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segunda-feira, 23 de abril de 2018

Dermatite ocre


A dermatite ocre, ou dermatite de estase, é uma doença inflamatória de pele, caracterizada por múltiplas manchas marrom-amareladas, localizadas no terço distal da perna, na área maleolar interna e externa, no tornozelo e/ou no arco do pé.

A dermatite ocre é uma consequência direta da insuficiência venosa. Comumente, está associada à ocorrência de varizes.

A insuficiência venosa causa uma hipertensão nas veias, resultando no extravasamento de sangue para o tecido subcutâneo desse paciente. A função perturbada do sistema valvular unidirecional no plexo venoso profundo das pernas resulta em um refluxo de sangue do sistema venoso profundo para o sistema venoso superficial, acompanhada de hipertensão venosa.

Esse mal funcionamento pode resultar em incompetência valvular, com extravasamento do conteúdo sanguíneo. A coloração amarronzada (”ferruginosa”) da pele se deve ao caminho que as hemácias percorrem para o interstício celular e é subsequente à liberação de ferritina no interstício.

A dermatite ocre consiste em manchas marrom-amareladas muitas vezes confluentes entre si, não sensíveis e não dolorosas, localizadas na extremidade inferior das pernas e na região maleolar interna e externa, tornozelos e/ou peito dos pés. Em casos avançados, a inflamação pode se estender até logo abaixo do joelho. O tornozelo medial é mais frequentemente e severamente envolvido que seu homólogo contralateral. A parte dorsal do pé também pode estar envolvida, em casos graves.

Geralmente, tais manchas afetam pacientes de meia-idade em diante, raramente ocorrendo antes da quinta década de vida. Uma exceção a essa faixa etária seria representada por pacientes com insuficiência venosa adquirida devido a cirurgia, trauma ou trombose. A infecção secundária pode causar crostas ou pústulas típicas.

O diagnóstico da dermatite ocre é eminentemente clínico, pela observação das lesões. Ao exame físico, esses pacientes mostram manchas amarronzadas nas extremidades inferiores das pernas. Os exames de sangue podem ajudar a diagnosticar eventuais complicações como celulite e/ou sepse ou dermatite de estase devido à trombose venosa. Estudos radiológicos com Doppler podem ser úteis. Os estudos com Doppler venoso podem revelar trombose venosa profunda ou dano valvular grave.

A base principal do tratamento visa diminuir o impacto clínico da insuficiência venosa subjacente e do edema. Isso é feito normalmente com terapia de compressão. Muitas vezes pode ser necessário fazer a ligadura cirúrgica dos vasos. A pigmentação da estase, resultante da deposição de hemossiderina, é notoriamente difícil de tratar e normalmente não se resolve, mesmo quando a dermatite de estase subjacente é bem controlada.

O tratamento tópico da dermatite de estase tem muito em comum com o tratamento de outras formas de dermatite eczematosa aguda. As lesões úmidas podem ser tratadas com um agente de secagem, como o acetato de alumínio, por exemplo. Os corticosteroides tópicos de média potência são frequentemente usados para reduzir a inflamação e a coceira em crises agudas. Pacientes com dermatite crônica podem ser tratados com emolientes tópicos brandos para maximizar a umidade epidérmica.

Se houver ulceração, o risco de infecção é muito grande e deve ser prevenido com o uso de um antibiótico tópico.

As pessoas que sofrem de varizes devem evitar condições como a obesidade, ortostatismo (ficar muito tempo de pé) e enfermidades que limitam a movimentação dos membros, que são agravantes para o surgimento da dermatite ocre.

A dermatite ocre já é a sequela cutânea mais precoce da insuficiência venosa crônica, mas pode ainda ser uma precursora de condições mais problemáticas, como ulceração venosa da perna, por exemplo. Outras complicações podem ser celulite, aumento da incidência de dermatite alérgica de contato, lipodermatoesclerose e autoeczematização.

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