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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Agora são dez porções ao dia de frutas e vegetais para prevenir mais mortes prematuras


A ingestão de frutas e vegetais acima de cinco porções por dia mostra grande benefício na redução do risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, câncer e morte precoce. Esta é a descoberta de uma nova pesquisa, liderada por cientistas do Imperial College London, que analisou 95 estudos sobre a ingestão de frutas e vegetais.

A equipe descobriu que, embora as cinco porções recomendadas de frutas e vegetais por dia reduzissem o risco de doença, o maior benefício vinha de comer 800g por dia (aproximadamente 10 porções de frutas ou vegetais, sendo uma porção definida como 80 gramas).

O estudo, que foi uma meta-análise de todas as pesquisas disponíveis em populações de todo o mundo, incluiu até 2 milhões de pessoas e avaliou até 43.000 casos de doença cardíaca, 47.000 casos de acidente vascular cerebral, 81.000 casos de doenças cardiovasculares, 112.000 casos de câncer e 94.000 mortes.

Na pesquisa, publicada no International Journal of Epidemiology, a equipe estima que cerca de 7,8 milhões de mortes prematuras em todo o mundo poderiam ser potencialmente prevenidas a cada ano se as pessoas comessem 10 porções ou 800 gramas de frutas e legumes por dia.

Os resultados revelaram que mesmo uma ingestão diária de 200g estava associada a um risco reduzido de 16% de doença cardíaca, de 18% de acidente vascular cerebral e um risco reduzido de 13% de doença cardiovascular. Este montante, que equivale a duas porções e meia, também foi associado com 4% de risco reduzido de câncer e 15% de redução no risco de morte prematura.

Outros benefícios foram observados com maiores ingestões. Comer até 800g de frutas e legumes por dia - ou 10 porções - foi associado com:

•Um risco reduzido de 24% de doença cardíaca.
•Um risco reduzido de acidente vascular cerebral de 33%.
•Um risco reduzido de 28% de doença cardiovascular.
•Um risco reduzido de 13% de câncer total.
•E uma redução de 31% na morte prematura.

Este risco foi calculado em comparação com não comer qualquer fruta e legume.

As diretrizes atuais do Reino Unido orientam comer pelo menos cinco porções ou 400g por dia. No entanto, menos de um em cada três adultos do país atingem este objetivo.

A equipe não foi capaz de investigar a ingestão superior a 800 g por dia, uma vez que este foi o extremo superior do intervalo entre os estudos.

Uma porção de 80g de frutas e vegetais é igual a aproximadamente uma banana pequena, maçã ou pera. Três colheres cheias de legumes cozidos, como espinafre, ervilhas, brócolis ou couve-flor contam como uma porção.

Os resultados sugerem que, embora cinco porções de frutas e legumes seja bom, dez por dia é ainda melhor, segundo o Dr. Dagfinn Aune, autor principal do estudo. Os pesquisadores também examinaram os tipos de frutas e legumes que podem reduzir o risco de doenças específicas e descobriram que as seguintes frutas e vegetais podem ajudar a prevenir doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, doenças cardiovasculares e morte precoce: maçãs e peras, frutas cítricas, saladas e vegetais de folhas verdes, como espinafre, alface e chicória e vegetais crucíferos como brócolis, repolho e couve-flor. Vegetais verdes, como espinafre ou feijão verde, legumes amarelos, como pimentões e cenouras, e vegetais crucíferos podem reduzir o risco de câncer.

Associações semelhantes foram observadas para vegetais crus e cozidos em relação à morte precoce, no entanto, estudos adicionais são necessários sobre os tipos específicos de frutas e legumes e os métodos de preparação dos alimentos. A equipe diz que o número de estudos foi mais limitado para essas análises e a possibilidade de que outras frutas e vegetais específicos também possam reduzir o risco não pode ser excluída.

O Dr. Aune disse que vários mecanismos potenciais podem explicar porque frutas e legumes têm benefícios tão profundos para a saúde. Frutas e legumes têm demonstrado reduzir os níveis de colesterol, pressão arterial e aumentar a saúde dos vasos sanguíneos e do sistema imunológico, devido à complexa rede de nutrientes que possuem. Por exemplo, eles contêm muitos antioxidantes, que podem reduzir danos ao DNA e levar a uma redução no risco de câncer.

Ele acrescentou que compostos chamados glucosinolatos em vegetais crucíferos, como brócolis, ativam enzimas que podem ajudar a prevenir o câncer. Além disso, frutas e legumes também podem ter um efeito benéfico sobre as bactérias que habitam naturalmente o nosso intestino.

O que fica claro com o presente trabalho é que uma alta ingestão de frutas e legumes detêm enormes benefícios para a saúde, por isso devemos tentar aumentar a sua ingestão em nossa dieta.



Fonte: Imperial College London, em 23 de fevereiro de 2017

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Iatrogenia


Iatrogenia (do grego: iatros = curador + genesis = origem) refere-se ao efeito negativo sobre o paciente, resultante de qualquer procedimento curativo realizado por um profissional de saúde ao aplicar produtos ou serviços pretensamente benéficos, como sondagens, intubações, cirurgias e medicamentos. Alguns efeitos iatrogênicos são facilmente constatáveis como, por exemplo, um linfedema resultante de uma cirurgia de câncer de mama. Outros são menos óbvios, tais como algumas interações medicamentosas.

Um efeito iatrogênico nem sempre é prejudicial como, por exemplo, uma cicatriz criada por uma cirurgia. Um lugar especial entre as iatrogenias deve ser concedido aos erros médicos (imperícia, imprudência e/ou negligência) pois são adventícios, enquanto as demais iatrogenias são inerentes e até mesmo inevitáveis a certos atos médicos.

De um modo geral pode-se dizer que a Medicina comporta duas grandes dimensões: (1) uma curativa, que tem por objetivo reparar as doenças e (2) outra preventiva, que visa evitar que elas ocorram. Ao lado delas convive inevitavelmente a Medicina Iatrogênica, aquela que, independentemente da vontade do profissional, causa danos aos pacientes decorrentes dos próprios atos curativos ou propedêuticos.

A iatrogenia é inerente à prática médica, ainda que o médico ou a equipe médica sejam muito competentes e disponham dos melhores recursos tecnológicos. Amputar um membro, por exemplo, pode significar, a um só tempo, salvar a vida do paciente e mutilar seu organismo. Michael Balint, que foi um expoente da relação médico-paciente, afirma que todo médico é, em graus variáveis, sempre iatrogênico. Ao receitar alguma medicação produz também efeitos indesejáveis, ao realizar uma cirurgia produz uma cicatriz, ao fazer um exame propedêutico pode provocar uma reação desagradável, etc.

As iatrogenias abrangem não só os danos materiais mas também os psicológicos, tanto causados pelo médico como por enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas e demais profissionais que tratem o paciente.

Os limites da iatrogenia com outros efeitos dos procedimentos médicos são fluidos e oscilantes. Eles tanto se confrontam com os erros médicos como com os problemas devido a um inadequado aparelhamento dos serviços de saúde que obrigam os profissionais a trabalharem em situações não ideais.

Por outro lado, o progresso da tecnologia médica e seu emprego em procedimentos terapêuticos e propedêuticos causa às pessoas problemas subsidiários antes inexistentes. Novos medicamentos levam a novos efeitos colaterais e a incompatibilidades ainda não conhecidas, novas cirurgias conduzem a novas sequelas, a medicina nuclear expõe às radiações, etc. A atual avalanche de introdução da tecnologia na Medicina afastou o médico do paciente e tornou a relação entre ambos mais impessoal. Enfim, no afã de salvar vidas a Medicina cria novas ‘doenças’.

As causas das iatrogenias incluem efeitos colaterais de medicamentos, complicações decorrentes de procedimentos médicos, infecções hospitalares, erro médico, projeto incorreto dos instrumentos médicos, ansiedade e insegurança do médico ou da equipe de saúde em relação ao procedimento a ser executado, tratamentos desnecessários, etc.

Tais causas podem ser provocadas por médicos, farmacêuticos, enfermeiros, dentistas, psicólogos, psiquiatras, cientistas de laboratório e terapeutas. A iatrogênese também pode resultar de tratamentos de medicina complementar e alternativa, envolvendo ainda outros profissionais.

As iatrogenias podem causar os mais diversos efeitos sobre as pessoas, desde uma doença que antes o paciente não tinha como, por exemplo, as ocasionadas por uma vacina, até sequelas definitivas, como uma alteração da voz numa cirurgia de laringe e mesmo a morte que pode ocorrer como acidente anestésico ou cirúrgico, por exemplo.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Complexo de Napoleão ou "síndrome do homem baixinho"


Napoleão Bonaparte (1769-1821) foi um líder político e militar durante os últimos estágios da Revolução Francesa. Foi imperador dos franceses entre 1804 e 1814, posição que voltou a ocupar por poucos meses em 1815. Como comandante militar, ele foi responsável por estabelecer a hegemonia francesa sobre a maior parte da Europa.

Nascido na Ilha da Córsega, ainda muito jovem, com somente 10 anos de idade, foi enviado a uma escola militar na França. Seu empenho e determinação fizeram dele tenente da artilharia do exército francês aos 19 anos. Tornou-se general aos 27 anos e imperador aos 35 anos (1804). Tinha apenas 1,68m de altura e tornou-se reconhecido por sua sede de conquistas e pela sua autoconfiança. Aos seus soldados procurava infundir a ideia de que eram invencíveis.

Chegou a ter um império só comparável em tamanho ao Império Romano. No entanto, esse Império começou a ruir quando Napoleão empreendeu uma mal sucedida campanha militar contra a Rússia. A guerra foi perdida e nos anos seguintes houve a formação de uma coligação europeia contra Napoleão que acabou resultando na invasão e dominação da França e no exílio dele na ilha de Elba. De lá, Napoleão conseguiu organizar sua fuga e com aqueles que ainda lhe eram fiéis montou um novo governo, em uma tentativa de reestruturar seu império, o qual, no entanto, durou pouco e foi posteriormente chamado Governo dos Cem Dias.

O grande momento dessa nova fase de governo foi a Batalha de Waterloo, ocorrida na Bélgica, que também foi perdida por Napoleão. Após isso, o imperador francês foi novamente exilado, mas dessa vez na ilha de Santa Helena, no Atlântico Sul, sob a vigilância da marinha inglesa. Napoleão morreu nessa ilha no ano de 1821.

O Complexo de Napoleão, ou “síndrome do homem baixinho”, é a denominação popular de um suposto complexo de inferioridade que pode afetar algumas pessoas de baixa estatura. A expressão também é genericamente usada para referir-se a pessoas que procuram supercompensar uma incapacidade percebida num setor de sua personalidade, em outros aspectos de suas vidas. Por exemplo, tentando se sair muito bem nos estudos como compensação de dificuldades na vida social.

