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sexta-feira, 31 de março de 2017

Mancha amarela no olho?


Pinguécula refere-se a uma elevação de coloração amarelada na junção da córnea com a esclera. Na verdade, a pinguécula é um tumor ocular benigno que se manifesta através de uma mancha amarelada em formato triangular ou através de um aumento de volume do branco do olho.

A pinguécula é causada por uma mudança repentina do tecido conjuntival normal (degenerescência da conjuntiva ocular), ocasionando o armazenamento de substâncias proteicas e lipídicas. Pode surgir também devido à exposição crônica dos olhos à luz do sol, poeira ou vento.

As pinguéculas são mais comuns do lado da córnea mais próximo ao nariz, mas também podem crescer junto à córnea, do outro lado. Uma pinguécula se forma quando o tecido da conjuntiva se altera criando um pequeno nódulo. Normalmente, esses nódulos acumulam proteína, gordura e cálcio. A razão para esta alteração não é totalmente compreendida, mas está ligada à frequente exposição à luz solar, à poeira ou ao vento. As pinguéculas também podem se tornar mais comuns com o envelhecimento. A maioria das pessoas com mais de 80 anos tem uma pinguécula.

Conforme as características de cada caso, os sintomas podem variar de leves a graves. A avaliação do quadro clínico é feita a partir do aspecto da pinguécula e da região do olho em que se localiza. A pinguécula é mais comum em indivíduos de meia idade ou idosos que foram expostos aos raios solares a maior parte da vida, embora também possa ser encontrada em crianças e jovens.

Tipicamente, surge na área de abertura palpebral que fica exposta aos raios solares. A sintomatologia da pinguécula ocular costuma ser restrita. Quando se torna elevada pode ocasionar a sensação de irritação ou de que há areia ou um corpo estranho no olho. A área atingida também pode ficar avermelhada e coçar, o que ajuda a desenvolver um quadro de inflamação, condição denominada pingueculite.

O diagnóstico da pinguécula é feito por observação. Um diferencial tem de ser feito entre as pinguéculas e os pterígios. Ambos são tumores que podem se formar no olho. São parecidos, mas têm algumas distinções bem marcadas e aspectos diferentes. Os pterígios são ovais, alongados ou redondos, têm a cor da pele e geralmente crescem em cima da córnea, diferente da pinguécula.

O tratamento depende da gravidade do quadro clínico. Os pacientes com pinguécula devem proteger a conjuntiva ocular por meio de óculos escuros adequados. Além disso, o uso de colírios lubrificantes auxilia no alívio dos sintomas brandos, enquanto os colírios com anti-inflamatórios devem ser utilizados em casos mais graves. Se houver dor no olho, o paciente pode usar uma pomada ou colírio para diminuir a irritação.

Também existe a opção de remoção cirúrgica da pinguécula nos casos mais severos, quando esta condição está afetando a visão, o ato de piscar ou o uso de lentes de contato. No entanto, raramente se retira esse tumor, sendo que em grande parte dos casos não há nem mesmo necessidade de qualquer tratamento porque a pinguécula não prejudica a córnea.

Algumas pinguéculas normalmente aparecem ao lado da córnea e podem aumentar de tamanho, mas isso só ocorre muito lenta e raramente.

Para prevenir esses tumores, indica-se o uso de óculos escuros de boa qualidade e com lentes com filtros para raios ultravioletas. Os mais indicados são aqueles com bloqueador de raios UVA e UVB. Além disso, os óculos de sol protegem os olhos de agressões externas, como a poeira e o vento. O uso de lágrimas artificiais ajuda a manter os olhos hidratados. Os óculos protetores são muito importantes em ambientes muito secos ou empoeirados.

Normalmente a pinguécula não gera complicações, embora possa ser recorrente.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Quando o bebê começa a andar?


O momento em que a criança começa a andar é um dos marcos mais importantes no seu desenvolvimento. Graças à aquisição dessa função, a criança ganha maior autonomia e, na concepção popular, deixa de ser bebê para tornar-se uma criança pequena. Esse processo, contudo, se instala gradativamente e começa mais ou menos por volta do primeiro aniversário (um pouco antes ou um pouco depois), mas continua se aperfeiçoando vida afora.

O caminhar tem seus pródromos: primeiro o bebê assenta-se, depois engatinha, em seguida fica de pé, agarrado a qualquer coisa e, então, anda. Os primeiros passos são um marco crucial no sentido da independência, da autonomia da criança. Quando ela consegue largar a cadeira ou o sofá que serviam de apoio e caminha ainda hesitante para os braços da mãe, não demora muito para que esteja se movendo por todo lado. De início, ela talvez seja levada pela mão, mas logo depois estará correndo à frente dos adultos.

Paralelamente, outras funções também estão se desenvolvendo e tanto contribuem com o andar como também recebem contribuições dele. É o caso da coordenação motora, desenvolvimento da força e do equilíbrio, do refinamento da sensibilidade e das percepções, entre outras.

O andar é precedido de outros eventos preparatórios. Em geral, o bebê começa a tentar assentar aos 4 meses, mas só consegue ficar assentado sem apoio por volta dos 6 meses. A partir daí, ele aprende a engatinhar e depois dessa etapa, por volta dos 8 meses, tenta ficar de pé, agarrado a algo. A maioria dos bebês dá os primeiros passos entre os 9 e os 12 meses de vida e com 15 meses já anda desembaraçadamente. Mas esses são apenas números médios e num caso particular podem ser um pouco maiores ou um pouco menores, sem que isso signifique problema. Em alguns casos, muitas crianças normais só andam com 1 ano e 4-5 meses, ou até mais.

É importante estimular o bebê nas suas tentativas, mas é igualmente importante não ser apressado. Tudo ocorrerá naturalmente, sob o comando da natureza de cada criança. Depois de algum tempo as crianças se igualam nessa função: andarão bem, quer tenham começado mais cedo ou mais tarde.

Com 1 ano e 2 meses, a criança geralmente já consegue se levantar e se abaixar por si mesma, sem precisar da ajuda de outras pessoas. Um mês depois ela já conseguirá empurrar brinquedos. Com 16 meses ela talvez já comece a querer subir escadas, embora ainda demore alguns meses mais para que consiga esse feito. Só com um ano e meio é que conseguirá subir e descer degraus, mesmo assim ainda precisando de apoio para descer.

Nessa etapa, a criança gosta de escalar móveis e outros obstáculos e pode tentar chutar uma bola, embora desajeitadamente. Se uma música for tocada, é provável que faça movimentos de dança seguindo o ritmo. Depois do segundo ano, a criança já terá adquirido o modo adulto de caminhar e começa a ser capaz de dar pulos. Com 3 anos, ela já adquiriu os movimentos básicos do caminhar e ações como andar, levantar, correr e pular já se tornaram automáticas.

Se depois de aprender a ficar de pé a criança precisar de ajuda para voltar a sentar, o adulto não deve fazer o trabalho por ela, mas mostrar-lhe como dobrar os joelhos para conseguir sentar, incentivando-a a tentar sozinha. Ela pode ser estimulada se alguém se posiciona à sua frente e lhe oferece suas mãos, para que ele caminhe na sua direção ou lhe ofereça brinquedos para empurrar e se apoiar. Os andadores, ao contrário, facilitam demais o deslocamento e portanto não estimulam o desenvolvimento adequado dos músculos das pernas. Tampouco a criança deve usar sapato logo que começa a andar, porque ficar descalça ajuda mais a treinar o equilíbrio, a coordenação motora e formar a cavidade da planta do pé.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Câncer de peritônio


O câncer de peritônio é um câncer raro, que afeta o peritônio, uma membrana que reveste a parte interna da cavidade abdominal e recobre órgãos como o estômago e os intestinos, reto, bexiga e útero. Toda essa camada é rica em vasos do sistema linfático, que funcionam como sistema de defesa do organismo. O câncer de peritônio pode ser classificado como primário ou secundário.

É uma enfermidade que acomete algo em torno de quatro ou cinco pessoas numa população de 100 mil. Seus fatores de risco ainda não são muito bem conhecidos e a doença não apresenta sintomas específicos.

No entanto, o câncer de peritônio primário é mais comum em mulheres do que em homens. Mulheres com risco de câncer de ovário têm um risco aumentado para câncer de peritônio. Isto é ainda mais provável há o fator genético. A idade avançada é outro fator de risco para o câncer de peritônio.

O câncer de peritôneo é bastante semelhante ao câncer de ovário. Isso porque o tecido do peritônio é dos ovários são formados por células epiteliais. É comum que os dois tipos de câncer apresentem sintomas semelhantes. O tratamento para os dois casos também pode ser o mesmo.

Ele se forma na própria membrana e secundário quando ele inicia em algum órgão da região - sobretudo intestinos, ovário, útero, estômago, pâncreas ? e se implanta no peritônio.

É conhecido como mesotelioma e também pode originar-se dele um carcinoma semelhante ao câncer de ovário. Já o câncer que vem de outros órgãos e se implanta no peritônio é conhecido como carcinomatose peritoneal.

Quando progride, o câncer primário no peritônio favorece o aparecimento de nódulos, podendo causar dor abdominal e acúmulo de líquido.

Como em qualquer tumor, quanto mais cedo é feito o diagnóstico, mais positiva é a resposta ao tratamento. O tratamento é baseado na quimioterapia, que ataca e minimiza o tumor. Em alguns casos, após reavaliação médica, se opta por procedimentos cirúrgicos que visam remover lesões residuais e por quimioterapia intraperitoneal hipertérmica.

Os casos em que um tumor de estômago, intestino ou ovário, por exemplo, cresce, se espalha e se implanta no peritônio são mais frequentes do que os diagnósticos de câncer primário no peritônio.

Nessas situações, células tumorais se desgrudam do órgão acometido e conseguem migrar e se implantar no peritônio, contribuindo para a disseminação da doença. É o que os médicos chamam de carcinomatose peritoneal.

Quando a doença alcança esse estágio, os recursos terapêuticos abarcam desde quimioterapia até intervenções cirúrgicas.

Assim como ocorre com o câncer de ovário, o câncer de peritônio pode ser difícil de ser diagnosticado nos estágios iniciais da doença. Isso porque os sintomas não são claros, portanto difíceis de identificar. Quando os sintomas ocorrem claramente, muitas vezes é um sinal de que a doença progrediu. Muitos dos sintomas acontecem devido ao acúmulo de líquido (ascite) no abdômen.

