

O que mais se encontra na prática e isso não se restringe às pessoas potencialmente suicidas mas todos enfermos que precisam de ajuda.

Admitir que não saber o que falar é uma atitude positiva de quem é humilde e se não souber o que dizer não tente inventar, afirme que não sabe o que dizer mas está disposto a ouvir de coração aberto o que a pessoa tem a dizer.

Ouvir ativamente.

Observar o que não é dito, tolerar as incoerências e as contradições, não é hora de dar lições de moral nem mostrar os erros, é hora de estimular a dar a volta por cima e ser paciente na dor.

Demonstrar impaciência e pior ainda, irritação significam para quem fala uma rejeição pessoal impossibilitando um relacionamento livre de impedimentos.

Estar preparado para comportamentos inaceitáveis e incompreensíveis como agressões contra quem quer ajudar.

Isto não deve significar o fim da linha nem deve levar a desistência da ajuda, afinal uma pessoa para pensar em matar-se está ou numa situação extrema ou possui uma personalidade profundamente complexa e problemática, não será possível entender em pouco tempo reações desse calibre.

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, ajudar não é fácil nem intuitivo, para ajudar é necessário estar preparado, se possível, trienado, dizer aquilo que se julga ser bom e eficaz pode vir a ser destrutivo.

As pessoas não são todas iguais, as circunstâncias variam, os valores mudam, as crenças são adquiridas ou perdidas, por isso, para se ajudar uma pessoa que quer morrer é assunto para pessoas bem informadas e bem formadas, do contrário é melhor não falar nada. a em suicídio é uma pessoa solitária, ela pode estar no meio de uma grande multidão ou de uma grande família mas sente-se só.

Antes da primeira tentativa ela tenta se comunicar mas é considerada inconveniente, sem tato, chata e tende a ser isolada e rejeitada pelas pessoas, passa a ser alvo de fofocas que não perdoam o sofrimento alheio.

Outras vezes a pessoa não consegue deixar claro seu sofrimento e sua angústia, logo a tentativa ou a consumação do suicídio pode ser uma tentativa de comunicação.

Por outro lado existe as pessoas com transtorno histriônico de personalidade, essas são manipuladoras e usam as ameaças contra própria integridade como forma de manipular os parentes, não é possível manipular os médicos porque esses sempre internarão as pessoas acometidas por algum fator de risco que ameaçam se matar, mas os parente estão sujeitos às manipulações.

Essa situação é extremamente difícil de se lidar, não sendo possível estabelecer regras nem condutas pré-definidas. A contenção da manipulação por ameaças de suicídio exige muito frieza por parte de quem houve, prudência, preparo, paciência e possibilidade de agir com rapidez se necessário.

O gesto suicida não surge repentinamente, se ocorre repentinamente é porque a pessoa estava nos anos ou meses anteriores escondendo todo seu sofrimento.

Uma pessoa sempre solícita e sorridente no trabalho não por ser descartada como um potencial suicida, pode surpreender quem está ao lado, mas isso significa apenas que conseguiu encobrir muito bem todo seu sofrimento.

Uma pessoa sem o preparo especial pode oferecer compreensão (os ouvidos e um olhar atento) e o calor humano (interessar-se pessoalmente e dispor-se a procurar meios de ajudar).

A compreensão é sempre incondicional nessas situações, não se pode querer que a pessoa pense ou acredite como quem ouve, talvez e quase sempre será, ela terá valores e crenças distintos ou talvez nenhuma crença ou valor.

A atitude de quem quer ajudar deve ser: "não imagino o que você está passando, mas estou disposto a estar ao seu lado para tudo que me pedir, exceto para ajudar a morrer".

O que fazer ?

Ser você mesmo
Fazer com que a pessoa se sinta acolhida por você
Relacionar-se com a pessoa não apenas com o problema
Ofereça toda sua atenção e mostre-se disponível
Facilite o desabafo

O que não fazer.

Subestimar ou desvalorizar as preocupações apresentadas.
Impor conselhos.
Emitir opiniões ou julgamentos.
Ser paternalista.
Fazer promessas que não podem ser cumpridas.
Falsas esperanças como :"amanhã estará tudo melhor".

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Hepatite C - aspectos atuais


FONTE: G1

Os brasileiros têm poucos conhecimentos sobre as formas de contágio da hepatite C, segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Datafolha.

Apesar de 59% da população citar corretamente o sangue como uma das formas de contágio da doença, uma porcentagem grande incluiu em sua resposta formas de contágio que não estão relacionadas a essa hepatite.

Cada entrevistado, podia citar mais de uma opção: 36% respondeu que ela é transmitida pelo ato sexual, o que raramente ocorre.