Tal complexo foi assim denominado por referência ao general Napoleão Bonaparte, o qual poderia estar procurando supercompensar sua baixa estatura com a busca do poder, da vitória e da conquista na guerra. Contudo, estudos recentes da University of Central Lancashire sugerem que o complexo de Napoleão, relativo à altura, pode ser um mito e que homens de baixa estatura são menos susceptíveis a ataques de raiva do que homens de estatura mediana.

No entanto, há os que afirmam que a "síndrome do homem de baixa estatura" é um problema real. Um estudo americano revela que homens baixinhos que se sentem menos masculinos que outros apresentam uma tendência acentuadamente maior a cometer atos de violência, em comparação com homens que estão de bem com seus corpos. Pesquisadores da Universidade de Oxford descobriram que as pessoas mais baixas apresentam tendência a serem paranoicas e a desconfiar ou ter medo de outras, reagindo com violência. De uma maneira colateral, a percepção popular expressa o problema com a conhecida frase “baixinho invocado”.

Para Alfred Adler, psicólogo austríaco fundador da psicologia do desenvolvimento individual, o sentimento de inferioridade em qualquer aspecto da vida faz nascer um desejo compensatório de superioridade, de dominação e de poder que tanto pode conduzir a alguma forma de sucesso pessoal ou traduzir-se em desejos hostis e antissociais que caracterizam a neurose.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Anvisa aprova o Mevatyl, primeiro medicamento à base de Cannabis sativa, para o tratamento da espasticidade relacionada à esclerose múltipla


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro do medicamento específico Mevatyl (tetraidrocanabinol (THC), 27 mg/mL + canabidiol (CBD), 25 mg/mL), canabinoides obtidos a partir da Cannabis sativa. Este é o primeiro medicamento registrado no Brasil à base de Cannabis sativa. A solução oral (spray) Mevatyl será destinada ao tratamento clínico de pacientes não responsivos a medicamentos antiespásticos usados nos espasmos da esclerose múltipla.

O Mevatyl é registrado em outros países com o nome comercial Sativex e está aprovado em outros 28 países, incluindo Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Suíça e Israel.

A nova medicação está indicada para o tratamento sintomático da espasticidade moderada a grave relacionada à esclerose múltipla, sendo destinado a pacientes adultos não responsivos a outros medicamentos antiespásticos e que demonstram melhoria clinicamente significativa dos sintomas relacionados à espasticidade durante um período inicial de tratamento com o Mevatyl. Este deve ser adicionado à medicação antiespástica atual do paciente.

Como o THC, uma de suas substâncias ativas, pode causar agravamento de crises epiléticas, o Mevatyl não é indicado para o tratamento de epilepsia. Também não é recomendado para uso em crianças e adolescentes com menos de 18 anos de idade devido à ausência de dados de segurança e eficácia para esta faixa etária.

A ocorrência de dependência com o seu uso é improvável, de acordo com dados de estudos clínicos realizados com a medicação. Ele terá tarja preta em sua rotulagem e a dispensação ficará sujeita à prescrição médica por meio de notificação de receita A prevista na Portaria SVS/MS nº 344/1998 e de Termo de Consentimento Informado ao Paciente.

O medicamento será fabricado por GW Pharma Limited – Reino Unido e a detentora do registro do medicamento no Brasil é a empresa Beaufour Ipsen Farmacêutica Ltda., localizada em São Paulo.



Fonte: Anvisa, janeiro de 2017

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Complexo de Édipo


O Complexo de Édipo é um dos conceitos fundamentais de Freud. Este conceito refere-se a uma fase no desenvolvimento infantil em que existe uma “disputa” entre a criança e o genitor do mesmo sexo pelo amor do genitor do sexo oposto. Na psicanálise, o Complexo de Édipo é visto como o desejo inconsciente de uma criança, mantido assim através da repressão, de ter atrações sexuais para com o genitor do sexo oposto. Isto é, os meninos têm atração por suas mães e as meninas por seus pais.

Ocorre no terceiro dos cinco estágios da evolução da sexualidade infantil (1. estágio oral, 2. estágio anal, 3.estágio fálico, 4. estágio de latência e 5. estágio genital), nas idades de 3 a 6 anos. Mais comumente, o complexo edipiano refere-se ao desejo sexual de um filho por sua mãe e Jung criou o termo "complexo de Electra" para referir-se à manifestação do complexo em meninas, com o quê Freud não concordou.

Segundo Freud propôs, os meninos experimentam o Complexo de Édipo sob a forma de ansiedade de castração (medo de perder o pênis), as meninas sob a forma de inveja do pênis. A não resolução do complexo pode levar a sérias perturbações psíquicas como neuroses, pedofilia, homossexualidade e outras.

A resolução bem-sucedida do complexo contribui para o desenvolvimento psíquico da criança e é feita pela identificação da criança com o genitor do mesmo sexo. Se a evolução psicossexual de homens e mulheres fica detida nos estádios edipianos eles são considerados "fixados na mãe" ou "fixados no pai" e isso leva, na vida adulta, a uma escolha amorosa de um parceiro assemelhado a eles.

A história de Édipo

Édipo é um personagem da tragédia grega de Sófocles do ano 429 a.C., “Édipo Rei”, que involuntariamente mata seu pai, o rei Laio, de Tebas e, por obra do destino, acaba por se casar com sua mãe, a rainha Jocasta.

O enredo da peça é mais ou menos o seguinte: ao nascer, sua mãe leva Édipo a um oráculo que deve fazer a previsão de seu futuro. Esse oráculo prevê para ele um destino trágico: quando crescer, matará seu pai e casará com sua mãe. Tentando evitar que essa terrível predição se realize, a rainha decide sacrificar a criança, abandonando-a com os pés amarrados no Monte Citerão, entre Tebas e Corinto. Por piedade, um pastor coríntio o recolhe e leva-o para sua cidade, onde acaba adotado pelo rei Pólibo.

Muitos anos depois, consultando o oráculo de Delfos para esclarecer uma dúvida sobre sua origem, o jovem é atingido pela terrível profecia. A fim de evitar o desastre previsto e crendo ser filho legítimo do rei e da rainha de Corinto, Édipo parte dessa cidade e se dirige a Tebas. Na viagem encontra um velho homem com quem discute pela prioridade de passagem em uma encruzilhada. Encolerizado, mata o viajante e toda sua comitiva, exceto um só homem. Chegando a Tebas derrota a Esfinge, monstro postado à entrada da cidade e assim a salva da praga que a assolava. Como dupla recompensa recebe o título de rei, em lugar de Creonte, irmão de Jocasta, que reinava então e a mão da rainha Jocasta, já que o rei Laio fora assassinado misteriosamente.

Quinze anos depois, uma nova peste terrível assola a cidade. Creonte consulta novamente o oráculo de Delfos sobre o que fazer e obedecendo-o diz ao rei Édipo que, para livrar a cidade do flagelo, é preciso encontrar e punir o assassino de Laio. O cego Tirésias é chamado para ajudar. Vem-se a saber que Édipo não era filho legítimo de Pólibo, que acabara de morrer. Quase ao mesmo tempo, aparece o homem sobrevivente da comitiva de Laio no dia em que este foi morto. Trata-se do mesmo pastor que recolheu o bebê no monte Citerão e que reconhece que o rei de Tebas e aquela criança eram a mesma pessoa.

Assim, após exaustivas investigações, Édipo conclui que o homem que ele matara era o rei Laio, seu pai verdadeiro e a rainha que desposara era, de fato, sua mãe. Tudo estava revelado: Édipo matara seu próprio pai e desposara sua verdadeira mãe. O destino se cumprira, inexoravelmente. Diante da revelação da tragédia, a rainha se suicida e Édipo fura os próprios olhos e decide abandonar a cidade, não sem antes testemunhar a luta de seus dois filhos pelo poder agora vago e amaldiçoá-los.

Torna-se um andarilho. Ao aproximar-se dos bosques de Colono pressente que logo morrerá. Sua filha Antígona o guia, mas não consegue enterrá-lo. A terra então se abre e o acolhe e se torna sagrada.

Como evolui o Complexo de Édipo?

Se tudo se desenvolver normalmente, com a evolução a menina acaba por se identificar com a mãe, desenvolvendo assim atitudes femininas, enquanto o garoto passa a se identificar com o pai, adotando o modelo masculino de ser. Porém, quando o temor de ficar sem a posse do genitor do mesmo sexo, que normalmente a criança hostiliza, for maior que tudo, pode ocorrer uma empatia com ele, gerando possivelmente no futuro atitudes homossexuais.

O complexo de Édipo permite que o indivíduo faça a transição da esfera dos instintos e dos impulsos para o universo cultural. Na hipótese de a pessoa não conseguir realizar esta mudança fundamental, ela pode entrar em um processo de inquietação psíquica extrema. Para que a criança possa reprimir sua libido – energia direcionada para toda forma de prazer, não só para o sexual – ela passa por um mecanismo simbólico de castração. Com medo de ser castrada, a criança oculta seus sentimentos e os canaliza para o âmbito social na direção de parceiros que não sejam tabus para ela.

O desejo primitivo dirigido a um dos pais pode despertar na criança uma motivação ciumenta que exclua o outro genitor. A oposição aos pais pode não ter necessariamente uma base sexual, mas pode ser também uma parte da luta para afirmar a própria identidade e rebelião contra o controle deles. É assim que a criança torna-se mais independente.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Vitamina D está na moda!


Conhecida como a vitamina do sol, a vitamina D é produzida pelo corpo em resposta à exposição da pele à luz solar. Ela também ocorre naturalmente em alguns alimentos, como alguns peixes, óleos de fígado de peixe, gemas de ovos, produtos lácteos e cereais fortificados. Não há dúvida de que a vitamina D desempenha um papel vital na saúde e no bem-estar das pessoas e deve-se agir de modo a garantir seus níveis normais.

Em geral, a maioria dos especialistas acha que o nível sanguíneo da vitamina D deva ficar em 30 a 40 ng/mL. Se a pessoa evitar o sol, sofrer de alergias ao leite ou adotar uma dieta vegetariana estrita, poderá ter níveis mais baixos e estar em risco de deficiência da vitamina D.

Como a atuação da vitamina D depende da luz solar, a exposição ao sol é essencial. Por isso, as pessoas que vivem em regiões setentrionais, usam vestes longas ou coberturas na cabeça ou têm uma ocupação que evita a exposição ao sol estão em maiores riscos de sofrerem as consequências da deficiência de vitamina D.

