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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Adicção, Drogadicção, Drogadicto




A dependência química não é uma doença aguda. Trata-se de um distúrbio crônico e recorrente. E essa recorrência é tão contundente, que raramente ocorre abstinência pelo resto da vida depois de uma única tentativa de tratamento. As recaídas da drogadicção são a norma. Portanto, a adicção deve ser abordada mais como uma doença crônica, como se fosse diabetes ou hipertensão arterial.

Considerando o fato da dependência química ser um distúrbio recorrente e crônico, alguns autores mais realistas consideram como um bom resultado terapêutico, tal como se deseja no tratamento da hipertensão arterial, asma brônquica, reumatismo, diabetes, etc, uma redução significativa do consumo da droga, e longos períodos de abstinência, supondo a ocorrência de recaídas ocasionalmente. Muitos acham que este seria um padrão razoável de sucesso terapêutico, da mesma forma que em outras doenças crônicas, ou seja, o controle da doença, mas não a sua cura definitiva.

Vamos chamar de "psicoativas" as drogas psicotrópicas, portanto, com efeito sobre o Sistema Nervoso Central. Convencionalmente, vamos chamar ainda de "psicoativas" as drogas de caráter ilícito, cujo efeito por ela produzido é de alguma forma agradável ao usuário. Pois bem. Quando se usa uma droga psicoativa, o efeito proporcionado por ela adquire para a pessoa um caráter de recompensa prazerosa.

A maioria das definições de adicção a drogas ou dependência de substâncias inclui descrições do tipo "indivíduo completamente dominado pelo uso de uma droga (uso compulsivo)" e vários sintomas ou critérios que refletem a perda de controle sobre o consumo de drogas.

As pesquisas, hoje em dia, caminham através da Psiquiatria e da Psicologia Experimental, juntamente com a Neurobiologia. Todas essas áreas se esforçam para identificar os elementos emocionais e biológicos que contribuem para alterar o equilíbrio do prazer (homeostase hedonista), alterações esta que dá origem àquilo que se conhece como drogadicção (droga-adicção). A palavra "adicção", em português, é um neologismo técnico que quer dizer, de fato, "drogadicção".

O tema "drogas" é muito complexo, multidimensional e tem atraído a atenção da maioria dos países. Nas últimas duas décadas, importantes avanços nas ciências do comportamento e nas neurociências vieram contribuir para um melhor entendimento na questão do abuso de drogas e da drogadicção (droga-adicção).

A neurociência tem identificando circuitos neuronais envolvidos em todos tipos de abusos conhecidos, assinalando regiões cerebrais, neuroreceptores, neurotransmissores e as vias neurológicas comuns afetadas pelas drogas. Também têm sido identificados os principais receptores das drogas suscetíveis de abuso, assim como todas as ligações naturais da maior parte desses receptores.

Neurologicamente a drogadicção deve ser considerada uma doença. Ela está ligada a alterações na estrutura e funções cerebrais, e isso torna a drogadicção fundamentalmente uma doença cerebral. Inicialmente, o uso de drogas é um comportamento voluntário mas, com o uso prolongado um "interruptor" no cérebro parece ligar-se, e quando o "interruptor" é ligado, o indivíduo entra em estado de dependência química caracterizado pela busca e consumo compulsivo da droga.

Exercícios ajudam a amenizar as dores causadas pelo uso de salto alto






Sapatos de saltos altos têm lugar garantido no armário da maioria dos armários femininos. Contudo, seu uso freqüente e por longos períodos pode causar dores nos pés, corpo e coluna. Isso acontece porque a posição que os pés ficam dentro dos sapatos causa uma pressão que desequilibra em toda musculatura do corpo responsável pela locomoção.

Para prevenir as possíveis dores, alguns exercícios podem ajudar. Confira a lista:

Fortalecer a panturrilha: os músculos da panturrilha são os que mais sofrem com o uso de saltos. Para torná-lo mais fortes, basta apoiar a pontas dos pés em um degrau e deixar o peso do corpo sobre eles. São necessárias três series de 15 movimentos diariamente ajuda a fortalecê-lo.

Alongamento da panturrilha: alongar os músculos é fundamental. Para alongar a panturrilha, deite-se no chão e mantenha a perna elevada por 15 segundos. Repita o movimento dez vezes em cada perna.

Alongamento dos músculos de trás das coxas: para alongar esses músculos, basta colocar a perna em uma cadeira e se inclinar levemente o corpo para frente a fim de alongar a perna. Os movimentos devem ser feitos dez vezes e mantido por volta de 15 segundos.

Fortalecimento do abdômen: esses exercícios ajudam a manter o equilíbrio e a estabilidade. Para fortalecê-los, deite-se de barriga para cima, com os joelhos dobrados apoiando a planta dos pés no chão, encolha a barriga, levando o umbigo para dentro.

Alongamento músculos das costas: rápido e fácil de fazer, esses exercícios diminuem as dores de lordose (aumento anormal da curva lombar) causada pelo salto alto. Após ficar totalmente ereta, tente encostar os dedos nas pontas dos pés sem dobrar os joelhos. Não é necessário encostar nos pés. Fique assim por dez segundos e repita dez vezes.

Novidade para diabéticos tipo I





Insulina degludec

O tratamento intensivo com bolus de insulina melhora o controle glicêmico e reduz o risco de complicações associadas ao diabetes mellitus tipo 1. A insulina degludec é uma nova insulina de longa duração. O presente trabalho, publicado pelo The Lancet, comparou a eficácia e a segurança da insulina degludec e da insulina glargina, ambas administradas uma vez por dia, juntamente com insulina Aspart às refeições, em terapia para o diabetes tipo 1.

O desfecho primário foi de não inferioridade da insulina degludec em relação à insulina glargina, avaliado como uma redução na hemoglobina glicosilada (HbA1c) após 52 semanas.

De 629 participantes, 472 foram aleatoriamente designados para receberem insulina degludec e 157 para usar insulina glargina, todos foram analisados em seus respectivos grupos de tratamento. Em um ano, a HbA1c caiu 0,40% e 0,39%, respectivamente, com insulina degludec e insulina glargina.

Dos participantes, 188 (40%) e 67 (43%) alcançaram meta de HbA1c inferior a 7%. As taxas de hipoglicemia foram semelhantes nos dois grupos. A taxa de hipoglicemia noturna confirmada foi 25% menor com degludec, quando comparou-se à insulina glargina. O total de eventos adversos graves (14 versus 16 eventos por 100 pacientes por ano de exposição) foram semelhantes para insulina degludec e insulina glargina.

Concluiu-se que a insulina degludec pode ser uma insulina basal útil para o tratamento de pacientes com diabetes tipo 1, pois fornece controle glicêmico eficaz, reduzindo o risco de hipoglicemia noturna, que é uma grande limitação da terapêutica com insulina.

Fonte: The Lancet, volume 379, de 21 de abril de 2012

domingo, 29 de abril de 2012

Síndrome das Pernas Inquietas (SPI)




A SPI é um distúrbio sensório-motor, que se manifesta por sensação desagradável de desconforto nos membros, que é aliviada pelos movimentos.

Os pacientes referem sensações disestésicas, descritas como agulhadas, um prurido interno, que melhoram com uma atividade motora intensa, com movimentos vigorosos das pernas em flexão, extensão ou cruzamento.

Esses sintomas pioram no decorrer do dia ou à noite, interferindo na qualidade do sono. A intensidade desses sintomas varia de um paciente a outro e também com relação a freqüência.

Assim, o paciente pode permanecer assintomático por determinados períodos ou ser acometido pelos sintomas várias vezes ao dia.

Os sintomas pioram com a idade. É uma doença da meia idade, podendo surgir entre 27,2 e 41 anos. Os sintomas das pernas inquietas provocam um grande impacto negativo na vida do seu portador: a disestesia contínua no leito pode gerar um desespero tão intenso a ponto de o paciente ter idéias suicidas; problemas de ordem conjugal surgem, por causa dos movimentos contínuos causados durante o sono pelo paciente.

Muitos pacientes referem sonolência diurna e fadiga, também diurna, claro.

Em casos mais graves, o paciente deixa de ter uma vida social adequada, e por exemplo, é impossibilitado de fazer viagens longas, assistir a filmes, participar de reuniões sociais ou simplesmente ler um livro.

Existe uma relação familial em 1/3 dos casos, sendo a herança provavelmente autossômica dominante, de penetrância variável 7,8.

A SPI pode estar relacionada a outras condições, como anemia ferropriva e polineuropatia. A relação com a polineuropatia não é bem clara, podendo para alguns autores ser ela a causa da SPI 9.

A prevalência da SPI é variável e, de acordo com vários trabalhos, é estimada em 2,5% a 12%, dependendo da metodologia empregada 10. É maior no sexo feminino (17%) em relação ao masculino (13%) e maior na população idosa.

O tratamento inclui agentes dopaminérgicos (medicamentos utilizados para tratar Síndrome de Parkinson), opióides (analgésicos potentes), benzodiazepínicos (popularmente: calmantes) e anticonvulsivantes.

sábado, 28 de abril de 2012

Hipocondria





O Centro de Estudos em Psicologia do Ceará tem um texto bastante explicativo sobre Hipocondria. Veja um trecho:

Hipocondria "... É a crença persistente na presença de pelo menos uma doença física grave, progressiva com sintomas determinados, ainda que os exames laboratoriais e consultas com vários médicos assegurem que nada exista. Muitas pessoas quando passam por uma doença grave e se restabelecem ficam sensibilizadas com o que aconteceu, preocupando-se demais, contudo nesses casos se uma consulta ou novo exame descartarem o recrudescimento da doença e o paciente tranquilizar-se, não havia hipocondria.

... Os hipocondríacos normalmente sentem-se injustiçados e incompreendidos pelos médicos e parentes que não acreditam em suas queixas, eles levam seus argumentos a sério e irritam-se com o descaso. Por outro lado resistem em ir ao psiquiatra sentindo-se até ofendidos com tal sugestão, quando não há suficiente diálogo com o clínico. Os hipocondríacos podem ser enfadonhos por repetirem constantemente suas queixas, além de serem prolixos nas suas explicações. "

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Transtorno Obsessivo-Compulsivo




O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) era considerado, até pouco tempo, uma doença rara, pois se levava em conta no estabelecimento de estimativas de sua incidência ou prevalência o pequeno número de pacientes que procuravam atendimento especializado. Hoje em dia, a procura ao tratamento especializado mudou esses índices significativamente.

