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quarta-feira, 31 de maio de 2017

Enfermidades autimunes


Doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunológico de um indivíduo ataca e destrói tecidos saudáveis do próprio corpo, como que por engano.

Estima-se que as doenças autoimunes sejam pouco mais de trinta, embora alguns relatos falem em cerca de oitenta. Estas doenças afetam cerca de 3 a 5% da população mundial, sendo que algumas pesquisas chegam a mencionar 20%.

Essas discrepâncias numéricas tanto podem dever-se a diferentes critérios para incluir determinada enfermidade como doença autoimune, quanto aos constantes avanços das técnicas diagnósticas.

Respostas autoimunes transitórias e reguladas são bem frequentes, porém doenças autoimunes não são tão comuns, uma vez que existem mecanismos que mantêm certa tolerância imunológica ao próprio organismo.

Normalmente, os leucócitos que fazem parte do sistema imunológico de uma pessoa protegem o corpo contra a invasão de substâncias nocivas, como bactérias, vírus, toxinas, células cancerosas, sangue ou tecidos de outras pessoas, etc.

Nas doenças autoimunes, o sistema imunológico do indivíduo não consegue distinguir entre os tecidos saudáveis do corpo e os elementos estranhos ou nocivos e os danifica ou destrói.

Essa resposta é similar à que acontece nas doenças alérgicas, em que o sistema imunológico reage a substâncias externas que normalmente ignoraria.

As causas dessa incapacidade de distinguir entre tecidos saudáveis do corpo e elementos estranhos ou nocivos ainda são desconhecidas, mas supõe-se que obedeçam a uma predisposição genética, a alterações hormonais e a uma baixa regulação imunológica.

Uma mesma pessoa pode apresentar mais de uma doença autoimune ao mesmo tempo, mas também uma mesma doença autoimune pode afetar, de formas diferentes, mais de um órgão ou tecido.

Assim, pode ocorrer destruição de um ou mais tipos de tecidos do corpo, crescimento anormal de órgãos ou alterações da função de um órgão, afetando vasos sanguíneos, tecidos conjuntivos, glândulas endócrinas, articulações, músculos, glóbulos vermelhos ou pele.

Algumas das doenças autoimunes mais conhecidas são: doença de Addison, dermatomiosite, doença de Graves, tireoidite de Hashimoto, miastenia gravis, anemia perniciosa, lupus eritematoso, diabetes, etc.

Os sintomas de uma doença autoimune variam muito, sendo que cada uma possui sintomas específicos e ataca órgãos distintos, conforme a sua natureza e a localização da resposta anormal. Os sintomas mais comuns são cansaço, febre e mal-estar geral.

O diagnóstico de uma doença autoimune deve começar por meio de uma história clínica cuidadosa e de um exame físico detalhado que identifique a doença em causa.

Os exames laboratoriais incluem testes de anticorpos antinucleares, testes de autoanticorpos, hemograma completo, dosagem de proteína C-reativa (PCR), outra dosagens químicas do sangue e taxa de sedimentação de eritrócitos.

O tratamento destas doenças varia para cada uma delas, mas em geral baseia-se na administração de drogas imunossupressoras e no tratamento sintomático requerido em cada caso.

O emprego de medicamentos imunossupressores torna as pessoas imunologicamente mais vulneráveis e as predispõe para as infecções.

Cada doença autoimune pode gerar complicações próprias que variam de algumas muito simples até outras fatais.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Intolerância à lactose



Não se pode confundir intolerância à lactose com alergia ao leite!

A alergia está sempre associada com alguma proteína. No caso do leite, é ocasionada, normalmente, pela a caseína ou a lactoglobulina.

A intolerância à lactose ocorre quando há uma deficiência total ou parcial da enzima que digere a lactose, chamada lactase, responsável pela quebra da lactose em glicose e galactose.

Quando a lactose não é digerida corretamente pelo nosso organismo, ela chega ao intestino inalterada e sofre fermentação pelas bactérias intestinais causando desconfortos abdominais, cólicas intestinais e formação de gases, podendo causar inclusive, edemas e irritações que podem dificultar a absorção de outros nutrientes como as vitaminas e minerais.

Existem três possíveis causas para o a intolerância à lactose:

- Deficiência congênita: é um problema genético raro, nesse caso, a criança já nasce sem a capacidade para produzir a enzima lactase. Assim, a criança já é acometida pela intolerância logo quando entra em contato com o leite materno, pois este também possui lactose;

- Deficiência primária ou ontogênica: é a mais comum entre a população, e acontece por uma tendência natural a diminuição da produção da enzima lactase pelo nosso organismo, com o passar da idade, já que os mamíferos são programados geneticamente para tomar leite somente quando crianças;

- Diminuição enzimática secundária a doenças intestinais: é mais comum em crianças durante os primeiros anos de vida e pode ocorrer devido a diarreias que duram por mais tempo. Neste caso, as células intestinais responsáveis pela produção da lactase acabam morrendo por conta da diarreia. No entanto, esta deficiência é temporária, já que a lactase volta a ser produzida normalmente quando as células intestinais são recuperadas.

Os sintomas da intolerância à lactose irão aparecer quando a quantidade de lactose ingerida for maior que a capacidade que o intestino tem de hidrolisá-la (quebra-la em partes menores).

Pessoas intolerantes a lactose podem apresentar diversos sintomas, sendo a dor e inchaço abdominal, náuseas, desconfortos gástricos, diarreia e gases os mais comuns.

Porém, outros sintomas, como dores de cabeça e vertigens, perda de concentração, dificuldade de memória, dores musculares e nas articulações, cansaço, alergias diversas, arritmia cardíaca, etc., também podem ser resultado da intolerância à lactose.

Pelo fato de os sintomas não serem bem definidos, podendo variar de uma pessoa para outra, o mais importante é sempre procurar a orientação de um médico para o correto diagnóstico e tratamento da doença.

O tratamento para intolerância à lactose vai depender do grau da intolerância, já que muitas pessoas, mesmo sendo intolerantes, conseguem consumir uma pequena quantidade de lactose por dia. Caso o grau de intolerância não seja muito severo, os intolerantes à lactose conseguem consumir alimentos como iogurte, queijos maturados, e outros produtos lácteos fermentados em pequenas quantidades.

No entanto, atualmente existem diversos alimentos sem lactose, que são produzidos sem leite, bem como o desenvolvimento de diversas receitas sem lactose, utilizando alternativas vegetais à base de soja, arroz, aveia e quinoa. Também encontramos no supermercado alimentos como leite, queijo e iogurtes sem lactose ou com baixo teor de lactose. Estes alimentos são produzidos com leite de vaca, no entanto, a lactose já está quebrada em glicose e galactose, e por isso, são bem tolerados.

E ainda, uma boa saída para os intolerantes à lactose são os suplementos à base de enzimas digestivas que contém lactase. São suplementos em pó, que podem ser consumidos cerca de 30 minutos antes das refeições contendo leite. Ainda falando de suplementos, os probióticos (bactérias boas) também costumam ser recomendados para o tratamento da intolerância à lactose, isto porque alguns tipos produzem a enzima lactase, além de ajudarem a recuperar a saúde intestinal, que, normalmente, esta debilitada por conta da doença.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Própolis produzida no Sul do Brasil tem substâncias anti-inflamatórias, antioxidantes, antibacterianas e até anticancerígenas



Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, feita em apiários no sul do Paraná e no norte de Santa Catarina, mostra que a própolis orgânica brasileira possui propriedades químicas com potencial farmacológico para várias doenças, já que apresenta substâncias com ação anti-inflamatória, antioxidante, antibacteriana e até anticancerígena.

A qualidade da própolis produzida pelas abelhas varia de acordo com a origem botânica. No Brasil, já foram classificadas pelo menos 13 variantes. As 78 amostras utilizadas na pesquisa foram obtidas em áreas de preservação permanente e zonas de reflorestamento, o que garantiu que a própolis estivesse livre de agrotóxicos, poluidores, metais pesados, fertilizantes e pesticidas, conforme avaliação de certificadoras nacionais e internacionais.

Segundo o engenheiro agrônomo Severino Matias Alencar, professor associado da Esalq e orientador de Ana Paula Tiveron, que coordenou a pesquisa, todas as variantes apresentaram “alto poder sequestrante contra espécies reativas de oxigênio” — substâncias químicas que, quando presentes em excesso no organismo, causam diversos problemas às células humanas, resultando no desenvolvimento de várias doenças como as neurodegenerativas, cânceres, anemia, isquemia, além de oxidação do LDL-colesterol (o mau colesterol).

A pesquisa demonstrou também a eficácia da própolis com ação contra diversos tipos de microrganismos: o Streptococcus mutans e S. sobrinus — agentes associados ao desenvolvimento da cárie; o Streptococcus oralis — que induz ao surgimento da placa bacteriana e à endocardite (doença infecciosa do coração); o S. aureus — que pode causar acne, furúnculos, celulite e doenças graves como meningite e pneumonias e a Pseudomonas aeruginosa — patógeno oportunista associado a infecções hospitalares.

De acordo com Alencar, diferentemente da própolis europeia, rica em flavonoides, a própolis brasileira é caracterizada pela presença de derivados de ácido cinâmico prenilado, que possui atividade sequestrante de radicais livres e significativa ação anti-inflamatória e antimicrobiana. A novidade deste trabalho foi encontrar propriedades farmacológicas importantes na própolis orgânica brasileira, que se destaca também pelo seu sabor suave e alto valor comercial.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de própolis, exportando anualmente cerca de 160 toneladas, perdendo apenas para a China.

sábado, 27 de maio de 2017

Esgotamento mental ou síndrome de Burnout - o que fazer para melhorar?


Esgotamento mental, esgotamento nervoso ou síndrome de burnout é um estado de exaustão emocional, mental e física. Ocorre quando a pessoa se sente oprimida, emocionalmente esgotada e incapaz de atender às constantes demandas que são feitas a ela. Se o estresse continua, a pessoa começa a perder o interesse e a motivação que a levou a assumir determinadas tarefas.

O esgotamento mental reduz a produtividade e solapa energias, deixando a pessoa se sentindo cada vez mais fragilizada e sem esperanças. Eventualmente, a pessoa pode sentir como se não tivesse nada mais para dar de si.

