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sábado, 31 de dezembro de 2016

Bebidas alcoólicas e Automóveis não combinam


Porcentagem de concentração de álcool no sangue

0,02% => Funções visuais diminuem / Diminuição da capacidade de fazer duas coisas ao mesmo tempo

0,05% => Funções visuais diminuem / Diminuição da capacidade de fazer duas coisas ao mesmo tempo

0,08% => Diminuição da concentração / Perda de memória de curto prazo / Perda do controle da velocidade / Redução da capacidade de processar informações (capacidade de ver placas ou sinalizações) / Diminuição da percepção

0,10% => Redução da capacidade de ficar na mesma pista da estrada e parar corretamente

0,15% => Incapacidade substancial para controlar o veículo, prestar atenção às funções de direção e processar informação visual e auditiva


Os efeitos do álcool variam de intensidade não apenas de acordo com a quantidade e a freqüência com que se bebe, mas também de acordo com as características pessoais do usuário.

Para saber as conseqüências do consumo das bebidas alcoólicas para a saúde é importante conhecer a quantidade de álcool puro que cada uma contém.

Costuma-se chamar "unidade de álcool" o equivalente a cerca de 10 a 12g de álcool puro. Como a concentração de álcool varia de bebida para bebida, vejamos a quantidade presente nas mais consumidas no nosso meio:

1 lata de cerveja (355ml) - 1,5 unidade de álcool
1 copo de chope ou cerveja (300ml) - 1 unidade de álcool
1 copo de vinho (100 ml) - 1 unidade de álcool
1 dose de destilado (pinga, uísque, vodca) (50 ml) - 1,5 unidade de álcool

Cada unidade de álcool (10 a 12 g de álcool puro) requer uma hora para ser metabolizada completamente. Assim, por exemplo, uma pessoa que tenha bebido 4 chopes, (equivalente a 4 unidades) terá um efeito físico do álcool em seu organismo por 4 horas. No inicio estes efeitos são leves até atingirem o máximo, para posteriormente diminuírem. Porém a desintoxicação (cessação dos efeitos do álcool no organismo), só ocorrerá após algumas horas.

A quantidade de bebida, que implica em riscos para a saúde, é diferente para os homens e as mulheres e também varia em função do peso corporal (quanto maior for este peso, maior a tolerância para a bebida).

As mulheres, por causa da proporção de gordura corpórea, atingem maiores níveis de concentração de álcool no sangue. De modo geral, considera-se que as mulheres correrão menos riscos de desenvolverem problemas de saúde, se ingerirem até 14 unidades de álcool por semana ou 2 por dia, enquanto os homens poderão ingerir até 21 unidades na semana ou 3 no mesmo dia.

Vale ressaltar que nenhum consumo é isento de riscos e deve-se sempre levar em conta o contexto em que o álcool é consumido. Por exemplo, não se deve beber nada antes de dirigir ou de realizar atividades que coloquem em risco a segurança pessoal ou de terceiros (por exemplo, trabalhadores da construção civil, motoristas devem permanecer sem uso de qualquer quantidade de álcool, pois qualquer quantidade pode implicar em risco).
A ingestão da cota semanal em um único dia pode trazer problemas tanto físicos como psicológicos.

O consumo de 10 latas de cerveja (15 unidades de álcool) ou de uma garrafa de vinho (cerca de 7 unidades de álcool) em uma mesma ocasião, certamente ultrapassa os limites de risco tanto para homens como para mulheres, levando, frequentemente a problemas como acidentes de carro, absenteísmo, comportamento sexual de risco.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Moscas volantes ou "floaters"


Você talvez não saiba o nome oficial, mas já deve ter visto pequenas formas flutuando em seu campo de visão.

A percepção dessas formas, também conhecidas como "moscas volantes" (do latim Muscae volitantes) ou floaters (flutuadores, em inglês), é chamada miodesopsia.

Elas podem aparecer como pontos escuros, filamentos ou teias – e não são ilusões de ótica.

Estão lá, vagando dentro de seus olhos.

Para entender a origem dessas "moscas", vale relembrar um pouco de anatomia ocular.

Na parte da frente do olho fica a córnea (um tecido transparente), e atrás você tem a pupila (o centro escuro do olho) e a íris (a franja colorida ao redor da pupila).

Entre a córnea e a pupila há um pequeno reservatório de líquido chamado humor aquoso.

Uma camada de células sensíveis à luz no fundo de seu olho é chamada retina.

Quando os neurônios que formam a retina são estimulados pela luz, eles enviam uma mensagem pelo nervo ótico até o cérebro, entregando informações sobre o que você está vendo.



Mas entre as lentes e a retina há um "oceano" de líquido conhecido como humor vítreo ou apenas vítreo.

O vítreo é uma massa gelatinosa formada principalmente por água.

Diferentemente do humor aquoso, o humor vítreo nunca é reabastecido.

Você irá morrer, basicamente, com o mesmo vítreo com o qual nasceu.

Isso significa que se algum objeto externo entrar no vítreo (sangue ou outras células, por exemplo), ele irá ficar por lá.

E quando esses pequenos pedaços de detritos oculares tampam a passagem da luz pelo olho, eles podem lançar sombras na retina.

Essas são as sombras que percebemos como as moscas volantes.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Acidentes de trânsito


Acidente de trânsito é todo evento danoso envolvendo veículos, em geral com vítimas humanas e/ou animais. Os acidentes de trânsito no Brasil têm aumentado muito. De 35.105 mortes em 2004 passamos para 43.075 mortes em 2014 (Isso é mais que as mortes por câncer, por exemplo!) e de pouco mais de 100.000 feridos graves em 2008 para pouco menos de 200.000 em 2014.

Além disso, o país tem um excessivo gasto com o tratamento de vítimas de acidentes de trânsito. Somente em 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro gastou mais de R$ 1,1 bilhão no tratamento destas vítimas. Em todo o mundo, os acidentes de trânsito matam 1,2 milhões de pessoas por ano e ferem gravemente cerca de 50 milhões.

Quais são as causas mais comuns dos acidentes de trânsito?

Estatisticamente, 75% dos acidentes de trânsito são devidos a falhas humanas dos condutores, 12% a falhas nos veículos, 6% a deficiências nas vias e 7% a outras causas. Entre as causas mais comuns de acidentes de trânsito, contam-se:

1.Imprudência dos motoristas;
2.Excesso de velocidade;
3.Desrespeito à sinalização;
4.Ultrapassagens indevidas;
5.Má visibilidade (chuva, neblina, cerração, noite, etc.);
6.Falta de atenção do condutor;
7.Defeitos na via;
8.Distração do condutor por fatores no interior do veículo, como outros passageiros, rádio, telefones celulares, objetos soltos, etc;
9.Ação evasiva frente a um obstáculo, como desviar de animais ou buracos na pista;
10.Técnica inadequada de dirigir, como não olhar os retrovisores, por exemplo;
11.Não manter distância adequada para com o veículo à frente;
12.Falta de “cortesia” no trânsito;
13.Desconhecimento ou não obediência às normas e leis do trânsito, como ceder às preferências ou ultrapassar os limites de velocidade;
14.Sensação de onipotência ao dirigir veículos muito possantes;
15.Travessias em lugares perigosos;
16.Desrespeito aos sinais de trânsito;
17.Cansaço e sonolência dos motoristas;
18.Uso de drogas lícitas ou ilícitas que alteram a consciência;
19.Mal estado de conservação do veículo;
20.Sensação de impunidade pelas infrações cometidas.

Como socorrer as vítimas de acidentes de trânsito?

De preferência, as vítimas de acidentes de trânsito devem ser assistidas por socorristas especializados, mas muitas vezes pessoas leigas têm de fazer os primeiros atendimentos, até chegar o socorro. Algumas dicas são:

1.Em primeiro lugar, tenha calma. A afoiteza e desnorteamento do atendente pode piorar as coisas. Você não pode mais evitar o que já aconteceu, mas pode influir no que decorrerá daí em diante.

2.Analise rapidamente a situação e procure prevenir perigos ainda existentes, se for o caso, evitando agravamento do acidente ou o surgimento de novas vítimas.

3.Afaste a(s) vítima(s) das situações em que ela(s) ainda esteja(m) correndo algum perigo.

4.Procure afastar os curiosos que se aglomeram e que podem atrapalhar a assistência às vítimas.

5.Procure verificar a respiração e a pulsação da vítima e, se necessário, pratique a respiração boca-a-boca, se ela não estiver respirando, e/ou a reanimação cardíaca, se ela tiver uma parada cardíaca. E procure controlar eventuais hemorragias.

6.Para a respiração boca-a-boca, deite a vítima sobre uma superfície rígida, com a cabeça ligeiramente voltada para trás, de forma que o pescoço fique esticado; abaixe a língua dela e certifique-se de que as vias respiratórias estejam desobstruídas; feche completamente o nariz da vítima, pressionando-o com o polegar e o indicador, em forma de pinça; encha seus pulmões de ar, fazendo uma vigorosa inspiração, aplique firmemente seus lábios sobre a boca da vítima e sopre o ar que você inalou para dentro da boca dela. Repita isso com uma frequência de quinze vezes por minuto até que a vítima volte a respirar ou que chegue o socorro.

7.Para a reanimação cardíaca, coloque a vítima sobre uma superfície rígida, com as pernas levantadas (sobre uma almofada, por exemplo); coloque uma das mãos sobre o peito dela, mais ou menos sobre o coração; coloque a outra mão sobre a primeira, entrelaçando os dedos; alternativamente, pressione com força e alivie a pressão, repetindo esse ato cerca de oitenta vezes por minuto, até que o coração volte a bater ou até que chegue o socorro. Caso a vítima também não esteja respirando, alterne quinze compressões com duas respirações boca-a-boca.

8.Se houver hemorragias importantes, deite a pessoa em posição horizontal; aplique sobre a lesão que esteja sangrando uma compressa, pressionando firmemente com uma ou ambas as mãos; em seguida, faça um curativo compressivo sobre a região afetada; procure manter o ponto afetado numa altura acima do coração, a fim de diminuir a força do sangramento. Se houver um objeto encravado no local, provocando a hemorragia, faça pressão em torno dele ou amarre algo ao redor, de forma a minimizar o fluxo de sangue, mas nunca o retire, porque isso pode provocar mais hemorragia. Nas hemorragias muito intensas das pernas ou braços, que não possam ser contidas por outros meios, deve-se fazer um torniquete (garroteamento) em posição proximal em relação à hemorragia, procurando diminuir ao máximo o fluxo de sangue. Essa providência, no entanto, só deve ser utilizada em última instância.