Jenicke (1990) calculou que ao redor de 10% de todos os pacientes que ingressam numa clínica privada de psiquiatria apresentavam sintomas obsessivo-compulsivos importantes.

A incidência do TOC é maior em pessoas com conflitos conjugais, divorciados, separados e desempregados. É maior também nos familiares de 1º grau (3 a 7%) de portadores de TOC, é igual entre homens e mulheres e um pouco maior em adolescentes masculinos (75%). O início da doença se dá em torno dos 20 anos, mas não é incomum em crianças.

O TOC é freqüentemente complicado por outros transtornos psiquiátricos, chamados de transtornos co-mórbidos, como por exemplo, o tique nervoso, transtornos depressivos, transtorno ansioso ou mesmo a esquizofrenia. Quando isso acontece há necessidade de tratamento psiquiátrico adicional e que tenha efeito terapêutico sobre o TOC e sobre o transtorno co-mórbido.

Alguns autores recomendam a monoterapia (um só medicamento) quando o TOC é patologia única e a combinação cuidadosa de diferentes terapias apropriadas quando existem condições co-mórbidas.

A maior dificuldade para o tratamento do TOC está, exatamente, em convencer o paciente que o que ele sente é uma doença (que existe em outras pessoas) e que é possível tratá-la. A grande maioria desses pacientes tem constrangimento em relatar seus sintomas à outras pessoas, incluindo aos médicos, com medo de que pensem que ele é "louco".

A terapia comportamental associada à farmacoterapia são consideradas hoje as primeiras opções de tratamento. Foi a resposta parcial aos psicofármacos que nos recomenda a associação de farmacoterapia com terapia comportamental como tratamento de escolha para os sintomas obsessivo-compulsivos. Felizmente, na maioria das vezes essa associação terapia-farmacologia consegue atenuar ou eliminar completamente os sintomas.

Um grande número de substâncias já foram experimentadas no tratamento do TOC, porém, parece haver um consensos, hoje, de que as drogas inibidoras da recaptação da serotonina, como é o caso da clomipramina (Anafranil®), fluvoxamina (Luvox®), fluoxetina (Prozac®), sertralina (Zoloft®), paroxetina (Cebrilim®), e mais recentemente, o citalopram (Cipramil®), são bastante eficazes na redução dos sintomas.

Por outro lado, infelizmente, mesmo depois do advento dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), muitas vezes a melhora do quadro é acanhada ou nula. Apenas 20% dos pacientes ficam inteiramente livres dos sintomas, quando tratados com a farmacoterapia isoladamente e, entre 40 a 60 % obtêm benefícios parciais e variados (Goodman et al.,1992). Essa resposta tímida aos ISRS nos leva a pensar que outros sistemas neuroquímicos possam estar envolvidos, além do serotonérgico.

Na prática, principalmente na prática da saúde pública de nosso país, nem sempre os pacientes estão em condições de procurar uma terapia comportamental. Nesses casos a farmacoterapia costuma ser introduzida inicialmente. Para muitos casos essa poderá ser a única terapia ao alcance do paciente.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ansiolíticos


Para um grande amigo:

Aparentemente o efeito ansiolítico dos Benzodiazepínicos está relacionado com um sistema de neurotransmissores chamado gabaminérgico do Sistema Límbico (meu Deus! o quê é isso?).

O ácido gama-aminobutírico (GABA) é um neurotransmissor com função inibitória, capaz de atenuar as reações serotoninérgicas responsáveis pela ansiedade.




Os Benzodiazepínicos seriam, assim, agonistas (simuladores) deste sistema agindo nos receptores gabaminérgicos.




Assim, quando, devido às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias, determinadas áreas do cérebro funcionam exageradamente, resultando num estado de ansiedade, os benzodiazepínicos exercem um efeito contrário, isto é, inibem os mecanismos que estavam funcionando demais e a pessoa fica mais tranqüila e menos responsiva aos estímulos externos.

Como conseqüência desta ação, os ansiolíticos produzem uma depressão da atividade do nosso cérebro que se caracteriza por:

1) diminuição de ansiedade;
2) indução de sono;
3) relaxamento muscular;
4) redução do estado de alerta.

É importante notar que os efeitos dos benzodiazepínicos podem ser fortemente aumentados pelo álcool, e a mistura álcool + benzodiazepínico pode ser prejudicial.

Efeitos Colaterais

Do ponto de vista orgânico, os benzodiazepínicos são bastante seguros, pois são necessárias altas doses (20 a 40 vezes mais altas que as habituais) para trazer efeitos mais graves. Nessas doses pode haver hipotonia muscular, dificuldade grande para ficar de pé e andar, a hipotensão, perda da consciência (desmaio). Com doses maiores a pessoa pode entrar em coma e morrer.

O principal efeito colateral dos ansiolíticos benzodiazepínicos é a sedação e sonolência, variável de indivíduo para indivíduo e de acordo com a dose do medicamento. Um aumento da pressão intra-ocular teoricamente pode ocorrer mas, na clínica, trata-se de raríssima observação.

Os efeitos teratogênicos (malformações fetais) são ainda objeto de estudo, porém, tendo em vista sua utilização clínica durante décadas, permite-se uma indicação mais flexível do diazepam durante a gravidez.prática clínica tem demonstrado que a dependência aos Benzodiazepínicos pode acontecer, mas não invariavelmente.

A tendência do paciente em aumentar a dose dos Benzodiazepínicos para obter o mesmo efeito, ou seja, a tolerância, parece ser rara. Em relação a isso notamos, no mais das vezes, uma má utilização da droga. Isto é, em não sendo tratada a causa básica da ansiedade e esta se tornando mais intensa, haverá maior necessidade da droga.

Essa maior necessidade da droga decorrente do aumento da ansiedade não deve, de forma alguma, ser confundida com o fenômeno da tolerância.aos sintomas de abstinência aos Benzodiazepínicos, embora possa ser possível com alguns deles, o que observamos com mais freqüência é o retorno dos sintomas psíquicos que promoveram sua indicação por ocasião de sua retirada. Isso pode, eventualmente, ser confundido com abstinência na expressiva maioria dos casos.

Ora, se a situação psicoemocional que determinou a procura da droga não foi decididamente resolvida, mas apenas protelada, então, retirando-se o ansiolítico os sintomas voltarão. Isso não pode ser tomado como síndrome de abstinência.

O Transtorno de Ajustamento, uma forma de Ansiedade associada ao Estresse.

Na realidade, é no Transtorno de Ajustamento onde a idéia de dificuldade adaptativa emocional à vida tem sido mais bem demonstrada. Aqui a reação emocional da pessoa aos estressores de sua vida é caracterizada por acentuado sofrimento.

Por definição, um Transtorno de Ajustamento deve se resolver dentro de 6 meses após o término da situação considerada estressante ou de suas conseqüências.

Mas os sintomas emocionais podem persistir por um período mais prolongado, principalmente quando ocorrem em resposta a uma situação estressante crônica e duradoura, como por exemplo, uma doença debilitante crônica ou em decorrências das grandes dificuldades financeiras, profissionais, conjugais, etc, que se prolongam.

Portanto, esse transtorno ansioso patológico pode ocorrer durante o período de adaptação a uma exigência existencial importante, quando um acontecimento estressante afete a integridade do ambiente social da pessoa, como por exemplo o luto, as experiências de separação, as grandes perdas.

Também pode ocorrer quando a situação estressora compromete o sistema suporte existencial, como por exemplo, a imigração, estado de refugiado, ou mesmo durante os severos esforços de adaptação a alguma etapa da vida ou do desenvolvimento, como é a escolarização, nascimento de um filho, derrota em atingir um objetivo pessoal importante, aposentadoria.

A predisposição e a vulnerabilidade pessoal desempenham um papel importante no desenvolvimento do Transtorno de Adaptação, mas mesmo considerando a predisposição pessoal, admite-se que esse transtorno não teria ocorrido se não houvesse o estresse desencadeante.

Pode ainda, o Transtorno de Ajustamento, apresentar-se com um misto de Ansiedade e Depressão ou com Perturbação da Conduta.

Neste subtipo a manifestação predominante é uma perturbação da conduta, na qual existe violação dos direitos alheios ou de normas e regras sociais importantes, adequadas à idade.

Esse tipo pode ser comum em adolescentes, os quais manifestam rebeldia, vandalismo, direção imprudente, lutas corporais, descumprimento de responsabilidades legais.

O estado de sofrimento e de perturbação emocional causado pelo Transtorno de Adaptação, usualmente compromete muito o funcionamento social e ocupacional, havendo severo prejuízo do desempenho no trabalho, na escola e nos relacionamentos sociais e familiares. Atualmente os Transtornos de Ajustamento estão associados com um maior risco de tentativas de suicídio e suicídio completado.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Corticoides: o que você precisa saber.






Corticoides são um grupo de hormônios esteroides produzidos pelas glândulas suprarrenais.





A descoberta dos corticoides, também chamados de corticosteroides, constitui um dos maiores progressos da farmacologia moderna. Eles são sintetizados a partir do cortisol (que por sua vez deriva do colesterol), um hormônio normalmente fabricado pela glândula suprarrenal.

O cortisol e seus derivados naturais cumprem importantes funções no organismo, como assimilação das proteínas, hidratos de carbono, açúcar, gorduras e minerais, além de terem ações anti-inflamatórias e imunossupressoras e exercerem estimulação cerebral.

Quando, por qualquer razão, não são naturalmente providos pelo organismo nas quantidades necessárias, devem ser supridos artificialmente. Por outro lado, o excesso deles acarreta importantes (e às vezes graves) reações.

Quais são os tipos de corticoides existentes?

Há, basicamente, três famílias de corticoides: os glicocorticoides, os mineralocorticoides e os andrógenos.

• Glicocorticoides: controlam o metabolismo dos carboidratos, das gorduras e das proteínas e são anti-inflamatórios.
• Mineralocorticoides: controlam os níveis de eletrólitos e de água.
• Andrógenos: controlam as funções sexuais masculinas.

O que acontece quando os corticoides são usados por longos períodos de tempo?

Quando tomados por períodos prolongados, os corticoides podem causar efeitos colaterais importantes, mas a sua descontinuação deve ser feita gradativamente, uma vez que o organismo reagirá à sua retirada ou poderá ocasionar o retorno das enfermidades que tratavam. Além disso, a suprarrenal inibida pelos corticoides pode demorar a voltar a produzir os hormônios necessários ao organismo.

Como são usados os corticoides?