Outra causa pode ser uma dieta vegetariana estrita, em que a pessoa deixa de consumir os níveis recomendados de vitamina D, ao longo do tempo, já que a maioria das fontes naturais é de origem animal. Na pessoa de pele escura, o pigmento de melanina reduz a capacidade de produzir vitamina D em resposta à exposição à luz solar. Por isso, os idosos de pele escura têm um risco mais alto de deficiência dessa vitamina.

Pessoas que tenham má absorção de gordura (por exemplo, a doença de Crohn, doença celíaca, etc.) e as pessoas que fizeram cirurgia bariátrica são frequentemente incapazes de absorver o suficiente da vitamina D, que é solúvel em gordura. Alguns medicamentos podem aumentar a degradação de vitamina D e levar a níveis baixos. As pessoas com doença renal crônica, hiperparatireoidismo, desordens crônicas de formação de granuloma e alguns linfomas também podem ter uma perda de vitamina D. As pessoas com mais de 70 anos têm diminuída a sua capacidade de sintetizar vitamina D a partir da exposição ao sol, mas embora isto possa causar algum impacto, não causa mais deficiência que os outros fatores de risco.

A vitamina D promove a absorção de cálcio no intestino, mantém os níveis de cálcio no sangue para permitir a mineralização normal do osso e previne que os níveis sanguíneos de cálcio fiquem anormalmente baixos, o que pode levar à tetania, entre outras consequências. Ela também é essencial para a síntese do tecido ósseo, porque ajuda o organismo a usar o cálcio da dieta. Por isso, ela é especialmente importante no período de crescimento e, nas mulheres, no período da menopausa, em que o risco de osteoporose está aumentado.

Tradicionalmente, a deficiência de vitamina D tem sido associada ao raquitismo nas crianças e osteomalácia (enfraquecimento dos ossos) nos adultos, mas cada vez mais tem-se revelado a importância dela na proteção contra uma série de problemas de saúde. A vitamina D parece desempenhar um papel importante na prevenção e tratamento de várias condições médicas, incluindo a diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2, hipertensão arterial, intolerância à glicose e esclerose múltipla.

Para muitas pessoas, os sintomas são sutis e às vezes passam despercebidos. No entanto, mesmo sintomas leves podem representar riscos importantes para a saúde. Os sintomas mais comuns são dor óssea e fraqueza muscular. Os baixos níveis sanguíneos de vitamina podem causar, além de doenças ósseas, doenças metabólicas, cardiovasculares e autoimunes, câncer, infecções e desordens cognitivas, além de prejuízo cognitivo em idosos e asma grave em crianças.

A deficiência de vitamina pode ser constatada em um exame de sangue simples, que deve ser pedido quando houver situações de risco, mesmo na ausência de sintomas. Comparando os resultados obtidos com os valores de referência, o médico pode diagnosticar a deficiência, se houver.

A vitamina D deve ser suplementada através de correções na dieta e/ou de medicações. Existem dois tipos de vitamina D: D2 e D3. A vitamina D3 é a que melhor corrige os níveis sanguíneos baixos de vitamina D e por isso deve ser a preferida. A quantidade em que ela deve ser tomada depende da gravidade da deficiência. Nos meses de pouco sol devem ser usadas quantidades um pouco maiores do que nos demais meses. Os suplementos de vitamina D devem ser tomados com uma refeição que contenha gordura, porque a vitamina D é lipossolúvel.

A ingestão excessiva de vitamina D, na tentativa de corrigir a deficiência, pode levar a níveis elevados de cálcio no sangue (hipercalcemia), fraqueza, confusão mental, constipação, perda de apetite e desenvolvimento de depósitos dolorosos de cálcio.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Queixas orgânicas e psicogênicas


Frequentemente os médicos se deparam com a questão de precisarem fazer distinção se uma determinada queixa do paciente é de etiologia predominantemente orgânica ou psicológica. Às vezes, uma tal diferenciação assume grande importância clínica. Uma dor no peito em aperto tanto pode ser causada por uma ansiedade/angústia como por problemas numa artéria cardíaca.

Não há um método absoluto que marque uma nítida diferença entre os dois tipos de queixas e erros podem ser cometidos nos dois sentidos: uma queixa orgânica pode ser tomada erroneamente como psicológica e outra psicogênica pode ser tomada indevidamente como orgânica.

Além do mais, os dois tipos de queixas podem se combinar em diferentes proporções. No entanto, existem vários critérios que tomados em conjunto podem fornecer meios de fazer essa distinção com razoável segurança.

Uma condição orgânica não reconhecida como tal e atribuída erroneamente a uma causa psicológica pode evoluir para um estágio mais grave de uma doença e mesmo, em alguns casos, causar a morte. Por outro lado, a suposição de uma causa orgânica para uma queixa que tenha raízes psicológicas conduz o paciente para o profissional errado, motiva gastos com exames e tratamentos que podem ser desnecessários e gera preocupações e apreensões que poderiam ser evitadas.

É muito comum o paciente com queixas psicogênicas ouvir do profissional da saúde, na ausência de qualquer achado somático, a afirmação “você não tem nada”, a qual é recebida por ele com indisfarçável decepção. Na verdade, a afirmação é incorreta. Sentir algo onde tudo está fisicamente perfeito não é normal. O paciente realmente tem algo, embora esse algo não seja orgânico. O profissional que deve tratá-lo não é o médico clínico ou cirurgião, mas um psiquiatra ou um psicólogo.

Alguns critérios tomados em conjunto podem ajudar a distinguir com razoável segurança entre as duas condições e melhor orientar os tratamentos, sem que nunca se possa ter uma segurança absoluta porque, além de tudo, há diferentes possibilidades de combinações entre as duas situações.

Acresce ainda que, como foi dito, uma queixa orgânica pode ser matizada por aspectos psicológicos. Tudo deve começar com uma boa história clínica, feita de maneira minuciosa e sem pressa, na qual se verificará:

1.Para as queixas psicogênicas não há achados físicos anormais subjacentes ou eles não guardam proporção com a intensidade das queixas. Os exames laboratoriais e os outros exames complementares estão dentro do normal.

2.As queixas orgânicas obedecem estritamente à anatomia e à fisiologia orgânicas. As queixas psicossomáticas, por seu turno, seguem uma antomia e fisiologia populares imaginárias. Essa antomia e fisiologia desconhecem, por exemplo, a distribuição metamérica nos nervos. Por outro lado, os sintomas psicogênicos seguem a lei do tudo ou nada e não conhecem as gradações que ocorrem nos sintomas de natureza física.

3.As queixas orgânicas são mais bem definidas quanto ao tempo e localização. Geralmente o paciente sabe relatar precisamente quando começaram e onde exatamente se localizam. Tipicamente, de modo ideal, o paciente pode dizer, por exemplo: “é uma dor aqui nas costas (indicando com a mão) que começou quando me agachei para pegar um peso”.

4.As queixas orgânicas costumam ser relatadas com maior objetividade ou minimizadas pelos pacientes, enquanto as outras são recheadas de referências pouco precisas e exibidas mais ostensivamente, o que empresta a elas certo ar de dramaticidade.

5.Os pacientes usualmente apresentam maior adesividade às queixas psicogênicas que às orgânicas e tendem a ser mais repetitivos e insistentes sobre elas que sobre as outras, chegando a alardeá-las.

6.As queixas orgânicas usualmente variam com acontecimentos fisiológicos, como exercícios físicos, posições, alimentação, respiração, etc, enquanto as psicogênicas alteram-se mais comumente com variações de vivências emocionais.

7.As queixas orgânicas na maioria das vezes aparecem de maneira aleatória e a qualquer momento, enquanto as psicogênicas geralmente surgem quando de acontecimentos vivenciais infelizes.

8.As reações às queixas orgânicas costumam ser mais comedidas e adequadas, enquanto aquelas devidas a causas psicogênicas tendem a ser mais floreadas e levam as pessoas a imaginar consequências mais sérias que as reais. Os pacientes com queixas orgânicas experimentam uma ansiedade normal; os psicogênicos exibem uma ansiedade exagerada. As queixas de fundo psicogênico geralmente são adjetivadas com expressões superlativas: “uma dor de morrer”, “uma queimação terrível”, “um sangramento que parecia não ter mais fim”, etc.

9.Nos pacientes com queixas orgânicas pode haver história prévia e familiar de enfermidades correlatas ou o relato de eventos que as favoreça, como viagens a lugares endêmicos, exposição a agentes patogênicos, certas atividades profissionais, etc. Naqueles com queixas psicogênicas geralmente há história pessoal ou familiar de outros sintomas neuróticos: fobias, TOC, depressões, etc.

10.As queixas orgânicas ou se iniciam agudamente ou têm um curso de progressivo agravamento até começarem a se dissipar, quando for o caso. O curso das queixas psicogênicas usualmente é mais oscilante.

11.Por fim, os médicos costumam concluir um diagnóstico pela causação psicológica por exclusão, ou seja, apenas depois de constatar serem negativos todos os exames pertinentes a cada caso.

Conquanto seja justificável todo cuidado em estabelecer um diagnóstico seguro, a observância dos critérios aqui ventilados pode ajudar a alcançá-lo.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Biotina para cabelos e unhas


A biotina, também conhecida como vitamina B7, vitamina H ou coenzima R, é uma vitamina hidrossolúvel essencial, indispensável ao organismo, que funciona como uma coenzima no metabolismo das purinas (um tipo de proteína) e dos carboidratos (açucares e amido) e na formação da pele, unhas e cabelo, bem como na síntese de ácidos graxos.

A biotina deve ser reposta diariamente porque o nosso organismo não consegue armazená-la. Seu excesso é eliminado pela urina.

O organismo humano é incapaz de produzir biotina. Ela é sintetizada por bactérias intestinais e pode ser suplementada através da alimentação. Os alimentos ricos em biotina incluem leite e derivados, aves, peixes, nozes, soja, amendoim, espinafre, couve-flor, arroz integral, banana, morango, melancia, farelo de arroz, sementes de girassol, lentilhas, cevada, ervilha, cenoura, aveia, entre outros.

Ovos e carnes possuem grandes quantidades de biotina, mas nesses produtos ela é pouco biodisponível e pode ser inibida por uma proteína, a avidina. Também é possível encontrar a biotina como preparado farmacológico na forma de pó ou de cápsulas. A ingestão de bebidas alcoólicas reduz em muito a absorção dessa vitamina.

A biotina é necessária para o bom funcionamento de todas as células do corpo. Ela atua na metabolização das gorduras, dos carboidratos e das proteínas, gerando energia e produzindo ácidos que mantém em bom estado a pele, as unhas e os cabelos. No metabolismo, a biotina age como nutriente da pele, deixando-a hidratada e tem relação com a produção da queratina, favorecendo o crescimento e fortalecimento das unhas e do cabelo.