Os sintomas do câncer de peritônio podem incluir:

Dor abdominal
Diarreia e náuseas
Massa abdominal
Aumento da circunferência abdominal
Distensão do abdômen
Ascite (fluído no abdômen)
Febre
Perda de apetite
Ganho de peso ou perda inexplicável
Fadiga
Anemia
Distúrbios digestivos
Constipação
Micção frequente
Sangramento vaginal anormal

Pode haver mais do que um tipo de tratamento para o câncer de peritôneo. O tipo de tratamento vai depender de alguns fatores principais: o estágio e grau do câncer; o tamanho e a localização do câncer e a idade e saúde em geral do paciente.

Os tratamentos para o câncer de peritôneo incluem: A cirurgia citorredutora é usada para a remoção de tumores. O objetivo da cirurgia será remover toda a doença visível. O cirurgião também pode remover os ovários, trompas e útero, além de outros tecidos e órgãos.

Quimioterapia. Os medicamentos usados para tratamento do câncer de peritônio são semelhantes aos utilizados para o câncer do ovário. Você pode receber o tratamento por injeção no hospital a cada uma, duas ou três semanas.

A quimioterapia ainda pode ser do tipo intraperitoneal, quando é realizada através de um catéter no abdómen, que foi colocado sob a pele durante a cirurgia. Isto é chamado de quimioterapia. Também é feita de três em três semanas, mas é um ciclo de tratamento mais complexo.

O tratamento de suporte pode ajudar a aliviar os sintomas de câncer peritoneal, tais como dor, perda de peso, ou o acúmulo de líquidos.

O câncer de peritôneo pode se espalhar rapidamente, porque o peritônio é rico em fluidos que são transportados pelo sangue. Após o tratamento, a recorrência do câncer de peritôneo é comum. Isso porque esse tipo de câncer é geralmente diagnosticado em um estágio avançado. Você pode precisar de mais do que um ciclo de quimioterapia ou outras cirurgias.



fonte: minhavida

terça-feira, 28 de março de 2017

Mal de Alzheimer: um resumo dos tópicos que podem ser os mais importantes


O mal de Alzheimer (ou doença de Alzheimer) foi descrito pela primeira vez em 1906, pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer. É uma doença degenerativa, no momento ainda incurável, embora os tratamentos usados para tratá-la possam minorar os sintomas e melhorar a saúde, retardando o declínio cognitivo e controlando as alterações do comportamento.

O mal de Alzheimer é a principal causa de demência no Brasil em pessoas idosas. Atinge 1% dos idosos entre 65 e 70 anos, 6% aos 70 anos, 30% aos 80 anos e mais de 60% depois dos 90 anos.

Caracteriza-se por um curso inevitavelmente progressivo de perda das funções cognitivas e grandes alterações do comportamento, sobressaindo uma perda gradual da memória, que pode chegar a ser total.

Ainda não se sabe exatamente as causas do mal de Alzheimer. Sabe-se que é uma doença degenerativa com alterações como o depósito de placas de proteínas amiloides (placas senis), emaranhados neurofibrilares e degeneração granulovacuolar no interior dos neurônios. Essas lesões começam no tronco cerebral e ascendem progressivamente até o córtex. As alterações próprias da doença levam também à redução de neurotransmissores cerebrais como acetilcolina, noradrenalina e serotonina.

A idade parece ser um fator de risco, uma vez que a sua incidência aumenta exponencialmente depois dos 60 anos. Ainda não foi totalmente estabelecido o papel da hereditariedade no Mal de Alzheimer.

Em cada caso o mal de Alzheimer tem características singulares, embora haja pontos comuns entre todos eles.

O sintoma inicial mais nítido é a perda da memória de curto prazo (dificuldade em lembrar fatos recentes), à qual se seguem a diminuição da capacidade de atenção, diminuição da flexibilidade do pensamento e a perda da memória de longo prazo.

Inicialmente os sintomas costumam ser confundidos com os problemas naturais do envelhecimento, mas com a progressão da doença surgem sintomas mais específicos como confusão mental, irritabilidade, agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem e desligamento da realidade.

Sintomas bastante comuns, já presentes em uma primeira fase, são a apatia e a desorientação no tempo e no espaço. A pessoa pode não saber onde se encontra, nem o dia, mês ou ano em que está. Com o passar dos anos, aumenta a dificuldade em reconhecer objetos e executar os movimentos apropriados para manejá-los. Muitas vezes pode saber o nome deles, mas não saber utilizá-los ou, ao contrário, pode saber usá-los sem conseguir dizer o nome deles.

Aos poucos vai ocorrendo uma diminuição do vocabulário e maior dificuldade na fala, com empobrecimento da linguagem, resumindo-se a frases curtas, palavras isoladas ou até mesmo deixando de existir. Progressivamente, o paciente perde a capacidade de ler e escrever.

Os problemas de memória pioram com o tempo e os pacientes podem deixar de reconhecer as pessoas que lhes são familiares. Aos poucos perdem a memória de longo prazo, as alterações do comportamento se tornam cada vez mais graves e começam as manifestações de irritabilidade, instabilidade emocional e de ataques inesperados de agressividade.

Em alguns pacientes pode surgir incontinência urinária.

O julgamento ético da realidade é totalmente destruído e o paciente pode, por exemplo, ficar nu em público ou praticar atos indecorosos como se fossem naturais. Numa última etapa, o paciente torna-se dependente das pessoas que cuidam dele. Chegam a não conseguir desempenhar tarefas simples sem ajuda, como trocar de roupa, alimentar-se etc. Muitas vezes acabam por ficar acamados.

A morte, quando sobrevém, normalmente não é causada pelo mal de Alzheimer, mas por algum fator externo que o acompanha, como uma pneumonia, por exemplo.

Não existe um exame específico que estabeleça o diagnóstico. A suspeita diagnóstica deve ser feita por meio de uma cuidadosa história clínica que leve em conta os sintomas e a evolução da doença.

Os exames complementares podem ser necessários muito mais para afastar outros diagnósticos e avaliar o estado geral do paciente. Os testes neuropsicológicos das funções intelectuais podem ajudar a monitorar a progressão do mal.

Ainda não há uma cura conhecida para o mal de Alzheimer. Os tratamentos disponíveis até o momento visam desacelerar o curso da doença, assim mesmo sem muito sucesso. Alguns dos tratamentos sintomáticos utilizados estão voltados principalmente para a manutenção das funções intelectuais, qualidade de vida e atividade física.

Alguns sintomas secundários como a ansiedade, a depressão e os sintomas psicóticos, também devem ser tratados sintomaticamente com as medicações apropriadas. Além de seus efeitos próprios, os antidepressivos parecem retardar a evolução das demências.

Nos estágios avançados, precisa ser feita a escolha entre a permanência no ambiente domiciliar ou a internação em clínicas especializadas.

A evolução da doença no sentido de uma demência profunda parece inexorável, levando cerca de oito anos entre seu início e seu último estágio.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Vitamina E e selênio não podem prevenir a doença de Alzheimer


Com o objetivo de determinar se os suplementos antioxidantes (vitamina E ou selênio), utilizados isoladamente ou em combinação, podem prevenir a demência em homens idosos assintomáticos, foi realizado o ensaio The Prevention of Alzheimer’s Disease by Vitamin E and Selenium (PREADViSE).

Até o momento, nenhum suplemento está recomendado como agente preventivo para a demência. O estresse oxidativo é uma via de demência estabelecida, mas não se sabe se o uso de suplementos antioxidantes pode prevenir a demência.

Veja mais sobre "Demência" e "Mal de Alzheimer"

O estudo PREADViSE começou como um ensaio clínico duplo-cego randomizado, em maio de 2002, e se transformou em um estudo de coorte de setembro de 2009 a maio de 2015.

O PREADViSE foi complementar ao Selenium and Vitamin E Cancer Prevention Trial (SELECT), um ensaio clínico randomizado com os mesmos suplementos antioxidantes para a prevenção do câncer de próstata, mas que foi encerrado em 2009 devido a conclusões de uma análise de futilidade.

No ensaio PREADViSE, inicialmente 7.540 homens idosos foram expostos aos suplementos antioxidantes com vitamina E e selênio por uma média de 5,4 anos. Um subconjunto de 3.786 homens concordou em ser observado por até 6 anos adicionais. Os participantes tinham pelo menos 60 anos de idade no início do estudo. A incidência de demência (4,4%) não diferiu entre os quatro braços do estudo.

Os participantes foram analisados aleatoriamente para receber vitamina E, selênio, vitamina E e selênio ou placebo. Enquanto tomavam suplementos de estudo, os participantes foram avaliados quanto à demência por um exame em dois estágios.

Durante o estudo de coorte, os homens foram contactados por telefone e avaliados por exame cognitivo em dois estágios aprimorados. Em ambas as fases, os homens foram encorajados a visitar o seu médico se os resultados do exame indicassem possível comprometimento cognitivo.

A avaliação de casos de demência baseou-se numa revisão consensual de exames cognitivos e registros médicos para homens com suspeita de demência que visitaram seu médico para uma avaliação ou para uma revisão de toda a informação disponível, incluindo um exame de avaliação funcional.

A média (DP) da idade de base dos 7.540 participantes foi 67,5 (5,3) anos, com 3.936 (52,2%) relatando uma educação em nível superior, 754 (10,0%) eram da raça negra e 505 (6,7%) de etnia hispânica.

A incidência de demência (325 de 7.338 homens [4,4%]) não foi diferente entre os quatro braços de estudo.

Concluiu-se com este estudo que nenhum dos suplementos preveniu a demência. Este parece ser o primeiro estudo de longo prazo a investigar a associação do uso de suplementos antioxidantes e a incidência de demência entre homens assintomáticos.



Fonte: JAMA Neurology, publicação online, de 20 de março de 2017

sábado, 25 de março de 2017

Psiquiatra, psicólogo ou psicanalista?


Todos os três são profissionais da área de saúde mental. Por isso, é compreensível que o leigo tenha certa dificuldade de diferenciar entre eles e procure saber o que os distingue. Na prática, essa necessidade se torna mais patente quando uma pessoa necessita de uma assistência "PSI" para si ou para alguma pessoa da família e não tem clareza sobre qual profissional procurar.

Embora todos estes profissionais trabalhem no campo da saúde mental, diferenças importantes podem ser identificadas entre eles. As diferenças se referem à formação profissional, ao modo de compreender o comportamento humano e, consequentemente, aos métodos de intervenção.

O psiquiatra é um médico com especialização em Psiquiatria. Isto é, depois de cursar uma faculdade de medicina, faz residência em instituições de saúde mental, clínicas e hospitais psiquiátricos estudando, especialmente, as doenças mentais e outros comportamentos que fogem à “normalidade”. Desta forma, o médico psiquiatra está mais bem preparado para lidar com as doenças mentais, sobremaneira aquelas que tenham uma base orgânica conhecida ou suposta.