Hoje em dia, há um grande número de corticoides sintéticos (cortisona, hidrocortisona, betametasona, dexametasona, prednisona, prednisolona, metilpredinisolona, triancinolona, por exemplo) sob a forma dos mais variados preparados farmacológicos (cremes, pomadas, drágeas, comprimidos, colírios, preparados injetáveis e para inalação, etc) para serem usados pelas mais diferentes vias (tópica, oral, inalatória, intramuscular, endovenosa).

Seu emprego terapêutico abarca um grande número de condições, sendo as anti-inflamatórias, as antialérgicas e as imunossupressoras as mais visadas usualmente.

Cada um deles tem melhores efeitos quando aplicados a um quadro clínico específico e o seu uso deve sempre ser orientado por um médico.

Quais os efeitos colaterais mais comuns dos corticoides?

Os corticoides apresentam efeitos colaterais potencialmente diferentes e às vezes sérios, tais como:

• Insuficiência da glândula suprarrenal.
• Síndrome de Cushing.
• Osteoporose.
• Catarata.
• Trombose.
• Úlceras.
• Hipertensão arterial (pressão alta).
• Hiperglicemia (aumento dos níveis de glicose no sangue).
• Psicopatias.
• Distúrbios do humor.

Por isso, só devem ser administrados por um médico experiente. Além disso, nem todas as pessoas podem tomar corticoides. Estes medicamentos devem ser evitados ou usados com muita cautela nos indivíduos com descompensações cardíacas, doenças psíquicas, hipertensão arterial, embolia, úlcera gastroduodenal, tuberculose e deficiências nutritivas.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Esgotamento e Adaptação





Atualmente esse termo é de uso corrente entre as pessoas participantes daquilo que chamamos vida moderna. Ninguém gosta de pensar na Ansiedade, no Estresse, no Esgotamento ou na Depressão como formas de algum transtorno emocional, é claro. Isso pode parecer muito próximo do descontrole, da "piração" ou da loucura e, como de fato, todos temos a possibilidade de, pelo menos uma vez na vida, sermos afetados pelo estresse, pelo esgotamento ou pela depressão, então será melhor não considerá-los como formas de algum transtorno emocional.

O Transtornos de Ajustamento ou Adaptação é um quadro classificado na CID.10 e no DSM.IV e, entre outros estados psiquiátricos, é também um dos quadros relacionados ao Esgotamento.

Atualmente o Transtorno de Ajustamento tem sido o diagnóstico mais adequado para os muitíssimos freqüentes casos de dificuldades emocionais que as pessoas experimentam no cotidiano de suas vidas.

Os Transtornos de Ajustamento, chamados também de Transtornos de Adaptação (CID.10), se diagnosticam em pacientes que manifestam certos comportamentos mal adaptados e/ou certas mudanças no estado de ânimo, como resposta a um estímulo estressor. Segundo o DSM.IV, a característica essencial de um Transtorno de Ajustamento é o desenvolvimento de sintomas emocionais ou comportamentais significativos em resposta a um ou mais estressores psicossociais identificáveis.

Os comportamentos mal adaptados ou mal ajustados, decorrentes do estresse, bem como as mudanças no estado de ânimo incluem "nervosismo" intenso, preocupação, medo, dificuldades no funcionamento ocupacional, escolar, social ou familiar. Embora as pessoas que desenvolvem Transtorno de Ajustamento não tenham, geralmente, antecedentes de outros transtornos emocionais anteriores, as portadoras de outros problemas emocionais prévios têm maior probabilidade de desenvolver esse quadro.

Na realidade, é no Transtorno de Ajustamento onde a idéia de dificuldade adaptativa emocional à vida tem sido mais bem demonstrada. Aqui a reação emocional da pessoa aos estressores de sua vida é caracterizada por acentuado sofrimento. Por definição, um Transtorno de Ajustamento deve se resolver dentro de 6 meses após o término da situação considerada estressante ou de suas conseqüências. Mas os sintomas emocionais podem persistir por um período mais prolongado, principalmente quando ocorrem em resposta a uma situação estressante crônica e duradoura, como por exemplo, uma doença debilitante crônica ou em decorrências das grandes dificuldades financeiras, profissionais, conjugais, etc, que se prolongam.

Portanto, esse transtorno ansioso patológico pode ocorrer durante o período de adaptação a uma exigência existencial importante, quando um acontecimento estressante afete a integridade do ambiente social da pessoa, como por exemplo o luto, as experiências de separação, as grandes perdas.

Também pode ocorrer quando a situação estressora compromete o sistema suporte existencial, como por exemplo, a imigração, estado de refugiado, ou mesmo durante os severos esforços de adaptação a alguma etapa da vida ou do desenvolvimento, como é a escolarização, nascimento de um filho, derrota em atingir um objetivo pessoal importante, aposentadoria.

A predisposição e a vulnerabilidade pessoal desempenham um papel importante no desenvolvimento do Transtorno de Adaptação, mas mesmo considerando a predisposição pessoal, admite-se que esse transtorno não teria ocorrido se não houvesse o estresse desencadeante.

O estressor que desencadeia o Transtorno de Ajustamento pode ser um evento isolado, como por exemplo, o fim de um relacionamento romântico, ou uma somatória de múltiplos estressores. Os estressores podem ser ainda recorrentes, como as crises profissionais cíclicas, ou contínuos, atualmente representados pelo perigo de viver em uma área de alta criminalidade.

Os estressores podem afetar um único indivíduo, toda uma família, um grupo maior ou uma comunidade. Alguns estressores podem acompanhar eventos evolutivos específicos, como é o caso do ingresso numa nova escola, ter que deixar a casa dos pais, casar-se, tornar-se pai ou mãe, fracassar em atingir objetivos profissionais, aposentar, etc.

Didaticamente, o Transtorno de Ajustamento se apresenta com subtipos clínicos, dependendo dos sintomas predominantes. No Transtorno de Ajustamento Com Humor Depressivo, as manifestações predominantes são sintomas de humor deprimido, tendência ao choro ou sensações de impotência, desinteresse, apatia, auto-estima baixa. Se for Transtorno de Ajustamento Com Ansiedade, predominam sintomas tais como "nervosismo", preocupação ou inquietação, sintomas físicos, agitação ou, em crianças, com medo patológico da separação de figuras de vinculação.

Pode ainda, o Transtorno de Ajustamento, apresentar-se com um misto de Ansiedade e Depressão ou com Perturbação da Conduta. Neste subtipo a manifestação predominante é uma perturbação da conduta, na qual existe violação dos direitos alheios ou de normas e regras sociais importantes, adequadas à idade. Esse tipo pode ser comum em adolescentes, os quais manifestam rebeldia, vandalismo, direção imprudente, lutas corporais, descumprimento de responsabilidades legais.

O estado de sofrimento e de perturbação emocional causado pelo Transtorno de Adaptação, usualmente compromete muito o funcionamento social e ocupacional, havendo severo prejuízo do desempenho no trabalho, na escola e nos relacionamentos sociais e familiares. Atualmente os Transtornos de Ajustamento estão associados com um maior risco de tentativas de suicídio e suicídio completado.

Os Transtornos de Ajustamento podem ocorrer em qualquer faixa etária ou social, sendo os homens e mulheres igualmente acometidos. Quanto à incidência, calcula-se que a porcentagem de pessoas com diagnóstico deTranstorno de Ajustamento entre aquelas que estão em tratamento para saúde mental varia de 5 a 20%.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Diarreias





As diarreias consistem no aumento do número de evacuações, geralmente com fezes amolecidas, de consistência pastosa ou líquida. As diarreias podem ser classificadas em aguda (quando dura até 14 dias), persistente (duração superior a 14 dias) e crônica (quando ultrapassa três semanas).

Elas podem ter causas infecciosas (vírus ou bactérias), parasitárias, alérgicas, medicamentosas ou inflamatórias intestinais. Diarreias episódicas e passageiras podem ocorrer por excesso de ingestão de gordura ou de outras substâncias não absorvíveis.

O sinal capital de uma diarreia é o número aumentado de evacuações de consistência amolecida, pastosa ou mesmo líquida.

Nas diarreias por infecção, geralmente as fezes assumem um odor fétido e normalmente há febre, perda de energia e do apetite. Se a causa da diarreia for um vírus, pode também haver cãibras, náuseas, vômitos, dor de cabeça e febre. Algumas diarreias acompanham-se de cólicas, mais ou menos intensas. Menos frequentemente pode haver a presença de pus ou de sangue nas fezes.

Uma diarreia pode conduzir à desidratação, devido à perda acentuada de água e sais minerais, o que é acentuado pela presença frequente de vômitos. A desidratação pode provocar olhos encovados, rachadura dos lábios, secura da boca e da pele, saliva espessa, sede excessiva, pulso fino, letargia, depressão sensorial, sonolência e confusão mental, na dependência da sua intensidade.

Nas crianças, pode-se observar que a fralda fica seca por mais de três horas e que há um intervalo de mais de seis horas sem urinar, bem como fraqueza geral, choro fraco, irritabilidade e indisposição para brincar.

Grande número de diarreias não chega a demandar intervenção médica. No entanto, quando elas são mais intensas e duradouras ou quando se acompanham de determinados sintomas como cólicas, vômitos intensos e desidratação, o médico se valerá dos relatos do paciente sobre a duração da diarreia, a frequência e o volume das evacuações, o odor das fezes, o aspecto e cor delas, a presença ou não de muco, pus ou sangue, etc.

Quais são as recomendações e os cuidados úteis em caso de diarreia?

• Beber 2 a 3 litros de líquidos por dia. Repor a perda de sódio e potássio com soro caseiro.
• Preferir arroz, caldos de carne magra, bananas, maçãs e torradas.
• Evitar saladas, bagaço de frutas e fibras.
• Chás de camomila, erva-doce e hortelã podem ajudar a aliviar os sintomas e melhoram a hidratação. Evite café, leite, sucos de frutas e álcool.
• Evitar alimentos com alto teor de gordura (frituras, carnes, embutidos, chocolate, etc.) e açúcar.
• Não fazer uso de adoçantes à base de sorbitol.
• Lavar bem as mãos, especialmente antes das refeições e após cada evacuação.
• Usar copos e utensílios limpos.
• Se precisar, faça gelo com água tratada ou fervida.
• Evitar leite e derivados.