Seus benefícios estéticos para a pele e para os cabelos tornaram a biotina famosa, mas a verdade é que seus benefícios vão muito além disso. Por exemplo, a biotina beneficia quem procura perder peso e ganhar massa muscular. A biotina também atua no sistema nervoso como calmante. Ela ainda tem efeitos redutores sobre os níveis de colesterol e triglicerídeos, ajuda a manter os níveis de açúcar no sangue e tem papel relevante no metabolismo e no reparo dos tecidos.

A dosagem usual de ingesta de biotina em adultos saudáveis é de 30 mcg por dia. Uma verdadeira deficiência dessa vitamina é bastante rara. Mesmo em casos de pouco aporte, as bactérias intestinais podem produzir quantidades suficientes de biotina. É possível, porém, que problemas genéticos afetem a sua produção, que também pode ser prejudicada pelo consumo de antibióticos, que podem matar as bactérias que a produzem.

Verifica-se ainda uma concentração abaixo da ideal sobretudo em idosos, alcoólatras, pessoas com problemas digestivos, pessoas epilépticas e em atletas. Gestantes e lactantes também podem sofrer frequentemente com a falta dessa vitamina.

Uma deficiência desta vitamina pode se manifestar como queda de cabelo, problemas na pele como dermatites, acne, coceiras e pode provocar conjuntivite e problemas neurológicos sob a forma de letargia, formigamento das extremidades, alucinações e depressão. Deficiências prolongadas, como aquelas causadas por fatores genéticos, podem levar a uma menor eficiência do sistema imunológico.

Outros sintomas possíveis são coceira e erupção cutânea escamosa vermelha ao redor dos olhos, nariz e boca. A carência dessa vitamina pode causar também alterações na visão e audição, retardar o desenvolvimento e causar dermatites. Grandes déficits de biotina causam depressão, apatia, alucinações e formigamento nos braços e pernas. A deficiência dessa vitamina pode ser induzida por um defeito genético ou pelo tabagismo.

A suplementação de biotina quase nunca é necessária para pessoas sem a deficiência hereditária dessa vitamina, mas é absolutamente necessária para os portadores dessa deficiência.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Antipsicóticos


A psicose é um estado mental patológico caracterizado pela perda de contato com a realidade. O indivíduo passa a apresentar comportamento antissocial, pensamento confuso, delírios, alucinações, alterações patológicas dos sentimentos e, por vezes, agressividade. Sem consciência da sua enfermidade, o paciente apresenta uma convicção inabalável em suas ideias, por mais absurdas e ilógicas que pareçam aos demais.

Diz-se que são positivos os sintomas psicóticos que consistem num “a mais” em relação a atividade psíquica normal, como as alucinações, os delírios e a agitação psicomotora e negativos aqueles sintomas que representam um “a menos” em relação ao normal, como a apatia, a depressão, etc.

Antipsicóticos (ou neurolépticos) são medicações capazes de corrigir ou melhorar os sintomas psicóticos. Eles agem mais eficazmente contra os sintomas positivos que contra os negativos. No entanto, nem todos os casos de psicose são tratados unicamente por esse grupo de medicamentos. Muitas vezes pode-se utilizar também antidepressivos.

O uso prolongado de pequenas doses de antipsicóticos pode prevenir as agudizações das psicoses. Os neurolépticos, uma subdivisão dos antipsicóticos, foram os primeiros remédios desenvolvidos para o tratamento de alucinações e delírios e, por isto, são também conhecidos como antipsicóticos típicos.

Os antipsicóticos podem ser classificados em típicos ou de primeira geração e atípicos ou de segunda geração. Essa tal divisão é feita com base no mecanismo de ação. Os primeiros são predominantemente bloqueadores de receptores da dopamina e os segundos são principalmente bloqueadores dos receptores dopaminérgicos e serotonérgicos, o que acarreta diferentes efeitos colaterais, em geral mais brandos nestes últimos.

Os antipsicóticos passaram a ser utilizados na psiquiatria a partir da descoberta de Delay e Deniker, no início da década de 50.

A superatividade da dopamina no sistema límbico cerebral é importante na patogenia da esquizofrenia. O receptor mais importante da dopamina é o receptor dopaminérgico D2. Os antipsicóticos funcionam como antagonistas do receceptor D2, diminuindo a ação da dopamina endógena. Alguns neurolépticos atuais têm a capacidade de atuar também nos receptores serotoninérgico, acetilcolinérgico, histamínico e noradrenérgico.

Os neurolépticos não curam as psicoses. São drogas sintomáticas que mantêm sob controle os sintomas da doença psíquica. Na maioria dos casos, conseguem eliminar surtos de alucinações e ilusões, podendo, até mesmo, influenciar na acepção do seu estado doente.

De um modo geral, os neurolépticos são usados no controle das psicoses. Os neurolépticos atípicos podem melhorar a capacidade de concentração e de fala. Em algumas ocasiões eles, além de agirem antipsicoticamente, também mostram um efeito tranquilizante. Eles não interferem na lucidez ou no intelecto, mas podem, por vezes, sedar o paciente fortemente. Isso acontece principalmente com os neurolépticos mais antigos.

Deve-se evitar o uso de antipsicóticos quando há discrasias sanguíneas, estados comatosos, depressão acentuada do sistema nervoso central, transtornos convulsivos ou quando o paciente apresenta doença cardiovascular grave.

Os efeitos colaterais mais comuns dos antipsicóticos são acatisia, distonias, discinesias e parkinsonismo, especialmente com os antipsicóticos de primeira geração. Outros efeitos colaterais são aumento dos níveis de prolactina, desencadeamento de diabetes, hipotensão ortostática, taquicardia, sedação, sonolência, tonturas, ganho de peso e disfunções sexuais.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Dieta vegana


A dieta vegana é uma dieta que exclui todo e qualquer alimento de origem animal, como carne, ovos, leite, etc. Uma filosofia associada rejeita a utilização de qualquer produto proveniente de animais. A diferença entre veganos e vegetarianos é que estes últimos não se alimentam de carne, mas consomem outros produtos de origem animal, como ovos e laticínios, por exemplo.

A dieta vegana vem ganhando cada vez mais seguidores no mundo inteiro. Num sentido mais estrito ela não só proíbe ingredientes de origem animal como aqueles que tenham tido qualquer contato com animais durante a sua fabricação. Os seguidores dessa dieta ou filosofia são conhecidos como veganos (vegans).

Na verdade, o veganismo é um movimento que comporta várias categorias:

(1) Veganos dietéticos se abstêm de ingerir produtos de origem animal e de usar roupas que incluem produtos de origem animal, como couro ou lã, por exemplo.

(2) Veganos éticos estendem a filosofia além da dieta a outras áreas de suas vidas e se opõem ao uso de produtos animais para qualquer finalidade.

(3) Veganos ambientais entendem que os produtos de origem animal, desde a sua colheita ou criação industrial, são prejudiciais ao ambiente.

O termo "vegan" foi cunhado na Inglaterra em 1944, por Donald Watson, como uma doutrina de que o homem deveria viver sem explorar os animais.

Adotar um estilo vegano de alimentação é uma escolha pessoal, mas grande parte dos seguidores atribuem essa opção a questões éticas e à preocupação com o meio ambiente. E há também quem cite questões de saúde.

Riscos e benefícios da dieta vegana para a saúde

As dietas veganas normalmente não são apropriadas em todos os períodos da vida. As restrições alimentares impostas pela dieta vegana levam à necessidade de suplementar certos nutrientes que ficam deficientes. Entre eles:

1.Ferro: um ingrediente fundamental para a saúde do sangue, cuja deficiência pode levar à anemia. Para driblar essa falta, os veganos devem recorrer a outras fontes de ferro como o trigo, os cereais, as leguminosas, os vegetais verde-escuros e as frutas secas.

2.Aminoácidos: são compostos que formam as proteínas, necessárias para quase todas as funções do organismo. Como são encontrados sobretudo em carnes e ovos, vetados pelos veganos, eles têm de obtê-los nos cereais, nas castanhas e nas leguminosas, embora nelas a quantidade de aminoácidos seja menor que a encontrada em fontes animais.

3.Os veganos têm níveis relativamente mais baixos de vitamina D no sangue, o que pode provocar raquitismo em crianças ou osteoporose em adultos. A maior parte da vitamina D, contudo, provém da ação do sol na pele, por isso, os veganos devem ser aconselhados a tomar uma suplementação dessa vitamina e a consumir mais alimentos ricos em cálcio nos meses de inverno.

4.Os veganos encontram fontes de vitamina B12 nos alimentos enriquecidos como cereais, extratos de levedura e substitutos de carne. Mesmo assim, os veganos precisam suprir as deficiências dessa vitamina com o uso de suplementos.

5.O ômega 3 é um tipo de gordura fundamental para a saúde, não produzida pelo organismo e, portanto, precisa ser adquirida através dos alimentos. Como as principais fontes dela não estão presentes na dieta vegana, os seguidores dependem de fontes alternativas, como a soja, a linhaça e as nozes.

6.A deficiência de vitamina A tem de ser compensada pelos veganos por meio de frutas como a laranja, vegetais verde-escuros, batata-doce e abóbora que contenham carotenos, que são convertidos nesta vitamina.

Quando uma dieta vegana é bem organizada, ela não traz carências nutricionais importantes para quem a adota, com exceções da vitamina B12 e do cálcio. Normalmente, os veganos têm de buscar algumas suplementações alimentares, seja em alimentos enriquecidos ou em pílulas, por isso um nutricionista ou um nutrólogo pode ajudar no planejamento deste tipo de alimentação.

Dietas especiais devem ser estabelecidas para crianças, idosos, atletas e pessoas alérgicas. Mulheres veganas que estejam grávidas ou amamentando precisam se certificar de que estejam obtendo vitaminas e minerais suficientes para o desenvolvimento saudável da criança.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

INCA lança livro sobre o câncer em crianças, adolescentes e adultos jovens


O livro "Incidência, mortalidade e morbidade hospitalar por câncer em crianças, adolescentes e adultos jovens no Brasil: Informações dos registros de câncer e do sistema de mortalidade" foi lançado no dia 10 de fevereiro de 2017 pelo INCA, e preenche a lacuna de informações nacionais sobre a incidência, a mortalidade e a morbidade hospitalar relacionadas ao câncer no grupo de pessoas de zero a 29 anos.

O livro dá sequência à primeira publicação, "Câncer na Criança e no Adolescente no Brasil. Dados dos Registros de Base Populacional e de Mortalidade", de 2008, que compreendeu a faixa etária de zero a 19 anos.