Seus diagnósticos são, na maior parte das vezes, eminentemente clínicos e baseados em manuais como CID 10 (10ª Versão do Código Internacional de Doenças da OMS) e DSM-V (5ª Versão do Manual Diagnóstico e Estatístico, americano). Os tratamentos desenvolvidos por eles são principalmente medicamentosos, com antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos e outros psicofármacos. Alguns psiquiatras, no entanto, sentem-se no direito de abordar problemas eminentemente psicológicos, embaralhando ainda mais a definição de seu campo específico.

Somente alguns poucos psiquiatras têm treinamento específico em psicoterapia, embora muitos dizem fazê-la, praticando, muitas vezes, um processo amadorístico. Contudo, muitas situações psicológicas pontuais que nem sempre requerem uma psicoterapia, como crises de ansiedade ou depressões reativas, por exemplo, podem se beneficiar de uma terapêutica medicamentosa e podem ser conduzidos com êxito pelo psiquiatra.

O psicólogo é um profissional que concluiu a graduação em uma faculdade de Psicologia e depois se especializa numa das diversas áreas possíveis: clínica, organizacional, educacional, esportiva e outras. Alguns psicólogos atuam em pesquisas em universidades sobre o comportamento humano.

A confusão com o psiquiatra se dá com os psicólogos clínicos. Para atuar na área clínica, o psicólogo geralmente se especializa em questões psicológicas e em técnicas e meios para analisar e intervir nelas, principalmente a psicoterapia. No Brasil, o psicólogo é privado de receitar medicamentos. Assim, ele usa a mediação verbal para conduzir seu cliente a se tornar mais consciente das coisas do seu dia-a-dia e busca proporcionar a ele a aprendizagem de meios mais saudáveis para lidar com as suas dificuldades.

O psicólogo que trabalha com psicologia clínica é também chamado de psicoterapeuta.

O psicanalista é um profissional de nível superior, geralmente médico ou psicólogo, que faz, posteriormente, um curso numa instituição psicanalítica e submete-se à Psicanálise. Esse processo é geralmente chamado “formação psicanalítica” e se dá numa instituição profissional para-legal.

Ele atende pessoas com demandas por vezes análogas àquelas apresentadas ao psicólogo ou ao psiquiatra, mas que desejam uma reforma mais ampla de sua personalidade. A Psicanálise tanto é uma teoria psicológica quanto um método de tratamento, introduzidos por Sigmund Freud e posteriormente modificado por outros, como Lacan, por exemplo. Embora muito difundida, a Psicanálise não tem status científico e sua eficácia muitas vezes é questionável quanto ao equilíbrio custo-benefício, já que trata-se de um processo complexo e longo, podendo não apresentar melhoras significativas.

É comum haver combinação de psicofármacos e psicoterapia como meio de intervenção em certos transtornos mentais. Assim, pode acontecer que o psiquiatra faça o encaminhamento para o psicólogo clínico e, num sentido inverso, que o psicólogo indique ao paciente procurar também um psiquiatra que receite medicamentos.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Rim flutuante


A ptose renal, também conhecida como nefroptose ou rim flutuante, é uma condição adquirida em que um ou ambos os rins se deslocam caudalmente pelo menos dois corpos vertebrais (ou mais de 5 centímetros) durante a mudança de posição, de deitado para ereto. Essa mudança de posição do rim altera a disposição das estruturas anatômicas envolvidas com consequentes alterações em seu funcionamento.

O rim móvel foi descrito pela primeira vez por Franciscus de Pedemontanus no século XIII. Em 1864, Józef Dietl caracterizou os sintomas da nefroptose aguda. O termo nefroptose foi cunhado primeiramente por Glenard em 1885.

A causa da ptose renal é relativamente desconhecida, mas teoriza-se que a falta de gordura perirrenal e de suporte fascial pode levar ao deslocamento descendente do rim. A maioria dos casos típicos de ptose renal envolve mulheres brancas magras. Além disso, os pacientes com nefroptose frequentemente apresentam um pedículo vascular renal mais longo do que o normal, o que permite uma incursão renal maior que a normal. Acredita-se também que a ptose renal possa resultar da deficiência de apoio da fáscia perirrenal.

A dor da nefroptose é atribuível: (1) à hidronefrose aguda causada pela dobra do ureter e consequente retenção de urina, (2) ao estreitamento do lúmen dos vasos sanguíneos renais, devido ao alongamento desses vasos e isquemia renal transitória e (3) à estimulação do nervo visceral devido à sua tração no hilo renal.

Normalmente, os ureteres experimentam dobras ou torções que dificultam a circulação da urina filtrada e os vasos sanguíneos que alimentam o rim sofrem estiramentos ou estreitamentos que prejudicam o fluxo sanguíneo, gerando isquemia renal e elevação da pressão arterial.

Muitas ptoses renais são assintomáticas. As sintomáticas são mais comuns em mulheres, numa proporção de 5 a 10:1 em relação aos homens e são mais comuns no lado direito que no esquerdo (70% dos casos). Tipicamente, envolvem mulheres jovens, com idade entre 20 e 40 anos, que apresentam dor abdominal e costovertebral, de flanco ou de quadrante inferior do abdômen que se acentua na posição ereta e alivia quando a(o) paciente se deita, porque o rim volta para a fossa renal. Em muitos casos, uma massa correspondente ao rim pode ser palpada na porção lateral inferior do abdômen, do lado do rim com ptose.

Os fatores de risco para o desenvolvimento de ptose renal sintomática incluem rápida perda de peso e atividade física excessiva. Outras manifestações podem ser náuseas, vômitos, calafrios, taquicardia, oligúria e hematúria transitória ou proteinúria por obstrução. Chama-se ectopia renal a um deslocamento congênito permanente do rim para uma posição anômala. Normalmente, os pacientes com esta condição têm ureteres mais curtos e um fornecimento de sangue arterial renal também ectópico.

O diagnóstico inicial da ptose renal sintomática deve se basear nos sintomas do doente e ser confirmado pela urografia intravenosa, através da obtenção de imagens com os indivíduos eretos e supinos. Também a ultrassonografia pode fornecer imagens valiosas. Muitas vezes, a ptose renal é um achado ocasional quando do exame de imagens do abdômen feito por outro motivo.

A condição muitas vezes é tratada com nefropexia, um procedimento cirúrgico que protege o rim flutuante com o retroperitônio. As suturas para fixar o rim ptótico ao retroperitônio ainda estão em uso hoje em dia. Desde 1993, a nefropexia tem sido feita também por via laparoscópica.

A reparação cirúrgica é benéfica em certos doentes sintomáticos com obstrução do sistema de coleta da urina ou fluxo sanguíneo renal, documentadamente alterados por causa de ptose renal.

Os diagnósticos diferenciais a serem feitos incluem cólica renal, colecistite (lado direito), obstrução intestinal, doença espástica do intestino, pielonefrite, doença cística ovariana, ruptura de cisto ovariano e apendicite ou diverticulite crônica.

A progressão da nefroptose pode levar a complicações graves, como pielonefrite, hidronefrose e hipertensão arterial secundária. A pielonefrite deve-se à estagnação da urina dentro do rim, criando um ambiente favorável para a reprodução de organismos patogênicos. A hidronefrose se desenvolve como resultado do impedimento da saída de urina do ureter por inflexão ou torção do mesmo. A hipertensão arterial ocorre devido às alterações no fluxo sanguíneo da artéria renal.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Fitofotodermatite


A fitofotodermatite é uma condição alérgica causada na pele pela exposição ao sol após contato com certas substâncias químicas fotossensibilizantes. Nem todas as pessoas irão desenvolver uma reação cutânea após manusear plantas ou frutas que contêm essas substâncias e passar algum tempo no sol, mas aqueles que o fazem podem experimentar reações cutâneas sérias.

As substâncias que causam fitofotodermatite, principalmente as chamadas furocumarínicas, estão presentes em algumas plantas e vegetais (”erva-de-são-joão”, aipo, coentro, cenoura, erva-doce, salsa e nabo) e nos sucos de algumas frutas, como figo, limão, lima, laranja, tangerina e outras.

O figo é a mais perigosa delas, pois costuma causar bolhas. Alguns produtos que contenham furocumarínicas, como perfumes, por exemplo, também podem se tornar igualmente perigosos. Por isso, sol e perfume também são uma associação que não combina.

As substâncias furocumarínicas são absorvidas pela pele e, no que o paciente se expõe à luz solar, ocorre uma reação química que provoca inflamação e irritação da pele. Os pacientes podem inicialmente não notar o problema, uma vez que decorrem várias horas desde a absorção para que a reação se manifeste.

A fitofotodermatite pode aparecer em qualquer idade e em pessoas sem nenhuma hipersensibilidade conhecida. A história típica sempre comporta manchas em áreas da pele que estiveram expostas ao sol, de tamanhos variados, primeiro avermelhadas e que depois escurecem, tornando-se amarronzadas, de formatos variados e bizarros, bem delimitadas, acompanhadas por ardência ou coceira e as vezes seguidas de vesículas e bolhas. Embora essas manchas sejam mais comuns da mãos, braços e pernas podem também aparecer no tronco sob a forma de dedos quando a pessoa é tocada por outras com as mãos "contaminadas" (marido, esposa, namorado(a), pais, filhos, etc).

Algumas pessoas reconhecem a natureza do problema que têm e já trazem o diagnostico pronto: “estou com manchas de limão", dizem. Outras nem suspeitam do que se trata e precisam relatar uma história mais detalhada ou serem interrogadas sobre ela. O diagnóstico é feito sem dificuldades a partir da história e da ectoscopia das manchas. Em geral o paciente relata que durante uma exposição ao sol, na praia, por exemplo, esteve mexendo com uma fruta cítrica e que as manchas na pele surgiram no dia seguinte.

Inicialmente, na fase inflamatória da pele, em que há vermelhidão, coceira e ardor, o tratamento deve se feito com cremes de corticoides. A seguir, quando se formam manchas escuras (hipercromias) é preciso usar um despigmentador para corrigir as manchas. O uso do filtro solar é imprescindível. Nunca estoure as bolhas eventualmente formadas para não criar portas de entrada para infecções!

Para prevenir a fitofotodermatite deve-se evitar contato com frutas cítricas ou perfumes antes ou durante a exposição ao sol. Proteger com filtro solar o local que eventualmente tenha tido contato com o sumo das frutas inculpadas.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Hérnia de disco (extrusa)


A coluna vertebral é formada por um empilhamento de vértebras, entre as quais existem discos constituídos por um anel fibroso externo e um núcleo gelatinoso interno - discos intervertebrais - os quais desempenham as funções essenciais de evitar o atrito entre uma vértebra e outra e de garantir a mobilidade que permite ao indivíduo correr, girar o tronco e a cabeça, saltar, locomover-se, etc.