Você deve procurar um médico em casos de diarreia quando:

• Os sintomas não cederem em um ou dois dias.
• Quando há sinais de desidratação.
• Houver presença de sangue nas fezes ou se elas adquirirem coloração preta.
• As fezes mostrarem traços evidentes de muco, de pus ou de gordura.
• As evacuações forem repetidas muitas vezes por dia.
• As evacuações se alternarem com crises de prisão de ventre.
• Como é o tratamento das diarreias?
• O tratamento das diarreias depende da causa. Alguns cuidados com a alimentação são importantes.
• No caso dos bebês, deve-se diminuir a ingestão de leite e oferecer papas com água fervida, a não ser quando o bebê ainda se alimenta exclusivamente de leite materno.
• Para as crianças mais velhas e os adultos, são permitidos alimentos sólidos e secos (arroz, batatas, cereais sem açúcar, etc.), bolachas salgadas e torradas. Alimentos ricos em amido auxiliam na redução do distúrbio (sopa de arroz ou cenoura e canja de galinha). Também podem ser consumidos banana, maçã sem a casca, frango, iogurte, água de coco, etc.
• Deve-se evitar frituras, alimentos gordurosos e bebidas muito doces como sucos industrializados e aumentar a ingestão de água.
• Na maioria dos casos, o único tratamento necessário é a reposição de líquidos para evitar a desidratação. Alguns probióticos podem proporcionar um alívio sintomático e restabelecer o equilíbrio da flora intestinal.
• Medicamentos frequentemente usados sem supervisão médica para diminuir os movimentos intestinais não devem ser tomados. Nos casos de diarreias infecciosas eles dificultam ou impedem a eliminação dos microrganismos e das toxinas e podem levar ao agravamento e complicação do quadro. O uso de antibióticos pode ser necessário, mas só deve ser iniciado por prescrição médica.

Alguns cuidados podem ajudar a evitar as diarreias:

• Não beber e não se expor à água não tratada.
• Manter os depósitos de água limpos e bem fechados.
• Não tomar banho em rios, lagoas ou açudes contaminados.
• Lavar bem as mãos e os utensílios.
• Executar com cuidados a higiene pessoal.
• Não ingerir alimentos de procedência duvidosa.
• Armazenar os alimentos adequadamente.
• Evitar alimentos sem cozimento.

Como evolui a diarreia?

Embora possam ser muito incômodas, as diarreias são tratáveis e, em geral, cedem espontaneamente. Uma das piores complicações possíveis de uma diarreia é a desidratação.
Bebês, crianças pequenas, idosos e pessoas debilitadas tendem a se desidratar com mais facilidade, o que exige cuidados rápidos para a contenção da crise de diarreia. Uma diarreia que não ceda dentro de poucos dias (dois ou três, em geral), é sinal de uma doença mais grave.

sábado, 21 de abril de 2012

Hemofilia


O termo hemofilia não denomina uma doença só, mas abrange diversas doenças genéticas, hereditárias ou de um distúrbio autoimune raro, as quais têm em comum a incapacidade de controlar os sangramentos, em razão de defeitos nos mecanismos de coagulação do sangue.

O hemofílico, diferente do indivíduo “normal”, não forma o coágulo que estanca o sangue.

O sangramento tanto pode ser externo, se a pele for danificada por um corte, abrasão ou ferimento, quanto pode ser interno, no tecido muscular ou em cavidades orgânicas. As hemorragias internas são mais graves porque são mais difíceis de serem diagnosticadas.

Há vários tipos de hemofilia. Na hemofilia A, a mais comum de todas (cerca de 90% dos casos) falta o fator VII da coagulação; na hemofilia B falta o fator IX e na hemofilia C falta o fator XI.

Quais são as causas da hemofilia?

A hemofilia é uma doença genética e hereditária, transmitida de pais para filhos, no momento da concepção. O gene que causa a hemofilia é transmitido pelo par de cromossomos sexuais XX. Em geral, as mulheres não desenvolvem a doença, mas são portadoras do defeito e são capazes de transmiti-lo. O filho do sexo masculino é que pode manifestar a enfermidade. Mas embora seja raríssimo, existem também mulheres hemofílicas.

Quais são os sinais e sintomas da hemofilia?

As manifestações das diferentes formas de hemofilia são praticamente as mesmas e se caracterizam pela grande facilidade com que os sangramentos de dão, muitos deles ocorrendo espontaneamente.

Na maior parte das vezes os sangramentos são internos, mas podem também ser externos e surgirem após um trauma ou acontecer sem nenhuma razão aparente.

Em casos moderados ou graves os sangramentos podem ser repetitivos. Muitas vezes ocorrem hemorragias intramusculares ou intra-articulares reincidentes, as quais desgastam as cartilagens e provocam lesões ósseas. Os principais sintomas são dor, elevação da temperatura e restrição do movimento. As articulações mais comprometidas são joelho, tornozelo e cotovelo.

Os sangramentos podem ocorrer desde o primeiro ano de vida, sob a forma de manchas roxas que aparecem com excessiva facilidade quando, por exemplo, a criança cai. Em quadros mais leves, o sangramento ocorre em situações como cirurgias, extração de dentes e traumatismos. Em alguns casos podem causar pressão sobre os nervos, resultando em dormência, dor ou incapacidade de movimento.

Como o médico diagnostica a hemofilia?

O primeiro passo para um diagnóstico correto é uma história clínica bem feita. Dosagens laboratoriais dos respectivos fatores de coagulação podem ser realizadas para determinar o tipo de hemofilia.

Como é o tratamento da hemofilia?

Não há cura para a hemofilia, mas a doença pode ser controlada com a reposição intravenosa regular dos fatores de coagulação que estejam deficientes. Alguns hemofílicos, no entanto, desenvolvem anticorpos contra tais fatores.

Nas hemofilias severas, o paciente deve receber produtor do plasma para evitar ou controlar episódios de sangramento durante toda a sua vida. Nas hemofilias leves, usa-se fazer a terapêutica de reposição apenas depois de um trauma ou para evitar sangramento pós-operatório.

Os concentrados de fatores da coagulação obtidos por engenharia genética, através da manipulação de organismos transgênicos e não pela purificação do plasma humano, surgiram mais recentemente.

Eles podem ser fornecidos ao paciente hemofílico como uma dose terapêutica domiciliar para uso imediato em caso de hemorragias inesperadas, a qual deve ser aplicada por ele mesmo ou por uma pessoa próxima previamente treinada.

O paciente deve também se valer da fisioterapia após a fase aguda do sangramento para fortalecer a musculatura e as articulações, acelerando a recuperação e diminuindo a possibilidade de sequelas.

Quais são os cuidados que um hemofílico deve ter?

• Evitar e proteger-se de traumatismos que produzam sangramentos.
• Imobilizar as articulações em casos de hemorragias articulares.
• Observar e anotar episódios hemorrágicos para serem informados ao médico.
• Ter cuidados especiais na realização de cortes de cabelo, barba ou unhas, lavagens intestinais, aplicação de calor, etc.
• Ao escovar os dentes, ter cuidados para não machucar as gengivas ou a mucosa oral.
• Em caso de necessidade de realização de alguma cirurgia, o hemofílico deve receber previamente uma medicação adequada para melhorar temporariamente a coagulação. Um médico hematologista deve ser consultado regularmente.
• Pacientes hemofílicos não devem usar medicamentos como aspirina, heparina, warfarina e determinados analgésicos e anti-inflamatórios não hormonais, pois podem agravar os sangramentos.

Levar sempre consigo um cartão identificando-se como hemofílico e contendo:

• Grupo sanguíneo e fator Rh.
• Nome da pessoa a ser avisada em caso de urgência.
• Nome e telefone do médico assistente e do hospital para onde deseja ser levado.

Como evolui a hemofilia?

O acompanhamento e tratamento corretos costumam ajudar muito a evitar as complicações desta condição.

Alguns hemofílicos produzem anticorpos contra os fatores VIII e IX transfundidos e por isso as transfusões tornam-se ineficazes, no entanto, a dosagem de concentrados de plasma pode ser aumentada ou podem ser utilizados diferentes tipos de fatores da coagulação ou drogas para reduzir os níveis dos anticorpos, visando contornar o problema.

Os hemofílicos que sofram sangramentos de maior porte podem mais facilmente chegar ao óbito.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Luxações





Uma luxação é um deslocamento repentino e duradouro, parcial ou completo de um ou mais ossos de uma das articulações do corpo.

Em geral, uma luxação acontece quando uma força externa atua direta ou indiretamente sobre uma articulação, empurrando o osso para fora da sua posição normal. É muito comum que isso aconteça nos traumas de certa intensidade.

Embora seja possível ocorrer luxação em qualquer articulação, os locais mais comuns são ombros, dedos, joelhos, punhos e cotovelos.

Quais são os tipos de luxações?

Uma luxação pode ser completa ou incompleta. Chama-se luxação completa àquela em que os segmentos ósseos que constituem a articulação ficam completamente desunidos e luxação incompleta (ou subluxação) àquela em que a união dos segmentos ósseos é reduzida, mas não é completa.

Na maioria das vezes a extremidade do osso deslocado fica no interior da cápsula articular (luxação intracapsular), mas em alguns casos ela fica no exterior da mesma (luxação extracapsular).

Quais são as causas das luxações?

Na maioria das vezes, a luxação é provocada por um traumatismo violento incidindo sobre a articulação. O traumatismo pode também incidir indiretamente como acontece, por exemplo, em caso de luxações da articulação do ombro provocada por uma queda em que o indivíduo se apoia sobre o cotovelo ou a mão.

A luxação pode resultar de um movimento ou torção violento, súbito e intenso como quando uma criança caminha de mão dada com um adulto e tropeça. Em alguns casos, a luxação é originada pela deterioração dos elementos de sustentação da articulação (ligamentos, cápsula articular, tendões e músculos), consequente de uma doença ou de uma malformação congênita.

Quais são os sinais e sintomas das luxações?

A dor aparece imediatamente após o acidente, o que dificulta ou impede qualquer tentativa de movimentar a articulação afetada. A articulação se apresenta deformada e à palpação nota-se o osso fora do seu lugar habitual. O deslocamento do segmento ósseo pode impossibilitar a normal realização dos movimentos da articulação lesionada. Caso a luxação afete uma articulação de um membro, por vezes a extremidade dele fica um pouco mais curta ou mais longa do que o normal.

Caso não se tenha realizado o tratamento adequado, a articulação pode ser fixada numa posição anômala. Neste caso, a articulação permanecerá deformada e com uma limitação funcional mais ou menos significativa.

A zona afetada deve ser imobilizada após a realização da redução da luxação e os elementos de sustentação da articulação devem ser adequadamente reparados, em caso contrário propiciará certa instabilidade à articulação.

Como o médico diagnostica as luxações?