9.Não dê à vítima nada para comer ou beber (nem mesmo água) porque ela pode precisar de uma anestesia geral, que requer jejum absoluto.

10.Procure não mover a vítima, mas se tiver de fazê-lo sustente-lhe a cabeça para que ela não penda para trás ou para os lados. Se possível, deite-a sobre um cobertor ou equivalente e arraste-o com cuidado, evitando tracionar o corpo da vítima.

11.Nunca deixe a vítima sozinha, porque ela pode estar confusa e colocar-se em novo risco. Além disso, a qualquer momento ela pode ter uma complicação séria que requeira a sua intervenção ou pode fazer um esforço inconveniente ao seu estado, como levantar-se, por exemplo.

12.Desligue o veículo, se ele estiver ligado.

13.Tenha cuidado com fogo: no escuro, nunca acenda um fósforo antes de certificar-se de que não há derramamento de gasolina.

14.Saia da pista e sinalize a estrada à distância com triângulos de segurança, pisca-alerta, galhos de árvore, etc.

15.Tenha cuidado com ácidos de baterias e cacos de vidro, que podem produzir queimaduras ou novos ferimentos.

16.Se for necessário retirar a vítima do veículo, libere o cinto de segurança, segure-a por trás e ampare sua cabeça para que ela não faça movimentos de grandes amplitudes. Se possível, não mova os feridos ou, se tiver de movê-los, faça-o cuidadosamente, conforme recomendado acima.

17.Procure proteger as vítimas das intempéries, como frio, chuva, sol, ventanias, etc.

Ao contrário do que possa parecer, pesquisas mostram que a observância das leis e normas de trânsito, além de reduzir acidentes, torna o deslocamento mais rápido, mais seguro e mais econômico. Por isso, os motoristas profissionais procuram obedecê-las mais que os amadores. Motoristas que dirigem numa velocidade constante produzem um desgaste e um gasto dos seus veículos cerca de 30% menor que aqueles que dão bruscas arrancadas e bruscas freadas com eles ou ziguezagueiam em meio a outros veículos.

As complicações e sequelas deixadas pelos acidentes de trânsito são muito variadas e dependem da natureza dos ferimentos ocasionados. Uma das mais notáveis e comuns é a secção da medula espinhal, que leva à paralisia e pode, muitas vezes, ser consequência da inadequada mobilização da vítima na tentativa de socorro. Outra complicação comum nos acidentes automobilísticos são as fraturas vertebrais.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Crianças depressivas


Atualmente a palavra depressão é usada indiscriminadamente para descrever inúmeros estados emocionais reativos: a separação ou morte de um ente querido, uma perda financeira, uma situação desafortunada, etc. No entanto, depressão é coisa mais séria: é uma doença que pode ocorrer mesmo quando “tudo está azul”.

A depressão infantil é diferente dos rebaixamentos emocionais que podem ocorrer ao longo do desenvolvimento da criança. Só porque uma criança está passageiramente triste, não significa sempre que ela tem doença depressiva. Só se deve falar em depressão se a tristeza se tornar persistente ou quando se desenvolve um comportamento perturbador que interfere com atividades sociais, interesses, desempenho escolar ou vida familiar.

Como em adultos, a depressão em crianças pode ser causada por múltiplos fatores relacionados à saúde física, eventos de vida, história familiar, ambiente, vulnerabilidade genética e distúrbios bioquímicos. Hoje tem-se a ideia de que as depressões se devem a alterações dos mediadores químicos dos impulsos nervosos entre os neurônios.

As crianças com história familiar de depressão estão em maior risco de sofrerem depressão numa idade mais precoce que as outras. Crianças de famílias desestruturadas ou conflituosas, ou crianças e adolescentes que abusam de substâncias como álcool e drogas, também estão em maior risco para depressão.

A depressão é uma doença grave que interfere no dia a dia da pessoa e compromete a qualidade de vida. A depressão infantil é significativamente mais comum em meninos com menos de 10 anos; mas aos 16 anos, as meninas têm uma taxa de incidência maior que a dos meninos. Os transtornos bipolares são mais comuns em adolescentes do que em crianças mais jovens, mas são mais graves nelas do que em adolescentes e podem ser confundidos com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, transtorno obsessivo-compulsivo ou transtornos de conduta.

Os sintomas da depressão em crianças são menos típicos que nos adultos. Muitas vezes, a depressão não é diagnosticada e tratada porque seus sintomas são tomados também como mudanças normais que ocorrem durante o crescimento. Outras vezes, ela aparece como uma depressão "mascarada", em que o humor da criança é evidenciado apenas por um comportamento irritado ou por sintomas orgânicos variados.

Muitas crianças apresentam tristeza ou humor baixo semelhante aos adultos, mas outras apenas não se sentem bem. Muitas vezes elas aceitam a depressão como fato natural e apenas calam-se e se retraem. Mais tipicamente, os principais sintomas da depressão giram em torno de tristeza, um sentimento de desesperança e uma mudança de humor no sentido do rebaixamento.

Os principais sinais e sintomas da depressão em crianças incluem: irritabilidade ou raiva, sentimentos persistentes de tristeza e desesperança, retraimento social e maior sensibilidade à rejeição, alterações no apetite para mais ou para menos, insônia ou sono excessivo, explosões vocais ou choro frequente, dificuldade de concentração, fadiga e baixa energia, queixas físicas que não respondem ao tratamento, diminuição da capacidade de interagir em casa ou na escola, sentimentos de inutilidade ou culpa, pensamento e concentração prejudicados, ideias de morte, etc.

Nem todas as crianças têm todos esses sintomas e a maioria delas exibe diferentes sintomas em diferentes momentos. Embora algumas crianças possam continuar funcionando quase que normalmente, a maioria delas sofre uma mudança notável nas atividades sociais, perda de interesse na escola e nítidas mudanças na aparência. As crianças maiores, acima de de 12 anos de idade, também podem começar a usar drogas ou álcool.

Embora seja relativamente raro em crianças com menos de 12 anos, elas podem tentar suicídio.

Nos adultos, a depressão é bem mais fácil de ser diagnosticada que em crianças. No entanto, se houver sintomas que sugiram depressão, o pediatra poderá constatar se há ou não há razões físicas para estes sintomas e deve recomendar uma consulta com um profissional de saúde mental especializado em crianças.

Essa consulta deve incluir entrevistas com os pais ou cuidador da criança e testes psicológicos adicionais. As informações que venham de professores, amigos e colegas podem ser úteis e mostrar que esses sintomas são consistentes e marcados por uma mudança em relação ao comportamento anterior. Não existem testes específicos que possam mostrar claramente a depressão, mas ferramentas como questionários, combinadas a informações pessoais, podem ser muito úteis.

Embora a depressão em crianças seja uma doença grave, ela é exitosamente tratável. As opções de tratamento para crianças com depressão são semelhantes às dos adultos, incluindo psicoterapia e medicação. O médico pode sugerir primeiro a psicoterapia e considerar o medicamento antidepressivo como uma opção adicional se não houver melhora significativa, mas quase sempre será necessário medicar.

A combinação de psicoterapia e medicação é a indicação mais eficaz no tratamento da depressão. O papel que a família e o ambiente da criança desempenham no processo de tratamento é diferente daquele que ela deve ter com os adultos, sendo essencial apoio, proximidade e carinho.

Como nos adultos, a depressão pode ocorrer novamente no futuro e pode preceder uma doença mental mais séria, mais tarde na vida. Por isso que o diagnóstico, o tratamento e a monitoração próxima são cruciais.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Doulas: o que são?


O que significa "doula"

A palavra "doula" vem do grego "mulher que serve". Nos dias de hoje, aplica-se às mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres antes, durante e após o parto.
Antigamente a parturiente era acompanhada durante todo o parto por mulheres mais experientes, suas mães, as irmãs mais velhas, vizinhas, geralmente mulheres que já tinham filhos e já haviam passado por aquilo. Depois do parto, durante as primeiras semanas de vida do bebê, estavam sempre na casa da mulher parida, cuidando dos afazeres domésticos, cozinhando, ajudando a cuidar das outras crianças.

Conforme o parto foi passando para a esfera médica e nossas famílias foram ficando cada vez menores, fomos perdendo o contato com as mulheres mais experientes. Dentro de hospitais e maternidades, a assistência passou para as mãos de uma equipe especializada: o médico obstetra, a enfermeira obstétrica, a auxiliar de enfermagem, o pediatra. Cada um com sua função bastante definida no cenário do parto.

O médico está ocupado com os aspectos técnicos do parto. As enfermeiras obstetras passam de leito em leito, se ocupando hora de uma, hora de outra mulher. As auxiliares de enfermeira cuidam para que nada falte ao médico e à enfermeira obstetra. O pediatra cuida do bebê. Apesar de toda a especialização, ficou uma lacuna: quem cuida especificamente do bem estar físico e emocional daquela mãe que está dando à luz? Essa lacuna pode e deve ser preenchida pela doula ou acompanhante do parto.

O ambiente impessoal dos hospitais, a presença de grande número de pessoas desconhecidas em um momento tão íntimo da mulher, tende a fazer aumentar o medo, a dor e a ansiedade. Essas horas são de imensa importância emocional e afetiva, e a doula se encarregará de suprir essa demanda por emoção e afeto, que não cabe a nenhum outro profissional dentro do ambiente hospitalar.

Antes do parto a ela orienta o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto. Explica os procedimentos comuns e ajuda a mulher a se preparar, física e emocionalmente para o parto, das mais variadas formas.

Durante o parto a doula funciona como uma interface entre a equipe de atendimento e o casal. Ela explica os complicados termos médicos e os procedimentos hospitalares e atenua a eventual frieza da equipe de atendimento num dos momentos mais vulneráveis de sua vida. Ela ajuda a parturiente a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto e parto, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens, relaxamento, etc..