Em razão de vários fatores (traumas, infecções, desgastes, tabagismo, obesidade, má postura, envelhecimento, entre outros) esses discos podem formar protrusões (saliências) que comprimem as estruturas nervosas adjacentes, chamadas hérnias de discos. Fala-se em hérnia de disco extrusa quando o anel fibroso se rompe e libera o núcleo gelatinoso, o qual passa a exercer compressões na coluna.

A hérnia de disco extrusa é uma das consequências da ausência de tratamento adequado da hérnia de disco simples, em que o ligamento longitudinal posterior se rompe, ocorrendo a migração de parte do núcleo pulposo para o interior do canal vertebral, fazendo com que ele fique em contato direto com a medula.

No caso da hérnia de disco extrusa o ligamento longitudinal posterior não consegue conter a pressão exercida pelo disco herniado e se rompe, ocorrendo a migração de parte do núcleo pulposo para o interior do canal vertebral, fazendo com que essa porção da hérnia de disco fique em contato direto com a medula, ocasionando compressão e consequente redução do espaço destinado a ela.

Em vista dos fatores citados (e de outros mais), a estrutura do disco pode sofrer um desgaste maior no anel fibroso que então evoluirá para as fases de abaulamento, protrusão e rupturas das suas fibras. No caso, o rompimento total do anel fibroso causa maior instabilidade funcional e pode acarretar sério estreitamento do canal medular.

Em geral, os sintomas da hérnia de disco extrusa são mais severos que os da hérnia de disco simples. Normalmente, as dores tendem a afetar a região comprometida da coluna ou o membro (braço ou perna) relacionado aos nervos afetados. Formigamentos intensos e redução do tônus muscular também podem estar associados a essas partes corporais.

O diagnóstico pode ser feito a partir das características dos sintomas e do resultado do exame neurológico. Exames de imagens como radiografias, tomografia computadorizada e ressonância magnética ajudam a determinar o tamanho da lesão e sua localização.

De preferência, o tratamento da hérnia de disco extrusa deve ser conservador. O primeiro passo deve ser cuidar de adotar uma postura correta no dia a dia, no que a Reeducação Postural Global contribui em muito. Ela trabalha sem o uso de medicamentos e não somente ajuda a tratar as dores, mas também a preveni-las.

Sessões de fisioterapia podem melhorar a dor e o condicionamento muscular. Os medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos apenas atuam sintomaticamente e fornecem alívio da dor apenas por curto prazo.

A cirurgia só deve ser feita em cerca de 5% dos casos, quando o tratamento não obtiver resultado, a dor for insuportável, houver comprometimento dos membros ou compressão da cauda equina (feixe de nervos que continuam a parte terminal da medula).

A evolução da hérnia de disco extrusa pode ser dividida em quatro fases:

1.Ela se inicia por um simples abaulamento discal e começa a apresentar fissuras em suas fibras, dando ao disco intervertebral uma forma arqueada.

2.Em seguida ocorre uma protrusão discal, com abaulamento que pode atingir os nervos, o canal medular ou a própria medula. Tem início, então, a degeneração discal.

3.Numa terceira fase, ocorre a extrusão do disco intervertebral. O núcleo pulposo migra de sua posição normal no centro do disco para a periferia, levando à compressão das raízes nervosas e caracterizando a hérnia de disco.

4.Por último, a parte que se encontrava extrusa pode se separar do disco, comprometendo ainda mais as estruturas nervosas. Essa etapa é mais rara, os sintomas são bem mais severos e dependendo da posição do fragmento liberado pode gerar efeitos graves, sendo necessário retirá-lo cirurgicamente.

As medidas para prevenir a hérnia de disco extrusa são as mesmas que para prevenir a hérnia de disco simples: evitar o fumo, praticar atividades físicas e alongamentos regulares, fortalecendo a musculatura de sustentação da coluna, adotar uma dieta saudável, não carregar pesos excessivos e manter uma postura adequada em todas as situações.

terça-feira, 21 de março de 2017

Plagiocefalia


A plagiocefalia é uma deformidade da cabeça da criança, em geral transitória, que faz com que ela assuma uma aparência achatada.

A plagiocefalia se desenvolve por um posicionamento vicioso da cabeça, mantido ou por um torcicolo congênito ou quando o crânio macio do bebê fica submetido a uma pressão constante ou repetida. Muitos bebês desenvolvem plagiocefalia quando ficam muito tempo dormindo ou sentado na mesma posição. Esta condição ocorre mais frequentemente em bebês prematuros cujos crânios são especialmente flexíveis.

A plagiocefalia também pode se desenvolver por uma posição viciosa no útero, pela posição “assentada” do feto/bebê, por nascimentos múltiplos, por nascimento prematuro, por torcicolo congênito e por dormir numa mesma posição.

A plagiocefalia congênita é uma malformação cerebral resultante de um ambiente intrauterino restritivo ou de um torcicolo congênito (um espasmo ou rigidez dos músculos do pescoço, ainda no útero) devido à manutenção prolongada de uma mesma posição (plagiocefalia posicional).

É comum encontrar a plagiocefalia já ao nascer. Normalmente, ela não tem quaisquer efeitos nocivos duradouros sobre o desenvolvimento neurológico do bebê. É provável que, deixada sem tratamento, a cabeça permanecerá deformada na idade adulta. Alguns problemas que podem surgir são assimetria facial notável, áreas planas visíveis com cabelos cortados curtos, desalinhamento da mandíbula, etc.

Na plagiocefalia posicional, a cabeça vista de cima assume a forma de um paralelogramo que gera na zona posterior do crânio um aplanamento lateral. Produz orelhas desalinhadas, assimetria facial e abaulamento da frente. Muitos bebês que nascem por parto vaginal têm, de início, uma cabeça de forma estranha causada pela pressão ao passar pelo canal do parto. Normalmente, isso se corrige espontaneamente em cerca de seis semanas. Se persistir além disso, provavelmente se trata de um caso de plagiocefalia.

A plagiocefalia é uma desordem tratável. O tratamento inclui exercícios especiais, variação da posição da cabeça durante o sono ou uso de órteses corretivas ou de moldagem. Os bebês com plagiocefalia normalmente respondem muito bem aos tratamentos não-invasivos, tais como as técnicas de reposicionamento, que os pais podem praticar em casa. Os pais devem alternar a direção da cabeça do bebê ao colocá-lo para dormir e evitar deixar o bebê por longos períodos em assentos, balanços, porta-bebês ou em outro lugar onde a cabeça fique imóvel por muito tempo.

Durante a alimentação, os pais devem oferecer os talheres em lados variados a cada dia para que o bebê seja alimentado e alterne a posição de rotação da cabeça para receber os alimentos. O médico também pode recomendar exercícios de fisioterapia diários para ajudar a aumentar a amplitude de movimentos do pescoço do bebê.

Os bebês com plagiocefalia severa geralmente usam um capacete personalizado ou uma cinta para a cabeça, cerca de 23 horas por dia durante dois a seis meses.

As técnicas de reposicionamento e o uso de um capacete craniano personalizado redirecionam o crescimento natural da cabeça do bebê para uma posição e forma normais.

Práticas simples em casa, incluindo técnicas de reposicionamento, podem prevenir a plagiocefalia. Os pais devem evitar que os bebês se mantenham sempre numa mesma posição. Deitar de barriga para baixo durante a vigília é essencial para o desenvolvimento de habilidades motoras e fortalece os músculos do pescoço, além de prevenir a plagiocefalia.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Como é feita a audiometria


A audiometria é um exame que avalia a capacidade do paciente para ouvir sons. Geralmente esse exame é pedido quando, numa consulta médica, o paciente ou seus familiares alegam que ele está “ouvindo pouco”, mas pode servir também para complementar outros diagnósticos (traumas, infecções, condições hereditárias, etc.).

O grau da perda auditiva pode ser verificado em cada ouvido isoladamente e pode se dever a perdas provenientes do ouvido externo, ouvido médio ou ouvido interno, bem como do nervo e das vias auditivas sensoriais ou serem perdas mistas.

Há, basicamente, dois tipos de audiometria:

•Audiometria tonal: avalia as respostas do paciente a tons puros, emitidos em diversas frequências, detectando assim o grau e o tipo de perda auditiva. É considerado um teste subjetivo porque depende da resposta do examinando aos estímulos auditivos fornecidos pelo examinador. Pode ser feito por via aérea comum ou por via óssea.

•Audiometria vocal: avalia a capacidade de compreensão da voz humana. O examinando demostrará sua percepção e compreensão da voz humana emitida pelo examinador.

O exame não requer preparo prévio nem suspensão da medicação em uso. Ele é simples, inócuo e indolor e geralmente é feito por um fonoaudiólogo ou por um otorrinolaringologista, que são profissionais mais habilitados a realizá-lo e avaliar seu resultado.

O examinando é colocado numa cabine acústica que visa isolá-lo dos sons ambientais, a qual tem uma parede de vidro através da qual o examinador pode vê-lo. Quase todo o exame transcorre em silêncio, salvo as comunicações entre o paciente e o examinador, para o quê o examinando deverá colocar um fone de ouvido, acoplado a um pequeno microfone, através do qual ouvirá certos sons emitidos pelo examinador e deverá responder a eles mediante sinais gestuais previamente combinados (levantar uma das mãos, por exemplo). Em uma parte do exame o examinando deverá repetir palavras emitidas pelo examinador. Nos exames de audiometria tonal, por via óssea, um vibrador é colocado sobre osso mastoide do examinando, o qual deverá acusar as percepções das vibrações do mesmo.

A escala de medida da audição é feita em decibéis e o teste normalmente varia entre zero e 120 decibéis, sendo que a audição normal escuta até um mínimo de 25 decibéis (às vezes menos). Se o ouvido começa a ouvir apenas aos 50 decibéis, diz-se haver uma perda auditiva leve; se entre 55 e 70 decibéis, diz-se perda moderada; entre 75 e 90 decibéis, perda severa; acima de 90 decibéis, perda profunda.

Certas técnicas e condições práticas especiais, bem como uma tabela própria de valores, têm de ser estabelecidas para o exame de crianças.