Muitas vezes o esgotamento mental decorre de trabalho excessivo e desgastante. O estilo de vida e os traços de personalidade também podem contribuir para o esgotamento mental. Além disso, outras causas podem levar ao problema: falta de relações de proximidade e de apoio interpessoal, não dormir o suficiente, visão pessimista de si mesmo e do mundo e estresse excessivo e prolongado.

Os efeitos do esgotamento mental são negativos em todas as áreas da vida (família, trabalho e vida social) e também podem causar alterações de longo prazo para o corpo e torná-lo vulnerável a doenças infecciosas como resfriados e gripes. Em geral, o esgotamento mental leva a pessoa a sentir que todo dia é um "dia ruim", a parecer que cuidar de sua vida profissional ou doméstica é um desperdício total de energia, a se sentir exausta o tempo todo, mesmo sem executar grandes tarefas, as quais lhe parecerão maçantes ou esmagadoras e a sentir que nada que faz é apreciado por outras pessoas.

Todas as pessoas têm dias em que se sentem indefesas e desprezadas e em que sair da cama exige um grande esforço. No entanto, se uma pessoa se sentir assim a maior parte do tempo, é porque ela pode estar experimentando um processo gradual de esgotamento mental. De início, os sinais e sintomas são sutis, mas pioram com o passar do tempo. São eles:

•Sentimentos de cansaço e esgotamento.
•Imunidade reduzida.
•Dores de cabeça ou musculares frequentes.
•Alteração do apetite e do sono.
•Sentimentos de fracasso, de solidão, perda de motivação, diminuição progressiva de satisfações e do sentimento de autorrealização.
•Falta de vontade de assumir responsabilidades.
•Isolamento das pessoas.
•Demora em fazer as coisas que antes fazia mais rapidamente.
•Foco excessivo em comida, drogas ou álcool.
•Indisposição quanto ao trabalho, geralmente chegando atrasado e saindo mais cedo.

Existem passos positivos que a pessoa pode dar para superar o esgotamento mental. Um dos mais eficazes é aproximar-se das outras pessoas, principalmente as mais queridas, como seu marido ou esposa, filhos ou amigos. O contato social é um potente antídoto ao estresse. A pessoa deve tentar colocar de lado o que a está fustigando e fazer o tempo que gasta com os entes queridos mais positivo e agradável, sendo mais sociável com seus colegas de trabalho e evitando estar com pessoas negativistas que não fazem nada mais do que reclamar da vida.

Outra medida útil é adotar uma causa ou um grupo religioso que seja significativo para a pessoa ou um trabalho voluntário que traga satisfação. Ser útil para outras pessoas proporciona um prazer imenso e pode ajudar a reduzir significativamente o estresse. Mesmo pequenas coisas como uma palavra amável ou um sorriso amigável pode ajudar a reduzir o estresse - para você e para a outra pessoa. Em resumo:

•A pessoa deve criar oportunidades para descansar a mente.
•Reduzir o excesso de entrada sensorial, sobretudo o excesso de luz e de ruídos.
•Dar-se o direito de relaxar e de ficar sem fazer nada por algum tempo.
•Não ser irreal sobre o quanto é possível fazer, respeitando os seus limites.
•Priorizar os trabalhos que são um investimento em produtividade e criação.
•Trabalhar a resiliência.
•Aceitar tranquilamente que o mundo e as pessoas não são perfeitos, assim como você também não é!

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Anafilaxia - Reação anafilática


A anafilaxia é uma reação alérgica generalizada, abrupta e severa a uma determinada substância, nesse caso chamada de “alergeno”, para a qual o organismo esteja previamente sensibilizado. O tipo mais grave de anafilaxia, o choque anafiláctico, termina geralmente em morte, caso não seja imediatamente tratado. Nesses casos, diferentes tecidos do corpo liberam histamina e outras substâncias que causam uma verdadeira “tempestade” fisiológica que desorganiza todo o funcionamento orgânico, gerando vários sintomas.

Certas substâncias, quando introduzidas no organismo, podem provocar uma reação semelhante que, quando a sua base imunológica não pode ser comprovada, é dita anafilactoide. Nesses casos não se comprova a participação de anticorpos e, sendo assim, não se trata de uma reação alérgica.

A reação anafilática pode ser provocada por quantidades minúsculas de substâncias alergênicas. As mais comuns são certos alimentos, alguns medicamentos, picadas de insetos, exercícios físicos, transfusões de sangue ou derivados. A reação anafilática se desencadeia rapidamente quando o alergeno alcança a corrente sanguínea, reagindo com seu respectivo anticorpo.

Os sintomas da anafilaxia costumam ocorrer em poucos minutos após a exposição a um alergeno. Eles podem incluir graves dificuldades respiratórias e asfixia, hipotensão, devido à dilatação dos vasos sanguíneos, síncope, coma, urticária e angioedema devidos à saída de líquido através das paredes dos vasos, coceiras, edema de faringe e/ou laringe, espasmos uterinos, náuseas, vômitos, diarreia, entre outros. As crises mais fortes são caracterizadas pela diminuição da pressão arterial, taquicardia, distúrbios da circulação sanguínea, acompanhada ou não de edema de glote. Pode haver uma desregulação do funcionamento do coração e o indivíduo pode entrar em estado de choque. Alguns medicamentos, como a morfina, contrastes de radiografias e aspirina, entre outras substâncias químicas, podem causar uma reação semelhante, mas não igual, à anafilaxia, chamada reação anafilactoide, entretanto, os sintomas, o risco de complicações e o tratamento são iguais em ambos os tipos de reações.

O diagnóstico tem de ser feito prontamente, de maneira clínica, baseando-se na história clínica do paciente, para que o tratamento possa iniciar-se com rapidez. Deve-se procurar pela história de exposição às substâncias capazes de produzir anafilaxia, que, contudo, pode não ser clara, e associá-la com as manifestações clínicas pertinentes. Posteriormente, os exames de laboratório mostrarão: aumento dos leucócitos e do hematócrito, hemoconcentração, eosinofilia, alterações do eletrocardiograma com arritmias cardíacas, aumento sérico das enzimas cardíacas, alterações pulmonares.

É um diagnóstico delicado, devido à necessidade de decisões rápidas, e o quadro poder ser confundido com crise de ansiedade, asma brônquica, broncoespasmos ou edema de glote de outras etiologias, choque cardiogênico, corpo estranho nas vias aéreas superiores, hipovolemia, embolia pulmonar e reflexo vasovagal.

Os primeiros socorros no choque anafilático consistem em manter permeáveis as vias aéreas, o que pode demandar cuidados médicos avançados e ventilação assistida, se a vítima parar de respirar. O tratamento médico deve ser feito com injeção intramuscular, subcutânea ou intravenosa de epinefrina (adrenalina), anti-histamínicos, corticosteroides e, se necessário, administração de oxigênio ou intubação traqueal (procedimento pelo qual o médico introduz um tubo rígido na traqueia, mantendo-a permeável para a inalação), sempre sob estrita vigilância médica. Se o angioedema for tão profuso que impeça a intubação, uma traqueotomia de emergência pode ser requerida. Como em casos de hipotensão severa pode ser difícil acessar uma veia, a epinefrina pode ser administrada por instilação endotraqueal. O tratamento deve visar também a reação de hipersensibilidade, além dos sintomas.

Pacientes propensos à anafilaxia ou que já tenham sofrido um episódio anterior devem portar um recipiente com adrenalina, para ser administrada de emergência por um leigo ou por eles mesmos, enquanto aguardam socorro médico.

A anafilaxia pode evoluir rapidamente, dentro de um a dois minutos, e resultar em colapso, convulsões, incontinência urinária, perda de consciência ou um súbito ataque cerebral.

A anafilaxia pode ser fatal se não for realizado rapidamente o tratamento adequado. Quando ele é feito, geralmente a resposta é boa e a recuperação é completa.

Se o agente causador de uma crise puder ser identificado, o paciente deve ser orientado para evitar outras reações posteriores.

A anafilaxia pode gerar complicações potencialmente mortais: bloqueio do fluxo de ar, parada cardíaca e/ou respiratória e choque.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Alergia às proteínas do leite de vaca


As alergias às proteínas do leite de vaca ou APLV são as alergias alimentares infantis mais comuns e afetam de 1,9% a 4,9% dos bebês. Elas são uma resposta do sistema imunológico a uma ou ambas as proteínas do leite. As alergias às proteínas do leite de vaca não devem ser confundidas com intolerância à lactose, que é a incapacidade de digerir o açúcar do leite.

As APLVs podem ser divididas em

(1) alergias mediadas pela imunoglobulina E [IgE],

(2) alergias não mediadas pela IgE ou (3) alergias mistas.

A causa não é totalmente conhecida, mas acredita-se-se que elas se devem a um contato com o alergeno alimentar, predisposição genética ou a um excesso de cuidados em relação à higiene pelos quais uma criança pode passar, já que tendo pouco contato com agentes infecciosos, o desenvolvimento do seu sistema imunológico pode ficar alterado.

Embora sejam mais comuns em bebês alimentados com leite de vaca, os sintomas de alergia podem se fazer presentes também em bebês amamentados ao seio.

Existem três áreas principais em que os sintomas se desenvolvem: trato gastrointestinal, vias respiratórias e vias cutâneas (pele).

As alergias mediadas pela IgE aparecem de segundos até duas horas após a ingestão do leite e são assim denominadas pois o organismo produz anticorpos específicos para as proteínas do leite de vaca. São reações mais persistentes e mais graves que as não mediadas pela IgE. Os sintomas gerados são urticárias (placas vermelhas disseminadas, associadas com coceiras), angioedema (inchaço dos lábios e/ou dos olhos), vômitos em jato e/ou diarreia após a ingestão do leite, anafilaxia, chiado no peito e respiração difícil.

As alergias não mediadas pela IgE levam a reações mais tardias, que podem aparecer horas ou dias após a ingestão do leite. Elas são mediadas por células que não produzem anticorpos IgE. Crianças com esse tipo de reação normalmente desenvolvem tolerância ao leite antes que as demais. Os principais sintomas das alergias não mediadas pela IgE são vômitos tardios, diarreia com a presença de muco e sangue, sangue nas fezes, cólicas, intestino preso, baixo ganho de peso e baixo crescimento, inflamação do intestino, assaduras e/ou fissuras perianais.