A tecnologista Marceli de Oliveira Santos, da Coordenação de Prevenção e Vigilância do INCA, diz que o livro é “instrumento necessário para a pesquisa e o planejamento em saúde, para a melhoria da avaliação e a gestão do controle de câncer infanto-juvenil".

Seguem os destaques da publicação:
•Este livro tem como objetivo auxiliar os profissionais de saúde não especialistas em oncologia na condução dos casos suspeitos, contribuindo para a detecção precoce e o encaminhamento para o tratamento oportuno. Além de informar a população e a sociedade como um todo.
•As neoplasias em crianças e adolescentes diferem dos tumores dos adultos quanto à forma, ao comportamento clínico e às localizações primárias e, por isso, devem ser estudadas separadamente: quase sempre, afetam as células do sistema sanguíneo e as dos tecidos de sustentação. Nos adultos, as células epiteliais, que recobrem órgãos, são as mais afetadas.
•A estimativa realizada pelo INCA, para o Brasil, prevê a ocorrência de 12.600 casos novos de câncer em crianças e adolescentes até os 19 anos para o ano de 2017. As Regiões Sudeste e Nordeste apresentarão os maiores números de casos novos, seguidas pelas Regiões Sul, Centro-Oeste e Norte. No Brasil, em 2014, ocorreram 2.724 óbitos por câncer em crianças e adolescentes (de 0 a 19 anos) [INCA, 2015]. As neoplasias ocuparam a segunda posição (7%) de óbitos de crianças e adolescentes em 2014, ultrapassadas somente pelos óbitos por causas externas, configurando-se como a doença que mais mata nessa faixa etária [MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014].
•No grupo de adolescentes e adultos jovens (de 15 a 29 anos), o percentual mediano de neoplasias foi de 4,3%, valor um pouco menor que o da literatura mundial. O grupo dos carcinomas foi o mais frequente (34%), seguido dos linfomas (12%) e dos tumores de pele, incluindo melanomas e carcinomas (9%). A mediana das taxas médias de incidência, ajustadas por idade, foi de 236,16 por milhão, sendo de 241,74 por milhão para o sexo feminino e de 212,71 para o sexo masculino.
•Os tumores infanto-juvenis (de 0 a 19 anos) corresponderam a 2,8% de todas as neoplasias informadas. Os tumores classificados nos grupos I e II da Cici – leucemias, doenças mieloproliferativas e doenças mielodisplásicas (30,6%) e linfomas e neoplasias reticuloendoteliais (16,6%) – foram os mais frequentes, responsáveis por 47,2% do total de casos. Em terceiro lugar, apresentaram-se os tumores do grupo III – do SNC e neoplasias intracranianas e intraespinhais (9,3%) –, seguidos das neoplasias do grupo XI – outros neoplasmas malignos epiteliais e outros melanomas malignos (9,1%).
•Para o grupo de adolescentes e adultos jovens, as maiores frequências foram observadas para os carcinomas (com exceção de pele), que representaram 38,4% dos casos, seguidos por linfomas, com 18,3%, e leucemias, com 10,9%. Juntas, essas três neoplasias somaram 67,6% do total de casos de câncer nos adolescentes e adultos jovens.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Ômega 3


Os diversos tipos de gorduras são essenciais ao organismo, que não pode passar sem eles. As gorduras são as mais importantes fontes de energia, conferem sabor aos alimentos e são indispensáveis para a absorção das vitaminas A, D, E e K, que são lipossolúveis. No entanto, algumas delas têm efeitos desfavoráveis sobre a saúde.

O ômega 3 é um tipo de gordura benéfica ao organismo, constituído por ácidos ditos "essenciais", mas não pode ser sintetizado pelo corpo. Como ele é indispensável para o crescimento normal e saúde dos indivíduos, deve ser ingerido na alimentação ou como suplementos especializados.

Podemos encontrar o ômega 3 em peixes como salmão, atum, bacalhau, albacora, truta, sardinha, anchova e cação. Também pode ser encontrado em óleos de soja, de girassol e de milho e ainda em vegetais “verdes” como brócolis, rúcula, couve e espinafre, embora estes sejam menos adequados para este fim, não trazendo todos os benefícios esperados.

A linhaça é uma fonte de ômega 3 ainda melhor que o salmão. As sementes de chia e as nozes também são excelentes fontes vegetais desta gordura. Pode-se encontrar alimentos industrializados enriquecidos com ômega 3, mas em quantidades muito pequenas. Alguns outros alimentos ricos em gorduras mono e/ou poli-insaturadas são, por exemplo, abacate, castanhas, amêndoas, nozes, óleos e sementes vegetais oleaginosas (girassol, gergelim, linhaça, abóbora).

As gorduras saturadas, prejudiciais para a saúde, estão presentes, por exemplo, no bacon, toucinho, queijos amarelos, manteiga, leite integral, cortes gordos de carne vermelha, sorvetes e biscoitos, devendo ser evitadas.

Há gorduras “boas” e gorduras “más”. As gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas são saudáveis; as gorduras saturadas, no entanto, são prejudiciais à saúde. O consumo das gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas (como o ômega-3) ajuda na redução do colesterol ruim (LDL) e protege de doenças cardiovasculares. O ômega 3 também auxilia na diminuição dos níveis de triglicérides, enquanto pode favorecer o aumento do colesterol bom (HDL). Pesquisas mostram que parece haver uma relação menor de risco entre o consumo de ômega 3 e a formação de placas de colesterol no interior das artérias.

Além de trazer inúmeros outros benefícios à saúde, o ômega 3 favorece a pele, para que a mesma fique macia e com um ar rejuvenescido. Possui ainda importante papel em alergias e processos inflamatórios, pois são necessários para a formação das prostaglandinas inflamatórias, tromboxanos e leucotrienos.

Os níveis da pressão arterial são reduzidos com o consumo do ômega 3. Pessoas com idade acima de 45 anos sentem mais esse efeito do que pessoas mais jovens. O ômega 3 também é benéfico para o coração: o músculo cardíaco passa a demandar menos oxigênio e a frequência cardíaca é melhor controlada.

Quanto ao cérebro, especula-se que o ômega 3 consumido regularmente represente menores riscos para as demências, como o Alzheimer. Porém, ainda não há comprovação científica quanto a isso. Sabe-se que uma dieta rica em ômega 3 reduz os riscos de acidentes vasculares cerebrais.

Uma dieta equilibrada e rica em ômega 3 evita o diabetes e ajuda no combate à osteoporose. Pessoas com problemas de coagulação ou que usam medicamentos anticoagulantes devem consumir com moderação o ômega 3, já que ele reduz a agregação plaquetária. Os supostos efeitos anti-inflamatórios e contrários à depressão do ômega 3 não foram confirmados.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Complexo de inferioridade


Diferentemente de um sentimento normal de inferioridade, baseado numa inferioridade real, que pode atuar como um incentivo para o progresso pessoal, um complexo de inferioridade baseia-se numa inferioridade que é paralisante de qualquer atividade criativa. É frequentemente inconsciente e às vezes leva os indivíduos atingidos à supercompensação, o que pode resultar em realizações aparentemente espetaculares, comportamento antissocial ou ambos.

Os trabalhos pioneiros neste campo foram realizados por Alfred Adler (1917), que usou como exemplo o chamado complexo de Napoleão (denominação popular de um suposto complexo de inferioridade que afetaria algumas pessoas de baixa estatura) para ilustrar sua teoria. Alguns sociólogos acham que um complexo de inferioridade pode também afetar grupos, sociedades ou culturas inteiras.

A psicologia clássica procura fazer uma distinção entre sentimentos de inferioridade primário e secundário. Primário seria aquele enraizado na experiência original de dependência de uma criança pequena e secundário o que se relaciona aos fracassos de um adulto em atingir um objetivo. A distância percebida entre aquele objetivo e o efetivamente conseguido pode levar a um sentimento "negativo" de inferioridade.

Embora o complexo de inferioridade seja um sentimento da natureza psicológica, ele geralmente é induzido por ações biológicas. Comentários negativos dos pais até os seis anos de idade da criança ou uma comparação entre os filhos em desfavor do indivíduo, determinam a mesma coisa. Outras causas do complexo de inferioridade são os defeitos físicos, características faciais desproporcionais, defeitos da fala, limitações mentais, preconceitos em relação à família, raça, sexo, orientação sexual, status econômico, religião, etc.

Além disso, se uma pessoa não se sente amada ela desenvolve o hábito de se inferiorizar. Algumas situações da infância da criança (que de um modo ou de outro se tornam apercebidas) como gravidez não planejada, tentativa de aborto, sofrimento fetal, pais que queriam que o filho fosse de outro sexo, depressão materna, morte de algum dos pais, abandono, maus tratos ou abuso físico/sexual podem trazer a sensação de falta de amor. Paradoxalmente, os excessos de afetos e cuidados também podem desencadear o complexo de inferioridade porque uma criança excessivamente protegida pode crescer com o sentimento de ser incapaz de fazer qualquer coisa sozinha.

Para Adler, o sentimento de inferioridade faz nascer um desejo compensatório de superioridade, de dominação e de poder que tanto pode conduzir a alguma forma de sucesso pessoal ou traduzir-se em desejos hostis e antissociais que caracterizam a neurose.

Deve-se notar que a inferioridade real motiva reações menos perturbadoras e mais adaptativas que uma inferioridade suposta, que geralmente termina num comportamento neurótico. Por essa razão, pode-se fazer diferença entre um sentimento “normal” de inferioridade e um sentimento "anormal" de inferioridade. Todo ser humano nasce com uma certa “inferioridade”, porque é inteiramente dependente dos outros seres humanos ao seu redor.

O sentimento de inferioridade pode ser conscientemente percebido ou ser inconsciente. Quando consciente, é um sentimento incômodo de acabrunhamento que pode levar a pessoa a atitudes de recuo e desistência em relação aos contatos sociais ou a uma busca excessiva de atenção das pessoas, hipersensibilidade a críticas e obediência obsequiosa excessiva.

Se inconsciente, a pessoa percebe apenas as atitudes compensatórias e procura justificá-las racionalmente, as quais podem ser bem sucedidas e conduzir a sucessos objetivos e que, no entanto, não levam a uma satisfação genuína. Embora o indivíduo possa “enganar” por certo tempo a si mesmo e aos demais, seus sentimentos subjacentes acabam por se fazerem notados.