O resultado da audiometria geralmente é expresso num audiograma, um gráfico que informa sobre as respostas do examinando aos diversos sons emitidos. Em muitos casos de perda auditiva o exame ajuda a determinar a conveniência de usar ou não um aparelho auditivo e o tipo mais adequado dele. Em outros casos, ajuda a estabelecer o diagnóstico e o prognóstico, já que são inúmeras as causas possíveis, bem como pode sugerir medidas preventivas que evitem o agravamento das situações anômalas. Uma das grandes utilidades da audiometria é detectar deficiências auditivas em crianças pré-escolares ou escolares, muitas vezes inapercebidas, mas que são uma das causas de baixo rendimento escolar.

sábado, 18 de março de 2017

Dietas mais ricas em glúten foram associadas a um menor risco de desenvolver diabetes tipo 2


Os participantes do estudo que comeram menos glúten tenderam a comer menos fibras de cereais, um fator protetor conhecido para evitar o desenvolvimento de diabetes tipo 2.

Glúten é uma proteína encontrada no trigo, centeio e cevada. Uma pequena porcentagem da população é intolerante ao glúten, devido à doença celíaca ou à sensibilidade não celíaca ao glúten.

As dietas isentas de glúten tornaram-se populares mesmo para pessoas sem essas condições, embora faltem evidências de que a redução do consumo de glúten proporcione benefícios de saúde no longo prazo.

Geng Zong, pesquisador do Departamento de Nutrição da Universidade de Harvard, da University’s T.H. Chan School of Public Health, em Boston, foi o principal autor do estudo.

Segundo ele, sua equipe queria determinar se o consumo de glúten afeta a saúde em pessoas sem razões médicas aparentes para evitar esta proteína. Os resultados do estudo mostram que os alimentos sem glúten muitas vezes têm menos fibras dietéticas e outros micronutrientes (vitaminas e minerais), são menos nutritivos e mais caros.

Ainda segundo o pesquisador, pessoas sem doença celíaca podem reconsiderar a limitação da ingestão de glúten para a prevenção de doenças crônicas, especialmente para o diabetes.

Neste estudo observacional de longo prazo, os pesquisadores descobriram que a maioria dos participantes tinha ingestão de glúten abaixo de 12 gramas/dia, e dentro dessa faixa, aqueles que comeram mais glúten tiveram menor risco de diabetes tipo 2, durante trinta anos de seguimento.

Os participantes do estudo que comeram menos glúten também tenderam a comer menos fibras de cereais, um fator protetor conhecido para o desenvolvimento de diabetes tipo 2.

Depois de ter considerado o efeito potencial da fibra de cereais, os indivíduos com os 20% mais altos de consumo de glúten tiveram um risco 13% menor de desenvolver diabetes tipo 2, em comparação com aqueles com menor consumo diário de glúten (aproximadamente menos de 4 gramas).

Os pesquisadores estimaram a ingestão diária de glúten em 199.794 participantes em três estudos de saúde de longo prazo - 69.276 do Nurses 'Health Study (NHS), 88.610 do Nurses' Health Study II (NHSII) e 41.908 do Health Professionals Follow-up Study (HPFS) - a partir de questionários de frequência alimentar preenchidos pelos participantes a cada dois a quatro anos.

A ingestão diária média de glúten em gramas foi de 5,8 g/dia para NHS; 6,8 g/dia para NHSII e 7,1 g/dia para HPFS e as principais fontes dietéticas foram massas, cereais, pizzas, muffins, pretzels e pães.

Ao longo do estudo, que incluiu 4,24 milhões de pessoas-ano de seguimento de 1984-1990 a 2010-2013, 15.947 casos de diabetes tipo 2 foram confirmados.

É importante lembrar que se trata de um estudo observacional, em que o consumo de glúten foi relatado pelos participantes, sendo necessária a confirmação dos resultados encontrados através de outras investigações. Além disso, a maioria dos integrantes participou do estudo antes que as dietas sem glúten tenham se tornado populares, por isso não há dados de abstêmios de glúten nesta pesquisa.



Fonte: American Heart Association Meeting Report Presentation 11, em 9 de março de 2017


sexta-feira, 17 de março de 2017

Misofonia: o que é isso?


A misofonia (miso=aversão, ódio) + (fonia=som), Síndrome de Sensibilidade Seletiva a Sons, Síndrome dos 4Ss ou simplesmente SSSS é uma reação forte a determinados sons específicos e insuportáveis, comparável ao que as pessoas sentem ante à microfonia. A pessoa se sente muita irritada ou com pânico de ouvir barulhos como o pingar de uma torneira, cliques constantes de uma caneta ou o som repetitivo de alguém balançando as pernas, por exemplo.

A síndrome dos 4Ss não deve, contudo, ser confundida com hiperacusia que é um aumento da acuidade auditiva, às vezes causando dor física. Apesar da condição ser conhecida há muito, ela só foi reconhecida como estado patológico a partir de 1990.

As causas da misofonia ainda são consideradas um mistério, mas sabe-se que ela é uma condição neurológica em que estímulos auditivos e, às vezes, visuais são confundidos dentro do sistema nervoso central.

Os sintomas da misofonia normalmente aparecem na infância tardia, mas podem também ocorrer em qualquer idade. Alguns indivíduos se incomodam com a presença de sons repetidos, mesmo que eles sejam baixos, como a mastigação, respiração, deglutição de saliva ou alimentos, tosse, pigarro, espirro, assoar nariz ou o clique de uma caneta, etc. Outros nem sequer conseguem conviver com esses sons e procuram fugir deles.

Além disso, esses sons provocam uma reação incontrolável de raiva e irritabilidade. Algumas pessoas evitam sair de casa pelo medo de se exporem aos sons desagradáveis, o que chega a constituir uma verdadeira fonofobia.

As pessoas que se incomodam com o volume dos sons, como a TV, música ou vozes altas, ruídos de eletrodomésticos e conseguem conviver com os sons que os incomodam, desde que o volume esteja baixo, estão sofrendo de hiperacusia, não de misofonia.

A avaliação médica das hipersensibilidades auditivas inclui, além de detalhada história médica, a medida do Limiar de Desconforto a Sons (Loudness Discomfort Levels – LDL, em inglês), exame complementar à audiometria. Na hiperacusia e na fonofobia, os resultados costumam ser alterados; na Misofonia, eles costumam ser normais.

Não há ainda cura ou tratamento para a misofonia.

Algumas pessoas tentam disfarçar os sons incômodos com música, enquanto outras simplesmente tentam evitá-los, distanciando-se das fontes deles.

Se a enfermidade for grave, pode trazer consequências sérias, o que significa dizer que ela pode impedir os pacientes de fazer novas amizades, engajar-se em atividades sociais ou até mesmo de sair de casa.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Acnes em mulheres adultas


A acne é uma doença inflamatória da pele que provoca o surgimento de espinhas e, às vezes, de manchas. Apesar de muito comum durante a adolescência, também acomete a mulher adulta.

A acne é provocada principalmente por alterações hormonais e agravada por fatores diversos como má alimentação, estresse, tabagismo, cafeína, utilização de determinados medicamentos, uso inadequado de cosméticos e até mesmo por excesso de vitaminas ou exposição ao sol. A acne também pode ser um problema genético.

Os principais eventos de risco conhecidos são a síndrome dos ovários policísticos, que pode ou não estar associada ao hiperandrogenismo (excesso de hormônios masculinos), obesidade, diabetes, pacientes que tenham síndrome metabólica, mulheres com história de acne na adolescência e aquelas que tenham pele oleosa.

Em geral, a acne acontece por uma produção aumentada de hormônios masculinos, mas mesmo mulheres com níveis normais de hormônios androgênicos podem apresentar acne, por uma sensibilidade aumentada dos receptores desses hormônios na pele. Quatro fatores são envolvidos na produção da acne:

1.A secreção sebácea, cuja produção é estimulada por níveis elevados de hormônios masculinos ou sensibilidade aumentada dos receptores destes hormônios.
2.Obstrução dos ductos foliculares, pelo acúmulo de células mortas combinadas com o sebo, formando comedões (cravos).
3.As bactérias Propionibacterium acnes, que proliferam em excesso quando as glândulas são obstruídas com sebo.
4.Quando há inflamação provocada pelo sebo modificado, formando as espinhas.

A acne na mulher adulta ocorre a partir dos 25 anos, podendo ter início aí ou ter persistido desde a adolescência. Isso acontece devido a uma produção maior de hormônios masculinos nesta faixa etária. As lesões acometem principalmente a mandíbula e o queixo e pioram perto da menstruação.

Algumas situações fisiológicas em que há aumento de testosterona, como menstruação, gestação, menopausa e estresse agravam a acne. O estresse também leva a um aumento de cortisol, o qual aumenta a atividade das glândulas sebáceas. Dietas com alto consumo de laticínios e carnes pioram a acne por causa dos hormônios usados na criação de animais. Por esse ângulo, o consumo de alimentos orgânicos seria benéfico.

A acne produz sinais típicos na pele e pode ser diagnosticada por uma visão direta das lesões.

O tratamento da acne pode ser feito com produtos tópicos. É importante lavar o rosto com sabonetes que controlam a oleosidade, pelo menos duas vezes por dia. Além disso, os contraceptivos hormonais combinados costumam ser muito úteis.

Peelings químicos ajudam na resolução das lesões. Terapias com lasers possuem ação anti-inflamatória. Deve-se passar um adstringente suave e aplicar filtro solar com hidrossolúvel associado a produtos secativos. Cremes e maquiagens com bases oleosas podem obstruir os poros, por isso os produtos na forma de gel devem ser preferidos.

A exposição solar também pode aumentar a inflamação e piorar a acne, além de causar manchas e cicatrizes hipercrômicas. Também não se deve “tirar” as espinhas. A prática de espremer espinhas machuca tanto que a lesão só piora e aumenta as cicatrizes.

Na alimentação, devem ser retirados os hidratos de carbono refinados, como o açúcar e a farinha branca, ácidos gordos, como leite e laticínios em suas versões integrais, margarinas e óleos vegetais hidrogenados, cafeína e carnes vermelhas, por conterem altos teores de proteínas.

Como prevenir a acne na mulher adulta?

Mesmo que não haja uma prevenção absoluta, a acne pode ser minimizada (1) regulando a secreção sebácea com pílulas anticoncepcionais, substâncias anti-andrógenas e ativos aplicados diretamente na pele; (2) diminuindo a obstrução dos folículos pilossebáceos com a ajuda de sabonetes esfoliantes; (3) reduzindo a proliferação de bactérias P. Acnes e utilizando antibióticos tópicos prescritos por dermatologistas e luz azul e (4) controlando a inflamação com antibióticos orais, quando bem indicados.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Personalidade "borderline": como é?