Nas formas mistas há uma associação das duas condições citadas anteriormente e pode surgir ainda dermatite atópica moderada ou grave, asma, refluxo gastroesofágico, inflamação do esôfago, inflamação do estômago, gastrite, diarreia, dor abdominal, baixo ganho de peso e baixo crescimento.

O diagnóstico médico pode não ser fácil e levar algum tempo para ser definido. O médico precisa ter como base a história clínica do paciente e os sinais e sintomas exibidos pela criança. Em alguns casos, podem ser pesquisados os anticorpos específicos, porém nas alergias não mediadas pela IgE não é possível fazer o diagnóstico a partir dos exames de sangue, uma vez que estes exames identificam apenas os anticorpos IgE.

A alergia alimentar é muito menos comum do que a intolerância alimentar e é a mais grave das duas condições. No entanto, alguns dos sintomas são muito semelhantes. Uma diferença é que a alergia envolve uma reação imune, enquanto a intolerância não envolve o sistema imunológico.

A alergia é causada pelo fato de que uma proteína do leite é reconhecida como uma substância estranha ao organismo e desencadeia uma reação do sistema imunológico ou é uma reação do sistema imune em que a mucosa gastrointestinal luta para paralisar os alergenos no intestino (alergia não mediada por uma resposta IgE).

Uma alergia grave pode surgir em reação a qualquer quantidade de proteína e pode ser fatal. Em alergias muito graves, a reação pode ocorrer simplesmente por estar perto do alergeno, tocar algo que esteve em contato com ele ou pela mera inalação do alergeno, inclusive no processo de cozimento dos alimentos. A alergia é muito mais comum em crianças, especialmente em bebês, e rara em adultos.

Os sintomas podem ser digestivos, cutâneos, respiratórios, reação anafilática, baixo ganho de peso e baixo crescimento. Podem ocorrer em minutos, horas ou dias após a ingestão de leite de vaca ou derivados, de forma persistente ou repetitiva.

A intolerância é mais comum em adultos e idosos do que em crianças. Também pode ser uma consequência, às vezes temporária, em casos de diarreia prolongada ou doenças inflamatórias intestinais. Os sintomas da intolerância são apenas intestinais.

O tratamento indicado para os casos de alergia às proteínas do leite de vaca (APLV) é a exclusão do leite de vaca e de seus derivados. Alguns alimentos são indicados para a substituição ao leite de vaca para garantir que a criança consuma os nutrientes presentes neste alimento. Um nutrólogo ou um nutricionista é indicado para orientar esta substituição.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Alterações posturais


Postura é o conjunto de posições das articulações do corpo em um dado momento, em que o centro de gravidade de cada segmento corporal está alinhado verticalmente com o segmento abaixo. A postura normal é um estado de equilíbrio muscular e esquelético mantido com um mínimo de estresse ou tensão sobre o corpo.

Alterações posturais, ou desvios posturais, são alterações na coluna vertebral representadas por desvios anormais ou acentuação de curvaturas normais (nas regiões torácica e lombar) já existentes ou pelo aparecimento de curvaturas novas. Elas podem levar ao uso compensatório incorreto de outras articulações corporais ou causar enrijecimento e encurtamento dos músculos, uma vez que o corpo busca compensações para manter o equilíbrio do indivíduo.

As alterações (desvios) de postura podem ser causadas por maus hábitos posturais, desequilíbrios musculares e encurtamento de tecidos moles.

A coluna vertebral vista lateralmente sofre curvas no sentido convexo (lordose) ou côncavo (cifose), as quais podem ser acentuadas patologicamente. Na hiperlordose ocorre um aumento anormal da curva lombar, dando-nos a impressão de que as nádegas são mais salientes. Na hipercifose, há um aumento anormal da curvatura da região dorsal (costas), dando à pessoa um aspecto de "corcunda". Já quando abordada de uma posição ventral ou dorsal, as curvaturas observadas no sentido lateral (uma ou mais) são chamadas escolioses.

Pode-se falar de postura estática e postura dinâmica. A postura estática é considerada quando a pessoa se encontra parada. A postura dinâmica está presente quando a pessoa se movimenta. Os padrões posturais que as pessoas adotam durante o dia baseiam-se nos ajustes utilizados para responder às demandas ergonômicas e para manter certo nível de conforto para a coluna.

As deformidades posturais mais comuns são:

1.Cabeça deslocada para frente, ocasionando um posicionamento anterior do pescoço.

2.Hipercifose (curvatura da coluna torácica no sentido côncavo, quando olhada lateralmente) de determinado segmento vertebral.

3.Hiperlordose (curvatura da coluna torácica no sentido convexo, quando olhada lateralmente) de determinado segmento vertebral.

4.Escoliose, classificada como uma curvatura lateral dos segmentos vertebrais.

Estas anomalias podem gerar deformidades compensatórias nas estruturas periféricas (braços e pernas), porque o sistema músculo-esquelético está interligado e pode levar a alterações no tecido ósseo, fazendo com que grande parte dos pacientes apresentem quadros álgicos (de dor) associados à má postura.

Os desvios de coluna podem ser diagnosticados pelo exame físico e por meio de radiografias, tomografias computadorizadas ou ressonância magnética.

O tratamento deve consistir primeiramente em eliminar eventuais dores e desconfortos gerados pela má postura. Às vezes, tais alterações são leves e pouco perceptíveis, podendo ser corrigidas com medidas simples, como sessões de fisioterapia, musculação e/ou alongamento. Entretanto, em outros casos, é necessário um tratamento intensivo, uso de coletes ou mesmo cirurgias.

Quanto mais cedo a pessoa se tratar, maior a porcentagem de êxito da correção. Podem ser utilizadas também técnicas que mobilizem estruturas articulares e musculares para ganho de amplitude de movimento como, por exemplo, mobilizações articulares, massoterapia e alongamentos específicos.

O fortalecimento muscular é essencial para proporcionar maior sustentação da postura considerada ideal. A diminuição das curvaturas anatômicas (chamadas retificações) pode fazer com que o paciente perca mobilidade destes segmentos, tornando-os estruturas rígidas.

As alterações posturais podem ser prevenidas por meio de exercícios físicos que visem reforçar a musculatura paravertebral e buscando sempre manter a postura correta.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Controle alimentar do ácido úrico


Bons hábitos alimentares podem auxiliar bastante no controle do ácido úrico, componente orgânico que, em excesso, pode causar danos às articulações e aos rins.

Veja o que você deve evitar em sua dieta:

- Miúdos em geral;
- Alguns alimentos das águas, como sardinha, mexilhão, anchova, bacalhau, salmão, truta, atum, arenque, camarão, lagosta, ostra e caranguejo;
- Algumas aves, como ganso, peru, galinha e galeto;
- Carne de porco,embutidos, toucinho defumado, bacon;
- Caldo de carne e molhos prontos (industrializados);
- Feijão, lentilha, grão-de-bico, ervilha, trigo;
- Frutas oleaginosas, como coco, nozes, castanha, amêndoa, amendoim, pistache e avelã;
- Presunto, banha, extrato de tomate, chocolate e pão de centeio;
- Alho poró, aspargo, brócolis, cogumelo e espinfre;
- Cereja, nêspera e abacaxi;
- Café;
- Todos os grãos e sementes.

É, a vida de quem tem problemas com ácido úrico não é fácil. Mas quem já teve uma crise de gota (foto acima) sabe o que dói! É bem melhor evitar chegar neste ponto.

Boa dieta!

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Hemoglobina glicada ou glicosilada: entenda um pouco sobre ela


A hemoglobina (Hb) é uma proteína normalmente presente nas hemácias (glóbulos vermelhos do sangue), cuja função é transportar oxigênio para os tecidos. Hemoglobina glicosilada ou glicada (HbA1c) é a fração da hemoglobina que se liga à glicose que ela incorpora a partir do sangue. Assim, quanto mais altas as taxas de glicose livre no sangue, maiores os valores da hemoglobina glicosilada.

A função da hemoglobina é transportar oxigênio no sistema circulatório para os tecidos. Durante o período de vida da hemácia, a hemoglobina vai incorporando glicose, em função da concentração de açúcar livre no sangue. Dessa forma, o exame de hemoglobina glicosilada consegue mostrar uma média das concentrações de glicose em nosso sangue durante aproximadamente sessenta a noventa dias, diferentemente da glicemia de jejum, que mede as concentrações de glicose no sangue apenas no momento da coleta. A hemoglobina glicosilada é, então, um parâmetro a mais, além da glicemia de jejum e da curva glicêmica, que permite avaliar os níveis de glicose circulantes, com a vantagem de refletir a concentração média de glicose em um tempo mais prolongado.

Não é necessário nenhum tipo de preparo para fazer o exame de hemoglobina glicosilada. A pessoa pode comer ou beber naturalmente. É colhida uma amostra de sangue, por meio de uma punção venosa, normalmente a mesma amostra que servirá para outros exames e que será analisada por meio de equipamentos automatizados. Se o exame for único, pode ser feito em uma gota de sangue obtida por uma lanceta de perfuração na polpa de um dedo. Não existem contraindicações para a realização do exame de hemoglobina glicosilada, podendo ser feito por qualquer pessoa. Normalmente o resultado já pode ser dado uma hora após a realização da coleta do sangue.

O exame da hemoglobina glicosilada é usado para diagnosticar e monitorar o controle mais em longo prazo do diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2, mas ele também pode ser pedido como parte do checkup normal de uma consulta, porque o diabetes pode permanecer assintomático por muito tempo. Em casos mais raros, a hemoglobina glicosilada pode ser pedida para fazer o diagnóstico de anemia ou baixas contagens de hemoglobina ou de uma hipoglicemia. O nível de hemoglobina glicosilada é aumentado nas células vermelhas do sangue de pessoas com diabetes mellitus mal controlado. Uma vez que a glicose permanece ligada à hemoglobina por toda a vida da célula vermelha do sangue, normalmente entre 90 e 120 dias, o nível da hemoglobina glicosilada reflete o nível médio de glicose no sangue durante os últimos três meses. Enquanto os resultados da glicemia de jejum podem oscilar de um momento para outro, dependendo de fatores como a prática de atividade física ou o uso de medicações que o paciente esteja tomando, além do fato de que alguns indivíduos podem apresentar glicemia de jejum normal e ter picos hiperglicêmicos em outros instantes, o exame de hemoglobina glicosilada mostra a concentração média de glicose no sangue de uma pessoa durante um longo período.