Após o parto ela faz visitas à nova família, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê.

A doula não substitui o pai (ou o acompanhante escolhido pela mulher) durante o trabalho de parto, muito pelo contrário. O pai muitas vezes não sabe bem como se comportar naquele momento. Não sabe exatamente o que está acontecendo, preocupa-se com a mulher, acaba esquecendo de si próprio. Não sabe necessariamente que tipo de carinho ou massagem a mulher está precisando nessa ou naquela fase do trabalho de parto.

Eventualmente o pai sente-se embaraçado ao demonstrar suas emoções, com medo que isso atrapalhe sua companheira. A doula vai ajudá-lo a confortar a mulher, vai mostrar os melhores pontos de massagem, vai sugerir formas de prestar apoio à mulher na hora da expulsão, já que muitas posições ficam mais confortáveis se houver um suporte físico.

A doula não executa qualquer procedimento médico, não faz exames, não cuida da saúde do recém-nascido. Ela não substitui qualquer dos profissionais tradicionalmente envolvidos na assistência ao parto. Também não é sua função discutir procedimentos com a equipe ou questionar decisões.


As pesquisas têm mostrado que a atuação da doula no parto pode:

diminuir em 50% as taxas de cesárea
diminuir em 20% a duração do trabalho de parto
diminuir em 60% os pedidos de anestesia
diminuir em 40% o uso da oxitocina
diminuir em 40% o uso de forceps.
Embora esses números refiram-se a pesquisas no exterior, é muito provável que os números aqui sejam tão favoráveis quanto os acima mostrados.

Ana Cris Duarte
Doulas.com.br

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Quer melhorar sua memória?


A memória é uma das funções mais importantes do cérebro humano. Quando ela começa a falhar, surgem diminuições dos rendimentos no trabalho, nos estudos e na vida social. Uma memória forte depende da saúde e vitalidade do cérebro. No entanto, na maioria das vezes essa dificuldade não é causada por doenças cerebrais específicas.

O processo de memorização inicia-se com a percepção de um estímulo que deve ser fixado e depois evocado. Depois de fixar é preciso trazer as lembranças de volta, no processo chamado evocação. Para evocar, o cérebro precisa do rastro da memória, alguma coisa significativa ligada a gravar as coisas e conseguir evocar na hora certa.

O cérebro humano, mesmo na pessoa idosa, tem uma capacidade surpreendente de se adaptar e mudar. Esta capacidade, conhecida como neuroplasticidade, implica em que ele pode formar novas conexões neurais e alterar as já existentes. Essas mudanças podem remodelar a aprendizagem e a memória, em qualquer idade.

Algumas práticas que podem ajudar a memória:

1. A memória, como a força muscular, requer que seja exercitada para ser fortalecida. Quanto mais o cérebro for usado, maior será sua capacidade de processar lembranças. Mas nem todas as atividades são iguais. Os melhores exercícios para o cérebro devem quebrar a sua rotina e levar ao desenvolvimento de novas vias neurais. Uma coisa útil é fazer algo novo como, por exemplo, aprender a tocar guitarra, fazer cerâmica, fazer malabarismos, jogar xadrez, falar francês ou dançar tango, por exemplo. O indivíduo deve começar com um nível fácil de atividade e progredir para um nível mais complexo.

2. O exercício mental é importante para a saúde do cérebro, mas também o exercício físico. Este aumenta a oxigenação do cérebro, aumenta os efeitos de substâncias químicas úteis à saúde cerebral, reduz os hormônios do estresse e desempenha um papel importante na neuroplasticidade. Os exercícios aeróbicos são particularmente bons para o cérebro. O ideal é exercitar-se pela manhã, para limpar o "nevoeiro" do sono.

3. Dormir bem e em quantidade suficiente é importante. Cerca de 95% das pessoas adultas precisa de entre 7,5 a 9 horas de sono todas as noites, a fim de evitar a privação de sono. Com menos tempo, a memória, a criatividade, as habilidades de resolução de problemas e de pensamento crítico ficam comprometidas. O sono é fundamental para a memória porque a consolidação dela ocorre durante os estágios mais profundos do sono. O indivíduo deve procurar ir para a cama na mesma hora todas as noites e levantar-se ao mesmo tempo todas as manhãs. A cafeína, por seu lado, afeta as pessoas de forma diferente. Algumas são altamente sensíveis a ela, e ela pode interferir com o sono durante a noite. Se isso acontecer, o indivíduo deve reduzir ou suprimir completamente sua ingestão, pelo menos a partir das 18 horas de cada dia.

4. Os relacionamentos sociais saudáveis também estimulam o cérebro a preservar uma boa memória. Ter amizades significativas é vital não só para a saúde emocional, mas também para a saúde física do cérebro e um menor declínio da memória.

5. O estresse é um dos piores inimigos do cérebro e da memória. Vários estudos ligam a perda de memória ao estresse. Ao longo do tempo, o estresse crônico destrói as células do hipocampo, envolvidas na formação de novas memórias e na recuperação de velhas recordações. Muitos estudos mostram que a meditação ajuda a melhorar muitas condições psíquicas que afetam a memória, incluindo depressão, ansiedade, dor crônica, diabetes e pressão arterial elevada.

6. O riso é um ótimo remédio para o cérebro e para a memória, bem como para o corpo todo. O riso envolve várias regiões de todo o cérebro, e parece ajudar as pessoas a associarem mais livremente e a recordarem melhor.

7. O cérebro, tanto quanto o corpo, precisa de uma alimentação saudável. Uma boa dieta, além de benefícios para a saúde geral, pode melhorar a memória. Uma dieta saudável não restringe apenas o que comer, mas também o que não comer.

8. O indivíduo deve cuidar de sua saúde geral. Não são apenas a demência ou a doença de Alzheimer que causam perda de memória, mas muitas outras doenças, estados mentais e medicamentos também podem interferir na memória, como doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, desequilíbrio hormonal, depressão e outras dificuldades emocionais.

9. É importante prestar atenção. Uma pessoa não pode se lembrar de algo que nunca apreendeu e não pode apreender algo se não prestar atenção. Demora cerca de oito segundos de focalização para que a informação recebida seja processada na memória. A pessoa deve procurar associar, numa percepção, tantos sentidos quanto possível, relacionando informações com cores, texturas, odores e gostos. O ato físico de escrever informações pode ajudar a fixar. Ler em voz alta o que se escreveu pode ajudar a lembrar. Outra colaboração é comentar o novo com algo que você já se lembra, relacionando ao novo material. Rechear informações que você já aprendeu com as que está obtendo como novidades. Use métodos mnemônicos para facilitar a memorização.

10. É muito importante trabalhar e estudar em ambientes silenciosos, iluminados e bem organizados. Assim, o estímulo que interessa se destaca e a memorização é facilitada.

11. Fazer uma coisa de cada vez. Procure identificar as prioridades do momento e se desligar momentaneamente do resto.

12. Procure evitar álcool, cigarros e drogas. Todos são inimigos da memória e a longo prazo podem levar a atrofias e/ou isquemias cerebrais e a quadros graves de esquecimentos.

13. A memória é emocionalmente seletiva. As memórias ligadas a emoções positivas são mais facilmente fixadas que as ligadas a emoções negativas.

Algumas outras técnicas de aprimoramento da memória podem ser:

•Repetir, repetir, repetir, de preferência de maneira diferente, a cada vez.

•Tomar notas.

•Organizar mentalmente os dados.

•Visualizar direta ou mentalmente aquilo a ser recordado.

•Colocar num lugar proeminente da casa um objeto associado com o que deve ser recordado.

•Agrupar as coisas a serem recordadas em categorias.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Lesões da medula espinhal


Lesões da medula espinhal são danos causados à medula espinhal que implicam em alterações da sua função, de modo temporário ou permanente. Estas alterações interrompem total ou parcialmente o trânsito de impulsos nervosos e se traduzem em perda da função motora muscular, das sensações ou da função autonômica em partes do corpo abaixo do nível da lesão.

As lesões podem ocorrer em qualquer nível da medula (cervical, torácica, lombar e sacra) e podem ser classificadas como lesão completa (perda total da sensação e da função muscular) ou incompleta (alguns sinais nervosos ainda são capazes de atravessar a área lesionada). As lesões incompletas da medula espinal, por sua vez, podem gerar: (a) síndrome do cordão central, (b) síndrome do cordão anterior e (c) síndrome de Brown-Séquard.

Há, basicamente, três tipos de causas de lesões medulares:

1.Forças mecânicas (traumáticas e não traumáticas).
2.Tóxicas.
3.Isquêmicas (por falta de fluxo sanguíneo).

Na maioria dos casos, os danos à coluna resultam de traumas físicos, tais como acidentes de carro, tiro, quedas ou lesões esportivas, mas também pode resultar de causas não-traumáticas, como infecção, fluxo sanguíneo insuficiente e tumores.

As lesões da medula podem interromper total ou parcialmente o fluxo de estímulos nervosos. Nesse último caso, (1) a síndrome gerada pela interrupção do cordão central quase sempre resulta de lesão da medula cervical; (2) a síndrome devida a danos na porção frontal pode ser causada por fraturas ou luxações de vértebras ou hérnia de discos e (3) a síndrome de Brown-Séquard ocorre quando a medula espinhal é lesada em um dos lados muito mais do que o outro.

Dependendo da localização e gravidade dos danos à medula, os sintomas podem variar amplamente, desde dor ou dormência até paralisia muscular e incontinência esfincteriana. Se a lesão espinhal for completa, todas as funções abaixo da área lesada são perdidas; se for incompleta, a função motora ou sensorial abaixo do nível de lesão podem ficar preservadas em parte.

Na síndrome do cordão anterior, abaixo do nível de lesão, a sensação de dor e de temperatura são perdidas, enquanto senso de toque e propriocepção continuam intactos.

Na síndrome de Brown-Séquard é raro que a medula espinhal seja verdadeiramente hemisseccionada (inteiramente seccionada em um lado), mas lesões parciais são comuns. No lado da lesão, o corpo perde a função motora, a propriocepção e os sentidos de vibração e toque. No lado oposto da lesão, há uma perda de sensações de dor e de temperatura.