Em inglês, border significa borda, fronteira; line quer dizer linha. Chama-se de Transtorno de Personalidade Borderline (Transtorno de personalidade limítrofe, Transtorno de personalidade emocionalmente instável ou Transtorno de intensidade emocional) a uma condição mental grave e complexa na fronteira da neurose e da psicose, cujos sintomas se manifestam com plena intensidade na adolescência ou início da vida adulta, com instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem, dos afetos e de impulsividade acentuada.

O termo foi usado pela primeira vez em 1884 e originalmente designava um grupo de pacientes que vivia no limite da sanidade mental. Um diagnóstico autônomo e positivo da doença se tornou mais preciso na década de 1980.

Os fatores envolvidos no transtorno de personalidade borderline são vários e abrangem desde a predisposição genética até experiências emocionais precoces e fatores ambientais, com destaque para as situações traumáticas, abusos e negligência.

O transtorno de personalidade borderline é cinco vezes mais frequente em parentes de primeiro grau de pessoas com o transtorno do que na população em geral. Ele também incide mais em família com pai ou mãe usuário de drogas ou com transtorno de personalidade antissocial e transtorno depressivo ou bipolar.

Cerca de 80% dos pacientes com transtorno de personalidade borderline são originários de casamentos conflituosos dos pais e passaram por negligências e abusos físicos e sexuais dentro da família. Porém, há pacientes com familiares absolutamente normais.

As pessoas com transtorno de personalidade borderline sofrem de grande instabilidade emocional, desregulação afetiva excessiva, sentimentos intensos e polarizados do tipo “tudo ótimo e tudo péssimo” ou “eu te adoro e eu te odeio”, angústia de abandono e percepção de invasão do self, entre outros, que podem gerar comportamentos impulsivos perigosos.

São comuns atos autolesivos, tentativas de suicídio e sentimentos profundos de vazio e tédio. Pessoas com transtorno de personalidade borderline apresentam alterações súbitas e expressivas do humor e suas relações interpessoais são intensas e instáveis sendo muito difícil o convívio próximo a elas.

Elas temem o abandono e com frequência vivenciam sentimentos crônicos de vazio e reação pungente ao estresse. Protagonizam ameaças ou tentativas de suicídio e automutilação. O modus operandis desses pacientes traz um grande sofrimento interno e também para os que convivem com ele. Uma só palavra mal colocada, uma situação inesperada sem relevância ou uma leve frustração pode levar o borderline a um acesso de raiva e ódio que duram em média poucas horas.

Não há nenhum teste laboratorial que confirme o diagnóstico de transtorno de personalidade borderline, que é exclusivamente clínico. Segundo a quinta versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (DSM-V), americano, para que se diagnostique alguém como tendo um transtorno de personalidade borderline devem ser constatados:

1.Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginário.
2.Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos.
3.Instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo.
4.Impulsividade descontrolada (gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar).
5.Recorrência de ameaças suicidas ou automutilantes.
6.Instabilidade afetiva.
7.Sentimentos crônicos de vazio.
8.Raiva intensa e inapropriada.
9.Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos.

O tratamento a longo prazo do transtorno de personalidade borderline é a psicoterapia. O objetivo é ir além dos sintomas, buscando o desenvolvimento duradouro das capacidades psíquicas do paciente. Nenhuma medicação até hoje mostrou-se promissora para tratar essa condição. No entanto, medicamentos sintomáticos podem ser usados, com eficácia variada: antidepressivos para a depressão, estabilizadores do humor para problemas interpessoais e de raiva, ansiolíticos para controle da ansiedade, antipsicóticos para a impulsividade.

O terapeuta deve ser mais ativo, mais próximo e mais participante que o comum. O borderline pode oscilar o humor e romper com as relações que poderiam dar certo, inclusive a psicoterapia. Os atendimentos demandam muita energia do especialista e ele tem que estar à disposição 24 horas por dia. Normalmente, o transtorno de personalidade borderline demora a ser diagnosticado e durante muitos anos pode ser confundido com mau comportamento.

Os sintomas do transtorno de personalidade borderline tendem a melhorar muito a partir dos 30-35 anos e a desaparecer depois dos 40 anos. Os tratamentos psicoterápicos e medicamentosos, no entanto, podem diminuir em muito a intensidade deles, mesmo antes dessas idades.

A pessoa com transtorno de personalidade borderline tende a mostrar um grande descontrole e uma incômoda impulsividade no trabalho, nos esportes, no consumo de tabaco, álcool e drogas, os quais podem resultar em distúrbios alimentares, obesidade mórbida, promiscuidade, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada, problemas com a lei, dilapidação do patrimônio, graves acidentes, entre outros.

terça-feira, 14 de março de 2017

O que são os "parabenos"?



Produtos de beleza e de higiene pessoal são cada vez mais utilizados. De acordo com dados da ABIHPEC, o mercado de cosméticos brasileiro já superava os R$ 30 bilhões em 2012, com histórico de crescimento anual sucessivamente superior ao da média industrial do país, o que significa alto e crescente nível de consumo desse tipo de produto pela população.

Mas nem todos estão atentos à composição dos produtos que compram e, muitas vezes, não sabem dos riscos que podem estar correndo. Um bom exemplo disso são os parabenos, compostos químicos presentes não apenas em produtos de beleza, mas também em alimentos e medicamentos.

De acordo com o Food and Drugs Administration (FDA) do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo dos EUA, os parabenos são uma classe de compostos químicos, normalmente utilizados como conservantes, principalmente em cosméticos. Os tipos mais comuns são o metilparabeno, o propilparabeno, o etilparabeno e o butilparabeno.

Segundo o FDA, entre os produtos que podem conter parabenos estão maquiagens, desodorantes, hidratantes, loções, esmaltes, óleos e loções infantis, produtos para o cabelo, perfumes, tinta para tatuagens e até mesmo cremes de barbear. Além de cosméticos, podemos encontrar esses compostos em certos tipos de alimentos e remédios.

Os parabenos oferecem proteção contra micróbios e outros microrganismos, com o intuito de garantir tanto a integridade do produto quanto a saúde do indivíduo que o usa. Mas não é bem assim que as coisas realmente acontecem.

Os impactos sobre a saúde humana do uso de produtos que contêm parabenos é tema bastante polêmico. O principal motivo disso é a discussão sobre tais compostos químicos serem ou não carcinogênicos (causarem câncer).

udo começou com uma série de e-mails virais informando que o uso de desodorantes estaria ligado ao desenvolvimento de câncer de mama. Essa declaração teve origem em uma pesquisa de 2004 que correlacionaria o desenvolvimento de câncer de mama com os parabenos. Nesse artigo, eram levados em conta os xenoestrogênios fracos, encontrados em desodorantes.

Atualmente, tanto a Sociedade Americana de Câncer (ACS), quanto a Agência Internacional pelo Estudo do Câncer (IARC), que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmam que não existem provas contundentes que possam relacionar os compostos químicos parabenos com o desenvolvimento de câncer.

Ainda assim, outros estudos apontam que o consumo de produtos que possuem parabenos pode causar alergias cutâneas e o envelhecimento precoce da pele.

O parabeno interfere no sistema endócrino de humanos e animais - ele possui uma atividade estrogênica - por conta disso ele é considerado um disruptor endócrino. Atualmente, essas substâncias vêm ganhando relevância, pois mesmo em doses pequenas podem causar malefícios à saúde e ao meio ambiente.

O controle sobre a quantidade de parabenos presentes em cosméticos é bastante rígida. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabeleceu como limite as concentrações máximas de 0,4% de cada parabeno e um máximo de 0,8% de parabeno total, no produto cosmético.

A escolha sobre consumir ou não produtos que levem parabenos em sua composição é exclusiva do consumidor, mas na existência de alternativas é sempre prudente não correr riscos ao consumir compostos químicos que possam causar, mesmo que eventualmente, problemas à saúde.

Existem diversas opções no mercado que são totalmente livres de parabenos - portanto, são alternativas óbvias e mais seguras aos cosméticos comuns. A ideia é estar sempre atento à embalagem dos produtos. Dê preferência aos cosméticos naturais e que não contenham essa substância. Consumo responsável, em primeiro lugar.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Câncer de Vesícula Biliar


A vesícula biliar é um pequeno órgão em forma de pera, localizado na porção superior direita do abdômen, logo abaixo do fígado. Se destina a armazenar a bile, que é um "fermento" utilizado no processo digestivo. A vesícula biliar lança a bile no trato digestivo apenas quando o alimento ingerido contém lipídeos, que estimulam a secreção de colecistoquinina.

Este órgão, como quase todos os órgãos do corpo humano, é susceptível a experimentar o desenvolvimento de um câncer. No entanto, o câncer de vesícula biliar é raro e difícil de diagnosticar, seja porque a vesícula biliar é um órgão um tanto escondido, seja porque ele é assintomático durante algum tempo e quando aparecem sintomas eles são inespecíficos.

Cerca de 90% dos tumores malignos de vesícula biliar são do tipo adenocarcinoma. Entre eles, o adenocarcinoma papilar merece especial destaque, pois não é intensamente propenso a se disseminar, tendo melhor prognóstico do que a maioria dos outros tipos de adenocarcinomas da vesícula biliar. No entanto, ele representa apenas cerca de 6% dos cânceres da vesícula e os outros tipos de tumores são mais frequentes, como os carcinomas adenoescamosos, os carcinomas de células escamosas, os carcinomas de pequenas células e os sarcomas.

Ainda não está esclarecido o que causa o câncer de vesícula biliar. Como em todo câncer, o da vesícula se forma quando as células saudáveis daquele órgão desenvolvem mutações em seu DNA que fazem com que elas cresçam fora de controle e formem um pequeno tumor que pode ir além da vesícula e se espalhar para outras áreas do corpo.

O câncer de vesícula biliar é mais comum em mulheres que em homens, aumenta a sua probabilidade de ocorrência com a idade, é mais comum em pessoas obesas e nas que têm uma história prévia de cálculos biliares. Outras condições que podem aumentar o risco de câncer de vesícula biliar incluem vesícula de porcelana, cisto do colédoco e infecção crônica.

Muito geralmente, o câncer de vesícula biliar evolui sem sintomas num período inicial e só se manifesta quando a doença já está em estágio evoluído. Em alguns poucos casos, no entanto, pode aparecer mais precocemente. Os sintomas mais comuns do câncer de vesícula biliar são dor localizada na parte superior direita do abdome, náuseas, vômitos, icterícia (quando o tumor bloqueia o ducto biliar) e nódulos no abdômen. Se o tumor obstruir o ducto biliar, a vesícula biliar pode inchar, tornando-se aumentada de tamanho e palpável.