Alguns outros motivos podem justificar o pedido da hemoglobina glicosilada:

•Glicemia de jejum acima do normal.
•Urinar várias vezes ao dia.
•Sede intensa.
•Perda de peso apesar da ingestão normal de alimentos.
•Desidratação.
•Tonteiras.
•Mal-estar.
•Fome intensa.
•Parente direto com diabetes mellitus.

Os valores de referência da hemoglobina glicosilada são diferentes se o paciente é ou não diabético. Para alguém que não seja diabético os níveis normais podem variar de 4,5 a 5,6%. Um resultado entre 5,7 e 6,4% é considerado como pré-diabetes. Níveis superiores a 6,5%, obtidos em dois testes separados, indicam diabetes mellitus. Para pessoas que sejam diabéticas, níveis de hemoglobina glicosilada entre 6,5 e 7,0% são considerados como indicativo de um bom controle da doença e de que o tratamento que vem sendo feito deve ser continuado. Se a medida estiver acima desse valor, indicam mau controle da doença e é recomendável uma mudança no plano de tratamento. Níveis acima de 12% indicam um controle muito pobre. Quanto mais elevado o nível de hemoglobina glicosilada, maior será o risco de o paciente ter complicações.

O exame da hemoglobina glicosilada pode ser falseado em algumas condições:

•Sangramento intenso ou crônico.
•Ferro insuficiente na corrente sanguínea.
•Presença de uma variante de hemoglobina A.
•Transfusão de sangue recente.
•Portador de anemia hemolítica.

As complicações possíveis com o exame da hemoglobina glicosilada são os mesmos inerentes a todos os exames de sangue, como hematomas ou lesões decorrentes de uma veia mal puncionada ou uma coleta difícil.

sábado, 20 de maio de 2017

Triquelomas


O triquilemoma é uma neoplasia benigna na pele, mas sua importância clínica reside na associação com a doença de Cowden (Síndrome dos Hamartomas Múltiplos) e a necessidade de diferenciar os triquilemomas de outros tumores cutâneos mais agressivos. O triquilemoma foi descrito pela primeira vez em 1962, por Headington e French.

A causa subjacente do triquilemoma ainda é desconhecida. Devido à sua semelhança histológica com uma verruga, alguns investigadores têm sugerido e investigado uma etiologia viral. Johnson e colaboradores realizaram análises histológicas em dez lesões de um paciente com doença de Cowden e não encontraram evidência de uma infecção viral. Leonardi e colaboradores fizeram estudos em 25 triquilemomas, não revelando evidências de DNA de papilomavírus humano nas lesões.

A maioria dos triquilemomas, portanto, parecem representar um tumor benigno com diferenciação em relação à bainha folicular exterior da raiz pilosa (triquilema). Stierman et al. foram incapazes de detectar infecção pelo HPV ou mista do tipo genital em triquilemomas. Por outro lado, Rohwedder et al. demonstraram, em 11 casos de triquilemomas, exames positivos para o HPV. Esses vírus foram também identificados em pacientes com doença de Cowden.

Clinicamente, os triquilemomas apresentam-se como pápulas assintomáticas bem definidas, lisas ou verrucoides. Estas pápulas, que podem aparecer como lesões solitárias ou múltiplas, muitas vezes imitam um carcinoma basocelular ou uma verruga e frequentemente são associados com várias outras neoplasias (nevus sebáceos, tricoblastoma, adenoma sebáceo e syringocystadenoma papilliferum, entre outras).

Geralmente têm cor de carne, com diâmetro de 1-5mm e aparecem principalmente na face ou no pescoço, mas também podem ocorrer nas orelhas, antebraços, mãos ou em qualquer outro lugar, dentro de um nevus sebáceo. À medida que aumentam lentamente, elas quase sempre produzem uma superfície hiperceratótica (com excesso de produção de uma proteína chamada queratina) sugestiva de uma verruga.

O diagnóstico dos triquilemomas é basicamente clínico, pela observação visual das lesões e pela história médica relatada. Quando múltiplos triquilemomas estão presentes, a doença de Cowden deve ser suspeitada, especialmente se eles são associados a fibromas orais, bócio, polipose gastrointestinal, doença da tireoide ou história familiar de câncer de mama.

Não são necessários estudos de imagem para a avaliação de um triquilemoma. No entanto, alguns exames podem ser úteis quando se deseja um estudo para a doença de Cowden: mamografia, imagens da tireoide, imagens gastrointestinais superior e inferior, radiografia de tórax e radiografias dos ossos longos, da pelve e do crânio. Por fim, uma biópsia de raspagem da pele pode ser utilizada para estabelecer o diagnóstico de um triquilemoma, mediante achados histológicos típicos.

Como esses tumores são benignos, nenhum tratamento médico é necessário e a questão é principalmente estética. Entretanto, algumas opções de tratamento estão disponíveis, variando da excisão cirúrgica simples à ablação por laser de dióxido de carbono.

Uma abordagem padrão é realizar uma biópsia de raspagem das lesões. Este procedimento fornece uma amostra de tecido para exame histológico e facilita a remoção do crescimento epitelial, produzindo excelente resultado cosmético. No entanto, não elimina a possibilidade de recorrência.

A excisão ou curetagem da lesão também são outras opções, mas são menos comumente realizadas devido à natureza benigna desta neoplasia e sua localização comum no rosto.

Os triquilemomas são neoplasias epiteliais foliculares benignas e, de si mesmos, só estão associados com morbidade mínima e nenhuma mortalidade. A única morbidade associada a estes tumores ocorre se eles forem tratados como um carcinoma basocelular antes da confirmação histológica a ser obtida.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Anvisa registra o primeiro teste de farmácia para HIV


Action, da empresa Orangelife Comércio e Indústria, é o primeiro autoteste para triagem do HIV registrado pela Anvisa. O produto é destinado ao público em geral e poderá ser vendido em farmácias e drogarias. De acordo com a documentação do processo de registro do produto, o teste funciona com a coleta de gotas de sangue, semelhante aos testes já existentes para medição de glicose por diabéticos.

O resultado leva de 15 a 20 minutos para ficar pronto e aparece na forma de linhas que indicam se há ou não presença do anticorpo do vírus HIV. A presença do anticorpo mostra que a pessoa foi exposta ao vírus que provoca a AIDS. O teste funciona para os dois subtipos do vírus que provocam a doença.

O autoteste demonstrou sensibilidade e efetividade de 99,9%. Porém, só é capaz de indicar a presença do vírus HIV 30 dias depois da situação de exposição, que é o momento em que a pessoa pode ter tido contato com o vírus da AIDS, por uma relação sexual sem proteção ou por compartilhamento de agulhas, por exemplo. Este período de 30 dias é o tempo que o organismo leva para produzir anticorpos em níveis detectáveis pelo autoteste. Se uma nova situação de exposição acontecer após esse período, um novo teste precisa ser feito, respeitando o prazo necessário para detecção e as confirmações necessárias.

Entendendo o autoteste para HIV/AIDS

•O teste Action traz o dispositivo de teste, um líquido reagente, uma lanceta (específica para furar o dedo), um sachê de álcool e um capilar (um tubinho para coletar o sangue).

•O resultado leva de 15 a 20 minutos para aparecer.

•Em caso de resultado negativo, é recomendável que o teste seja repetido em intervalos de 30 dias até completar 120 dias após a exposição. O período sempre deve ser contado a partir da última situação de risco.

•Em caso de resultado positivo, a pessoa deve procurar um serviço de saúde para confirmar o resultado com testes laboratoriais e encaminhamento para o tratamento gratuito adequado, se for necessário.

O teste de farmácia para HIV não poderá ser usado na seleção de doadores de sangue, já que, para isso, existem outros procedimentos.



Fontes: Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Ascom/Anvisa

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Corrupção sob o ponto de vista da psiquiatria


A evolução cuidou de desenvolver, na nossa espécie, áreas cerebrais responsáveis pelo caráter que permite o desenvolvimento do que chamamos de senso ético. Sem este processo a vida em sociedade não seria possível.

Político corrupto, empresário corrupto, empreiteiro poderoso, cuja única ambição é dinheiro e poder, são deficientes de caráter, atrasados na evolução da espécie!

Corrupção é a falta de senso ético! O senso ético é a capacidade que os ser humano tem de seguir as regras de boa conduta e de respeitar os outros. De se importar com os demais e ter sentimentos altruístas. Pode variar conforme a cultura, mas tem sempre um sentido comum em qualquer sociedade, que é, justamente, o bem comum e a condenação do contrário.

Corrupto é sujeito atrasado no sentido evolutivo da espécie humana e, defeituoso do ponto de vista cerebral. É aberração!

O ser humano é um ser social por excelência, ou seja, vive para o bem comum. É assim que anos de evolução talharam o ser humano. Ao longo da escala zoológica, observamos uma incapacidade do indivíduo bastar-se a si mesmo e uma maior necessidade do outro, de vida social e de ajuda mútua.

Caráter, então, refere-se às tendências da personalidade relacionadas aos sentimentos e atitudes do sujeito frente à sociedade. Essas são tendências inatas e configuradas pela sociedade, que, por sua vez, vai permitir ao sujeito a expressão do senso ético próprio de sua cultura.

Estudos já confirmam que a moral não depende apenas da cultura e faz parte da natureza humana.

Desde WELT (1888), e KLEIST (1931), sabe-se que o sujeito deficiente de caráter é um enfermo orbitário, vítima de alguma malformação ou disfunção orbitária. Essas áreas, que atingem, no homem, o seu máximo desenvolvimento, são áreas cerebrais de maturação mais tardia em relação a outras áreas. Integram as várias informações.

Relacionam-se com funções do pensamento abstrato e simbólico. Desempenham papel fundamental na formação de intenções e programas, funções estas relacionadas com o planejamento do futuro.