Uma primeira impressão decorre do exame clínico. Em seguida, as radiografias são necessárias e suficientes para confirmar o diagnóstico. Além disso, ajudam a detectar possíveis fraturas que possam ter ocorrido no momento da luxação.

Como as luxações são tratadas?

A articulação comprometida deve ser “reduzida” (recolocar o osso na sua posição original) rapidamente, já que, quando deslocada, o suprimento sanguíneo normal pode estar comprometido.

Uma articulação luxada só pode ser “reduzida” com sucesso por um médico treinado, uma vez que isso exige uma técnica especializada.

A articulação deve ser adequadamente manipulada de volta para sua posição original, num processo que normalmente exige o emprego de muita força e que é muito doloroso. Consequentemente, ele deve ser feito sob sedação, em uma sala de cirurgia e sob anestesia geral. Dependendo da gravidade das luxações elas podem requerer estabilização cirúrgica.

Apenas casos mais leves podem ser reduzidos sob efeito de analgésicos ou anestesia local.

Aquelas luxações em que haja destruição de partes moles ou as que sejam recidivantes podem, também, demandar intervenção cirúrgica. Para diminuir a dor persistente, normalmente são indicados medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides.

Quais são os primeiros socorros a serem prestados em casos de luxações?

Antes de chegar a um serviço médico, o paciente ou aqueles que o acompanham devem ter alguns cuidados:

• Providencie socorro médico o quanto antes, já que quando a articulação é deslocada, o suprimento sanguíneo normal pode estar comprometido e, além disso, a reação inflamatória que sobrevém logo em seguida pode fazer com que a redução não possa mais ser realizada através de manobras manuais, sendo necessária a realização de uma intervenção cirúrgica.
• Não tente recolocar o osso no lugar, pois isso pode piorar o quadro, rompendo vasos, comprimindo nervos, etc.
• Imobilize a articulação na posição em que ela tenha ficado, com uma tala ou tipoia, até chegar ao socorro médico.
• O paciente não deve comer até ser atendido pelo médico, já que poderá necessitar de anestesia geral para reduzir a luxação, o que requer jejum.
• Como evoluem as luxações?
• As articulações que uma vez tenham sido luxadas ficam mais susceptíveis a sofrer novas luxações, devido ao enfraquecimento dos músculos e ligamentos que mantêm a articulação no lugar habitual. Para minimizar este problema e recuperar a plenitude funcional da articulação comprometida, toda luxação deve ser acompanhada por fisioterapia.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O que são entorses?





Uma entorse (ou torção) é uma lesão traumática de uma articulação, com alongamento, arrancamento ou rotura dos ligamentos e demais estruturas que sustentam a articulação, sem deslocamento das superfícies ósseas articulares.

Embora o grande esforço a que a articulação seja submetida possa provocar apenas a distensão dos ligamentos, a entorse costuma provocar o rompimento parcial ou completo deles, por vezes associado a lesões na cápsula fibrosa que reveste a articulação.

Apesar de as entorses poderem acometer qualquer articulação, a sua localização mais frequente corresponde ao tornozelo.

Quais são as causas das entorses?

As entorses se originam de movimentos bruscos, traumatismos, má colocação do pé ou de um simples tropeçar que force a articulação a um movimento para o qual ela não está preparada. Pode igualmente acontecer de uma intensa tração, a que o ligamento seja submetido, provocar o seu estiramento ou ruptura e que isso chegue a arrancar um pequeno fragmento ósseo.

Uma causa comum da entorse do tornozelo é o fato de “torcer o pé” em um buraco do chão ou em um “passo em falso” qualquer. As entorses de joelhos e dedos geralmente são relacionadas a acidentes desportivos.

Quais são os sinais e sintomas das entorses?

Os sinais e sintomas das entorses são inchaço e dor intensa que surgem imediatamente após o evento causador e que aumentam de intensidade ao mínimo contato ou movimento, ocasionando grande limitação funcional da articulação comprometida. A articulação afetada fica progressivamente inflamada e inchada, enquanto a pele fica vermelha e quente. Além disso, é possível que na região surjam hematomas provocados pelas lesões vasculares e pelas hemorragias que ocorrem ao nível dos ligamentos.

Como o médico diagnostica as entorses?

Em geral, a história contada pelo paciente e o exame clínico são suficientes para estabelecer um diagnóstico. Se for necessário esclarecer a natureza e a gravidade das lesões, ele pode solicitar exames de imagens.

Como é feito o tratamento das entorses?

Os primeiros socorros, prestados ainda pelo próprio lesionado ou por pessoas próximas, consistem em manter a articulação lesionada em repouso, se possível suspensa, e na aplicação de gelo ou compressas frias no local. Em seguida, o médico providenciará para que a articulação afetada seja mantida em repouso.

Medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos podem ser usados para reduzir a dor e a inflamação. Em casos mais importantes deve-se proceder à imobilização da articulação com ligaduras, talas ou gesso. Nos casos mais ligeiros isso pode não ser necessário.

A imobilização deve permanecer por uma ou duas semanas, às vezes mais, segundo a gravidade ou localização da lesão. Quando se trata do tornozelo ou do joelho pode exigir o uso de uma muleta.

O tratamento da entorse grave não pode ser apenas sintomático, deve ser dirigido ao reparo cirúrgico das lesões.

Passada a fase aguda deve ser iniciada uma fisioterapia com a realização de movimentos suaves, massagens, aplicação de ultrassom, raios infravermelhos, correntes elétricas e outros procedimentos que favoreçam a recuperação das funções, a reabsorção dos hematomas e a cicatrização dos ligamentos lesados. Com o fito de recuperar a total funcionalidade da articulação, pode ser aconselhada a realização de exercícios que visem fortalecer toda a musculatura da zona afetada. Se ocorrer ruptura de ligamentos (o que é raro), uma intervenção cirúrgica pode ser necessária.

Como evoluem os entorses?

Desde que tratadas adequadamente, as entorses costumam curar-se em duas ou três semanas, sem deixar sequelas. As graves podem precisar de até oito semanas. Para que a pessoa possa voltar a praticar esportes, por exemplo, ou outras atividades “pesadas”, não devem existir mais nenhuma dor, nem inflamação.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Sintomas Psicóticos: Alucinação e Delírio



Os sintomas chamadosa psicóticos, também conhecidos como sintomas positivos da psicose são, principalmente, as Alucinações e os Delírios. Vejamos o que significam:

Delírio
Uma descrição demasiado fácil do delírio seria dizer: o delírio é uma convicção errônea não-corrigível. Mas, seria preciso lembrar que nem toda convicção errônea não-corrigível é um delírio.

Se essa convicção se relacionar com falta de cultura ou erudição, com a falta de conhecimentos ou de inteligência, então não será um delírio, seria mais uma ignorância. Tampouco será delírio aquelas representações errôneas que se originam de sentimentos compreensíveis.

Se o amante, por exemplo, está convicto da perfeição da amada imperfeita não se trata de idéias delirantes. As convicções filosóficas ou religiosas também não são delírios, mesmo que muitas pessoas as considerem errôneas, elas devem ser classificadas como idéias supervalorizadas.

Se desejarmos qualificar o delírio como um erro, é preciso que se trate de um erro não ambíguo, nem justificável, nem circunstancial e nem, muito menos, emocional. Deve tratar-se sim de um erro que está em oposição visível à realidade objetiva dos fatos. No Delírio ocorre alteração do conteúdo do pensamento, mas não da memória e nem da atenção.

Jaspers define o Delírio com sendo um juízo patologicamente falseado e que deve, obrigatoriamente, apresentar três características:
1. Uma convicção subjetivamente irremovível e uma crença absolutamente inabalável com impossibilidade de sujeitar-se às influências de correções quaisquer, seja através da experiência ou da argumentação lógica;
2. Um pensamento de conteúdo Impenetrável e incompreensível psicologicamente para o indivíduo normal e;
3. Uma representação vivencial sem conteúdo de realidade que não se reduz à análise dos acontecimentos vivenciais.

É irremovível e inabalável porque, diante do paciente delirante não se consegue demover o conteúdo de seu pensamento mediante qualquer tipo de argumentação.

Caso o paciente se deixe convencer pela argumentação lógica razoavelmente elaborada, decididamente não estaremos diante de um delírio, mas de um engano ou de uma formação deliróide.

A argumentação racional e lógica não deve afetar a realidade de quem delira, independentemente da capacidade convincente e da perseverança daquele que se empenhar nesta tarefa infrutífera. Para ser delírio a convicção dever ser sempre inabalável e irremovível.

Alucinação
Alucinação é a percepção real de um objeto inexistente, ou seja, são percepções sem um estímulo externo. Dizemos que a percepção é real, tendo em vista a convicção inabalável que a pessoa manifesta em relação ao objeto alucinado, portanto, será real para a pessoa que está alucinando.

Sendo a percepção da alucinação de origem interna, emancipada de todas variáveis que podem acompanhar os estímulos ambientais (iluminação, acuidade sensorial, etc.), um objeto alucinado muitas vezes é percebido mais nitidamente que os objetos reais de fato.

Tudo que pode ser percebido pode também ser alucinado e isso ocorre, imaginativamente, com maior liberdade de associações de formas e objetos. Na alucinação, por exemplo, um leão pode aparecer de asas, ou um caracol que cavalga um ouriço. O indivíduo que alucina pode ter percebido isoladamente cada umas das formas e, mentalmente, combinado umas com as outras.

As alucinações podem manifestar-se também através de qualquer um dos cinco sentidos, sendo as mais freqüentes as auditivas e visuais. O fenômeno alucinatório tem conotação muito mais mórbida que a Ilusão, sendo normalmente associado à estados psicóticos que ultrapassam a simplicidade de um engano dos sentidos. Na Alucinação o envolvimento psíquico é muito mais contundente que nos estados necessários à Ilusão.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Transe e Possessão: ponto de vista científico.




Independente de acreditarmos em todos os deuses e demônios, vamos abordar o tema como se espera da ciência, deixando para outros profissionais de outras áreas a difícil tarefa de lidar com o sobrenatural.

Em nosso meio a maioria das pessoas que se apresenta em transe não é, decididamente, portadora de nenhuma patologia psiquiátrica. Trata-se da influência de elementos sócio-culturais na representação da realidade, tratados mais adiante com o nome de Psiquiatria Transcultural.

A influência da cultura nos sentimentos, nos afetos e no comportamento não deve ser, por si só, tomada como doença mental. Se fosse assim, um cordão de carnaval, aos olhos de outra cultura, por exemplo, poderia ser tomado como um batalhão de dementes. Interessa à psicopatologia aqueles casos que comportam decididamente um diagnóstico médico e psíquico.