O câncer de vesícula biliar também pode se disseminar para partes próximas e para o fígado, o que pode ser percebido pelo médico como nódulos no lado direito do abdome, os quais também podem ser detectados por meio de exames de imagem, como a ultrassonografia, por exemplo. Outros sintomas menos comuns podem ser perda de apetite e de peso, inchaço abdominal, febre, prurido intenso e fezes e urina escuras.

Alguns sinais e sintomas podem sugerir que uma pessoa tenha um câncer na vesícula biliar, mas serão necessários exames complementares e eventualmente anatomopatológicos para confirmá-lo.

Da história clínica do paciente deverão constar o histórico clínico completo, os sintomas apresentados, fatores de risco, histórico familiar, e outras condições clínicas complementares. Deve ser realizado também um exame físico completo, incluindo especialmente uma avaliação cuidadosa da região abdominal. Deve ser verificada a existência de sinais de icterícia (mesmo sendo leves) e examinados os gânglios linfáticos acima da clavícula e de outras regiões próximas.

Se o quadro apresentado sugerir que possa haver câncer de vesícula biliar, exames de laboratório, de imagem e biópsia serão solicitados, para confirmação do diagnóstico e avaliação do estadiamento da doença. Poderão ser solicitados exames para determinar as taxas de bilirrubina, fosfatase alcalina, albumina, TGO e TGP, que avaliam o funcionamento do fígado e/ou da vesícula biliar.

Altos níveis dos marcadores tumorais CEA e CA 19-9 são geralmente encontrados em pessoas com câncer de vesícula biliar, embora eles não sejam específicos para esse tipo de câncer. Os níveis dos marcadores também são úteis para mostrar a resposta do paciente ao tratamento instituído.

Os exames de imagem, tais como a ultrassonografia, a laparoscopia, a tomografia computadorizada, a ressonância magnética e a colangiografia ajudam a localizar e determinar a extensão da doença. A laparoscopia combinada ao ultrassom proporciona uma melhor imagem do tumor e também é frequentemente utilizada para retirar a vesícula biliar.

A biópsia, que também pode ser feita por laparoscopia, é um procedimento no qual uma amostra de tecido é removida e encaminhada para análise de um patologista. Ela permite não só diagnosticar a doença como determinar o grau em que ela se encontra. A cirurgia é indicada, como último recurso, para remover a vesícula.

As opções de tratamento do câncer de vesícula dependem do estágio da doença, da saúde geral do paciente a até mesmo de suas preferências. O objetivo primário é remover o câncer, mas quando isso não é possível, outras terapias podem ajudar a controlar a propagação da doença e manter o paciente o mais confortável possível.

Se o câncer estiver em estágio inicial, a opção mais radical consiste em cirurgia para remover a vesícula biliar. Se o câncer já se estende para além da vesícula e para o fígado, a cirurgia deve remover também porções do fígado e dos canais biliares. Tratamentos adicionais, em casos de câncer avançado, incluem quimioterapia e radioterapia. O câncer avançado da vesícula biliar pode causar obstruções dos ductos biliares, ocasionando complicações adicionais e podem ser necessários procedimentos extras para aliviar esses bloqueios.

Muitas pessoas com câncer da vesícula biliar são definitivamente curadas. A sobrevida depois de 5 anos é muito alta. Essas taxas, no entanto, são baseadas em um grande número de pacientes, não sendo possível prever-se o que vai acontecer com cada paciente individualmente.

Outros fatores que podem afetar o prognóstico de um determinado paciente são idade, estado geral de saúde e a maneira como a doença responde ao tratamento. Entretanto, com os avanços e melhorias recentes das opções terapêuticas, o prognóstico vem se tornando cada vez mais favorável.

sábado, 11 de março de 2017

Reeducação Postural Global


Chama-se postura à posição que o corpo ocupa no espaço, graças ao tônus dos músculos estáticos. Ela depende da hereditariedade, da personalidade, das tensões psicológicas externas e da adaptação ao ambiente ocorrida ao longo da vida.

A arquitetura do corpo humano pode ser considerada como uma montagem em que, por um lado, atua a força da gravidade e, por outro, os músculos que se opõem a ela. Os músculos que atuam antigravitacionalmente são submetidos a uma atividade contrátil contínua e prolongada, tanto para assegurar a redução conjunta dos vários segmentos do corpo, como para manter as posturas.

A Reeducação Postural Global (RPG) é um método fisioterapêutico de correção da postura, exclusivamente manual, baseado na ideia de alterações musculares formadas por cadeias integradas, que, portanto, não requer a utilização de máquinas. O método visa restaurar a "homeostase" do corpo e remover compensações patológicas, corrigindo a morfologia corporal.

É um método suave, progressivo e ativo, que pode ser aplicado a pacientes de qualquer idade. O método foi desenvolvido pelo fisioterapeuta francês Philippe Emmanuel Souchard há quase 40 anos (1981).

A Reeducação Postural Global (RPG) baseia-se numa análise e observação rigorosa da anatomia e fisiologia humanas e adota três princípios fundamentais:

1.Individualidade: cada ser humano é único na sua maneira de reagir.
2.Causalidade: a verdadeira causa do problema pode estar distante do sintoma.
3.Globalidade: deve-se tratar o corpo como um todo.

Ela leva em conta a individualidade de cada pessoa, a fim de projetar um plano de tratamento. Enquanto a maioria das modalidades clássicas de fisioterapia concentra-se em uma parte específica do corpo, a RPG trata o corpo como um todo e não separadamente. Ao mesmo tempo, concede ao paciente um papel ativo no tratamento, tornando-o um protagonista da sua recuperação.

A RPG valoriza sobremaneira a função estática dos músculos porque estes, solicitados de modo permanente, podem encurtar-se e perder sua flexibilidade. Assim, um dos princípios do método é identificar e alongar os músculos responsáveis pela alteração postural.

Os defeitos de postura podem ser causados por fatores constitucionais, comportamentais e psicológicos e podem estar localizados à distância dos sintomas.

Como exemplo, imagine um paciente que tenha adotado um padrão de levantar um ombro, a fim de evitar colocar muito peso em um tornozelo torcido no lado oposto. Neste caso, uma cadeia muscular de compensação provavelmente começa nos músculos da panturrilha, que aumentam seu tônus para proteger a articulação do tornozelo. Estes, por sua vez, geram um aumento do tônus dos músculos isquiotibiais e dos músculos eretores da espinha e tudo isto culmina em um ombro levantado. Se este ombro for mantido permanentemente nesta posição, o paciente pode acabar com uma dor escapular, por exemplo.

Antecedendo cada sessão de Reeducação Postural Global (RPG), deve haver uma série de alongamentos posturais suaves e progressivos, em posição de pé, sentado ou deitado. Os pacientes participam ativamente nas sessões de terapia, alongando os músculos tensos e fortalecendo os músculos fracos, segundo a orientação de um fisioterapeuta e seguindo a cadeia que esteja causando dores ou desvios.

A frequência e duração das sessões do tratamento dependem do problema do paciente, mas geralmente recomenda-se sessões uma ou duas vezes por semana com duração de uma hora.

O método pode ser aplicado a todas as patologias que requerem fisioterapia:

1.Problemas morfológicos
2.Problemas posturais
3.Lesões articulares
4.Patologias reumáticas
5.Sequelas neurológicas espásticas
6.Problemas traumáticos
7.Doenças respiratórias e outros

Ele é mais conhecido como um método para corrigir posturas. As posturas erradas ou viciosas podem ocasionar dores musculares, sobretudo nas costas, e, em casos mais sérios, deformidades ósseas ou compressões radiculares na coluna.

O objetivo do método de Reeducação Postural Global (RPG) é corrigir as posturas e aliviar os sintomas, esticando os músculos encurtados, usando a propriedade de fluência do tecido viscoelástico, e também aumentar a contração dos músculos antagonistas.

O método investiga o papel e status das chamadas "cadeias musculares", grupos funcionais de músculos responsáveis pela postura e suas alterações. Analisa em que medida as cadeias musculares se influenciam entre si, como suas alterações podem se acumular em cada sujeito e em que medida essas alterações são responsáveis pelos sintomas relatados.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Harmina ou "arruda da Síria" para o tratamento de milhões de diabéticos


Em busca de novas possibilidades terapêuticas para a diabetes, pesquisadores do Mount Sinai Hospital fizeram triagem de mais de 100 mil moléculas e apenas uma se destacou como capaz de induzir reprodução das células pancreáticas produtoras de insulina: a harmina.

Esta molécula primeiramente encontrada nas sementes da planta Peganum harmala ou "arruda da Síria" é também a principal molécula com efeitos farmacológicos no “cipó das almas” ou "ayahuasca".

A diabetes tipo 1 e 2 afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Ambas, em última instância, resultam de uma deficiência de células beta pancreáticas produtoras de insulina. As células beta proliferam nos seres humanos durante uma breve janela temporal começando em torno do nascimento, com um pico de percentagem (aproximadamente 2%) engajados no ciclo celular do primeiro ano de vida. Na vida embrionária e após o início da infância, a replicação de células beta é mal detectável.

Considerando que a expansão das células beta parece ser uma abordagem terapêutica óbvia para a deficiência de células beta, células beta humanas adultas têm-se revelado recalcitrantes a tais esforços. Por conseguinte, permanece uma necessidade urgente de agentes terapêuticos antidiabéticos que possam induzir a regeneração e expansão de células beta humanas adultas in vivo ou ex vivo.

Neste trabalho publicado online pela revista Nature, usando uma tela de moléculas pequenas de alto rendimento (HTS), pesquisadores do Mount Sinai Hospital, em Nova Iorque, descobriram que os análogos da pequena molécula harmina funcionam como uma nova classe de compostos mitogênicos de célula beta humana.

Eles também definiram a especificidade dupla da cinase-1a (DYRK1A) regulada pela tirosina como o alvo provável da harmina e os fatores nucleares da família de fatores de transcrição de linfócitos T ativados (NFAT) como prováveis mediadores da proliferação e diferenciação de células beta humanas.

Usando três diferentes ratos de laboratório e ilhotas humanas em modelos baseados in vivo, foi mostrado que a harmina é capaz de induzir a proliferação de células beta, aumentar a massa de ilhotas pancreáticas e melhorar o controle glicêmico. Estas observações sugerem que os análogos da harmina podem ter uma promessa terapêutica única para a terapia para a diabetes humana. O reforço da potência e da especificidade destes compostos nas células beta são desafios importantes para o futuro.