A síndrome do cordão posterior é observada em casos de mielopatia crônica ou em infarto da artéria espinhal posterior e causa a perda de propriocepção e sensação de vibração abaixo do nível de lesão, enquanto a função motora e a sensação de dor, temperatura e toque permanecem intactas.

Os danos à coluna vertebral podem ser diagnosticados por radiografias, tomografia computadorizada ou ressonância magnética que pode também determinar onde eles estão localizados. A tomografia computadorizada ou ressonância magnética podem fornecer mais detalhes que as radiografias, permitindo um diagnóstico mais preciso.

Uma avaliação neurológica pode ajudar a determinar o grau e o nível de comprometimento da medula. Outros exames de laboratório podem ajudar a determinar a natureza da lesão.

O tratamento das lesões da medula espinhal deve começar com a estabilização da coluna vertebral e controle da inflamação, se houver, para evitar maiores danos. Outras intervenções podem variar do repouso à cirurgia. Em alguns casos, é necessária uma terapia física e ocupacional de longo prazo, especialmente se interferirem com atividades da vida diária. A reabilitação funcional pode envolver profissionais de várias áreas e tomar um longo tempo.

A evolução varia desde a recuperação completa, em raros casos, até a tetraplegia permanente em lesões no nível do pescoço.

Esforços para prevenir as lesões de medula incluem medidas individuais, tais como o uso de equipamentos de segurança, medidas de proteção e utilização de regulamentos de segurança no esporte e no trânsito.

As complicações que podem ocorrer após a lesão incluem atrofia muscular, feridas de pressão, infecções e problemas respiratórios, como edema pulmonar e deficiência respiratória, além de atrofias musculares e paralisias.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Terapia Ocupacional: um pouco sobre ela.


A terapia ocupacional, ou praxiterapia, é uma das profissões mais recentes e, por isso, ainda pouco difundida, embora seja leiga e informalmente muito praticada.

Ela é uma ciência da saúde que emprega atividades de trabalho e lazer no tratamento de distúrbios físicos ou mentais e de desajustes emocionais e sociais, visando promover a autonomia de indivíduos com dificuldades físicas ou mentais de integrar-se à vida social.

Também faz a avaliação dessas atividades.

No Brasil, a profissão foi regulamentada em 1969.

O terapeuta ocupacional é um profissional da área da saúde, de nível superior. Ele pode atuar através da prevenção, habilitação ou reabilitação.

Os terapeutas ocupacionais utilizam a atividade não só no sentido "ocupar" e "fazer", mas como recurso terapêutico estruturado, o que depende de minuciosas e complexas técnicas.

Os principais campos de trabalho do terapeuta ocupacional incluem clínicas, casas de repouso, hospitais, instituições geriátricas, psiquiátricas e penais, centros de reabilitação, creches e empresas.

Além disso, o profissional está habilitado a prestar atendimento aos pacientes em domicílio, podendo atuar individualmente ou em grupos.

No campo da educação, o terapeuta ocupacional pode acompanhar o desenvolvimento de crianças com problemas psicomotores ou de aprendizagem e promover a inclusão de crianças com deficiência nas escolas de ensino regular.

Na gerontologia pode atuar na reabilitação e na reintegração social de idosos. Na psiquiatria e saúde mental ajuda a tratar de portadores de distúrbios psíquicos.

Na reabilitação funcional e profissional promove o restabelecimento de vítimas de acidentes ou de doenças do trabalho e presta assistência aos portadores de deficiência física. Ajuda na reintegração à sociedade de viciados em drogas, menores infratores ou carentes, etc.

Todas as pessoas que possuem uma disfunção ocupacional nas suas atividades de trabalho, lazer e auto-cuidado são passíveis de obter ganhos através da terapia ocupacional.

Também escolares com problemas psicomotores, idosos com problemas de incapacidade ou de integração social, portadores de distúrbios psíquicos, profissionais que demandam reabilitação funcional, vítimas de acidentes ou de doenças do trabalho, portadores de deficiência física, viciados em drogas, menores infratores ou carentes, etc. são todos possíveis alvos da terapia ocupacional.

Ela também pode beneficiar pessoas com disfunções devidas a doenças ou ao trabalho e condições pediátricas incapacitantes.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Emagrecimento involuntário



Se você está perdendo peso intencionalmente porque está fazendo uma dieta, se dedicando a mais exercícios físicos ou até mesmo tomando remédios com esta finalidade, a resposta é óbvia.

Se, por outro lado, a perda de peso é involuntária e de causa desconhecida, ela merece ser investigada.

A princípio você pode nem notar que está perdendo peso e a observação inicial pode partir de outras pessoas.

Mas pode ser que você mesmo esteja percebendo o fato, seja porque suas roupas estejam ficando mais folgadas, seja porque o espelho ou a balança estejam lhe mostrando evidências desse emagrecimento.

A perda involuntária de peso pode ocorrer após uma perda de apetite devido a causas emocionais ou físicas ou mesmo se você está consumindo a mesma quantidade de calorias que de costume. Seja como for, ela deve ser motivo de preocupação e investigação.

Por que será?

A perda de peso involuntária pode ser extremamente perturbadora, especialmente quando você perde uma quantidade significativa de peso, sem saber o porquê.

No entanto, mesmo podendo ser um sinal de doença grave, ela também pode ser algo bem simples, como a diminuição do apetite em resposta a uma situação estressante.

A perda de peso não intencional é mais prevalente em pessoas com condições médicas pré-existentes. Frequentemente ela é o resultado de uma condição médica crônica subjacente.

Algumas pessoas que mostram este sintoma sofrem de doenças crônicas, chamadas às vezes de doenças consumptivas, incluindo, entre outras, o câncer, a AIDS e a depressão. No entanto, doenças de curto prazo, como a gripe ou o resfriado comum também podem levar à diminuição do peso.

As causas mais simples e mais comuns de perda de peso não intencional incluem depressão, diarreia, úlceras orais e infecções virais. Outras causas mais sérias e menos comuns incluem o câncer, o hipertireoidismo, infecções abdominais, gastroenterite, demência, doença celíaca e AIDS.

A perda de peso também pode ser o resultado de um transtorno alimentar, como a anorexia mental ou bulimia, por exemplo.

As consequências da perda de peso variam muito, dependendo do que a causou. Você pode notar que as roupas estão mais folgadas em seu corpo ou notar alguma mudança em sua aparência ou na forma de seu rosto. Algumas pessoas não se dão conta de estarem perdendo peso até que subam em uma balança.

As perdas de peso devidas a uma doença subjacente ocorrem juntamente com outros sinas e sintomas, como febre, perda de apetite, desconforto ou dor abdominal, diarreia ou constipação intestinal.

Certos medicamentos podem causar perda de peso, alguns tendo isso por objetivo, outros como efeito colateral indesejado. Quando a perda de peso se deve a um estresse emocional, a pessoa retorna ao peso normal quando o tenha ultrapassado. Aconselhamento e apoio psicológicos podem ser necessários para ajudar a chegar a esta fase de reequilíbrio.

Quando devida a uma doença, a recuperação ou não do peso depende da evolução da causa e das medidas adotadas no tratamento.

Algumas pessoas perdem peso com muita celeridade; outras, mais lentamente. Isso se deve, em parte, à natureza das condições subjacentes e ao metabolismo de cada indivíduo.

A perda de peso por períodos muito prolongados pode levar à desnutrição, quando não se está consumindo uma quantidade adequada de nutrientes. Geralmente ela se faz acompanhar de anemia, com deficiência de ferro e de vitamina B. Em casos graves, como na anorexia mental, a perda de peso pode ter repercussões fisiológicas intensas e mesmo letais.

Quando a perda de peso é conseguida voluntariamente, em esforços para emagrecer, ela é recebida com comemoração e euforia.




quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Fumante passivo


Fumante passivo é a pessoa que fica permanentemente exposta ao ar contaminado pela fumaça ambiental do tabaco, em geral proveniente de uma pessoa que fuma cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos, etc.

O fumante passivo é uma pessoa que convive muito próximo e permanentemente com outra que fuma, como esposa, marido, filhos, colegas de trabalho, etc. Os principais locais de exposição ao tabagismo passivo são, pois, a residência e o ambiente de trabalho. Os efeitos da exposição dependem do número de cigarros fumados, do tamanho do local, da circulação do ar no ambiente e da duração do tempo de exposição.

O índice de exposição também é elevado entre frequentadores de bares, restaurantes e casas noturnas. Nos espaços reservados para fumantes, mesmo havendo ventilação adequada, a concentração de agentes tóxicos no ar pode ser muito elevada.

Não existe um nível seguro de exposição passiva à fumaça. Mesmo pequenas exposições podem trazer riscos à saúde, aumentando a ocorrência de doenças e morte. A queima do cigarro libera mais de 4.000 substâncias químicas, capazes de irritar os olhos e as vias respiratórias, dentre as quais há cerca de 50 agentes capazes de provocar câncer.

As pessoas não fumantes quando expostas à fumaça de cigarro podem se sentir muito incomodadas e apresentar irritação nos olhos, dor de cabeça e de garganta, enjoo e dificuldade respiratória. Além disso, os não fumantes, quando em presença de fumantes, podem apresentar tosse intermitente, irritação na laringe, odores no suor e nas vestes; falta de apetite; falta de olfato e de paladar.

A caracterização do fumante passivo parte da história pessoal da pessoa. Além disso, a cotinina, dosada no sangue, indica a intensidade de exposição ao tabagismo.

A Lei Anti-Fumo proíbe fumar cigarros, charutos, cachimbos, narguilés e outros produtos derivados do tabaco em locais coletivos, públicos ou privados, de todo o país. A prevenção individual cabe principalmente à pessoa que fuma. Idealmente, ela deveria parar de fumar. Se isto for impossível ela deve, pelo menos, fumar à distância das demais pessoas, de preferência em locais abertos. Os não-fumantes, por seu turno, devem evitar a companhia frequente de fumantes.

O tabagismo passivo pode causar as mesmas doenças provocadas pelo tabagismo ativo, incluindo câncer de pulmão, doenças respiratórias e cardiovasculares. Na gravidez, pode prejudicar o crescimento do feto e aumentar o risco de complicações da gestação e do parto, tais como parto prematuro, baixo peso ao nascer e mesmo morte fetal.