Vários pesquisadores, entre eles Antônio Damásio, Marc Hauser e Adrian Raine, apresentam pesquisas, utilizando-se de PET scan demonstrando diminuição no volume da substância cinzenta destas áreas pré-frontais.

Nem todos os psicopatas (sujeitos com deficiências graves de caráter) acabam na prisão. Alguns alcançam altos cargos nas corporações e têm uma ascensão extremamente rápida.

O assim chamado psicopata corporativo prospera rapidamente no caos organizacional de algumas empresas e corporações.

A prevalência de psicopatas em corporações ainda não foi estimada estatisticamente, mas estima-se que as tendências à manipulação e à desonestidade sejam freqüentes. Os estudos em empresas sugeriram que 15% de executivos superiores deturpam seu grau de instrução, e um terço de todos os currículos contêm informações falsas.

O grande estudioso destas questões é o Dr. Babiak que tem seus estudos disponíveis no endereço: http://www.lifepsych.com/linksworkarticle01psychopath.htm)

Enfim, corrupção é falta de caráter!

• Sujeitos com deficiência de caráter são insensíveis às necessidades dos outros, condição que obedece a um espectro de manifestação: do sujeito ambicioso até o pior dos perversos cruéis.

• Na formação cerebral, processos responsáveis pelas funções da sociabilidade, não se estruturam de forma adequada nestes sujeitos.

Corrupto é sujeito atrasado do ponto de vista da evolução social e defeituoso do ponto de vista cerebral. É aberração no sentido evolutivo.

Caráter, que integra as funções da sociabilidade, é o nosso melhor atributo, faz-nos ter vontade de seguir em frente com nossos projetos, nos sacrificarmos por aquilo em que acreditamos e nos solidarizarmos com pessoas, grupos e causas sociais.

Enfim, é o que dá sentido à nossa existência e nos torna humanos.

O sujeito, com defeito das funções da sociabilidade, vive apenas para satisfazer as suas próprias necessidades.

O que fazer?

Matar corrupto não pode, mas podemos ter mais consciência social e política. E qual a importância disso?

O sujeito com defeito de caráter só vai agir se encontrar as condições para tal. Ele é mau caráter e não é burro, no sentido chulo da expressão. Ele vai escolher o local e as condições apropriadas para satisfazer o seu desejo egoísta. Através da boa educação e das condições sociais decentes na comunidade, o sujeito não vai fazer nada que possa vir a prejudicar alguém se essa atitude for lhe causar uma pena ou um prejuízo pessoal. Ele vai até tentar arriscar, mas, se não houver impunidade, a atuação dele vai ser bem mais restrita.

Então não depende só da família se esforçar por oferecer uma boa educação para os seus filhos, a comunidade tem que ser séria e não tolerar nenhum desvio do comportamento e das regras da boa convivência social.

*Dra Hilda Morana é psiquiatra forense e uma das maiores autoridades em estudos de psicopatas do Brasil e do mundo, com diversas publicações nacionais e internacionais

Fonte: Psychiatry on line Brasil

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Doença de Huntington


A doença de Huntington é uma doença genética, causada por um gene expandido no ADN de uma pessoa.

Todas as pessoas possuem o gene responsável pela doença de Huntington, mas as pessoas que chegam a desenvolver a doença têm uma versão mais longa desse gene.

É a expansão do mesmo que faz com que o gene não funcione correctamente e que eventualmente leva as pessoas a desenvolverem a condição.

A Doença de Huntington é também um “distúrbio neurodegenerativo”.

Se partirmos a palavra, neuro significa “nervo” e degenerativo significa algo que gradualmente fica pior.

Distúrbio é outra palavra que se utiliza para dizer condição ou doença. Por isso, quando as pessoas que a Huntington é um distúrbio neurodegenerativo, estão a dizer que a Huntington é uma condição que afeta o sistema nervoso e que, gradualmente, vai piorando com o tempo.

Isto significa que a condição afeta as células do nosso cérebro e continua a causar danos à medida que o tempo passa, o que faz com que o cérebro e corpo parem de trabalhar tão bem como trabalhavam.

Como resultado, as pessoas desenvolvem sintomas da doença de Huntington.

Estes sintomas podem ser divididos em três tipos principais: movimentos involuntários, cognitivos e comportamentais.

Poderá ouvir os médicos e profissionais de saúde referir-se a “Coreia” ao falar sobre a doença de Huntington.

Coreia é na realidade uma palavra grega, que significa dança e é usada para se referir aos movimentos irregulares das pessoas com a doença.

Esses movimentos involuntários levam muitas vezes a que as pessoas com doença de Huntington deixem cair coisas e parecerem “inquietas”.

Nos anos iniciais da doença, poderá ser confundido com embriaguez, quando na verdade são apenas movimentos involuntários.

Esses movimentos involuntários são o sintoma mais fácil de detectar na doença de Huntington e quando ainda não existia muita informação sobre outros sintomas da doença (como aqueles que afetam a forma como pensamos) costumava-se chamar a esta condição Coreia de Huntington.

Cognitiva define algo que necessite de “atividade intelectual” ou que envolva o nosso processo de pensar, qualquer coisa basicamente que requeira algum pensamento (como a leitura desta página)!

Conforme a doença progride, as pessoas com a doença de Huntington podem ter dificuldade em manter o controlo das coisas, tomar decisões ou responder a perguntas – que é porque a sua capacidade de concentração se torna mais difícil, face ao declínio das suas habilidades cognitivas.

No entanto, apesar da perda de capacidade de pensar, as pessoas com a doença de Huntington geralmente permanecem capazes de entender e reconhecer os outros.

Esta condição pode afetar também a parte comportamental, o que significa que afeta a forma como a pessoa pensa e as ações que toma.

Sintomas comportamentais podem levar a que a pessoa com a doença se sinta deprimida, com falta de energia, ansiosa, com raiva ou que perca a paciência com coisas que não parecem importantes. Às vezes as pessoas com a doença comportam-se de forma inadequada e fazem e dizem coisas sem pensar.

Estas pessoas passam pelos sintomas comportamentais da doença e é importante lembrar que quando um doente de Huntington faz algo que o perturbe ou o deixe louco, o mais provável é que seja a doença a fazê-lo comportar dessa forma.

Embora a doença de Huntington possa afetar os movimentos, a função cognitiva e causar sintomas comportamentais, cada pessoa é afetada individualmente e é impossível prever como é que cada pessoa será afetada.

Por exemplo, uma pessoa com doença de Huntington pode ter movimentos involuntários graves (coreia), mas muito poucos sintomas comportamentais.

Outra pessoa com a mesma condição poderá ter muitos sintomas comportamentais, mas apenas movimentos ligeiros. Mesmo duas pessoas que sejam da mesma família, ambas afetadas pela doença de Huntington, poderão ter sintomas da mesma doença completamente diferentes.

Os sintomas da doença de Huntington podem começar em qualquer idade; contudo, normalmente a maior parte das pessoas com doença de Huntington desenvolve sintomas entre os 30 e os 50 anos.

A doença de Huntington é causada por danos cerebrais, particularmente numa região do cérebro chamada “gânglios basais”.

As células cerebrais deterioram-se durante um longo período de tempo, normalmente 15-20 anos, e, ao longo desse tempo, a pessoa afetada vai lentamente perdendo as suas capacidades, tais como andar, falar e comer.

Isto acontece gradualmente e a pessoa com doença de Huntington poderá manter-se relativamente bem durante algum tempo – mesmo depois de lhe serem diagnosticados sintomas.

Ainda não existe uma cura ou um tratamento eficaz que atrase a progressão da doença de Huntington.

No entanto, há tratamentos que podem ajudar a controlar alguns dos sintomas e há muitas investigações em curso, portanto há muitas esperanças para o futuro!

terça-feira, 16 de maio de 2017

O que são os corticoides


Corticoides são um grupo de hormônios esteroides produzidos pelas glândulas suprarrenais.

A descoberta dos corticoides, também chamados de corticosteroides, constitui um dos maiores progressos da farmacologia moderna. Eles são sintetizados a partir do cortisol (que por sua vez deriva do colesterol), um hormônio normalmente fabricado pela glândula suprarrenal.

O cortisol e seus derivados naturais cumprem importantes funções no organismo, como assimilação das proteínas, hidratos de carbono, açúcar, gorduras e minerais, além de terem ações anti-inflamatórias e imunossupressoras e exercerem estimulação cerebral. Quando, por qualquer razão, não são naturalmente providos pelo organismo nas quantidades necessárias, devem ser supridos artificialmente. Por outro lado, o excesso deles acarreta importantes (e às vezes graves) reações.

Há, basicamente, três famílias de corticoides: os glicocorticoides, os mineralocorticoides e os andrógenos.

•Glicocorticoides: controlam o metabolismo dos carboidratos, das gorduras e das proteínas e são anti-inflamatórios.
•Mineralocorticoides: controlam os níveis de eletrólitos e de água.
•Andrógenos: controlam as funções sexuais masculinas.

Quando tomados por períodos prolongados, os corticoides podem causar efeitos colaterais importantes, mas a sua descontinuação deve ser feita gradativamente, uma vez que o organismo reagirá à sua retirada ou poderá ocasionar o retorno das enfermidades que tratavam. Além disso, a suprarrenal inibida pelos corticoides pode demorar a voltar a produzir os hormônios necessários ao organismo.

Hoje em dia, há um grande número de corticoides sintéticos (cortisona, hidrocortisona, betametasona, dexametasona, prednisona, prednisolona, metilpredinisolona, triancinolona, por exemplo) sob a forma dos mais variados preparados farmacológicos (cremes, pomadas, drágeas, comprimidos, colírios, preparados injetáveis e para inalação, etc) para serem usados pelas mais diferentes vias (tópica, oral, inalatória, intramuscular, endovenosa).

Seu emprego terapêutico abarca um grande número de condições, sendo as anti-inflamatórias, as antialérgicas e as imunossupressoras as mais visadas usualmente.

Cada um deles tem melhores efeitos quando aplicados a um quadro clínico específico e o seu uso deve sempre ser orientado por um médico.