Psiquiatria Transcultural
Ao mesmo tempo em que se corre um risco patológico com a religião, a cultura brasileira extrai de alguns ritos e seitas extraordinários recursos para um certo equilíbrio biopsicossocial, principalmente das chamadas “camadas populares”, segundo Fernando Portela Câmara.

As seitas espiritistas, ou seja, aquelas que giram em tornos de entidades espirituais vindas do mundo dos mortos, entidades malignas e do bem, como por exemplo o espiritismo Kardecista popularmente aculturado no Brasil, também os cultos afro-brasileiros (candomblé, quimbanda, catimbó, xangô, batuque), as crenças de pajelança, paricá dos índios nativos, formam todas o elemento principal do sincretismo brasileiro que atende aqueles que buscam outras formas de ajuda, em especial a ajuda espiritual.

No ambiente brasileiro comum, cotidiano, místico e aflito ao mesmo tempo, muitas vezes a religiosidade e psicopatologia se misturam, tornando difícil estabelecer os limites entre uma e outra, onde termina a doença e começa a religiosidade, e vice-versa (Walmor Piccinini).

Em depoimento colhido para elaboração da História da Psiquiatria Forense no Brasil, Piccinini entrevista o professor Rubim de Pinho. Este, respondendo sobre psiquiatria transcultural, refere haver muitos comportamentos, muitas reações, muitas expressões da personalidade formados à partir de certos condicionamentos culturais, e o psiquiatra mal preparado pode confundir esses comportamentos com verdadeiros distúrbios mentais.

Pinho lembra bem que a maior habilidade de alguns desses líderes religiosos, que às vezes erram, como erram também os médicos, é saber diferenciar os casos que comportam um tratamento médico, aplicado pela medicina formal, dos casos que são sensíveis aos tratamentos informais, como por exemplo, espirituais.

Talvez seja essa questão, eminentemente cultual, que proporciona a maior diferença entre o tratamento da doença e o tratamento do doente. E, de fato, algumas pessoas podem ser beneficiadas mais com os tratamentos populares e religiosos do que os tratamentos médicos.

Algumas vezes a questão cultural, ou seja, a representação cultural da realidade aproxima mais as pessoas de suas crenças que da ciência. A psiquiatria transcultural procura por quadros mentais específicos de determinada cultura. É o caso, por exemplo, do conceito de Quebranto, como uma influência maldosa e capaz de tornar as pessoas vitimadas por ele mais vulneráveis às doenças. Esse é o caso típico de uma representação da realidade que faz parte do cardápio cultual brasileiro.

Tem igual teor cultural outros estados doentios que acometiam escravos, índios e mesmo imigrantes em outras épocas. O Banzo, por exemplo, acometia os escravos negros trazidos da África e se caracterizava, inicialmente, por acentuada tristeza, seguida por definhamento, podendo chegar à morte por inanição e apatia extrema.

Outro exemplo de Psiquiatria Transcultural é o estudo de Rubim de Pinho, citado por Piccinini, mostrando a correspondência do Banzo de nossos antigos escravos, com aquilo que se chamava Síndrome de Campo de Concentração, observada por ocasião da II Guerra Mundial. Havia um estado depressivo ao qual se superpunha toda uma síndrome de carência alimentar, juntando ainda à depressão uma anorexia decorrente da falta de proteínas.

Rubim de Pinho cita ainda a questão do Mau Olhado. Trata-se, provavelmente, de uma versão nacional daquilo que foi o Magnetismo Animal na Europa. Era uma espécie de influência magnética do olhar de determinadas pessoas, conduzindo ao comprometimento da saúde de outras. Vale ainda um outro registro de Rubim de Pinho, de interesse da Psiquiatria Transcultural, ocorrido por ocasião da I Guerra Mundial (1914-1919) com o nome de Diabo no Corpo. Tratava-se de uma condição de agitação de determinadas pessoas, sobretudo do sexo feminino, que eram levadas semanalmente à Igreja da Piedade para serem exorcizadas pelos frades capuchinhos.

Os casos de Diabo no Corpo eram o mesmo que as famigeradas epidemias de possessão das bruxas, da possessão demoníaca que a Europa assistiu durante a Idade Média. E até a presente data, dependendo da cultura da comunidade em questão, continuam existindo os quadros de possessão, de influência maligna, de transe, etc.

Embora o diagnóstico que a psiquiatria seja obrigada a dar para todos esses quadros onde se necessitam de exorcismos seja de Transtorno Histérico (ou Histriônico), eles podem acometer pessoas com quaisquer outros transtornos mentais, incluindo as psicoses. Além disso, conforme vimos em Psiquiatria Transcultural, tais rompantes de possessões podem ainda acometer pessoas psiquicamente normais e momentaneamente fragilizadas emocionalmente.

A sociedade costuma ter momentos históricos e circunstâncias que comportam diferentes comportamentos, atitudes e desempenho de seus membros. Autoflagelações, jejuns prolongados, danças que se prolongam até a exaustão, enfim, a sociedade costuma estimular determinados modelos de comportamento e certas sugestões das massas. Por isso, é por demais desejável que o psiquiatra tenha sensibilidade suficiente para distinguir comportamentos e reações impregnados de agravantes e determinantes culturais das doenças mentais francas.

Essa recomendação significa que o psiquiatra deve estar atento para diferenciar o que é interferência da cultura no comportamento e na atitude da pessoa e o que é manifestação de um processo doentio. Por conta disso, Rubim de Pinho chega a desejar que os psiquiatras brasileiros, e baianos em particular, tivessem a capacidade que têm as mães-de-santo mais hábeis e que têm certos líderes espíritas para diferenciar os fenômenos que eles consideram religiosos e nós consideramos culturais, mas que sem dúvida são diferentes daquilo que está descrito na psiquiatria tradicional.

Para esses casos de natureza exuberante pode-se dar o nome de Fenômenos Protoplásticos. Quando há alterações da normalidade (não-normal, estatisticamente), porém, não se pode constatar alguma doença franca, pode-se falar em Fenômeno Protoplástico, ou seja, uma alteração não tão mórbida como ocorreria no processo francamente patológico.

Mas a cultura que estimula uma religiosidade excessiva não costuma favorecer com exclusividade o desenvolvimento de doenças e transtornos emocionais. Se, de fato, as questões culturais e religiosas podem precipitar quadros patológicos, por outro lado, estudiosos do comportamento da modernidade afirmam que a falta de fé, uma das características do mundo atual, estaria também contribuindo para a ocorrência crescente de outros quadros patológicos. Estes, por sua vez, seriam ligados a uma cultura exageradamente individualista (Sloan, 1996; Schumaker, 2001).

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ansiedade e entrevista para conseguir trabalho





Ansiedade é um estado emocional normal. Uma das características da sobrevivência da espécie humana e de muitas outras espécies do reino animal é a capacidade de se adaptar às circunstâncias, o que requer uma mudança no desempenho do indivíduo. Essa mudança no desempenho é proporcionada pela ansiedade.

O potencial ansioso humano sempre esteve fisiologicamente presente em toda história de nossa civilização e sempre carregou consigo o sentimento do medo, sua sombra inseparável. É muito difícil dizer se o estresse que acometia o homem pré-histórico diante de um urso invasor de sua caverna era diferente daquilo que sente hoje um cidadão comum diante do assaltante que invade seu lar. Provavelmente não.

Fazem parte da natureza humana certos sentimentos ou certas emoções determinados pela necessidade (de adaptação), pela ameaça, pelo desconhecido e pela perspectiva de sofrimento. A ansiedade passou a ser problemática quando o ser humano colocou-a não a serviço de sua sobrevivência, como fazia antes, mas a serviço de sua existência, com o amplo leque de exigências desta existência. Na questão do emprego, trata-se da sobrevivência social e econômica, tão importante quanto a sobrevivência que nossos ancestrais tinham que conquistar diante do urso invasor de sua caverna.

O estresse passou a ser o representante emocional da ansiedade, que é mais orgânica que psíquica. E a ansiedade é a representação orgânica do medo e da necessidade adaptativa. O fato de um evento ser percebido como estressante não depende apenas da natureza ameaçadora deste evento, como acontece no mundo animal, mas depende sim do significado atribuído à este evento pela pessoa, de seus recursos, de suas defesas e de seus mecanismos de enfrentamento. O próprio significado da entrevista para emprego é diferente entre as diferentes pessoas, logo, determinará diferentes níveis de ansiedade.


A ansiedade é patológica quando deixa de ser útil e passa a causar sofrimento excessivo ou prejuízo no desempenho da pessoa. Porém, a ansiedade experimentada na entrevista para emprego comumente se refere a um estado emocional normal, já esperado, um tipo de emoção capaz de melhorar o estado de alerta, que faz a pessoa se adaptar à essa exigência da vida. É assim para a maioria das pessoas.

A ansiedade produzida pela preocupação de que alguma coisa possa dar errada é útil dentro da circunstância apropriada, melhora o desempenho e por isso não representa inconveniente maior. Trata-se da mesma ansiedade que os pilotos experimentam antes da decolagem ou aterrizagem de seus aviões, ou os atletas antes da competição e assim por diante.

A ansiedade patológica, por sua vez, é desproporcional à exigência, prejudica a adaptação e piora o desempenho. Os pacientes com transtorno do pânico, por exemplo, ficam imobilizados e completamente rendidos diante de determinadas situações ou momentos. Da mesma forma que os pacientes fóbicos ou aqueles que sofrem de crises de ansiedade generalizada. Se a ansiedade for muito intensa durante uma entrevista de emprego o desempenho pode ficar irremediavelmente comprometido.

As pessoas que experimentam uma crise de ansiedade aguda podem apresentar uma grande variedade de sintomas, como por exemplo, palpitações, sudorese, tremores, sensações de falta de ar, desconforto torácico, náusea, desconforto abdominal, sensação de tontura ou que vão desmaiar, medo de perder o controle, formigamento, calafrios ou ondas de calor. Evidentemente esses sintomas dependem da intensidade da ansiedade.

Todas as pessoas sofrem certa ansiedade quando percebem que precisam dominar alguma coisa ou situação. Mas existem pessoas que têm uma ansiedade exagerada. Para essas pessoas o medo de não conseguir ter necessário autocontrole e deixar se dominar pela ansiedade já é um dos principais fatores que geram a própria ansiedade. Isso quer dizer que a idéia de que o “outro” está observando (e julgando) sua ansiedadeé mais que suficiente para aumentar o estado ansioso e, aí sim, perder mesmo o controle.