Os recém-nascidos ou crianças pequenas quando expostos à fumaça do cigarro têm maior risco de morte súbita, bronquite, pneumonia, asma ou exacerbações da asma e infecções de ouvido. O crescimento das crianças também pode ser prejudicado. Nos adultos, o tabagismo passivo pode provocar doenças crônicas e aumentar a mortalidade. Mesmo quando a exposição é interrompida, a diminuição é gradual e ocorre ao longo do tempo.

O tabagismo passivo é um importante causador de agravamento no caso de pessoas com asma, alergias e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). O tabagismo passivo também diminui a capacidade para o exercício físico. A convivência com um fumante aumenta o risco de derrame cerebral, doenças cardiovasculares e diminui o colesterol bom, mesmo em pessoas jovens. Afeta, também, a coagulação do sangue, favorecendo a ocorrência de tromboses. Os riscos de arritmias cardíacas, infarto do miocárdio, perda da visão por degeneração da retina e mesmo morte, também aumentam.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Nutrientes mais apropriados para o tratamento da depressão


Existem evidências crescentes do importante papel da dieta na saúde do cérebro, particularmente em áreas associadas à depressão e demência, segundo apresentou o Dr. Drew Ramsey, professor e médico assistente de psiquiatria, da Columbia University, em uma palestra no Encontro Anual de 2016 da American Psychiatric Association (APA).

Alimentos de origem vegetal estão no topo da escala alimentar do Dr. Ramsey. Para desenvolver esse sistema de perfil nutricional, ele e seus colegas avaliaram a literatura e montaram uma lista do que eles chamam de nutrientes cerebrais essenciais (NCE) que afetam o tratamento e a prevenção da depressão.

Os principais nutrientes incluem os ácidos graxos de cadeia longa ômega 3, magnésio, cálcio, fibras e vitaminas B1, B9, B12, D e E. Além das fontes vegetais, os cientistas procuraram incluir fontes animais, pois alguns nutrientes, como a vitamina B12, são predominantemente encontrados na carne e em outros produtos animais e são absolutamente fundamentais para a saúde cerebral.

Os mecanismos possíveis pelos quais esses alimentos podem melhorar o funcionamento do cérebro incluem estabilização da membrana neuronal e efeitos anti-inflamatórios.

Além dos vegetais de folhas verdes, os pesquisadores destacaram a importância do consumo de vísceras, carnes, castanhas (nozes e amendoins), mariscos (mexilhões, mariscos, ostras), moluscos (polvo, lula, caramujo) e peixes (salmão e sardinhas). Embora seja recomendado que os pacientes comam cerca de 250-350 gramas de peixe por semana, é importante escolher peixes que tenham pouco mercúrio, limitando o consumo de cação e peixe-espada.

Os pesquisadores planejam a publicação dessa pesquisa, segundo o Dr. Ramsey, pois assim poderão contribuir com um novo conjunto de ferramentas para ajudar no tratamento e na prevenção de certas doenças mentais.



Fonte: Encontro Anual da American Psychiatric Association (APA) de 2016, apresentado em 17 de maio de 2016

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Hipertrofia de amígdalas


Hipertrofia das amígdalas é um tamanho exagerado delas o que, em geral, ocorre em conjunto com um excessivo crescimento das adenoides. As amígdalas e as adenoides normalmente crescem até os 5-6 anos de idade e a partir daí ocorre uma diminuição natural do tecido linfoide que as forma, até que, próximo à adolescência, há apenas uma quantidade residual delas na maioria das pessoas.

Em algumas crianças, o tamanho exagerado das amígdalas e sua infecção frequente torna aconselhável retirá-las por cirurgia, em virtude dos problemas que ocasionam e das complicações que podem gerar.

As amígdalas se hipertrofiam em razão de infecções bacterianas, virais ou fúngicas. Uma causa comum de amigdalites é a amigdalite estreptocócica. Entre os vírus, se incluem o adenovírus, os vírus da gripe, os enterovírus, os vírus do herpes simples e outros. Entre os fungos, destaca-se a candidíase oral. Também a faringite afeta as amígdalas e pode provocar o seu crescimento.

As amígdalas são constituídas de tecido linfoide, responsável por ajudar o organismo a produzir anticorpos e células de defesa. Quando infectadas, elas crescem exageradamente e podem causar dores e dificuldades respiratórias. Note-se que tanto as amígdalas quanto as adenoides se situam nas principais portas de entrada do organismo, a boca e o nariz.

As amígdalas (e adenoides) crescidas e obstrutivas são mais frequentes entre os 3 e 11 anos de idade. Os principais sintomas dessas hipertrofias são o ronco noturno e a respiração pela boca.

A respiração crônica pela boca pode causar alterações no crescimento da face e predispor a inflamações frequentes da garganta. Além disso, a hipertrofia das amígdalas (e adenoides) pode causar a síndrome da apneia obstrutiva do sono, trazendo prejuízos para a criança, como: qualidade ruim do sono, déficit de atenção, hiperatividade e risco aumentado de doenças cardiovasculares, entre outros. Quando hipertrofiadas, as amígdalas podem também:

•Causar obstrução da respiração nasal, levando o indivíduo a respirar pela boca, trazendo vários prejuízos para a pessoa.

•Causar vermelhidão e dor.

•Muitas vezes pode haver pus, o que é um sinal de emergência da amigdalite.

•A hipertrofia pode ocorrer também como resultado de um abscesso. Às vezes, a hipertrofia das amígdalas leva a uma alteração na voz do paciente, sem que haja o mau hálito que ocorre quando há danos ao tecido.

•Os pacientes também podem ter o apetite reduzido e uma fadiga excessiva.

A hipertrofia das amígdalas é tão ostensiva que pode ser diagnosticada por sua visão direta. Quando for necessário determinar o fator etiológico que causa uma infecção nas amígdalas, pode-se fazer cultura do material colhido nelas.

O tratamento depende do tamanho que tenham adquirido e da intensidade dos sintomas que causem. Em alguns casos, a inflamação das amígdalas pode ser tratada com medicamentos anti-inflamatórios e nos casos de infecções bacterianas, com antibióticos. A terapia medicamentosa costuma ser suficiente para o alívio dos sintomas e da hipertrofia.

Quando o tratamento falha, pode ser aplicada a amigdalectomia (retirada cirúrgica das amígdalas) às vezes conjuntamente com as adenoides.

Na ausência de tratamento da hipertrofia das amígdalas, pode haver frequentes infecções do ouvido e sinusite, devido ao fato de que a hipertrofia pode interferir com a expectoração de seios nasais e das tubas de Eustáquio.

A infecção das amígdalas pode espalhar para outras partes do pescoço e da garganta e, à distância, causar danos aos rins, válvulas cardíacas e pneumonia.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Terror Noturno


O pavor noturno (ou pânico noturno ou terror noturno) é uma parassonia (distúrbio do sono) que começa com manifestações de intenso medo ainda durante o dormir, culminando em um despertar abrupto com um grito de pânico e respiração rápida, como se a pessoa estivesse vendo algo terrorífico.

Cada episódio habitualmente se inicia durante a primeira parte do sono e dura poucos minutos. Depois de acordar, a pessoa de nada se recorda ou apenas se recorda de alguns poucos fragmentos do episódio. Pode acontecer que mesmo o intervalo em que a pessoa fica acordada pode ser apagado junto com o pesadelo e, assim, é comum que no dia seguinte a pessoa não lembre do evento ocorrido.

O terror noturno é diferente do pesadelo, uma vez que este acontece a qualquer pessoa, nas últimas horas do sono e a permite se lembrar do que estava sonhando. O terror noturno, ao contrário, ocorre nas primeiras fases do sono, é mais comum nas crianças e, apesar de mais dramático, geralmente não se lembra do acontecido.

As causas do terror noturno ainda não são bem conhecidas. Contudo, sabe-se que a ansiedade extrema, o estresse e os conflitos conscientes ou inconscientes são fatores facilitadores. Em crianças, a precipitação de eventos traumáticos, a febre e os distúrbios emocionais podem ter um papel fundamental no desencadeamento do problema.

Há algumas teorias biológicas do terror noturno que postulam uma imaturidade do sistema nervoso como uma possível causa, mas ela ainda não foi comprovada.

O pavor noturno consiste em ataques de terror agudo emergindo do sono profundo após o primeiro período de sono REM, acompanhado por violentos movimentos corporais, agitação extrema, gritos, gemidos, falta de ar, suor, confusão mental, fuga da cama ou do quarto em alguns casos, comportamento destrutivo e agressão dirigida a objetos ou contra si próprio ou outras pessoas, podendo resultar em ferimentos, fraturas e lesões.

Durante um ataque de terror noturno, existe uma superativação do sistema nervoso simpático, incluindo dilatação das pupilas, sudorese, grande aumento da frequência respiratória e cardíaca e aumento da pressão arterial. Há uma baixa ou nenhuma responsividade relativa aos esforços para confortar a pessoa durante o episódio.

Em momentos mais estressantes os episódios podem ocorrer com maior frequência, várias vezes por semana.

O diagnóstico do terror noturno é realizado pela descrição comportamental dos episódios feita por outras pessoas e pelos sintomas queixados pelo próprio paciente.

Geralmente o pavor noturno não demanda tratamento medicamentoso. Neste, como todos os outros distúrbios do sono, a regularidade nos horários de dormir e despertar contribui muito para a solução do problema. Por outro lado, os alimentos gordurosos ou os de difícil digestão e as bebidas ou medicamentos que causem estimulação do sistema nervoso devem ser evitados.

Uma psicoterapia de longo prazo frequentemente é necessária. O tratamento também deve ter como objetivo proteger o paciente de possíveis danos contra ele mesmo e contra as demais pessoas.

O pavor noturno é mais comum nas crianças e pode levar anos para desaparecer, podendo mesmo não desaparecer completamente. No entanto, o mais comum é que os episódios de terror noturno desapareçam à medida que a criança cresce.