Os corticoides apresentam efeitos colaterais potencialmente diferentes e às vezes sérios, tais como:

•Insuficiência da glândula suprarrenal
•Síndrome de Cushing (imagem acima)
•Osteoporose
•Catarata
•Trombose
•Úlceras
•Hipertensão arterial (pressão alta)
•Hiperglicemia (aumento dos níveis de glicose no sangue)
•Psicopatias
•Distúrbios do humor

Por isso, só devem ser administrados por um médico experiente.

Além disso, nem todas as pessoas podem tomar corticoides.

Estes medicamentos devem ser evitados ou usados com muita cautela nos indivíduos com descompensações cardíacas, doenças psíquicas, hipertensão arterial, embolia, úlcera gastroduodenal, tuberculose e deficiências nutritivas.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Doença de Kussmaul-Meier


A poliarterite nodosa (PAN), também conhecida como periarterite nodosa, doença de Kussmaul ou doença de Kussmaul-Meier, é uma vasculite que acomete artérias de médio e pequeno calibre. Estas, por sua vez, são lesadas e incham, em consequência de um ataque de células auto-imunes, resultando na formação de nódulos nesses vasos sanguíneos.

Esta é uma doença rara, com uma prevalência na população geral de 6 indivíduos acometidos para cada 100.000 pessoas. Afeta preferencialmente os homens (2,5:1), que encontram-se ao redor dos 45 anos de idade.

Sua etiologia ainda não foi elucidada. No entanto, foram descritas na literatura associações com o vírus da hepatite B em 15-30% dos casos e em aproximadamente 5% ao vírus da hepatite C. Outras associações que também já foram descritas são com o vírus HIV, leucemia das células pilosas (tricoleucemia) e reações a certos fármacos (como a minociclina, a dapsona e o uso exacerbado de anfetaminas).

As manifestações clínicas da PAN variam, sendo que pode ser observada sintomatologia geral, como febre, astenia, emagrecimento, e também, sintomatologia que acompanhada o envolvimento multiorgânico, como problemas articulares, neurológicos, cutâneo, digestivo, renal, cardíaco e hipertensão arterial. Pode ser observado na pele erupções, inchaço, úlceras, nódulos e livedo reticular.

O diagnóstico dessa afecção fica na dependência da observação da vasculite por meio de exames histológicos. A sensibilidade da biópsia de órgãos clinicamente acometidos gira em torno de 65%. Já a angiografia da região abdominal (tronco celíaco e artérias renais) pode mostrar estenoses irregulares e microaneurismas que são característicos da PAN.

O tratamento visa impedir a multiplicação das células responsáveis pelo processo inflamatório. Deve ser baseado na extensão e grau de comprometimento do organismo. Quando se tratar de formas limitadas e não progressivas, habitualmente o uso apenas de corticóides já é suficiente. Nos casos no qual há comprometimento das vísceras ou evidencia de progressão da enfermidade, deve ser feita a associação de agentes citotóxicos. Já os pacientes que apresentam associação entre PAN e o vírus da hepatite B, a resposta à terapêutica de corticóide em conjunto com antiviral parece apresentar melhores resultados, do que quando utilizado somente o corticóide.

sábado, 13 de maio de 2017

Dermatite Atópica


Também conhecida como eczema atópico, é uma doença da pele que atinge principalmente crianças e tende a piorar nos meses do inverno. Pode ocorrer em qualquer idade, mas surge com mais freqüência na infância, atingindo 5 a 10% das crianças.

É uma inflamação da pele de origem hereditária, cuja causa exata é desconhecida. Não é uma doença contagiosa.

O que sente uma criança com dermatite atópica?

•Coceira
•Irritação
•Lesões de pele

A coceira e a irritação deixam as crianças mais sensíveis e vulneráveis a adquirir outros tipos de infecção através da pele, prejudicando o seu desenvolvimento físico e psicológico. Além de poder atrapalhar o sono e o rendimento escolar.

A coceira pode começar antes mesmo das lesões cutâneas se manifestarem. O ato de coçar as lesões precisa ser abandonado, já que quanto mais o paciente se coça, mais mediadores inflamatórios são liberados e, com isso, mais prurido, formando um ciclo vicioso. Além de escoriar a pele, predispondo a infecções secundárias.

Pode ser desencadeada por:

•Banhos quentes longos

•Clima seco que acentua o ressecamento da pele, tornando-a mais vulnerável ao aparecimento das lesões - com isso, substâncias irritantes do meio ambiente, como poeira, produtos de limpeza, fungos e bactérias penetram mais facilmente, causando vermelhidão e coceira intensas

•Estresse – que pode desencadear períodos de piora e não deve ser menosprezado

•Maior permanência em ambientes fechados

•Certos tipos de alimentos. Se você acha que algum alimento em particular agrava as lesões na pele, retire-o da dieta por algumas semanas. Se a lesão melhorar com a retirada e voltar quando você reintroduzir o alimento, considere a possibilidade da retirada permanente deste alimento das suas refeições. Mas não elimine um grupo alimentar inteiro sem consultar antes o seu médico.

Em crianças, as lesões são mais comuns nas bochechas, nos braços e nas pernas.

Nos adultos, ocorrem em regiões de dobras - atrás dos joelhos e cotovelos, nas mãos e nos pés (entre os dedos) e no pescoço.

A pele destes locais torna-se mais grossa, áspera e escurecida.


A DA pode estar associada a doenças respiratórias, como a rinite e a asma, que também tendem a piorar no inverno.

Como toda alergia, a DA não tem cura, mas o controle dos fatores desencadeantes e o tratamento adequado com corticóides tópicos, cremes hidratantes, sabonetes especiais e antialérgicos podem controlar o prurido, combater o ressecamento, reduzir a inflamação e até inibir o reaparecimento dos sintomas.

Em caso de infecção secundária, devem ser usados antibióticos.

As medicações antialérgicas ajudam a reduzir e controlar a coceira. Os casos mais graves podem necessitar de medicações mais potentes, por via oral, para o seu controle. O tratamento da dermatite atópica deve sempre ser conduzido por um médico dermatologista, pediatra ou clínico geral.

Medidas gerais de cuidado com a pele que podem reduzir o aparecimento dos sintomas da doença:

•A água do banho deve ser morna, com temperatura mais para fria. E o tempo de permanência na água não deve ser longo

•Logo após o banho, com a pele ainda úmida, deve-se usar um creme hidratante em todo o corpo para evitar o ressecamento da pele

•Dê preferência para o uso de sabonetes e hidratantes neutros

•Não use buchas, nem esfoliantes para a pele

•Evite roupas de tecido sintético

•Mantenha a casa arejada e livre da poeira

•Caso tome mais de um banho por dia, o sabonete deve ser usado apenas em um deles

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Alergias oculares


Alergias oculares são respostas exageradas do sistema de defesa do corpo (sistema imunológico) a uma determinada substância, que é chamada de alérgeno. Elas acometem os olhos ou as estruturas próximas a eles, como as pálpebras.

Um grande número de substâncias é capaz de produzir reações alérgicas, as quais são chamadas de alergenos. Quase sempre as alergias são desencadeadas por poeira, fumaça, pólen, ácaros, alimentos (camarão, lagosta e outros frutos do mar), medicamentos, produtos de beleza, tintas, solventes, agrotóxicos e inseticidas, por exemplo.

Quando essas reações afetam exclusiva ou predominantemente os olhos, são ditas alergias oculares. As alergias oculares podem afetar qualquer pessoa, mas os portadores de rinite alérgica, asma ou alergias de pele apresentam mais chances de ter o problema.

A Alergia ocular é a principal causa de coceira nos olhos. Embora na maioria das vezes a coceira nos olhos seja leve, em outras vezes ela pode ser muito intensa e incomodativa e até causar lesões na córnea que atrapalham a visão. As alergias oculares mais frequentes são as conjuntivites alérgicas, devidas à exposição a um alergeno.

Os sintomas mais comuns das alergias oculares são olhos vermelhos, coceira, lacrimejamento, ardência, fotofobia (sensibilidade exagerada à luz) e edema das pálpebras. A conjuntivite alérgica difere da conjuntivite infecciosa, apresenta coceira mais intensa, menos secreção, não é contagiosa e tem uma duração maior que a forma infecciosa. Além disso, a conjuntivite alérgica causa uma reação inflamatória no olho diferente da conjuntivite infecciosa em que há formação de folículos, só visualizados pelo oftalmologista através do microscópio.

As conjuntivites alérgicas são de quatro tipos:


1.Conjuntivite sazonal: é o tipo mais frequente, associada a fatores como poeira e pólen e à rinite ou asma. Costuma ter uma intensidade de leve a moderada e ao exame clínico pode-se encontrar edema da conjuntiva, hiperemia e reação papilar, sem envolvimento da córnea.

2.Ceratoconjuntivite atópica: associada à dermatite atópica.

3.Conjuntivite primaveril (ou vernal): é um quadro mais grave de alergia ocular, sendo mais acentuada nos meses da primavera e do verão. Além de afetar a conjuntiva, acomete também a córnea. Geralmente ocorre em meninos dos 5 aos 15 anos.

4.Conjuntivite papilar gigante: caracterizada pela presença de papilas gigantes na conjuntiva. Ela pode estar associada ao uso crônico de lentes de contato, principalmente as gelatinosas, ou a traumas mecânicos na superfície ocular. A presença de suturas também pode desencadear esta forma de conjuntivite.

As alergias oculares são diagnosticadas a partir dos sintomas, da história médica do paciente e do exame clínico. Às vezes, é necessário o uso do microscópio oftalmológico para determinar o tipo de alergia.

Todos os tipos de conjuntivite alérgica obedecem a um mesmo tratamento básico, com colírios e medicações sistêmicas, embora possa haver especificidades para cada tipo e para cada configuração clínica. O mais importante é evitar o contato com o alergeno, se ele for conhecido.

O tratamento da conjuntivite sazonal é realizado com colírios antialérgicos, associados a lágrimas artificiais. A conjuntivite primaveril ou vernal pode ser tratada de modo semelhante ao empregado nas conjuntivites sazonais. Já nos casos moderados a severos, especialmente nos períodos de crises, o tratamento dessa forma de conjuntivite requer o uso de corticoides tópicos, além das demais medicações.