O complexo de inferioridade em geral manifesta o hábito de se comparar com os outros, de demonstrar inveja, de buscar reconhecimento, ter uma preocupação excessiva com a opinião das outras pessoas, hábito de fugir das situações por medo de tentar, mania de apontar defeitos nas pessoas para se proteger, isolamento, sentimentos de incapacidade e de inferioridade, sensibilidade a críticas, dificuldade de se relacionar com outras pessoas, baixa autoestima, vitimismo e perfeccionismo.

Se o complexo é inconsciente, a primeira providência é tomar consciência dele, o que pode ser conseguido por meio de uma psicoterapia. Em seguida, um psicólogo pode ajudar a superar a incapacidade ou se adaptar a ela.

A própria pessoa também pode ajudar-se, parando de se comparar desfavoravelmente às outras pessoas. Ninguém é perfeito! Algumas pessoas podem ser boas em algo, mas ninguém é bom em tudo. Todo mundo possui alguma característica positiva. A comparação nunca gera sentimentos positivos e não ajuda ninguém a se sentir melhor. Reconheça o seu valor, tire o foco do que está errado e tenha consciência do seu potencial. Por último, reveja suas crenças e deixe de querer ser como outra pessoa. Sinta orgulho de ser único, aceite-se bem. Ninguém pode ser como você!

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Tratamento farmacológico da hipertensão em adultos com 60 anos ou mais: controle severo ou menos intenso da pressão arterial?


O American College of Physicians (ACP) e a American Academy of Family Physicians (AAFP) desenvolveram conjuntamente esta diretriz para apresentar as evidências e fornecer recomendações clínicas baseadas nos benefícios e danos de se alcançar alvos mais altos ou mais baixos de pressão arterial com o tratamento da hipertensão em adultos com 60 anos ou mais de idade.

Esta diretriz baseia-se numa revisão sistemática de ensaios clínicos aleatórios e controlados de efeitos primários publicados e estudos observacionais de danos apenas (identificados através das bases de dados EMBASE, Cochrane, MEDLINE e ClinicalTrials.gov), desde a sua criação até janeiro de 2015. A pesquisa MEDLINE foi atualizada até setembro de 2016.

Os resultados avaliados incluíram mortalidade por todas as causas, morbidade e mortalidade relacionadas com acidente vascular cerebral (AVC), principais eventos cardíacos (infarto do miocárdio fatal e não fatal e morte cardíaca súbita) e danos. Esta diretriz classifica as evidências e recomendações usando o método GRADE (Grading of Recommendations Assessment, Development, and Evaluation).

As atuais recomendações são:

Recomendação 1:

A ACP e a AAFP recomendam que os clínicos iniciem o tratamento em adultos com 60 anos ou mais com pressão arterial sistólica persistentemente igual ou superior a 150 mmHg para atingir uma pressão arterial sistólica alvo inferior a 150 mmHg com o objetivo de reduzir o risco de mortalidade, acidente vascular cerebral e eventos cardíacos. (Grau: recomendação forte, evidência de alta qualidade). Recomenda-se que os médicos selecionem os objetivos do tratamento para adultos com 60 anos ou mais, com base em uma discussão periódica dos benefícios e danos de alvos específicos de pressão arterial com o paciente.

Recomendação 2:

A ACP e a AAFP recomendam que os clínicos considerem iniciar ou intensificar o tratamento farmacológico em adultos com idade igual ou superior a 60 anos com história de acidente vascular cerebral ou ataque isquêmico transitório para atingir uma pressão arterial sistólica de menos de 140 mmHg para reduzir o risco de AVC recorrente. (Grau: recomendação fraca, evidência de qualidade moderada). Recomenda-se que os médicos selecionem os objetivos do tratamento para adultos com 60 anos ou mais, com base em uma discussão periódica dos benefícios e danos de alvos específicos de pressão arterial com o paciente.

Recomendação 3:

A ACP e a AAFP recomendam que os clínicos considerem iniciar ou intensificar o tratamento farmacológico em alguns adultos de 60 anos ou mais de alto risco cardiovascular, com base na avaliação individualizada, para atingir uma pressão arterial sistólica de menos de 140 mmHg para reduzir o risco de AVC ou de eventos cardíacos. (Grau: recomendação fraca, evidência de baixa qualidade). Recomenda-se que os médicos selecionem os objetivos do tratamento para adultos com 60 anos ou mais, com base em uma discussão periódica dos benefícios e danos de alvos específicos de pressão arterial com o paciente.



Fonte: Annals of Internal Medicine, em 17 de janeiro de 2017

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Transtorno de esquiva


O transtorno de esquiva é um dos transtornos da personalidade normalmente suportado pela personalidade esquiva, que é caracterizada pela evasão das situações sociais de relações interpessoais próximas, devido a um medo excessivo de rejeição pelas outras pessoas. Entre 0,5 e 1% da população em geral sofre de transtorno de personalidade esquiva.

A causa do transtorno de esquiva ainda não é bem conhecida, mas estima-se que ela resulte de uma combinação de fatores genéticos, biológicos e sociais. Os traços da personalidade esquiva tipicamente aparecem na infância, mas se intensificam na adolescência e vida adulta. Muitas vezes só então são considerados como um transtorno, porque um padrão correspondente de comportamento existe normalmente em muitas crianças pequenas e nada indica se vai ou não continuar na idade adulta.

Os transtornos de esquiva podem ocorrer em conjunto com outras fobias sociais, distúrbios de humor, ansiedade e perturbações da personalidade. As manifestações clínicas desta síndrome envolvem demasiada sensibilidade a críticas e rejeição, excessiva timidez, hipersensibilidade e medo de novas pessoas e situações, isolamento social, evitação de contato físico, sentimentos de inadequação, baixa autoestima, desconfiança constante das outras pessoas, distanciamento emocional, excessiva autocrítica negativa, sentimentos de inferioridade, agorafobia e, em casos mais severos, uso da fantasia para escapar da realidade.

As pessoas com esse transtorno evitam todo tipo de contato social por um medo extremo de humilhação, ridicularização e desprezo. Seu comportamento tenso e cauteloso provoca o deboche das outras pessoas, confirmando assim, suas dúvidas quanto a si mesma. Além disso, como os indivíduos com esse transtorno estão constantemente preocupados em serem criticados ou rejeitados em situações sociais, podem apresentar um limiar bastante baixo para a detecção de tais reações e ao menor sinal de desaprovação ou crítica podem se sentir extremamente magoados.

Em público, procuram se tornar “invisíveis” e se esquivam de atividades que envolvam contato interpessoal pelo medo de que a atenção dos outros seja rejeitadora. Em geral, as outras pessoas se referem a eles como “envergonhados”, “tímidos”, “solitários” ou “isolados”.

Em síntese, as pessoas com esse transtorno evitam atividades que envolvam contato interpessoal significativo, não se dispõem a envolver-se com pessoas, a menos que tenha certeza de que serão recebidas de forma positiva, mostram-se reservadas em relacionamentos íntimos, preocupam-se com críticas ou rejeição em situações sociais, inibem-se em situações interpessoais novas, veem a si mesmas como socialmente incapazes e relutam em assumir riscos pessoais e se envolverem em atividades novas que possam parecer-lhes constrangedoras.

Os transtornos de esquiva podem abranger todos os aspectos da vida social ou apenas um ou outro ponto dela. Os traços de personalidade apenas devem ser considerados uma desordem quando começam a ter um impacto negativo sobre o indivíduo, causam prejuízo funcional, alteram o estilo de vida da pessoa, afetam sua qualidade de vida e desencadeiam sentimentos de aflição para o indivíduo.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, na quinta edição (DSM-V - 2014), o transtorno deve ser diagnosticado se houver:

1.Evitação de atividades devido a um medo irracional de rejeição ou críticas.
2.Falta de vontade de entrar em um relacionamento interpessoal.
3.Moderação em situações interpessoais por causa do medo de ser ridicularizado.
4.Preocupação com a crítica e temor de rejeição.
5.Inibição das relações interpessoais devido a sentimentos de inadequação.
6.Percepção irreal de inadequação social e inferioridade perante aos outros.
7.Relutância em participar de atividades novas devido à ideia de risco e constrangimento.

Em geral, os tratamentos devem ser psicoterápicos, mas não têm uma eficácia total. A terapia cognitiva é útil no tratamento do transtorno de esquiva. Ela centra-se na mudança de padrões cognitivos distorcidos, examinando a validade das hipóteses por trás deles. O tratamento pode envolver também treinamento de habilidades sociais, tratamento de exposição gradual, terapia de grupo e, algumas vezes, tratamento medicamentoso.

Se um paciente sente que ele é inferior, desagradável e socialmente inaceitável, o terapeuta cognitivo irá testar a realidade dessas premissas. Ao mostrar ao paciente que outros valorizam a sua presença e que situações sociais podem ser agradáveis, a irracionalidade de seus medos e inseguranças sociais ficam ostensivamente expostas. Este processo é conhecido como reestruturação cognitiva.

A insegurança e o isolamento comuns, que são sintomas de perturbações de personalidade esquiva, podem desencadear sentimentos de depressão.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Tremor essencial


O tremor essencial é uma oscilação rítmica das mãos, de pequena amplitude, que predomina durante alguma atividade exercida por elas, como escrever, por exemplo. Mais raramente, pode afetar outras áreas do corpo como braços, cabeça, laringe, língua e queixo; as partes inferiores do corpo raramente são afetadas. É uma condição normalmente benigna e de progressão lenta.

A verdadeira causa do tremor essencial ainda é desconhecida, mas acredita-se que a atividade cerebral elétrica anormal que causa o tremor seja processada através do tálamo (estrutura profunda no cérebro que coordena e controla a atividade muscular).

O tremor essencial provavelmente é de origem genética, uma vez que comumente acomete várias pessoas de uma mesma família (chamado de tremor familiar). Entretanto, ainda não se descobriu com exatidão quais seriam os genes envolvidos.

As pessoas com o tremor parecem estar em maior risco para a doença de Parkinson, condição neurológica que se caracteriza por uma desordem lentamente progressiva dos movimentos.

A maioria das pessoas afetadas é capaz de viver uma vida normal com esta condição, embora possam encontrar dificuldades nas atividades diárias como comer, se vestir ou escrever. Mais geralmente, o tremor essencial afeta de maneira igual ambas as mãos, mais acentuadamente quando elas estão em atividade (beber um café, usar um talher, segurar um objeto, etc.) e melhora quando estão em repouso.

À diferença do que ocorre no mal de Parkinson, não há lentidão dos movimentos nem rigidez articular. Esses sintomas, quando existem conjuntamente com o tremor essencial, devem levantar a suspeita daquela doença.

Os principais sintomas associados ao tremor essencial podem ser: agitação incontrolável, voz trêmula, balanço da cabeça, tremores que pioram durante estresse emocional ou movimentos propositais e diminuem com o repouso, problemas de equilíbrio.