Fonte: Nature Medicine, de 9 de março de 2015

quinta-feira, 9 de março de 2017

Reabilitação Funcional


A reabilitação funcional é a recuperação, por meio de exercícios orientados, da integridade de alguma função neuromuscular prejudicada ou perdida em virtude de qualquer fator. Essa reabilitação pode referir-se a força, condicionamento ou coordenação. O treinamento funcional não se resume a simplesmente aumentar a força de um músculo ou grupo de músculos, ele requer modificações físicas para melhorar a relação de trabalho entre os sistemas nervoso e muscular.

Um programa de reabilitação funcional inclui treinamento de força, flexibilidade e agilidade, bem como atividades focadas na coordenação entre partes do corpo e movimentos específicos, visando preparar o indivíduo para retornar à sua plena atividade.

A reabilitação funcional envolve a realização de exercícios controlados em uma área de disfunção, de tal forma que as melhorias na força, condicionamento e coordenação melhorem também o desempenho dos movimentos para que as atividades da vida diária do indivíduo sejam mais facilmente executadas. Essa reabilitação altamente especializada ajudará o indivíduo a recuperar mais rapidamente seu melhor desempenho.

Esta técnica destina-se a corrigir a incapacidade existente e a conservar, a desenvolver ou a restabelecer as aptidões e capacidades da pessoa para o exercício, em nível ótimo, da atividade considerada. Na reabilitação funcional busca-se corrigir os problemas através de terapia física e manipulação neuromuscular, particularmente naquelas pessoas com dor física, tendo como referência a biomecânica.

Ela é uma tentativa de retornar o indivíduo lesionado para um nível ideal de desempenho. Normalmente, ela tem sido aplicada à medicina esportiva, mas esta abordagem também é benéfica para os indivíduos que voltam ao trabalho ou a atividades da vida diária após lesões traumáticas ou neurológicas, como acidentes vasculares cerebrais, por exemplo.

O objetivo geral da reabilitação funcional é treinar o paciente para retornar às atividades ou esportes costumeiros. Ela difere das terapias usadas para tratar os sintomas do paciente usando modalidades como calor, gelo e medicação, tendo por objetivo fortalecer o(s) músculo(s) lesionado(s).

O paciente (mais comumente um atleta) deve começar a reabilitação assim que a lesão permitir e ela deve ser específica para a lesão em causa, a qual envolve etapas progressivas de desenvolvimento da força muscular e resistência para retornar à sua atividade específica.

O fisioterapeuta deve levantar a história da lesão, incluindo lesões, tratamentos e recuperação anteriores, procurar compreender as metas do paciente e fazer planos de como retornar o indivíduo a seu estado ideal. Um exame físico deve ser realizado para avaliar, entre outras coisas, os reflexos, a postura, o equilíbrio, a caminhada, o controle muscular, a estabilização do corpo durante o repouso, o movimento, a amplitude de movimento das articulações e quaisquer deficiências ou problemas que possam ter contribuído para a lesão original.

A reabilitação funcional requer diagnósticos funcionais, como a revisão das técnicas do atleta, capacidade de movimento e adaptações secundárias de articulações ou músculos. Exames de imagens como radiografias, tomografia computadorizada, ultrassonografia e ressonância magnética podem ser usados para esclarecer o problema ou uma lesão particular.

Para que a reabilitação seja mais eficiente, os exercícios funcionais devem envolver a reabilitação e estabilização muscular do abdômen, costas, pescoço, escápula, pelve, quadril, músculos adutores e glúteos.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Uso terapêutico e não estético da toxina botulínica (Botox)


A toxina botulínica é um complexo proteico de origem biológica (uma neurotoxina), obtido a partir da bactéria Clostridium botulinum, uma bactéria anaeróbia que em condições apropriadas produz sete sorotipos diferentes, nomeados toxina A, B, C, D, E, F e G, das quais o sorotipo A é o mais potente.

O uso terapêutico da toxina botulínica é relativamente recente e começou em 1980. Essa toxina, quando aplicada em pequenas doses para fins terapêuticos, bloqueia a liberação de acetilcolina, o neurotransmissor responsável por levar as mensagens elétricas do cérebro aos músculos e, como resultado, o músculo não recebe a mensagem para contrair.

Popularmente, a toxina botulínica é mais conhecida por seu uso estético, para atenuar rugas do rosto. Aplicada superficialmente, a musculatura relaxa e a expressão fica, então, menos contraída. Esse é, porém, apenas um de seus usos, porque há outros, muito importantes, com finalidades terapêuticas.

Terapeuticamente, ela foi inicialmente aplicada na Oftalmologia, para relaxamento de músculos oculares no tratamento do estrabismo. Menos de uma década depois, ela passou a ser usada também no tratamento de outros distúrbios de movimento em que haja espasticidades, como nas sequelas de lesões do sistema nervoso central, traumatismo craniano, lesões medulares ou congênitas como, por exemplo, no caso da paralisia cerebral, uma encefalopatia provocada pela falta de oxigenação em que o músculo se torna muito contraído.

A técnica de aplicação da toxina botulínica consiste em diluir a fórmula farmacêutica em soro fisiológico, aspirar o resultado numa seringa e aplicá-lo na região comprometida (braços, pernas, tronco, face, etc). A dor da aplicação é semelhante à de uma injeção comum. A dor corresponde à perfuração da agulha e à acomodação do líquido entre as fibras de tecido, não do líquido em si. As doses e pontos a serem aplicados dependem da situação a ser tratada.

Em que casos se deve aplicar a toxina botulínica?

Além dos casos já mencionados, a toxina botulínica tem sido usada com sucesso em:

1.Sequelas de lesões encefálicas
2.Esclerose múltipla
3.Mal de Parkinson
4.Tiques nervosos
5.Cefaleias
6.Hiperidrose

Nas sequelas de lesões encefálicas que causem contraturas, a toxina botulínica pode produzir relaxamento muscular. As mais comuns dessas lesões encefálicas são provocadas por derrames cerebrais e paralisia cerebral mas podem ocorrer em fraturas, acidentes e doenças degenerativas.

Na esclerose múltipla, a indicação depende mais do quadro motor do que da fase da doença. Portanto, a fase da doença não tem relação direta com a utilização dessa toxina.

No Mal de Parkinson, o uso da toxina botulínica vem sendo estudado para avaliar o real benefício que ela pode representar. Embora a doença de Parkinson ainda não seja uma indicação clássica, o tema está sendo pesquisado, pois a toxina botulínica tem-se mostrado eficiente no tratamento de muitas outras patologias diferentes.

Os tiques nervosos - espasmos musculares faciais, basicamente na região dos olhos (piscamentos) ou da boca (repuxamentos) - são difíceis de serem tratados, mas como a toxina botulínica enfraquece a musculatura, os tiques são atenuados.

No caso das cefaleias, a toxina botulínica presta-se para o tratamento das cefaleias tensionais e as resultantes de contratura na região cervical.

Para tratamento da hiperidrose, a toxina botulínica geralmente é aplicada nas regiões axilares, palmares e plantares. A melhora é boa e perdura por tempo prolongado, em média cinco ou seis meses.

Por fim, tem-se procurado usá-la também em tratamentos odontológicos, mas esse uso ainda não é autorizado pela ANVISA.

A toxina botulínica é o mais potente veneno conhecido. A intoxicação alimentar é extremamente grave e frequentemente fatal. No entanto, a dosagem aplicada para fins terapêuticos (e estéticos) é muito pequena e incapaz de desencadear as reações do envenenamento.

terça-feira, 7 de março de 2017

Trombofilia - Formação "espontânea" de trombos


A trombofilia é definida como a tendência à trombose decorrente de alterações hereditárias ou adquiridas da coagulação ou da fibrinólise, que levam a um estado pró-trombótico.

A trombofilia é classificada como hereditária quando se demonstra a presença de uma anormalidade hereditária que predispõe à oclusão vascular, mas que requer a interação com outro componente, hereditário ou adquirido, para desencadear o episódio trombótico.

As trombofilias hereditárias são, na maior parte dos casos, decorrentes de alterações ligadas aos inibidores fisiológicos da coagulação (antitrombina, proteína C, proteína S e resistência à proteína C ativada) ou de mutações de fatores da coagulação (FV G1691A ou Fator V Leiden e mutação G20210A da protrombina).

A trombofilia é adquirida quando é decorrência de outra condição clínica, como neoplasia, síndrome antifosfolípide, imobilização, ou do uso de medicamentos, como terapia de reposição hormonal, anticoncepcionais orais e heparina. Níveis plasmáticos moderadamente elevados de homocisteina também podem ser responsáveis por episódios vaso-oclusivos.

Importante consideração a ser feita é o território vascular (venoso e/ou arterial) de ocorrência do(s) evento(s) trombótico(s), já que isto implica em mecanismos fisiopatológicos diversos, com investigação laboratorial e tratamento também diferentes.

Clinicamente, as trombofilias hereditárias geralmente manifestam-se como tromboembolismos venosos, mas com algumas características próprias:

a) ocorrência em indivíduos jovens (< 45 anos);
b) recorrência freqüente;
c) história familiar de eventos trombóticos;
d) trombose migratória ou difusa ou em local pouco comum, e
e) episódio trombótico desproporcionalmente grave em relação ao estímulo desencadeante.

Os defeitos trombofílicos podem também causar várias complicações obstétricas, como dificuldade para engravidar, gestações complicadas, retardo do crescimento fetal, abortamentos e perdas fetais.

A investigação laboratorial deve ser realizada em todas as situações mencionadas.

Este estudo, sempre realizado temporalmente distante do evento trombótico agudo, inclui a quantificação funcional dos inibidores da coagulação, a quantificação da homocisteína plasmática, as pesquisas das mutações FV G1691A e G20210A da protrombina, e da presença dos anticorpos antifosfolípides (anticoagulante lúpico e anticardiolipina).

Segundo alguns autores, a presença de hiperfunção plaquetária (Síndrome da plaqueta viscosa) também deveria ser investigada rotineiramente, por ser causa de tromboses arteriais e / ou venosas.

Como em algumas situações clínicas a investigação laboratorial pode não alterar a conduta terapêutica que será instituída, deve-se levar em conta a relação custo/benefício deste estudo.

Porém, duas observações merecem ser feitas:

a) a presença de associações de defeitos trombofílicos implica em maior potencial trombogênico e
b) a demonstração da presença ou ausência de anticorpos antifosfolípides orienta quanto ao tempo e a intensidade da anticoagulação.

Por fim, deve-se ainda considerar que, por serem defeitos hereditários, a demonstração de um defeito trombofílico congênito determina qual será a investigação dos familiares e aqueles que forem portadores assintomáticos deverão receber orientação adequada em situações de risco, visando evitar a ocorrência de eventos trombóticos.


Revista da Associação Médica Brasileira