Não há como prevenir absolutamente a ocorrência do pavor noturno, mas sua ocorrência pode ser diminuída por meio de uma boa higiene do sono e seus efeitos danosos podem ser evitados ou diminuídos por meio de algumas providências: o quarto de dormir deve ficar desobstruído, as grades na cama devem ser acolchoadas, as janelas devem estar firmemente fechadas e é importante que a pessoa tenha fácil acesso à iluminação.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Otimismo pode melhorar a saúde e aumentar a longevidade


O estudo coordenado pelo Dr. Eric S. Kim, do Departamento de Ciências Sociais e de Comportamento, da Harvard T.H. Chan School of Public Health, liga o otimismo a um menor risco de danos à saúde e ao aumento da longevidade.

Evidências crescentes ligaram atributos psicológicos positivos como otimismo a um menor risco de danos à saúde, especialmente a doenças cardiovasculares. Além disso, foi demonstrado em ensaios randomizados que o otimismo pode ser aprendido.

Se as associações entre otimismo e resultados mais amplos de saúde são estabelecidas, isso pode levar a novas intervenções que melhoram a saúde pública e a longevidade. No presente estudo, avaliou-se a associação entre otimismo e mortalidade por causa específica em mulheres, considerando o papel de possíveis variáveis de confusão (características sociodemográficas, depressão) e intermediárias (hábitos de saúde, condições de saúde). Foram utilizados dados prospectivos do Nurses’ Health Study.

A disposição otimista foi medida em 2004; todas as causas e as taxas de mortalidade por causa específica foram avaliadas de 2006 a 2012. Usando os modelos de risco proporcional de Cox, verificou-se que um maior grau de otimismo estava associado a um menor risco de mortalidade.

Após ajustes para fatores sociodemográficos de confusão, comparando às mulheres no quartil mais baixo de otimismo, as mulheres no quartil mais alto tiveram uma razão de risco inferior para a mortalidade por todas as causas. Adicionando hábitos de saúde, condições de saúde e depressão, atenuou-se mas não eliminou-se as associações.

As associações foram mantidas para várias causas de morte, incluindo câncer, doença cardíaca, acidente vascular cerebral, doença respiratória e infecção. Dado que o otimismo está associado a numerosas causas de mortalidade, ele pode ser um alvo valioso para novas pesquisas sobre estratégias para melhorar a saúde.




Fonte: American Journal of Epidemiology, publicação online de 7 de dezembro de 2016


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Alergia a camarão



A alergia ao camarão é uma reação alérgica que acontece imediatamente ou algumas horas após a ingestão do camarão. Ela pode ser de dois tipos:

(1) alergia à proteína do camarão e
(2) alergia ao conservante usado nos congelados (metabissulfito de sódio).

Quando a alergia é à proteína, há grandes chances de que a pessoa seja alérgica também a outros frutos do mar, e basta a ingestão de um pequeno pedaço desses alimentos para desencadear uma grave reação alérgica. Por outro lado, em quem é alérgico ao conservante o aparecimento dos sintomas depende da quantidade ingerida do conservante.

As alergias ao camarão são causadas por uma reação exagerada do sistema imunológico aos alergenos que ele contém. Ele identifica uma determinada proteína do camarão ou o corante a ele acrescentado como prejudiciais, desencadeando a produção de anticorpos contra esses fatores.

Toda vez que entrar em contato com esses produtos, o sistema imunológico libera histamina e outros produtos químicos que causam os sintomas agudos da alergia. Os principais fatores de risco podem ser observados se há alergias familiares de qualquer tipo e, embora as pessoas de qualquer idade possam desenvolver uma alergia ao camarão, ela é mais comum em mulheres adultas. Em crianças, ela é mais comum em meninos.

Os sintomas da alergia ao camarão geralmente se desenvolvem dentro de minutos ou horas após comê-lo e podem incluir: urticária, prurido, placas vermelhas na pele, inchaço dos lábios, face, língua e garganta, ou outras partes do corpo, sibilos, congestão nasal ou dificuldade em respirar, dor abdominal, diarreia, náuseas ou vômitos, tonturas ou desmaios.

A alergia pode causar uma reação potencialmente fatal, conhecida como anafilaxia, uma emergência médica que requer tratamento imediato. O risco de anafilaxia fica aumentado se a pessoa sofre de asma ou de quaisquer outras reações alérgicas e se tem uma história de anafilaxia induzida por outros alimentos.

O médico se baseará nos sintomas e fará um exame físico que tanto pode encontrar os sinais da alergia como excluir ou confirmar outros problemas médicos. Os seguintes exames podem ser aconselháveis: (1) teste cutâneo, mediante o qual uma pequena quantidade da proteína encontrada no camarão é injetada na pele para verificar se haverá ou não uma reação e (2) teste de sangue, que pode medir a resposta do sistema imunológico à proteína alergênica, medindo a quantidade de certos anticorpos na corrente sanguínea.

Ainda não existe cura para a alergia ao camarão. A reação alérgica ligeira pode ser tratada com medicamentos anti-histamínicos e corticoides para reduzir sinais e sintomas. Em caso de uma reação alérgica grave o paciente precisará de cuidados de emergência. Se o paciente tiver risco de anafilaxia, deve sempre levar consigo uma injeção de epinefrina, a ser administrada ao primeiro sinal de uma reação alérgica, enquanto o paciente procura atendimento.

Em casos mais raros, a alergia pode evoluir para um choque anafilático, podendo ameaçar a vida.

A única maneira segura de evitar uma reação alérgica ao camarão é evitar o contato com ele (e com todos os outros moluscos em geral e produtos que os contenha). Mesmo vestígios leves de camarões (ou moluscos) podem causar uma reação grave em algumas pessoas.

Em casos graves, a alergia a camarões (e moluscos) pode levar à anafilaxia, marcada por constrição das vias aéreas, pulso rápido, choque, tonturas e desmaios. A anafilaxia pode ser fatal.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Conheça um pouco sobre o sono


A fisiologia do sono descreve os diversos estados funcionais pelos quais passa o cérebro durante o dormir. Esses estados são captados por registros polissonográficos tomados durante o sono, que registram, entre outras coisas, as variações de pressão arterial, de temperatura corporal e de tônus muscular. Também é registrado um eletroencefalograma que fornece a variação das ondas cerebrais durante as diversas fases do sono.

Foi o uso do eletroencefalograma, a partir de 1929, que deu novo impulso aos estudos neurofisiológicos do sono. Mas foram Loomis e Davis, em 1937, por meio de achados eletroencefalográficos e de dados clínicos, que descreveram, pela primeira vez, que o dormir se processa por ciclos.

Além disso, numa noite de sono as funções fisiológicas gerais sofrem alterações e, portanto, há diferenças na gênese e configuração clínica das patologias diurnas e noturnas. Algumas alterações fisiológicas observadas durante os estágios do sono são: (1) alterações da pressão arterial e da frequência cardíaca; (2) movimentos oculares horizontais rápidos e coordenados; (3) diminuição do débito cardíaco; (4) uma vasoconstrição que pode ser responsável por acidentes físicos; (5) mudanças no ritmo respiratório; (6) especificidades na secreção de muitos hormônios, que obedecem ao ciclo sono-vigília e podem ocorrer em momentos específicos do sono; (7) ereção clitoridiana nas mulheres e peniana no homem; (8) alterações transitórias dos mecanismos homeostáticos, etc.

Antigamente o sono era considerado um fenômeno passivo, semelhante ao coma e à morte, resultante da não estimulação periódica do cérebro. Atualmente compreende-se que ele envolve mecanismos ativos que podem produzir manifestações fisiológicas diversas e... sonhos.

Estudos recentes mostram que em animais superiores e no homem, o sono não é um processo passivo que começa no adormecer e termina no despertar, mas dá-se por ciclos ativos. Descreve-se quatro desses ciclos que têm traçados eletroencefalográficos de voltagem progressivamente crescente e frequência decrescente, nomeados de estágios I, II, III e IV, após os quais ocorre um sono clinicamente profundo que apresenta um traçado eletroencefalográfico próximo ao da vigília e que é chamado, por isso, de sono paradoxal ou dessincronizado.

Durante essa fase, ocorre regularmente uma sucessão de movimentos oculares horizontais rápidos e conjugados e, por isso, costuma-se também chamá-la de sono R.E.M. (rapid eyes moviments). Após esta fase, dá-se um leve e rápido despertar, do qual a pessoa não chega a se dar conta. Esse é o momento em que ela, por exemplo, revira e às vezes senta na cama, murmura alguma coisa e ajeita as cobertas, sem lembrar-se de nada a seguir.

Cada pessoa faz de 4 a 6 ciclos de sono por noite de sono, de duração média de 80 minutos cada um. Do ponto de vista eletroencefalográfico, os quatro primeiros períodos são chamados sono lento (de ondas cerebrais lentas) e o período REM é dito sono rápido (de ondas cerebrais rápidas).

O sono REM é marcado por certas ocorrências típicas:

(1) Traçado eletroencefalográfico parecido com o da vigília;

(2) Sono profundo, do ponto de vista clínico - o despertar é mais difícil que nos outros estágios;

(3) Ocorrência em toda a série animal, a partir dos répteis;

(4) Tendência a manter constante o seu percentual em relação ao sono total, ocorrendo compensação quase que integral, em caso de privação de alguma parcela dele;

(5) Ocorrências fisiológicas marcantes: aceleração da respiração; elevação da tensão arterial e da temperatura, secreção de hormônios e ereção de pênis. Essa última ocorrência é tão regular que pode ser utilizada para diferenciar a impotência orgânica da psicogênica, já que ela não ocorre na primeira, mas está sempre presente na segunda;

(6) Surtos de movimentos rápidos, horizontais, conjugados e sincrônicos, de ambos os olhos, pois a musculatura deles é uma das poucas que escapa ao relaxamento então existente - as outras são as do ouvido médio e da respiração - sob um fundo de movimentos lentos e globosos;

(7) Incidência de sonhos em 74 a 95 % das pessoas; enquanto que nos outros estágios, fenômenos parecidos só ocorrem em 50% dos pesquisados e não têm a mesma vivacidade dos sonhos que ocorrem naquele período;

(8) Diferenças quanto à lembrança dos sonhos. Enquanto ela é praticamente total se a pessoa é acordada durante o período R.E.M, é quase nula se o despertar ocorre após oito minutos, na fase de sono de ondas lentas.