O diagnóstico do tremor essencial é eminentemente clínico, dependendo da história médica e de um exame físico adequado. Exames complementares podem ser solicitados em cada caso para excluir outras causas de tremor, como doenças da tireoide ou doença de Parkinson, por exemplo.

Muitos fatores ou doenças diferentes também podem causar tremores e devem ser diferenciados do tremor essencial, incluindo esclerose múltipla, fadiga após exercício, sofrimento emocional extremo, grande susto, tumores cerebrais, alguns medicamentos, anormalidades metabólicas e abstinência de álcool ou drogas.

O tratamento do tremor essencial inclui medicações como propranolol, primidona, clonazepan, gabapentina e topiramato. A toxina botulínica, que induz uma paralisia nervosa, pode ser injetada no pescoço de pacientes com tremor cefálico. Nos casos mais intensos e resistentes, pode ser feita uma cirurgia que consiste em colocar um eletrodo no tálamo, o qual funciona associado a um “marca-passo” colocado sob a pele, abaixo da clavícula.

Alguns casos podem ser integralmente controlados, embora existam formas mais resistentes aos tratamentos. Via de regra, entretanto, a melhora está em torno de 60 a 80%.

Não é possível prevenir o tremor essencial, mas é possível minorar suas consequências, seja pelo controle adequado do quadro, seja por algumas medidas preventivas como usar canudinhos para ingerir líquidos, não encher copos ou xícaras até o topo, usar talheres mais adequados ao tipo de alimento ingerido, etc.

O tremor essencial gera constrangimentos e dificuldades de executar as atividades do dia-a-dia e pode ser um fator de risco para a doença de Parkinson.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Distimia


A distimia começa muitas vezes na adolescência ou na idade adulta jovem e pode ser confundida com a personalidade da pessoa.

Um antigo desenho animado, dos anos 60, chamado “Lip the Lion and Hardy Har Har”, contava as aventuras de um leão alto-astral, sempre otimista, achando que tudo dará certo e seu companheiro, uma hiena queixosa e pessimista, sempre repetindo: “Ó vida! Ó azar! Não vai dar certo”.

A hiena representa o que diagnosticamos como distimia (ou transtorno depressivo persistente), uma depressão de longa duração (dura mais de dois anos).

A doença não costuma ser muito intensa, mas é constante, causando tristeza, desânimo, falta de interesse e dificuldade de sentir prazer nas atividades cotidianas.

Apesar da marca registrada da doença ser o mau humor, há momentos de bom humor que se alternam com esses pensamentos mórbidos recorrentes, afinal, ninguém fica o tempo todo de mau humor, ainda mais se considerarmos que este tipo de depressão é leve e crônica...

Sintomas físicos como alterações do apetite, do sono, da libido podem estar também presentes.

Além do pessimismo crônico, a pessoa não consegue sentir alegria em nada do que faz, irrita-se ou reclama frequentemente e transmite uma “energia ruim” no convívio com os outros.

O quadro depressivo, apesar de leve, em geral, é crônico, e causa vários prejuízos na vida da pessoa.

Devido a seu início em geral precoce, muitas vezes na adolescência ou na idade adulta jovem, pode ser confundido com a personalidade da pessoa, com seu “jeito de ser”, o que muitas vezes leva ao não-reconhecimento do quadro como uma doença. Assim, a pessoa não procura tratamento médico para sua distimia.

O tratamento da distimia, tal como dos demais quadros depressivos, envolve o uso de medicamentos antidepressivos e psicoterapia.

Do ponto de vista da terapia cognitiva (ou terapia cognitiva comportamental, a TCC), o distímico apresenta uma distorção no modo de pensar, sempre com um viés negativo.

Este viés negativo envolve três aspectos: a percepção pessimista de si mesmo (“não valho nada”), a percepção sobre o meio social e profissional (“ninguém me valoriza”) e a percepção sobre o futuro (“nada vai mudar”).

A proposta da TCC é corrigir essa visão do distímico, fazendo com que o paciente perceba como estes pensamentos distorcidos prejudicam sua vida. Quando a terapia o faz enxergar o mundo com outros olhos, ele fortalece o pensamento positivo, abrindo espaço para melhora da distimia.



terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Ateroslerose


A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica caracterizada pela formação de ateromas (placas de gordura, colesterol e outras substâncias) no interior dos vasos sanguíneos, podendo causar o estreitamento e obstrução desses vasos, levando a graves complicações de saúde como infarto do coração ou angina, quando acomete artérias coronárias, dor e claudicação em membros inferiores quando acomete as pernas e, por fim, acidente vascular cerebral quando compromete as carótidas.

Na verdade, a aterosclerose é um tipo específico de arteriosclerose, embora ambos os termos sejam usados muitas vezes como sinônimos.

A aterosclerose deve-se principalmente ao aumento das lipoproteínas de baixa densidade (colesterol LDL). Essa lipoproteína se eleva pela ingestão de gorduras saturadas na dieta diária, por obesidade e inatividade física. Existe também uma hipercolesterolemia familiar, em que a pessoa herda genes defeituosos para a formação do receptor de LDL nas superfícies das membranas celulares do corpo e, assim, dos vasos.

Um nível elevado de ferro no sangue pode provocar mais facilmente a aterosclerose, muito provavelmente pela formação de radicais livres que lesam as paredes vasculares. Os principais fatores de risco para a enfermidade são a história familiar de doença cardíaca, a hipertensão arterial, a falta de atividade física regular e a obesidade, a diabetes, a hiperlipidemia, o tabagismo e o álcool.

A hipertensão arterial e a diabetes aumentam em duas vezes ou mais o risco de aterosclerose. Quando as duas doenças ocorrem juntas, o risco sobe para mais de oito vezes. Se houver também hiperlipidemia, esse risco sobe para mais de 20 vezes.

Os ateromas são placas compostas especialmente por lipídeos e tecido fibroso que se formam na parede dos vasos. O volume dos ateromas aumenta progressivamente, podendo ocasionar obstrução total em algum ponto do vaso. Lipoproteínas de baixa densidade (colesterol LDL) penetram na parede do vaso, atravessando o endotélio e chegando à camada íntima da parede. Assim, a aterosclerose agride essencialmente a camada íntima da artéria, formando uma lesão típica, a placa fibrosa.

Com a evolução do processo ateromatoso ocorrem diversos eventos: (1) nascem pequenos vasos a partir da camada adventícia, os quais fazem intensa vascularização das camadas média e íntima; (2) aumenta a deposição de cálcio e de células necróticas; (3) surgem fissuras e hemorragias da placa, a qual pode ulcerar e/ou se desprender, formando trombos; (4) a exposição da subíntima ulcerada gera a deposição de plaquetas, coagulação sanguínea, trombose e eventual oclusão do vaso.

Na hipercolesterolemia familiar ocorre um defeito em que o fígado não é capaz de absorver as lipoproteínas e, sem essa absorção, o mecanismo do colesterol das células hepáticas se descontrola, produzindo mais colesterol, liberando lipoproteínas de muito baixa densidade em grandes quantidades, gerando acúmulo de placas ateromatosas e outros problemas graves como infarto do miocárdio, por exemplo.

As lipoproteínas de alta densidade (HDL), por sua vez, passam livremente pela parede dos vasos, sendo capazes de absorver os cristais de colesterol e, assim, quando a pessoa apresenta uma elevada concentração de HDL em relação ao LDL, as chances de desenvolver aterosclerose são muito reduzidas.

Eventualmente, os depósitos de gordura nas artérias ou parte deles podem se soltar e entrar na corrente sanguínea, causando trombose à distância. A aterosclerose em geral é fatal quando afeta as artérias do coração ou do cérebro porque esses órgãos resistem apenas poucos minutos sem oxigênio.

Alguns sintomas da aterosclerose são: dilatação dos vasos sanguíneos, dor no peito, profundas dores de cabeça, dores nos braços e pernas e cansaço. A dor ou desconforto no peito é um dos sintomas da aterosclerose nas coronárias. Dores nas pernas ao caminhar, que melhoram com repouso, podem indicar comprometimento de artérias nestes locais. Um acidente vascular cerebral pode ser o primeiro sintoma de aterosclerose carotídea.

Os idosos e os indivíduos com diabetes são mais propensos a apresentar esses sintomas, mas, algumas vezes, uma pessoa pode ter a doença e não apresentar nenhum sinal disso. A doença afeta sobretudo homens no início da vida adulta, sugerindo que talvez os hormônios masculinos estejam envolvidos na produção da doença ou que os hormônios femininos tenham alguma função protetora.

O diagnóstico da aterosclerose deve começar pela história clínica e exame físico e em seguida pela solicitação de alguns exames complementares, na dependência do caso, como angiografia/arteriografia coronária, ecocardiograma, eletrocardiograma, angiotomografia, teste de esforço físico, angiografia por ressonância magnética, cintilografia do miocárdio e ultrassonografia com doppler dentre outros.

Os objetivos do tratamento da aterosclerose é estabilizar seus níveis e evitar seu agravamento. Mas o tratamento em si depende dos sintomas e da gravidade da doença. O médico poderá prescrever um ou mais remédios específicos para o caso.

O tratamento preventivo se dá por drogas que reduzem os lipídeos e o colesterol. Também agentes que se combinem com os ácidos biliares e impeçam sua reabsorção na circulação podem ser úteis. Eles levam a uma maior conversão do colesterol hepático em novos ácidos biliares. As drogas mais comumente usadas são as resinas de troca, que justamente se ligam aos ácidos biliares, aumentando sua excreção fecal e consequentemente reduzindo a síntese de colesterol pelo fígado. As estatinas limitam a síntese de colesterol e aumentam os receptores de LDL no fígado, gerando uma redução de 25 a 50% nos níveis plasmáticos de lipoproteínas.

O tratamento da aterosclerose já estabelecida consiste na retirada das placas de gordura das paredes das artérias por meio de cirurgia, do cateterismo, da angioplastia a laser e de medicamentos e atividade física.

A formação de ateromas (placas de colesterol) ocorre desde a infância e vai progredindo durante a vida.

A aterosclerose pode ser prevenida por medidas simples, como manter um peso ideal, praticar exercícios físicos de maneira regular, ter uma dieta pobre em gordura saturada, controlar a glicose sanguínea e evitar o tabagismo.

A aterosclerose pode levar a graves complicações como infarto agudo do miocárdio ou angina, dor e claudicação em membros inferiores e, por fim, acidente vascular cerebral.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Cegueira transitória pelo uso de smartphone


A cegueira transitória dos smartphones (TSB) é um fenômeno real e pode contribuir para um diagnóstico neurológico equivocado na prática clínica, sugere um novo relato de caso publicado online pelo periódico Neurology, que discute o caso de uma mulher de meia-idade que relatou perda visual monocular temporária, indolor, após usar um smartphone, enquanto deitada de lado na cama.

