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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Conheça um pouco sobre o sono


A fisiologia do sono descreve os diversos estados funcionais pelos quais passa o cérebro durante o dormir. Esses estados são captados por registros polissonográficos tomados durante o sono, que registram, entre outras coisas, as variações de pressão arterial, de temperatura corporal e de tônus muscular. Também é registrado um eletroencefalograma que fornece a variação das ondas cerebrais durante as diversas fases do sono.

Foi o uso do eletroencefalograma, a partir de 1929, que deu novo impulso aos estudos neurofisiológicos do sono. Mas foram Loomis e Davis, em 1937, por meio de achados eletroencefalográficos e de dados clínicos, que descreveram, pela primeira vez, que o dormir se processa por ciclos.

Além disso, numa noite de sono as funções fisiológicas gerais sofrem alterações e, portanto, há diferenças na gênese e configuração clínica das patologias diurnas e noturnas. Algumas alterações fisiológicas observadas durante os estágios do sono são: (1) alterações da pressão arterial e da frequência cardíaca; (2) movimentos oculares horizontais rápidos e coordenados; (3) diminuição do débito cardíaco; (4) uma vasoconstrição que pode ser responsável por acidentes físicos; (5) mudanças no ritmo respiratório; (6) especificidades na secreção de muitos hormônios, que obedecem ao ciclo sono-vigília e podem ocorrer em momentos específicos do sono; (7) ereção clitoridiana nas mulheres e peniana no homem; (8) alterações transitórias dos mecanismos homeostáticos, etc.

Antigamente o sono era considerado um fenômeno passivo, semelhante ao coma e à morte, resultante da não estimulação periódica do cérebro. Atualmente compreende-se que ele envolve mecanismos ativos que podem produzir manifestações fisiológicas diversas e... sonhos.

Estudos recentes mostram que em animais superiores e no homem, o sono não é um processo passivo que começa no adormecer e termina no despertar, mas dá-se por ciclos ativos. Descreve-se quatro desses ciclos que têm traçados eletroencefalográficos de voltagem progressivamente crescente e frequência decrescente, nomeados de estágios I, II, III e IV, após os quais ocorre um sono clinicamente profundo que apresenta um traçado eletroencefalográfico próximo ao da vigília e que é chamado, por isso, de sono paradoxal ou dessincronizado.

Durante essa fase, ocorre regularmente uma sucessão de movimentos oculares horizontais rápidos e conjugados e, por isso, costuma-se também chamá-la de sono R.E.M. (rapid eyes moviments). Após esta fase, dá-se um leve e rápido despertar, do qual a pessoa não chega a se dar conta. Esse é o momento em que ela, por exemplo, revira e às vezes senta na cama, murmura alguma coisa e ajeita as cobertas, sem lembrar-se de nada a seguir.

Cada pessoa faz de 4 a 6 ciclos de sono por noite de sono, de duração média de 80 minutos cada um. Do ponto de vista eletroencefalográfico, os quatro primeiros períodos são chamados sono lento (de ondas cerebrais lentas) e o período REM é dito sono rápido (de ondas cerebrais rápidas).

O sono REM é marcado por certas ocorrências típicas:

(1) Traçado eletroencefalográfico parecido com o da vigília;

(2) Sono profundo, do ponto de vista clínico - o despertar é mais difícil que nos outros estágios;

(3) Ocorrência em toda a série animal, a partir dos répteis;

(4) Tendência a manter constante o seu percentual em relação ao sono total, ocorrendo compensação quase que integral, em caso de privação de alguma parcela dele;

(5) Ocorrências fisiológicas marcantes: aceleração da respiração; elevação da tensão arterial e da temperatura, secreção de hormônios e ereção de pênis. Essa última ocorrência é tão regular que pode ser utilizada para diferenciar a impotência orgânica da psicogênica, já que ela não ocorre na primeira, mas está sempre presente na segunda;

(6) Surtos de movimentos rápidos, horizontais, conjugados e sincrônicos, de ambos os olhos, pois a musculatura deles é uma das poucas que escapa ao relaxamento então existente - as outras são as do ouvido médio e da respiração - sob um fundo de movimentos lentos e globosos;

(7) Incidência de sonhos em 74 a 95 % das pessoas; enquanto que nos outros estágios, fenômenos parecidos só ocorrem em 50% dos pesquisados e não têm a mesma vivacidade dos sonhos que ocorrem naquele período;

(8) Diferenças quanto à lembrança dos sonhos. Enquanto ela é praticamente total se a pessoa é acordada durante o período R.E.M, é quase nula se o despertar ocorre após oito minutos, na fase de sono de ondas lentas.

O homem adulto ocupa 20 a 25% do período total de sono com esse tipo de sono. Eles são 80% do dormir na fase intrauterina; 50% ao nascer, 30-35% aos 2 anos. A percentagem definitiva de 25% é alcançada por volta dos 10 anos de idade. Como o sono R.E.M ocorre toda noite e várias vezes por noite, sonha-se várias vezes a cada noite. O fato de que muitas vezes as pessoas acordem alegando não ter sonhado é devido ao esquecimento dos sonhos. Os últimos períodos R.E.M. de cada noite são os mais longos e os sonhos que ocorrem durante eles são os mais lembrados.

A percentagem de sono R.E.M tende a ser tão constante que se houver privação dele em um ciclo, ocorre uma compensação no ciclo seguinte e ele se inicia mais prontamente e se torna mais longo. Isso sugere que ele tenha uma função biológica necessária. Embora a supressão do período R.E.M não conduza à psicose, como se pensou, leva a comportamentos bizarros, ansiosos e irritáveis.

Enfim, o sono é um fenômeno que depende de vários aspectos da vida e que pode ter as mais vastas implicações e depender de uma inumerável gama de fatores.

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