Outras respostas equivocadas foram que a doença é transmitida pela saliva (20%), água (18%), picada de mosquito (15%) e animais domésticos (4%). Outros 18% responderam que não sabiam.

As formas mais comuns de contágio por hepatite C são, na verdade, por compartilhamento de objetos pontiagudos, o que pode acontecer na manicure, no estúdio de tatuagem ou de colocação de piercing, por exemplo.

O compartilhamento de seringas também pode levar à infecção.

Os dados são de uma pesquisa feita pelo Datafolha a pedido da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) e da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

O levantamento ouviu 2.125 pessoas de 120 municípios e foi divulgado nesta terça-feira (28), que é o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais.

Entre os entrevistados, apenas 38% afirmaram que já realizaram algum exame para detectar a hepatite C.

Isso é preocupante porque a doença pode levar anos até que comece a manifestar os sintomas. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Hepatologia, há cerca de 2 milhões de brasileiros infectados com hepatite C, porém mais de 60% não sabe que tem a doença.

O Ministério da Saúde anunciou, nesta segunda-feira, a inclusão de um novo tratamento contra hepatite C pelo SUS, que inclui as drogas daclatasvir, simeprevir e sofosbuvir.

A nova opção, que estará disponível até dezembro, vai beneficiar pacientes que não podiam receber os tratamentos disponíveis até então, entre eles aqueles que também têm HIV ou que não responderam bem às drogas convencionais.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Estado psicótico puerperal


A psicose puerperal (puerpério é a fase que vai até 45 dias após o parto) não é uma psicose à parte: é uma psicose desencadeada pelo parto, assemelhando-se clinicamente às psicoses de curta duração.

As psicoses iniciadas após essa fase recebem o diagnóstico de acordo com suas características específicas, não sendo mais classificadas como puerperais.

O pós-parto é uma fase crítica para a mulher por causa das violentas mudanças nas taxas hormonais, além de todo o estresse que o parto implica.

Verifica-se um aumento geral na incidência de distúrbios mentais nessa fase, principalmente para quem já sofreu algum problema psiquiátrico antes.

A psicose puerperal ocorre na freqüência de um ou dois partos para cada 1000.

Ocorrem mais nas primíparas e mães solteiras.

Não há relação dessa psicose com a idade da mãe nem com sua cor de pele.

Pacientes com transtorno bipolar ou pacientes que tiveram psicose no parto anterior devem tomar medidas preventivas.

O início é súbito dando-se em 1/3 dos casos na primeira semana após o parto e 2/3 no primeiro mês. A principal temática dos delírios da psicose puerperal está ligado ao bebê.

Os temas mais comuns dos delírios são achar que o bebê não nasceu, foi trocado, está morto ou defeituoso. Tentativas de homicídio contra o bebê podem acontecer.

A recuperação da psicose está diretamente ligada a história prévia da paciente.

Sendo ela bipolar a recuperação do transtorno se dará de forma natural ou abreviada pelo tratamento.

Sendo esquizofrênica o curso crônico prosseguirá com a possibilidade de certa acentuação durante o puerpério.

Sem nenhuma história prévia a maior probabilidade é de que a paciente se recupere completamente.

O tratamento realizado é o mesmo para as psicoses em geral e o aleitamento materno precisa ser suspenso.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Distimia


Os traços essenciais da distimia são o estado depressivo leve e prolongado, além de outros sintomas comumente presentes.

Pelo critério norte americano são necessários dois anos de período contínuo predominantemente depressivo para os adultos e um ano para as crianças sendo que para elas o humor pode ser irritável ao invés de depressivo.

Para o diagnóstico da distimia é necessário antes excluir fases de exaltação do humor como a mania ou a hipomania, assim como a depressão maior.

Causas externas também anulam o diagnóstico como as depressões causadas por substâncias exógenas.

Durante essa fase de dois anos o paciente não deverá ter passado por um período superior a dois meses sem os sintomas depressivos.

Para preencher o diagnóstico de depressão os pacientes além do sentimento de tristeza prolongado precisam apresentar dois dos seguintes sintomas:

Falta de apetite ou apetite em excesso
Insônia ou hipersonia
Falta de energia ou fadiga
Baixa da auto-estima
Dificuldade de concentrar-se ou tomar decisões
Sentimento de falta de esperança

Estudos mostram que o sentimento de inadequação e desconforto é muito comum, a generalizada perda de prazer ou interesse também, e o isolamento social manifestado por querer ficar só em casa, sem receber visitas ou atender ao telefone nas fases piores são constantes.

Esses pacientes reconhecem sua inconveniência quanto à rejeição social, mas não conseguem controlar.