O homem adulto ocupa 20 a 25% do período total de sono com esse tipo de sono. Eles são 80% do dormir na fase intrauterina; 50% ao nascer, 30-35% aos 2 anos. A percentagem definitiva de 25% é alcançada por volta dos 10 anos de idade. Como o sono R.E.M ocorre toda noite e várias vezes por noite, sonha-se várias vezes a cada noite. O fato de que muitas vezes as pessoas acordem alegando não ter sonhado é devido ao esquecimento dos sonhos. Os últimos períodos R.E.M. de cada noite são os mais longos e os sonhos que ocorrem durante eles são os mais lembrados.

A percentagem de sono R.E.M tende a ser tão constante que se houver privação dele em um ciclo, ocorre uma compensação no ciclo seguinte e ele se inicia mais prontamente e se torna mais longo. Isso sugere que ele tenha uma função biológica necessária. Embora a supressão do período R.E.M não conduza à psicose, como se pensou, leva a comportamentos bizarros, ansiosos e irritáveis.

Enfim, o sono é um fenômeno que depende de vários aspectos da vida e que pode ter as mais vastas implicações e depender de uma inumerável gama de fatores.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Psilocibina reduziu sintomas de ansiedade e depressão


A ansiedade e a depressão clinicamente significativas são comuns em pacientes com câncer e estão associadas a resultados psiquiátricos e clínicos não satisfatórios. Pesquisas históricas e recentes sugerem um papel da psilocibina no tratamento da ansiedade e da depressão relacionadas ao câncer.

Neste estudo duplo-cego, controlado por placebo, 29 pacientes com ansiedade e depressão relacionadas ao câncer foram randomizados e receberam tratamento com psilocibina (0,3 mg/kg) ou niacina em dose única, ambos em conjunto com psicoterapia.

Antes do crossover, a psilocibina produziu melhorias imediatas, substanciais e sustentadas na ansiedade e depressão e levou a diminuições na desmoralização e desesperança relacionadas ao câncer, bem-estar espiritual melhorado e aumento da qualidade de vida. No seguimento de 6,5 meses, a psilocibina foi associada a efeitos ansiolíticos e antidepressivos duradouros (aproximadamente 60-80% dos participantes continuaram com reduções clinicamente significativas na depressão ou ansiedade), benefícios sustentados na angústia existencial e qualidade de vida, bem como atitudes melhoradas em relação à morte. A experiência mística induzida pela psilocibina mediou o seu efeito terapêutico sobre a ansiedade e a depressão.

Concluiu-se que em conjunto com a psicoterapia, a psilocibina em dose moderada única produziu efeitos ansiolíticos e antidepressivos rápidos, robustos e duradouros em pacientes com sofrimento psicológico relacionado ao câncer.


Fonte: Journal of Psychopharmacology, volume 30, número 12, de dezembro de 2016

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Parassonias: perturbações do sono


Parassonias são transtornos comportamentais causados ou exagerados pelo sono, afora a apneia do sono.

São uma categoria de distúrbios do sono que envolvem movimentos anormais, comportamentos, emoções, percepções e sonhos que ocorrem ao adormecer, ao despertar ou durante o sono, principalmente o sono excitado.

Algumas parassonias são mais comuns durante a infância e diminuem com a idade. Elas podem ser desde acontecimentos inócuos até outros dramáticos, especialmente se associados a sonhos ou alucinações.

As diversas parassonias têm causas variadas, mas todas têm em comum o fato de ocorrerem ou serem exacerbadas durante o sono. Quase sempre têm uma história familiar positiva, mostrando uma vertente etiológica genética, mas podem ser também motivadas por lesões cerebrais. Raramente a parassonia está ligada a um transtorno psiquiátrico e muitas delas ficam com suas causas não esclarecidas.

Embora as parassonias possam acontecer em qualquer idade, elas são mais usuais na infância. As mais comuns são:

Enurese noturna: A enurese noturna é um distúrbio mais frequente em crianças emocionalmente perturbadas. É mais frequente em meninos que em meninas, mas também pode ocorrer em adultos jovens ou em idosos. Às vezes, tem causas orgânicas, como diabetes, cistites, anomalias do trato urinário, epilepsia, etc.

Sonambulismo: O sonambulismo é caracterizado pela realização de atividades motoras bem coordenadas, como andar, comer, trocar de roupa, dirigir ou escrever uma carta, embora o indivíduo esteja dormindo e não se lembre de nada depois de acordar. Nos episódios mais ligeiros e mais simples, a pessoa pode apenas assentar-se na cama, vociferar alguma coisa, arranjar um cobertor, etc. Nos mais complexos pode ir à garagem, pegar o carro e dirigir até outra cidade. De início, a pessoa mantém os olhos abertos e a expressão vazia e podem ocorrer murmúrios, fala incoerente e respostas monossilábicas, dando a impressão de estar acordada. Deixada a si mesma, usualmente a pessoa retorna para a cama e no dia seguinte não se lembra do ocorrido, nem relata um sonho. O sonambulismo é mais frequente no primeiro terço da noite, em que predominam os estágios III e IV, de ondas lentas do sono, e nas famílias de crianças enuréticas. A enurese também ocorre nestes mesmos estágios, parecendo haver alguma correlação entre esses dois distúrbios.

Comportamento REM anormal: No comportamento REM anormal há um desequilíbrio entre a atividade mental do sonho e a ausência da inibição motora relacionada ao conteúdo onírico, fazendo com que o indivíduo "realize" o seu sonho. Esta atividade motora pode atingir a(o) companheira(o) e resultar em traumatismos diretos e mesmo crimes. Tais pacientes, embora não sejam agressivos quando acordados, podem sê-lo durante o sono. Além disso, costumam relatar sonhos intensos e vívidos, frequentemente com conteúdo agressivo. Nota-se um sono agitado, que pode ocorrer todos os dias, frequentemente no final da noite, quando predomina o sono REM. Pode ser precipitado pelo uso de inibidores da recapitação da noradrenalina, sendo mais frequente em homens e em idosos.

Pavor noturno: O pavor noturno talvez seja o mais bem estudado dos transtornos do sono. Tem ocorrência mais frequente numa criança, mas também pode acontecer num adulto. Cerca de trinta minutos após o início do sono a pessoa senta na cama, grita e sua e tem a expressão aterrorizada. As tentativas de acalmá-la, feitas por outras pessoas, habitualmente não têm sucesso. Em geral, não se guarda memória do episódio na manhã seguinte.

Parassonias não-REM: As parassonias não-REM são distúrbios de excitação que ocorrem durante a fase III do sono não-REM. Em particular, estes distúrbios envolvem a ativação do sistema nervoso autônomo, do sistema motor ou dos processos cognitivos durante as transições sono/vigília.

Despertar confusional: O despertar confusional é mais comum em bebês e crianças, começando com grandes quantidades de movimentos e gemidos, que podem mais tarde progredir para agitações ocasionais, confusões e choro inconsolável. Geralmente a pessoa permanece na cama, assentada, e depois volta a dormir. Estes episódios duram de segundos a minutos e podem não ser reativos a estímulos. Outros distúrbios do sono podem também estar presentes.

Bruxismo (ou ranger dos dentes): O bruxismo é um distúrbio comum do sono, em que o indivíduo atrita os dentes superiores contra os inferiores. Essa “moagem” pode desgastar e fraturar os dentes, e também causar dor, enxaquecas, disfunção da articulação temporomandibular (ATM) e outras complicações. O bruxismo pode ser causado pelo estresse e pela ansiedade.

Síndrome das pernas inquietas: É um transtorno que provoca um desejo incontrolável de mover as pernas. Há uma sensação desagradável nas pernas que melhora ao movê-las. Ocasionalmente, esse mesmo distúrbio acontece quando em repouso e pode tornar difícil o dormir. Devido às dificuldades do sono, as pessoas podem ter sonolência diurna, baixa de energia, irritabilidade e humor deprimido. Os fatores de risco para a síndrome incluem baixos níveis de ferro, insuficiência renal, doença de Parkinson, diabetes, artrite reumatoide e gravidez. Certos medicamentos também podem desencadear o distúrbio.

Distúrbios alimentares durante o sono: Os distúrbios alimentares que ocorrem durante o sono são uma combinação de uma parassonia com um distúrbio alimentar. É considerado como uma categoria específica do sonambulismo ligado aos desejos conscientes de uma pessoa.

Distúrbio do comportamento do sono REM: Os distúrbio do comportamento do sono REM são uma parassonia do sono REM na qual a atonia muscular comum durante o sono está ausente. Isso permite que o indivíduo atue seus sonhos e pode resultar em lesões para si ou para os outros. Cerca de 90% dos pacientes com esse distúrbio são do sexo masculino e a maioria tem mais de 50 anos de idade. Durante o episódio pode haver vocalizações, gritos ou impropérios associados a sonhos, atividade motora simples ou complexa, que pode resultar em lesão ao indivíduo ou para o parceiro de cama. Pode ser associado a doenças neurodegenerativas ou a efeitos colaterais de medicação, mas em 55% dos casos a causa é desconhecida ou idiopática.

Paralisia recorrente do sono: É uma incapacidade de realizar movimentos voluntários no início do sono ou ao acordar do sono. As pessoas costumam dizer que embora acordadas não conseguem falar, se mexer ou reagir.

Muitas pessoas que sofrem parassonias melhoram simplesmente por alterar seus hábitos de sono, que incluem manter um horário regular de dormir, controlar o estresse, ter uma rotina de sono relaxante e dormir por tempo suficiente. Existem medicamentos que objetivam controlar os sintomas.

Uma pessoa com parassonia deve procurar tratamento sempre que haja risco de lesão a si próprio ou a outra pessoa. Também deve ser procurado tratamento se a parassonia perturbar o sono da pessoa ou do parceiro de cama ou de quarto, se há angústia sobre os sintomas ou se a frequência da parassonia é muito alta ou crescente.

As pessoas com parassonias potencialmente perigosas podem se precaver com alarmes de porta, que despertem a pessoa durante um episódio, evitar dormir na cama de cima de um beliche ou ao lado de uma janela, remover objetos pontiagudos da cabeceira da cama e advertir os companheiros de quarto e os outros membros da família para estarem cientes do seu problema.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Falando sozinho na rua e não é ao celular...