O tratamento da conjuntivite atópica é realizado com anti-histamínicos tópicos, sendo frequente também a necessidade de usar corticoides. Algumas vezes, além das medicações tópicas, é necessário associar anti-histamínicos ou imunomoduladores sistêmicos. O tratamento da conjuntivite papilar gigante é feito com anti-histamínicos e corticoides tópicos e com a suspensão temporária das lentes de contato por alguns dias ou semanas. Em alguns casos, além do tratamento clínico pode ser necessário remover cirurgicamente as papilas.

Os portadores de conjuntivite atópica apresentam maior risco para o desenvolvimento de ceratocone e catarata. A cerato-conjuntivite vernal, se não tratada adequadamente, pode prejudicar muito a visão do paciente. Casos mais graves, persistentes por longo tempo, podem gerar lesões na córnea, as quais podem comprometer de forma irreversível a visão da pessoa.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Quinze estratégias para reduzir o sal na dieta e evitar a hipertensão arterial


O excesso de sódio, ingrediente presente no sal de cozinha, é um fator que pode colaborar para o desenvolvimento da hipertensão arterial. Existem várias maneiras de reduzir o consumo de sal, muitas com mudanças mínimas na alimentação. A Harvard School of Public Health preparou algumas dicas do que pode ser feito para melhorar a sua saúde. Aqui estão algumas delas.

1.Reduza as porções de alimentos que você está acostumado a ingerir. Assim você consegue reduzir o sal e as calorias também, o que ajuda na perda de peso.

2.Faça o seu prato colocando primeiro a salada, incluindo frutas, vegetais e grãos integrais. Tente colocar em pelo menos metade do prato estes alimentos. O organismo precisa mais de potássio do que de sódio e muitas frutas e legumes são ricos em potássio.

3.Escolha alimentos não processados e frescos. Evite salsichas, presunto, enlatados, pães embalados, biscoitos industrializados, etc. Prefira verduras, frutas e legumes da época. Assim você pode escolher o quanto de sal irá acrescentar aos alimentos e evitar o exagero dos produtos industrializados.

4.Prefira gorduras e óleos de origem vegetal - como o azeite extra-virgem, óleo de canola, girassol ou soja - aos de origem animal.

5.A maioria das pessoas não consegue detectar ao paladar uma redução de cerca de 25% na quantidade de sal na maioria das comidas e preparações. Pense nisso e coloque menos sal em seus pratos. Vá reduzindo aos poucos, a menos que você experimente e ache que uma mudança maior e imediata não causa grandes dificuldades na percepção do gosto dos alimentos.

6.Você pode aprender a saborear comidas menos salgadas. Faça mudanças graduais e consistentes na sua alimentação por um longo período de tempo ao invés de mudar tudo de uma só vez. É mais fácil adaptar-se a um processo mais lento do que a uma mudança radical.

7.Experimente temperos novos para substituir o sal. Tempere com ervas finas, alho, cebola, cebolinha, salsa, manjericão, folhas de louro, pimenta, alecrim, curry, hortelã, caldos de frutas cítricas, vinagre, azeites temperados com ervas e vários outros sabores interessantes. A comida pode ser preparada com arte e ter um sabor mais agradável do aquele de pratos preparados com o uso exagerado do sal de cozinha. Experimente e divulgue o que aprendeu. Você vai se surpreeender!

8.Leia as etiquetas nutricionais dos alimentos. Procure aqueles com até 300 mg de sódio por porção ou não mais do que um miligrama de sódio para cada caloria do alimento. Atente para o tamanho das porções. Às vezes elas são muito reduzidas nestas etiquetas. Faça uma proporção, quando necessário.

9.Mesmo produtos que não tenham “sal” propriamente dito em seus ingredientes podem ter um alto teor de sódio nas etiquetas nutricionais. Isto é muito comum em produtos industrializados. Há outras formas de sódio usadas no preparo de alimentos processados e todas contribuem para a quantidade total de sódio que você ingere. Alguns exemplos são: glutamato de sódio, citrato de sódio, bicarbonato de sódio e alginato de sódio.

10.Compare produtos de diferentes marcas. O mesmo produto de marcas diferentes pode variar muito o teor de sódio no seu preparo. Escolha aquele com o menor teor deste elemento e que ainda assim tenha sabor agradável. Olhe as etiquetas dos pães embalados, refrigerantes, energéticos, cereais matinais, carnes, queijos, biscoitos, etc.

11.É comum achar sanduíches em lanchonetes especializadas em fast-food que contenham 2.000-2.500 miligramas de sódio por porção – mais do que a recomendação diária de ingestão de sódio em um só lanche. Evite este tipo de alimento.

12.Prefira grãos integrais aos pães ou sanduíches. Como geralmente comemos uma grande quantidade de pães feitos com farinhas brancas, eles colaboram para aumentar a ingestão de sódio na nossa dieta. Mesmo pães enriquecidos com grãos integrais, apesar de serem melhor opção do que os fabricados apenas com farinhas brancas, podem ter uma quantidade considerável de sódio. Dê preferência a frutas com iogurte e granola no café da manhã, ou a uma salada com folhas, legumes, nozes, uma pequena quantidade de queijo, tomate e uma carne branca como frango ou peixe temperados com azeite de oliva extra-virgem e ervas finas no almoço e no jantar para substituir pães, arroz branco, macarrão com molho de tomate ou sanduíches.

13.Prove antes de salgar os alimentos. O uso do saleiro é um hábito que pode ser modificado. Muitas vezes pegamos o saleiro para usar antes mesmo de provar a comida, só porque ele está em cima da mesa. Tente tirar o saleiro da mesa e busque o sal em caso de necessidade. Isto evita salgar o alimento em dose dupla.

14.Durante o preparo dos alimentos, procure acrescentar o sal ao final do processo de cozimento. Os alimentos soltam o seu sabor próprio durante o cozimento.

15.Ao invés de acrescentar sal à salada, prepare em um vidro uma solução de sal diluído em um pouco de água filtrada. Use um spray para temperar suas saladas.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Transplante capilar


Transplante capilar é a transposição de folículos pilosos de uma área corporal em que eles são abundantes para outra área onde são escassos ou inexistentes. Na técnica do transplante capilar, os fios a serem transplantados são retirados de uma área “doadora” para serem implantados em outra área “receptora” do mesmo indivíduo.

O transplante é usado principalmente para tratar a calvície masculina, mas pode ser empregado também para restaurar cílios, sobrancelhas, cabelos de barba, pelos no peito, pelos púbicos e preencher cicatrizes causadas por acidentes ou cirurgias. Neste procedimento, os enxertos contendo folículos pilosos sadios são transplantados para as regiões calvas ou deficientes de pelos.

Em uma consulta inicial, o cirurgião deve analisar o couro cabeludo do paciente, discutir com ele suas preferências e expectativas e aconselhá-lo sobre a melhor abordagem e quais resultados podem ser esperados. Alguns pacientes podem se beneficiar com aplicação dos medicamentos minoxidil tópico pré-operatório e vitaminas. Nos dias antecedentes à cirurgia, o paciente deve se abster de usar qualquer medicamento que possa resultar em sangramento. Assim também, deve evitar álcool e tabaco, que podem contribuir para enxerto de qualidade pobre. Os antibióticos pós-operatórios são comumente prescritos para prevenir infecções.

As operações de transplante são realizadas em regime ambulatorial, com sedação leve e anestesia local. O couro cabeludo dever ser bem lavado e, em seguida, tratado com um agente antibacteriano antes de o couro cabeludo “doador” ser colhido. Existem várias técnicas diferentes para a colheita de folículos pilosos, cada uma com suas vantagens e desvantagens. Como os folículos de cabelo crescem em um ligeiro ângulo em relação à superfície da pele, o tecido transplantado deve ser removido obedecendo a um ângulo correspondente.

Há duas maneiras principais pelas quais os enxertos podem ser extraídos: (1) colheita por excisão de tira de pele e (2) extração de unidade folicular.

A primeira, é a técnica mais comum. O cirurgião colhe uma tira de pele do couro cabeludo, de 1-1,5 x 15-30 cm de comprimento, numa área de bom crescimento capilar, a qual deve conter os folículos pilosos do local doador a serem carregados para o local receptor. Cada incisão é então planejada de modo que os folículos intactos do cabelo possam ser removidos. O cirurgião utiliza agulhas finas para perfurar os locais que irão receber os enxertos, inserindo-os nos locais. O período de recuperação é de cerca de 2 semanas.

No método da extração de unidade folicular, as unidades foliculares individuais contendo 1 a 4 pelos são removidas sob anestesia local. As quais são transplantadas para micro-orifícios feitos de maneira idêntica aos anteriores. Essa técnica pode ocorrer em uma única sessão longa ou em várias sessões de menor duração. De qualquer forma, esse procedimento é mais demorado do que o anterior. As vantagens dessa técnica sobre a colheita da tira é que ela apresenta resultados mais naturais e não deixa nenhuma cicatriz. Nos pontos em que os folículos individuais são removidos, permanecem apenas pequenas cicatrizes pontuais, virtualmente invisíveis, e a recuperação é inferior a 7 dias.

No pós-implante imediato a área destinatária deve ser protegida do sol e a limpeza só deve se reiniciada dois dias após a cirurgia. A partir daí, a limpeza regular é muito importante, evitando a formação de crostas e outras sujeiras que possam se acumular em torno do eixo do cabelo, prejudicando os implantes. O cabelo do paciente crescerá normalmente e continuará a engrossar nos próximos seis a nove meses.

Após o transplante capilar também é comum o aparecimento de um inchaço, causado pela infiltração de solução anestésica e pela manipulação cirúrgica da região. Para evitá-lo é importante dormir como a cabeceira elevada, fazer compressas de água fria na testa, pelo menos umas cinco sessões de 20 minutos a cada dia e fazer uso das medicações prescritas conforme recomendação médica.

Muitos pacientes apresentam coceira no couro cabeludo na fase de cicatrização cirúrgica, o que ocorre entre uma a duas semanas após o procedimento. Recomenda-se não coçar com as unhas o local; para aliviar podem ser dados "tapinhas" na região.