Geralmente os parentes exigem dos pacientes uma mudança positiva, mas isso não é possível para quem está deprimido, não pelas próprias forças.

A irritabilidade com tudo e impaciência são sintomas freqüentes e incomodam ao próprio paciente. A capacidade produtiva fica prejudicada bem como a agilidade mental.

Assim como na depressão, na distimia também há alteração do apetite, do sono e menos freqüentemente da psicomotricidade.

O fato de uma pessoa ter distimia não impede que ela desenvolva depressão: nesses casos denominamos a ocorrência de depressão dupla e quando acontece o paciente procura muitas vezes pela primeira vez o psiquiatra.

Como a distimia não é suficiente para impedir o rendimento, apenas prejudicando-o, as pessoas não costumam ir ao médico, mas quando não conseguem fazer mais nada direito, vão ao médico e descobrem que têm distimia também.

Os pacientes que sofreram de distimia desde a infância ou adolescência tendem a acreditar que esse estado de humor é natural deles, faz parte do seu jeito de ser e por isso não procuram um médico, afinal, conseguem viver quase normalmente.

O início da distimia pode ocorrer na infância caracterizando-a por uma fase anormal.

O próprio paciente descreve-se como uma criança diferente, brigona, mal humorada e sempre rejeitada pelos coleguinhas.

Nessa fase a incidência se dá igualmente em ambos os sexos.

A distimia é sub-dividida em precoce e tardia, precoce quando iniciada antes dos 21 anos de idade e partia após isso.

Os estudos até o momento mostram que o tipo precoce é mais freqüente que o tardio.

Por outro lado estudos com pessoas acima de 60 anos de idade mostram que a prevalência da distimia nessa faixa etária é alta, sendo maior nas mulheres.

Os homens apresentam uma freqüência de 17,2% de distimia enquanto as mulheres apresentam uma prevalência de 22,9%.

Outro estudo também com pessoas acima de 60 anos de idade mostrou que a idade média de início da distimia foi de 55,4 anos de idade e o tempo médio de duração da distimia de 12,5 anos.

A comparação da distimia em pessoas com mais de 60 anos e entre 18 e 59 anos revelou poucas diferenças, os sintomas mais comuns são basicamente os mesmos.

Os mais velhos apresentaram mais queixas físicas enquanto os mais novos mais queixas mentais.

A distimia começa sempre de forma muito gradual, nem um psiquiatra poderá ter certeza se um paciente está ou não adquirindo distimia.

O diagnóstico preciso só pode ser feito depois que o problema está instalado.

O próprio paciente tem dificuldade para determinar quando seu problema começou, a imprecisão gira em torno de meses a anos.

Como na maioria das vezes a distimia começa no início da idade adulta a maioria dos pacientes tende a julgar que seu problema é constitucional, ou seja, faz parte do seu ser e não que possa ser um transtorno mental, tratável.

Os estudos e os livros não falam a respeito de remissão espontânea.

Isso tanto é devido a poucas pesquisas na área, como a provável não remissão.

Por enquanto as informações nos levam a crer que a distimia tenda a permanecer indefinidamente nos pacientes quando não tratada.

Os tratamentos com antidepressivos tricíclicos nunca se mostraram satisfatórios, as novas gerações, no entanto, vem apresentando melhores resultados no uso prolongado.

Os relatos mais freqüentes são de sucesso no uso da fluoxetina, sertralina, paroxetina e mirtazapina.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Revia ou Naltrexona


O Revia é a naltrexona, atualmente está sendo usada para diminuir ou mesmo abolir o desejo pelo álcool em paciente dependentes.

É uma medicação antiga usada ainda para bloquear o efeito das substâncias derivadas do ópio, como a morfina e a heroína.

O uso do Revia após administração prolongada desses agentes opioides, provoca uma imediata reação de abstinência.

Recomenda-se o uso de 50 mg por dia durante três meses para o tratamento da abstinência do álcool, ou sempre que for necessário e indicado pelo médico

É importante diferenciar os efeitos colaterais causados pela medicação dos efeitos da abstinência ao álcool quando o remédio é administrado durante a retirada do álcool.

A dificuldade reside na coincidência que há nos sintomas de ambas as situações, tornando impossível às vezes esta diferenciação. Os mais comuns efeitos são: insônia,nervosismo, dores de cabeça, enjôo, vômitos, falta de apetite, tonteiras.

Não deve ser usado em pacientes com insuficiência do fígado (situação comum nos pacientes alcoólatras de longa data).

Apesar de nunca ter sido detectada má formação no feto devida a esta medicação, é recomendável não usá-la durante o primeiro trimestre da gestação, exceto se o clínico recomendar o uso.