Para aprender a ter algum domínio sobre a ansiedade a pessoa excessivamente ansiosa deve prestar muita atenção ao último parágrafo acima. O medo maior que provoca a ansiedade no momento da entrevista nem sempre é não conseguir o emprego, mas sim, medo do entrevistador perceber a ansiedade do entrevistado. Na realidade, o medo mesmo é a dúvida sobre o que o entrevistador pensará do entrevistado ansioso. Esse é o grande fantasma da entrevista para emprego.

Assim, os pontos chaves da ansiedade desencadeada pela entrevista de emprego em pessoas naturalmente ansiosas são: o medo de não conseguir controlar a ansiedade e o medo daquilo que o entrevistador possa estar pensando sobre o estado emocional ansioso do entrevistado.

O medo de não conseguir controlar a ansiedade acaba gerando mais ansiedade, entretanto, ele será muito menor se o entrevistado fizer algumas considerações para si próprio, se ele tiver consciência de algumas coisas. Primeiro, que a ansiedade é absolutamente esperada para aquele momento, inclusive isso vale para pessoas sabidamente calmas e tranqüilas. Segundo, o medo será também muito menor se o entrevistado tiver nítida consciência de que ele é naturalmente ansioso, sempre foi ansioso e, portanto, não será exatamente hoje, diante desse momento estressante, que ele irá se manter sem ansiedade.

A consciência sobre a própria ansiedade, que faz parte da personalidade do entrevistado, fará com que a expectativa e a dúvida sobre ter ou não ansiedade naquele momento não existirá. Não existirá porque o entrevistado não tem mais dúvida; ele ficará, de fato e sabidamente, muito ansioso. Não há dúvidas sobre isso.

Ficar ansioso durante a entrevista, como vimos, é normal. Por outro lado, ficar muito ansioso é uma característica da personalidade, logo, não há muito que se fazer para mudar esse traço de personalidade.

As pessoas com essa característica devem manter em mente o fato de terem sobrevivido até hoje desse jeito, isso nunca impediu sua sobrevivência e, na maioria das vezes, nem sequer comprometeu um desempenho satisfatório em inúmeras áreas de atividades em sua vida.

A dúvida sobre o que, exatamente, pode estar pensando o entrevistador acerca da ansiedade do entrevistado, como vimos, gera mais ansiedade ainda. Muito bem. Vamos então acabar com essa dúvida.

Se o entrevistado disser (preferentemente) ou responder ao entrevistador que, de fato, está muito ansioso, a tal dúvida deixará de existir em parte. Aquela parte da dúvida se o entrevistado está ou não ansioso acabou; o entrevistador sabe agora que o entrevistado está ansioso porque isso já foi dito.

Resta parte da dúvida sobre o que o entrevistador está pensando de uma pessoa assim tão ansiosa como é o entrevistado confesso. Aí entra a sinceridade como fator decisivo: “- sempre que vou lidar com alguma coisa muito importante para mim, de fato fico ansioso”. Pronto. Agora ele sabe porque o entrevistado está ansioso. E isso não é defeito.

Se apesar de tudo isso a ansiedade continua incontrolável e limitante para algum aspecto da vida, então a pessoa deve procurar tratamento adequado para isso, o qual deve ser preferentemente feito associando-se um tratamento medicamentoso inicial, para controle mais fácil dessa emoção, e o tratamento psicoterápico, mais longo que o primeiro.

sábado, 14 de abril de 2012

Aftas: como incomodam!





Aftas (ou estomatite aftosa) são áreas de pequenas ulcerações da mucosa da cavidade da boca que acontecem por um rompimento do seu epitélio e exposição do tecido conjuntivo.

As aftas são erosões dolorosas, com fundo claro-amarelado e circundado por uma aréola avermelhada.

Elas geralmente desaparecem em um intervalo de sete a dez dias sem deixar sequelas podendo, em alguns casos, durar mais tempo.

Afetam a parte interior dos lábios e das bochechas, a língua e, mais raramente, a garganta.

Variam em número e intensidade, mas costumam aparecer reunidas em pequenos grupos, o que faz com que as áreas afetadas sejam mais delimitadas. Podem raramente estar generalizadas.

Não se sabe bem o que causa as aftas. Elas podem ser uma manifestação de diversas doenças, sobretudo imunológicas. Certos alimentos, frutas ácidas ou temperos picantes podem funcionar como indutores da formação de aftas. Outros fatores que podem causar ou contribuir para a eclosão delas são:

• Traumatismos ou mordeduras nos lábios ou bochechas.
• Uso de aparelhos de ortodontia.
• Algumas doenças sistêmicas.
• Imunopatias.
• Deficiências nutricionais.
• Alergias.
• Estresse.
• Reações a determinados tipos de medicamentos.
• Má higiene bucal (falta de fio dental, escovação inadequada) - talvez a causa mais comum.

As aftas podem ser um processo infeccioso e, portanto, podem ser transmissíveis de uma pessoa a outra.

Os sintomas das aftas são benignos, embora muito incomodativos. As lesões ocasionam reações inflamatórias leves ou moderadas, associadas à ardência e à dor e levam a dificuldades na alimentação.

Em alguns casos mais raros podem ser acompanhadas de febre baixa e crescimento ganglionar localizado.

O diagnóstico é feito pelo aspecto das lesões e os sintomas clínicos. As lesões são circulares ou ovais, como pequenas crateras, com fundo esbranquiçado ou amarelado e vermelhidão ao redor.

As aftas devem ser examinadas por um clínico, um pediatra, um dermatologista ou por um dentista, mas qualquer médico com pouca experiência pode avaliar um quadro como este.

O aparecimento de qualquer lesão na boca, principalmente aquelas que não cicatrizam por um tempo prolongado, DEVE sempre ser avaliado por um médico.

O tratamento das aftas visa aliviar os sintomas, prevenir o aparecimento de novas lesões e diminuir a gravidade do surto. Antissépticos, anti-inflamatórios, anestésicos e protetores de mucosa são alguns dos medicamentos usados.

O raio laser é utilizado para amenizar a dor de forma imediata, particularmente em lesões que têm duração mais prolongada. Ele é aplicado em consultórios e não apresenta contraindicações.

Como minorar o efeito das aftas?

• Manter uma higiene bucal adequada (não agressiva).
• Manter uma alimentação suave, fria ou morna. Alimentos quentes geram dor.
• Evitar lesões na mucosa da boca. Por exemplo, não morder os lábios ou bochechas, pois elas podem dar origem a aftas.
• Usar analgésicos, como a xilocaína viscosa ou algum medicamento tópico.
• Enxaguar a boca com uma colher de água oxigenada diluída em um copo de água.
• Aplicar medicamentos locais com base em corticoide, antibiótico e antifúngico.

A maioria das aftas desaparece espontaneamente, ou após algum tratamento, sem deixar sequelas.

Algumas aftas "mais sérias" podem deixar uma mancha sobre a mucosa, que desaparece com o tempo.

De qualquer forma, é difícil evitar-se por completo o aparecimento de novas aftas.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Vasectomia: algumas informações que podem ser úteis.





Antes de optar por fazer uma vasectomia, o homem deve pensar cuidadosamente sobre quais informações gostaria de obter sobre o assunto. É importante para os casais que pensam nesta possibilidade procurarem orientação antes da realização do procedimento. Quanto mais souberem a respeito, maior a certeza de uma decisão correta e que deve ser considerada como definitiva.

Consultar uma lista de perguntas e respostas que são frequentemente levantadas por outros casais que já viveram esta situação pode ajudar bastante.

Mesmo podendo ser revertida em cerca de 50% dos casos, toda vasectomia deve ser considerada definitiva.

O que é vasectomia?

O seu nome técnico é deferentectomia. Basicamente, a vasectomia é um procedimento cirúrgico simples realizado por urologistas ou cirurgiões gerais para tornar um homem estéril. É um método comum de contracepção, considerado simples, seguro e eficaz.

Consiste na realização de um corte no canal deferente, tubo que carrega esperma do testículo para se tornar parte do sêmen. É feita a secção bilateral de ambos os canais deferentes, utilizando uma via de acesso mínima. Após esta secção, as bordas criadas dos canais são ligadas (amarradas) ou então eletrocauterizadas, para minimizar o risco de recanalização, pois o organismo tentará curar a “lesão”.

Embora o homem continue a ter relação sexual e ejaculação como antes do procedimento, seu sêmen não vai ter esperma. Consequentemente, ele não será mais capaz de engravidar uma mulher.

O que é uma vasectomia sem bisturi?

É uma técnica de vasectomia que, diferente do método tradicional, não usa um bisturi na sua realização. Não há incisões ou suturas (apenas uma ou duas aberturas na pele) e a cicatrização se dá espontaneamente.

Este método resulta em menos desconforto no pós-operatório, com risco reduzido de sangramentos ou infecções. Não deixa cicatrizes visíveis e é tão efetivo quanto a vasectomia tradicional.

Quanto tempo leva para fazer este procedimento?

O procedimento em si leva uns 20 minutos, mas com a consulta médica, a preparação e o preenchimento de papeleta leva-se cerca de uma hora até a conclusão do processo.

Pode haver sensibilidade no local, desconforto e edema discretos nos primeiros dois ou três dias, com retorno às atividades rotineiras em cerca de uma semana.

Seguir as instruções médicas cuidadosamente ajuda na recuperação após o procedimento.

Qual é a efetividade da vasectomia sem bisturi?

A vasectomia realizada por qualquer técnica reconhecida é um dos métodos contraceptivos mais efetivos. Embora nenhum procedimento seja 100% seguro ou eficaz, há menos de um por cento de falhas.

Para comparação, em relação à gravidez, as falhas com o uso de preservativo de látex ficam em torno de 12% e, com o uso de diafragma, 18%.

Casais que desejam uma forma permanente e confiável de contracepção frequentemente escolhem a vasectomia, já que o sucesso fica em torno de 99%.

O que acontece com o esperma?

Como os tubos são bloqueados antes da vesícula seminal e da próstata, o homem continua ejaculando a mesma quantidade de fluido, embora sem esperma.

Os espermatozóides são formados nos testículos, que se dividem em inúmeros septos, e apresentam canais confluentes. No final destes, os espermatozóides atingem o epidídimo, que tem a função de maturação dos mesmos. Saindo do epidídimo, os espermatozóides entram no canal deferente, um tubo muscular que os leva até a próstata por contrações musculares. A próstata também recebe conexões das vesículas seminais, que têm a função de produzir o plasma seminal – uma espécie de sêmen sem espermatozóides. A próstata interconecta as duas vias, misturando o plasma seminal aos espermatozóides e desaguando na uretra, por onde geralmente são eliminados.