As complicações do implante capilar são transitórias e auto-resolutivas. O adelgaçamento do cabelo, conhecido como "perda de choque", é um efeito colateral comum, geralmente temporário. Áreas calvas também são comuns, uma vez que cinquenta a cem cabelos podem ser perdidos a cada dia, inicialmente. Podem ocorrer foliculites e queloides, mas são raros.

terça-feira, 9 de maio de 2017

Narcisismo perverso


Esta perversão é dita narcísica por funcionar como o que Eiguer nomeia de um narcisismo intersubjetivo: enquanto o narcisismo refere-se a um auto-centramento defensivo, a perversão narcísica refere-se a uma falha narcísica inicial, a partir da qual o sujeito, ao invés de voltar-se para si, busca no poder exercido sobre o outro, uma forma de sustentação e preenchimento de seu próprio narcisismo.

Trata-se de uma tentativa de se desembaraçar de conteúdos psíquicos perturbadores projetando-os no objeto, e buscando se ter um controle destes conteúdos através do estabelecimento de um controle do objeto.

A perversão narcísica apresenta-se, assim, como uma tentativa desesperada de se evitar a perda do eu, a despersonalização ou mesmo a psicose

Algo sentido, na mente do agressor, como uma luta pela vida, pela sobrevivência psíquica, devido à dificuldade de separação de um objeto primário que fora vivido como particularmente intrusivo.

O agressor quer se separar deste objeto que lhe fez mal, mas teme não sobreviver caso consiga efetivar esta separação.

Este temor se justifica, justamente porque ele não contou suficientemente com este objeto para integrar-se, considerando-se que a perversão narcísica remete a uma falha ambiental, nos termos de Winnicott, desde os primeiros meses de vida.

O indivíduo odeia o objeto primário por ele ter falhado, mas precisa do objeto, do outro, justamente porque, devido a esta falha primária, sente que não sobrevive sem ele.

Seria preciso parar de odiá-lo para sobreviver, mas o sentimento inconsciente do agressor é o de que o fim do ódio ao outro, do qual se nutre, corresponderia ao fim de si mesmo.

A perversão narcísica é, portanto, um tipo de perversão no qual o uso do outro como um objeto para si se dá pelo poder e domínio sobre o outro.

Enquanto a perversão sexual – que, decerto, está também ligada ao narcisismo – responde a uma denegação da diferença sexual, a perversão narcísica necessita do outro para sua própria sustentação egóica.

Muito embora, evidentemente, a perversão sexual possa também estar presente na perversão narcísica, assim como, por outro lado, a perversão narcísica tenha também, em sua origem, questões arcaicas sexuais.

O que há em comum nestes dois tipos de perversão seria a recusa narcísica dos desejos e necessidades do outro, em proveito de suas próprias necessidades psíquicas, por uma insuficiente introjeção superegóica.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Arterite temporal


A arterite temporal (por vezes chamada de arterite de células gigantes ou vasculite necrotizante) é uma vasculite (inflamação dos vasos) que afeta principalmente o revestimento interno das artérias do sistema carotídeo, as quais se dirigem à cabeça, especialmente às têmporas.

O nome vem do vaso frequentemente mais envolvido, a artéria temporal que, no entanto, não é o único. O nome alternativo reflete o tipo de célula inflamatória que é envolvida, conforme vista na biópsia.

Não se conhecem inteiramente as razões pelas quais essas artérias se tornam inflamadas. Certos genes e variações genéticas parecem aumentar a susceptibilidade à doença. Raramente a arterite temporal afeta pessoas com menos de 50 anos; a maioria delas tem mais de 70 anos. As mulheres são afetadas cerca de duas vezes mais que os homens e a condição é mais comum entre os povos brancos do norte da Europa. As pessoas que sofrem de polimialgia reumática têm um maior risco de desenvolver arterite temporal concomitantemente.

As paredes das artérias afetadas pela arterite temporal ficam inflamadas e incham, causando um estreitamento delas, o que reduz a quantidade de sangue e, portanto, de oxigênio e nutrientes para os tecidos irrigados por essas artérias. Embora qualquer média ou grande artéria seja susceptível a ser afetada por uma inflamação de células gigantes, na maioria das vezes, o inchaço ocorre em ramos emergentes da artéria temporal, donde seu nome.

Os sintomas mais comuns da arterite temporal são dores de cabeça, sensibilidade aumentada no couro cabeludo e dor na mandíbula, que normalmente afeta ambos os lados. Pode haver febre, fadiga, perda de peso, distúrbios da visão (visão dupla ou borrada), particularmente em pessoas que também têm uma repentina perda permanente da visão em um dos olhos.

Cerca de metade das pessoas com arterite temporal têm polimialgia reumática e, em razão dessa última condição, pode ocorrer dor e rigidez no pescoço, ombros ou quadris.

Pode não ser fácil diagnosticar a arterite temporal porque os seus primeiros sintomas se assemelham aos de muitas outras doenças comuns. De início, o médico deve examinar a história médica, os sintomas do paciente e realizar um exame físico completo, com especial foco nas artérias temporais de ambos os lados. Muitas vezes, uma ou ambas as artérias podem mostrar um pulso reduzido e sensibilidade aumentada, assumindo uma aparência tubular rígida.

Um exame de sangue pode verificar a taxa de sedimentação, a qual pode indicar a inflamação. Igualmente, verificará a presença da proteína C-reativa. Esses exames também podem ser usados para acompanhar o curso do tratamento.

A maneira mais definitiva de confirmar o diagnóstico de arterite temporal é fazer uma biópsia da artéria temporal. Os possíveis exames de imagem para o diagnóstico são a angiografia por ressonância magnética, a ultrassonografia com Doppler e a tomografia por emissão de pósitrons.

De início, o tratamento da arterite de células gigantes deve ser feito com elevadas doses de corticoides e deve ser iniciado antes mesmo do resultado da biópsia, em virtude do risco de perda da visão. Posteriormente, essas doses deverão ser ajustadas pelo médico. Os corticoides costumam apresentar significativos efeitos colaterais, os quais, no entanto, podem desaparecer quando o tratamento se tornar menos intenso ou for interrompido.

A arterite temporal é considerada uma emergência médica, pois se não for tratada pronta e corretamente pode causar cegueira permanente em até 20% dos pacientes. Provavelmente, o paciente tratado começará a se sentir melhor dentro de poucos dias após o início da terapêutica. A menos que haja perda completa da visão, que pode ser permanente, os sintomas visuais tendem a desaparecer dentro de três meses. A medicação pode continuar a ser necessária por um a dois anos ou mais. Mesmo com o tratamento, as recaídas são comuns.

A arterite temporal pode causar complicações como diminuição do fluxo sanguíneo para os olhos com diminuição ou perda de visão em um ou, raramente, em ambos os olhos e aneurisma da aorta, se afetar essa artéria. Se não tratada, a arterite temporal pode levar ainda a acidentes vasculares cerebrais ou à cegueira permanente.

sábado, 6 de maio de 2017

Circunferência abdominal e doenças cardiovasculares


É sabido que o excesso de peso e a obesidade são fatores que induzem a doenças cardiovasculares. O índice de massa corporal é, em geral, utilizado para detectar a obesidade e predizer seus malefícios. Atualmente, no entanto, alguns estudos científicos estabeleceram relações de risco à saúde entre a quantidade de gordura depositada em determinadas partes do corpo e certas doenças.

A gordura acumulada na cintura está mais associada a doenças crônicas do que aquela que pode estar presente nos quadris. A gordura abdominal, que pode ser avaliada através da medida da circunferência abdominal (perímetro abdominal), é considerada a mais perigosa para a saúde por estar relacionada a um maior risco de desenvolver sobretudo problemas cardiovasculares (risco metabólico). Este risco é devido à existência de uma grande quantidade de gordura próxima ao coração.

A circunferência abdominal usualmente é medida por uma fita métrica. A cintura, na altura do umbigo, deve ser enlaçada pela fita, alinhada horizontalmente, depois do indivíduo respirar fundo e soltar o ar. A medida da circunferência abdominal, então, deve ser tomada em centímetros.

Como números de referência temos para o sexo feminino um ideal de até 80 centímetros; risco moderado entre 80 e 88 cm; alto risco acima de 88 cm. Já para o sexo masculino temos o ideal de até 94 cm; risco moderado entre 94 e 102 cm; alto risco acima de 102 cm.

Além das doenças cardiovasculares, há o risco do aparecimento de hipertensão arterial (pressão alta), diabetes mellitus, hiperlipidemias (colesterol e triglicerídeos altos), trombose e síndrome metabólica, dentre outros riscos.

A gordura abdominal, além de não ser bem aceita esteticamente, é um indicador do risco de desenvolvimento de doenças associadas à obesidade, mais do que a gordura acumulada em qualquer outra região corporal.

O principal “tratamento” indicado para esse problema é a perda de peso, com consequente diminuição da circunferência abdominal. A perda de peso implica numa dieta bem planejada, na prática de exercícios físicos regulares e, eventualmente, no uso de alguma medicação, tudo isso sob orientação médica.

Embora a obesidade possa ter um importante componente genético, algumas coisas podem ser feitas no sentido de preveni-la ou minorá-la:

1.Meça periodicamente seu perímetro abdominal e verifique seu índice de massa corporal (IMC). Tendo em conta a história clínica, antecedentes familiares e fatores de risco da pessoa, o médico pode recomendar a realização periódica de exames específicos.

2.Mantenha uma alimentação equilibrada, diversificada e fracionada. Isso ajuda a controlar o peso corporal, a diminuir o risco de doenças cardiovasculares e a reduzir os valores da pressão arterial. Fracionar as refeições em intervalos de três horas entre uma refeição e outra auxilia na manutenção de níveis mais estáveis de açúcar no sangue, ajudando a prevenir o desenvolvimento de diabetes mellitus. A alimentação diária deve ser rica em frutas e vegetais e pobre em gorduras e sal.

3.Evite refrigerantes e bebidas alcoólicas.

4.Faça exercícios físicos durante 30 a 60 minutos todos os dias. Implemente hábitos como subir as escadas em vez de usar o elevador, cumprir pequenas distâncias a pé, ao invés de usar o carro, e organize atividades físicas ao ar livre com familiares ou amigos nos finais de semana.