O conceito estrito de solilóquio faz fronteira e transição com muitos outros fenômenos psicológicos, tornando difuso o seu conceito. O sentido mais comum diz que solilóquio (do latim: soliloquĭum) é o hábito de "falar sozinho", num “diálogo consigo mesmo” e não se resumiria a pensamentos próprios, no plano da própria consciência, como ocorre no monólogo interior, mas se dirige, embora virtualmente, a um objeto externo.

O conceito pode se superpor ao monólogo interior, aos monólogos usados no teatro, às conversações que as crianças costumam manter com um amigo imaginário, ao hábito de “falar consigo mesmo”, etc. No entanto, nem sempre o solilóquio é uma conversa solitária, porque pode haver um suposto interlocutor externo, determinado ou não, suposto ou alucinado. No solilóquio propriamente dito, embora a fala seja enunciada em voz alta, o indivíduo ignora a presença de outra pessoa. Nesse sentido, no solilóquio a pessoa fala para si mesma.

Não é incomum que, para as pessoas leigas, o solilóquio seja visto com uma carga pejorativa e seja associado à doença mental ou à incapacidade para a comunicação interpessoal. No entanto, quase sempre esse não é esse o caso. Na verdade, muitos pacientes com doenças mentais aparentemente “falam sozinhos”, mas em geral têm interlocutores alucinados.

As causas e funções do solilóquio entre adultos sadios ainda não são inteiramente conhecidas. Parece que eles continuam a falar consigo mesmos quando estão diante de tarefas novas ou difíceis, para aprender novas habilidades. Em algumas pessoas, o solilóquio pode se tornar um mecanismo de defesa para lidar com a solidão. Comumente, este tipo de comportamento ocorre momentaneamente em pessoas que precisam desabafar algo que sentem dificuldade de fazê-lo junto a outras pessoas.

Em resumo, os solilóquios podem ocorrer como resultado de privação de contato humano, estados de exacerbação emocional, alteração bioquímica, trauma físico ou psicológico, doenças mentais ou tumores em certas partes do cérebro. As pessoas com síndrome de Down são propensas a solilóquios.

Mais do que normal, algumas formas de solilóquio são úteis: o ato de falar consigo mesmo desempenha um papel essencial no desenvolvimento das crianças e as ajuda a coordenar suas ações e pensamentos, sendo importante para a aprendizagem de novas habilidades e raciocínios.

Os monólogos interiores e os solilóquios têm em comum o fato dos pensamentos e emoções partirem de uma única pessoa, ou seja, a fala se resume somente a ela e, portanto, não há interlocutores. Enquanto os monólogos interiores nem sempre possam ser observados, nem sigam padrões lógicos de pensamento, os solilóquios em voz alta geralmente são percebidos pelas demais pessoas e obedecem a tais padrões.

O solilóquio trata-se de uma “conversa” subjetiva que permite aceder ao interior do sujeito em questão e pode cobrir um diálogo que a pessoa mantém consigo mesma ou com outros, com um objeto ou com um ser incapaz de falar, como uma planta ou um animal, por exemplo. O conteúdo dessas conversas é extremamente variável, indo desde elogios até apreciações negativas de si mesmo e auto-recriminações.

Em doentes mentais, essas conversas podem ser esdrúxulas e extravagantes. Este recurso de falar sozinho permite que o sujeito exteriorize os seus sentimentos mesmo que esteja desacompanhado. Muitas vezes, a pessoa só “conversa consigo mesma” quando está diante da própria imagem, como num espelho, por exemplo.

A não ser quando haja uma doença de base, o solilóquio não tem nem carece de um tratamento específico. Ele tem maiores repercussões nas relações interpessoais do que consequências clínicas. No caso de uma patologia subjacente reconhecida, ela deve ser abordada com os recursos pertinentes.

Se não há uma doença de base que o motive, o solilóquio tende a ser duradouro ou mesmo definitivo. No caso de uma patologia subjacente reconhecida, a evolução dele depende do curso da doença.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Dietas vegetariana e vegana: posição da Academia de Nutrição e Dietética Americana


A posição da Academia de Nutrição e Dietética sobre o uso de dietas vegetarianas adequadamente planejadas, incluindo a dieta vegana, foi publicada pelo Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics.

Os principais pontos de que tratam os especialistas dizem respeito a:

•Dietas vegetarianas e veganas são dietas saudáveis, nutricionalmente adequadas e que podem proporcionar benefícios de saúde para a prevenção e para o tratamento de certas doenças.

•Essas dietas são apropriadas para todos os estágios do ciclo de vida, incluindo gravidez, lactação, infância precoce e infância tardia, adolescência, idade adulta, terceira idade e também para atletas.

•Dietas baseadas em plantas são mais ambientalmente sustentáveis do que dietas ricas em produtos animais, porque elas usam menos recursos naturais e estão associadas a muito menos danos ambientais.

•Vegetarianos e veganos estão em risco reduzido para certas condições de saúde, incluindo doença cardíaca isquêmica, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, obesidade e certos tipos de câncer.

•A baixa ingestão de gorduras saturadas e altas ingestões de vegetais, frutas, grãos integrais, leguminosas, produtos de soja, nozes e sementes (todos ricos em fibras e fitoquímicos) são características de dietas vegetarianas e veganas, as quais produzem menores níveis de colesterol total e do colesterol de baixa densidade (LDL colesterol ou colesterol ruim) e também melhor controle da glicose no organismo. Estes fatores contribuem para a redução de doenças crônicas.

•É importante lembrar que os veganos precisam utilizar fontes confiáveis de vitamina B 12, como alimentos fortificados ou suplementos.

•Para vegetarianos mais jovens e veganos em particular, é importante planejar refeições que incluem ferro, zinco, vitamina B 12, e para alguns, cálcio e vitamina D. Por esses motivos, esse tipo de dieta precisa ser planejado de forma adequada e balanceada.

•Segundo os autores, as pessoas que adotam uma dieta vegana reduzem o risco de diabetes em 62%, o risco de câncer de próstata em 35%, a chance de serem hospitalizados por um ataque cardíaco em 33%, o risco de doença cardíaca em 29% e o risco de todas as formas de câncer em 18%.

•As pessoas que adotam dietas vegetarianas têm um menor índice de massa corporal (IMC), melhor controle da pressão arterial e da glicose no sangue, menos inflamação no organismo e níveis mais baixos de colesterol em comparação com os não vegetarianos.

•Só porque uma dieta é vegetariana ou vegana, no entanto, não significa necessariamente que seja saudável. Uma dieta saudável é rica em alimentos minimamente processados, especialmente derivados de plantas, mas também podem vir de animais. O que não entra em uma dieta vegana, por exemplo.

Alguns especialistas não envolvidos nesta recomendação da Academia de Nutrição e Dietética recomendam como uma dieta saudável, por exemplo, uma dieta de alto teor de gordura ao estilo mediterrâneo, rica em frutas, legumes não amiláceos, nozes, feijão, peixe, grãos integrais e óleos vegetais e incluindo iogurte, queijo, aves e ocasionalmente carne vermelha fresca e não processada.



Fonte: Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, volume 116, número 12, de dezembro de 2016

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Seu filho fala dormindo?


O sonilóquio é uma parassonia benigna caracterizada pela fala que ocorre durante o sono. Por sua vez, parassonias são desordens do sono que envolvem anormalidades que ocorrem ao dormir nos movimentos, comportamentos, emoções, percepções e sonhos.

O sonilóquio é mais comum nas crianças e se refere ao falar durante o dormir, indo desde murmúrios e falas inteligíveis ou não, até gritos.

O sonilóquio pode ocorrer sem causa aparente ou ser consequência de uma desordem do sono conhecida, como distúrbio de comportamento no sono REM, sonambulismo, terror noturno e transtornos alimentares relacionados ao sono. Há alguns fatores que contribuem para desencadear o sonilóquio nas pessoas predispostas, tais como privação de sono, estresse, consumo de álcool e sonolência diurna. Se o sonilóquio for dramático e emocional, geralmente é sinal de outra desordem do sono associada.

O sonilóquio ocorre durante saídas transitórias do sono REM ou na saída dele e as palavras faladas no sonho são ditas em voz alta. O falar dormindo é uma ocorrência muito comum, relatada por cerca de 50% dos pais de crianças pequenas. Após a puberdade, essa taxa cai significativamente e na vida adulta é de cerca de 4% ou menos.

As pessoas que são acordadas logo após um sonilóquio geralmente não se dão conta de terem falado, nem se lembram do que disseram. No entanto, com bem menor frequência, a pessoa pode conservar-se consciente quanto ao que se passou. Isso depende do estágio do sono em que o sonilóquio terá ocorrido. Durante os estágios não-REM o indivíduo não se lembrará de nada e despertará confuso. Já no estágio REM, ele se recordará e irá saber sobre quais assuntos foi questionado.

O falar dormindo por si só é inofensivo, mas pode ser tão alto que acorde os parceiros de sono e, dependendo do seu conteúdo, pode causar constrangimentos ao próprio indivíduo ou às outras pessoas. A altura da voz e a intensidade e complexidade das construções de frases são muito variáveis. Muitas vezes o tom de voz do indivíduo é diferente de sua voz normal.

O sonilóquio (falar dormindo) pode ocorrer várias vezes durante o sono. Quem escuta pode ser capaz ou não de compreender o que a pessoa com sonilóquio está dizendo, mas a própria pessoa não tem controle sobre o que fala, nem lembranças posteriores do que foi falado. O sonilóquio normalmente é curto (dura apenas alguns segundos), mas existem casos em que a pessoa fala e murmura durante horas, sem parar. Em alguns casos, o paciente pode estabelecer um diálogo de frases simples, estereotipadas e com relativa concisão de ideias.

O reconhecimento do sonilóquio depende de que outras pessoas relatem ouvir o indivíduo em causa falar durante o sono, uma vez que a própria pessoa quase nunca tem consciência do fato. Para quem dorme ao lado, contudo, a situação pode ser divertida, embaraçosa, constrangedora ou incômoda. Durante um episódio de sonilóquio o indivído pode, inclusive, fazer revelações que na vigília considera sigilosas.