O corpo absorve as células espermáticas não usadas normalmente – se você fez ou não uma vasectomia. Depois do procedimento, os testículos continuam a produzir esperma, mas eles não deixam o corpo através do sêmen. Eles dissolvem-se e são simplesmente e naturalmente absorvidos pelo organismo.

Existem riscos de complicações?

Sim. Como em qualquer outro procedimento cirúrgico, pode haver complicações, e você deve perguntar ao seu médico o que deve fazer nesta situação.

Entretanto, qualquer tipo de vasectomia está entre as técnicas cirúrgicas mais seguras e a maioria das complicações, caso haja alguma, é habitualmente fácil de tratar.

As complicações incluem:

• Dor no local. Esta dor é tratada com sucesso por medicamentos, mas algumas vezes a remoção do epidídimo é recomendada.
• Uma chance de infecção, sangramento e ferimento passageiros.
• Formação de granuloma.
• Edema temporário e acúmulo de líquidos.
• Em raros casos, o canal deferente pode ter uma recanalização espontânea e o homem tornar-se fértil novamente. Isto acontece em menos de 1% dos casos e está relacionado à experiência do cirurgião e à técnica cirúrgica aplicada.
• Existe uma complicação clássica da vasectomia, chamada Síndrome da Dor pós-Vasectomia, que pode ocorrer em 5% a 30% dos casos (dependendo da intensidade da dor), e consiste em dor crônica persistente.

O que devo levar em consideração antes de fazer uma vasectomia?

Para ter certeza de que quer mesmo fazer uma vasectomia, esteja certo de que no futuro você não vai querer ser pai novamente. Pense se esta decisão não mudaria depois dos seguintes eventos em sua vida:

• Se você já é pai, caso um de seus filhos falecesse ou mesmo mais do que um, você gostaria de ter um outro filho?
• E se você se divorciar e perder a guarda de seus filhos?
• E se você vier a ter uma nova companheira que deseja ter filhos?
• Caso sua situação financeira melhore, seu desejo de ter mais filhos pode mudar?
• Quando seus filhos crescerem, possivelmente vão deixar a sua casa. Você gostaria de ter novas crianças suas por lá?

Você não deve ignorar os efeitos psicológicos da impossibilidade de ter filhos. Pense neles.

A vasectomia não é habitualmente recomendada a homens que consideram guardar seus espermas em um banco de esperma, caso decidam ter mais filhos futuramente. Converse sobre outros métodos contraceptivos com seu médico, sua parceira e procure muitas informações antes de tomar esta decisão. Tudo deve ser muito bem pensado e planejado.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Queda de cabelo em mulheres





O cabelo é um símbolo de beleza feminino. Quando os fios vão ficando mais finos, ralos e o couro cabeludo começa a aparecer, as mulheres se preocupam. Segundo dados da Academia Americana de Dermatologia, mais de 100 milhões de mulheres no mundo estão ficando carecas. Se você é uma delas, conheça os tratamentos clínicos que podem funcionar. Para os demais casos, há o transplante capilar ou cirurgia de recuperação capilar.

Quais são as causas da queda de cabelo feminino?

A calvície feminina é multifatorial, ou seja, várias causas podem ser responsáveis pelo problema. A alopécia androgenética (de herança genética), é uma causa frequente de perda de cabelos em mulheres, mas ela é uma dentre várias outras causas a serem consideradas.

O padrão feminino de perda de cabelo raramente progride para a extensa e avançada perda de cabelos que acontece com os homens, com aquelas “entradas” no topo da cabeça. Alguns investigadores acreditam que, embora a calvície tenha causas genéticas em ambos os sexos, genes diferentes podem estar envolvidos ou o funcionamento dos genes que levam à perda de cabelo pode ser diferente em homens e mulheres.

Outras condições que causam a perda de cabelo em mulheres incluem:

• Hipo e hipertireoidismo: perda de cabelo pode ser um sinal precoce da disfunção da glândula tireoide. Esta queda pode ser interrompida ou revertida quando a disfunção da tireóide é tratada de forma adequada.
• Síndrome dos ovários policísticos: uma condição herdada que leva à disfunção dos ovários, causando alterações hormonais. Ela ocorre em cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva.
• Alterações hormonais associadas à gravidez: a perda capilar associada à gravidez é auto-limitada e temporária, geralmente resolvendo-se dentro de alguns meses após o parto.
• Alterações hormonais associadas com a menopausa: a perda de cabelos pode começar com o início da menopausa e ser retardada com tratamento médico adequado para os sintomas desta fase da vida.
• Uso de alguns medicamentos, como alguns usados em tratamento de tumores malignos.
• Vida sedentária ou uma alimentação pobre em nutrientes.
• Infecção por fungos.
• Ruptura do cabelo: pode imitar os cabelos ralos e fazer uma mulher acreditar que ela está perdendo cabelo. Causas comuns de quebra de cabelo incluem excesso de tratamento com produtos químicos que alisam os fios, relaxam ou tingem os cabelos.
• Uma cirurgia plástica facial que altera a configuração da linha do cabelo pode causar uma aparência de perda de cabelo. O transplante de cabelo é uma solução bem sucedida para reparar alterações resultantes de cirurgia estética.
• Alguns penteados que tracionam os fios como tranças apertadas e o hábito de amarrar os cabelos com elásticos podem danificar os folículos capilares e, eventualmente, causar a perda permanente do cabelo. Podem até provocar danos nos tecidos do couro cabeludo deixando cicatrizes neste local.
• Perda de cabelo de outra forma inexplicável pode dever-se a condições como alopecia areata [Alopecia areata é uma forma de perda de cabelos/pêlos em áreas do corpo, geralmente no couro cabeludo. A perda pode se estender às sobrancelhas, cílios, pêlos na face e nariz, e criar mais áreas sem pêlos em qualquer outro lugar do corpo] e eflúvio telógeno [Queda intensa de cabelos que estão na fase telógena. Podem ser várias as causas que determinam o surgimento do eflúvio telógeno, como: pós-parto, interrupção do uso de pílulas anti-concepcionais ou de reposição hormonal, infecções e doenças acompanhadas de febre alta, traumas físicos e/ou emocionais, pós-operatório, doenças da tireóide, deficiências nutricionais (ferro, zinco e proteínas) ou dietas muito restritivas (com ou sem medicamentos)], que exigem diagnóstico médico.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Pediculose





O que é pediculose?

Pediculose é uma infestação causada por um parasita que pode ser encontrado no couro cabeludo (popularmente chamado de piolho), no corpo e no púbis (popularmente chamado de chato), regiões do corpo cobertas por pelos. Normalmente, os parasitas sugam o sangue da pele, nessas regiões, e as fêmeas depositam seus ovos nos fios de cabelo.
Nos animais, a pediculose também é comum, sendo causada por uma grande variedade de espécies específicas.

Quais são as causas da pediculose?

A pediculose humana é causada por diferentes espécies do Pediculus humanus. Os piolhos da cabeça são os Pediculus humanus capitis, os do corpo são os Pediculus humanus humanus e os do púbis os Pthirus púbis.

A pediculose do couro cabeludo é, de longe, a mais frequente. É transmitida principalmente pelo contato interpessoal direto, mas também pode passar pelo compartilhamento de objetos como roupas, toalhas, bonés, gorros, escovas de cabelo, pentes, etc. É altamente transmissível e em locais de concentração de pessoas, como escolas, quarteis e presídios, por exemplo, é comum que ocorram verdadeiros surtos da doença.

Quais são os sinais e sintomas da pediculose?

A manifestação mais chamativa da doença é uma coceira intensa na área afetada, à qual podem se associar pontos avermelhados semelhantes a picadas de mosquitos. Com a coçadura, as lesões se deformam e pode ocorrer infecção secundária por bactérias. Pode haver crescimento dos gânglios das áreas comprometidas. Os parasitas, embora muito pequenos (cerca de 2,5 milímetros) podem ser visíveis. Geralmente há a presença de lêndeas esbranquiçadas e lustrosas, que são os ovos do parasita, depositadas nos fios de cabelo.

Como o médico diagnostica a pediculose?

Em geral, a pediculose se denuncia por um intenso prurido da área afetada. A confirmação mais
direta é feita pela constatação da presença do parasita e da respectiva lêndea.

Os parasitas que infestam o couro cabeludo, o corpo ou a região pubiana são ligeiramente diferentes entre si, mas em geral se trata de um inseto pequeno, com cerca de 2,5 milímetros de comprimento e de cor marrom-acinzentado. A lêndea tem forma ovalada, de cor branca e lustrosa que se distingue da caspa porque está sempre grudada a um fio de cabelo.

Como se trata a pediculose?

O tratamento da pediculose consiste na aplicação local de medicamentos para o extermínio dos parasitas, geralmente inseticidas ou loções antiparasitárias. Existem também tratamentos orais, em comprimidos, que podem ser prescritos por um clínico geral, pediatra ou dermatologista.

Tanto as aplicações locais quanto o tratamento oral devem ser repetidos após sete dias, para atingirem os novos parasitas que resultaram dos ovos ainda não eclodidos quando da primeira vez.

Nos casos mais simples o tratamento local pode ser suficiente. Nos de pediculose do couro cabeludo é importante lavar a cabeça e utilizar um pente fino para a retirada dos piolhos e das lêndeas. Para facilitar a remoção das lêndeas, pode ser usada uma solução de vinagre e água em partes iguais, embebendo os cabelos por meia hora antes de serem lavados.

Como prevenir a pediculose do couro cabeludo?

• Lavar os cabelos com frequência.
• Pentear ou escovar os cabelos diariamente.
• Revisar frequentemente a cabeça das crianças, principalmente atrás das orelhas e na nuca.
• Limpar pentes e escovas com frequência.
• As crianças que frequentam a escola devem manter os cabelos curtos ou muito bem tratados e limpos.
• As crianças contaminadas devem deixar de ir à escola enquanto dure a infestação.
• As meninas de cabelos compridos devem ir à escola com os cabelos presos.
• Advertir as crianças para não compartilhar pentes, escovas de cabelo, bonés, gorros, bandanas, arcos, etc.
• A escola deve ser comunicada quando a criança apresentar a doença. E deve comunicar aos pais que examinem os cabelos das crianças.
• Há uma crença errônea de que a pediculose está associada à falta de higiene. A melhor maneira de evita-la é adotar essas medidas de prevenção.