Este relato segue-se a dois outros casos relatados, em 2016, por pesquisadores do Reino Unido no The New England Journal of Medicine (NEJM), também de mulheres, com idades entre 22 e 40 anos, que também apresentaram deficiência visual monocular recorrente imediatamente após o uso de smartphones na cama.

Os pesquisadores atuais apontam que a paciente inicialmente recebeu um falso diagnóstico de esclerose múltipla (EM) e foi aconselhada a iniciar tratamento para a doença. Eles reforçam que a má interpretação dos sintomas da TSB, especialmente como um distúrbio vascular ou inflamatório, pode levar a investigações e terapias desnecessárias. O Dr. Dean M. Wingerchuk, da Mayo Clinic, em Scottsdale, diz que com o uso cada vez maior de smartphones, é provável que os casos de TSB cresçam, por isso é importante que os clínicos perguntem sobre a maneira como esses dispositivos estão sendo usados, com questões sobre como, quando e onde os problemas de visão ocorreram, por exemplo.

Neste caso descrito, fica claro que o uso do smartphone, a posição do corpo e a quantidade de luz ambiente explicam o diagnóstico da cegueira transitória dos smartphones. Os sintomas da TSB são causados por níveis temporariamente discrepantes de adaptação da luz entre as duas retinas, escrevem os pesquisadores.

Eles relatam que a paciente do sexo feminino tinha 58 anos de idade e, exceto pelos sintomas de TSB, era saudável. Ela procurou a clínica médica depois de ter apresentado dois episódios de perda visual transitória monocular à direita. Nas duas vezes, a paciente tinha deitado sobre seu lado esquerdo na cama, após despertar no início da manhã e usou seu smartphone por aproximadamente 10 a 15 minutos.

Ela não usou qualquer luz diferente da fornecida pelo dispositivo. Uma vez que ela se levantou, a visão em seu olho direito de repente escureceu por cerca de 15 segundos e, em seguida, retornou dentro de um minuto mais tarde.

Ela observou que os episódios não causavam dor. Não havia sintomas neurológicos ou ortostáticos e a paciente não tinha história de enxaqueca, desordens oftalmológicas ou fatores de risco cerebrovasculares. A acuidade visual da mulher e outros exames oftalmológicos foram negativos e os exames cardiovascular e neurológico não mostraram nada de anormal.

Embora a RM do cérebro tenha mostrado algumas lesões bilaterais de substância branca cerebral, as RM cervicais e de coluna vertebral (assim como o exame do líquido cefalorraquidiano e de distúrbios metabólicos/inflamatórios) foram normais. Ainda assim, ela foi diagnosticada com esclerose múltipla por um neurologista. No acompanhamento de 6 meses, outra RM cerebral não mostrou alterações e, após uma angiografia por ressonância magnética de cabeça e pescoço normal, a TSB foi finalmente diagnosticada.



Fonte: Neurology, publicação online, de 18 de janeiro de 2017

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Pacientes em remissão de depressão mostram melhorias na memória e na motivação com o uso do medicamento modafinil


Modafinil, um medicamento usado para tratar a narcolepsia - sonolência diurna excessiva - pode melhorar a memória em pacientes que estão se recuperando de depressão, de acordo com uma nova pesquisa da Universidade de Cambridge. Os resultados, publicados na revista Biological Psychiatry: CNNI, são de um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo e oferecem esperança de tratamento para alguns dos sintomas cognitivos associados à depressão.

Clínicos gerais e psiquiatras muitas vezes ouvem queixas sobre falta de concentração ou dificuldade de memória de pacientes com depressão, mas não conseguem bons resultados com o tratamento destes sintomas.

A depressão é uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo. Sintomas como dificuldade de concentração ou indecisão contribuem para esta incapacidade associada à depressão. Quase todos os pacientes com depressão apresentam problemas de concentração, memória e atenção. Pelo menos metade de todos os pacientes com depressão apresenta déficits cognitivos que podem ser medidos objetivamente. Estes déficits tendem a persistir na fase de recuperação. Pacientes com problemas cognitivos persistentes têm piores resultados, como dificuldades no trabalho e aumento do risco de recaídas.

A depressão está associada tanto a afastamentos do trabalho, como ao “Presenteeism” ou presentismo, no qual os funcionários podem não ser capazes de trabalhar tão bem como de costume. Após uma depressão, certas pessoas se sentem angustiadas quando têm dificuldades em atingir o seu nível anterior de desempenho no trabalho quando retornam às suas atividades. No entanto, os tratamentos atualmente disponíveis não abordam especificamente os déficits cognitivos da depressão. Relatórios recentes têm destacado a importância de definir a cognição como um alvo para o tratamento na depressão.

Em um estudo financiado pelo Medical Research Council (MRC) e Wellcome, pesquisadores do Department of Psychiatry and the Behavioural and Clinical Neuroscience Institute, da Universidade de Cambridge, investigaram o potencial do modafinil para tratar a disfunção cognitiva na depressão. O modafinil já mostrou em outros estudos ter efeitos benéficos sobre a função cognitiva em distúrbios psiquiátricos, tais como a esquizofrenia.

Sessenta pacientes, com idade entre 18 e 65 anos, com depressão em remissão, completaram tarefas de memória, atenção e planejamento em computador após receber modafinil ou placebo. Os resultados mostraram que os doentes que receberam uma dose de modafinil apresentaram melhorias nas funções de memória, em comparação com os doentes tratados com placebo. Especificamente, os pacientes tiveram benefícios em dois tipos de memória - memória episódica e memória de trabalho, que são importantes em nossas atividades do dia-a-dia.

A memória episódica é usada quando estamos lembrando onde deixamos as chaves de casa ou onde estacionamos o carro, já a memória de trabalho é a habilidade que usamos quando estamos “guardando na cabeça” um novo número de telefone enquanto tentamos encontrar uma caneta e um papel para anotá-lo, por exemplo.

O estudo demonstrou que os pacientes que receberam modafinil erraram menos do que aqueles que receberam um placebo. Por exemplo, em uma das tarefas que envolveu lembrar a localização entre um número crescente de caixas de um padrão particular, os pacientes que receberam modafinil tiveram menos da metade do número de erros do que os que receberam o placebo, no nível mais difícil.

Este estudo mostra que o modafinil pode ser uma opção viável para lidar com persistentes problemas cognitivos na depressão. Os pesquisadores afirmam que não ficou claro a partir do estudo se os mesmos efeitos seriam vistos a longo prazo, o que exige que novos trabalhos sejam realizados para ver se a medicação que melhora a cognição e a motivação pode facilitar o retorno ao trabalho com sucesso após a depressão.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Ninfomania


A ninfomania (do grego: nýmfi = ninfa + manía = loucura, fúria, ódio) é um transtorno psiquiátrico caracterizado por um excesso de apetite sexual ou um desejo compulsivo por sexo nas mulheres, sem que ocorram alterações biológicas ou dos hormônios sexuais que justifiquem esta condição. Trata-se de um vício com sintomas compulsivos, obsessivos e impulsivos. Quando o mesmo problema se verifica em homens, é chamado de satiríase.

Na mitologia grega, ninfas e sátiros eram espíritos da natureza, famosos por sua beleza e sexualidade exacerbadas.

A ninfomania é um transtorno psíquico, sem que ocorram alterações orgânicas que a justifiquem.

A ninfomania é sempre acompanhada por um excesso de masturbação (mais de uma vez por dia), relações sexuais compulsivas e nem sempre ligadas a laços afetivos, uso constante de objetos sexuais e de pornografia e ausência de satisfação com o sexo propriamente. Ademais, ocorre perda no controle sobre outros desejos e obrigações, levando a pessoa a perder aulas, reuniões de trabalho ou encontros e compromissos com a família, amigos e companheiros para buscar experiências sexuais.

As verdadeiras relações íntimas não se acompanham de prazer e é comum que a mulher se sinta culpada e angustiada após uma nova experiência sexual a qual, no entanto, será inexoravelmente repetida.

A ninfomania apenas deve ser classificada como transtorno psicológico (uma compulsão?) quando os desejos sexuais elevados prejudicam as atividades diárias e os relacionamentos afetivos da pessoa, não devendo ser definida apenas pela vertente quantitativa, mas também pelo aspecto formal dos sintomas.

Atualmente, ela é melhor classificada como um vício, já que os transtornos compulsivos e obsessivos estão relacionados a atividades desagradáveis, enquanto o vício está associado a uma atividade prazerosa. Algumas pessoas ninfomaníacas buscam ter atos sexuais com diversos parceiros, mas não se satisfazem com nenhum deles e o ato sexual normalmente é seguido por culpa e arrependimento.

O diagnóstico da ninfomania deve ser feito por um psiquiatra ou psicólogo e é baseado principalmente nas características dos sintomas e comportamentos apresentados pela mulher. Em geral, amigos e familiares também ajudam a mulher a notar as alterações no seu comportamento e devem apoiá-la e induzi-la a procurar ajuda, ao invés de apenas criticá-la.

Uma pessoa ninfomaníaca terá todas ou grande parte das seguintes características, que devem ser levadas em conta no diagnóstico clínico da condição:

1.Necessidade exacerbada e incoercível de sexo.
2.Busca frustrada de criar laços emocionais.
3.Ausência de qualquer condição física que justifique este comportamento.
4.Necessidade de variar os parceiros sexuais.
5.Ausência de satisfação sexual (orgasmo).
6.Sentimento de culpa ou arrependimento depois do ato sexual.
7.Uso compulsivo de aparelhos sexuais como vibradores, por exemplo.
8.Fixação por pornografia ou outras formas de sexo virtual.
9.Excesso de masturbação (mais de uma vez ao dia).
10.Preferência pelo sexo em relação a qualquer outra atividade recreativa.

Um diagnóstico diferencial deve ser estabelecido com outras condições psíquicas ou orgânicas que possam exagerar a sexualidade sem essas características, como episódios maníacos, sífilis cerebral, quadros demenciais, etc.

A ninfomania deve ser tratada como um vício e seu tratamento é similar ao de outros tipos de dependências. O tratamento da ninfomania deve ser conduzido por um psiquiatra e/ou psicólogo, podendo também serem utilizados medicamentos que diminuam a sensação de prazer no cérebro ou arrefeçam o ímpeto libidinal.

Como a ninfomania comporta um aumento do número de parceiros sexuais, também aumenta o risco de contágio com doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), tornando ainda maior a importância de se fazer exames frequentes que avaliem a presença dessas doenças.