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terça-feira, 24 de abril de 2012

Esgotamento e Adaptação





Atualmente esse termo é de uso corrente entre as pessoas participantes daquilo que chamamos vida moderna. Ninguém gosta de pensar na Ansiedade, no Estresse, no Esgotamento ou na Depressão como formas de algum transtorno emocional, é claro. Isso pode parecer muito próximo do descontrole, da "piração" ou da loucura e, como de fato, todos temos a possibilidade de, pelo menos uma vez na vida, sermos afetados pelo estresse, pelo esgotamento ou pela depressão, então será melhor não considerá-los como formas de algum transtorno emocional.

O Transtornos de Ajustamento ou Adaptação é um quadro classificado na CID.10 e no DSM.IV e, entre outros estados psiquiátricos, é também um dos quadros relacionados ao Esgotamento.

Atualmente o Transtorno de Ajustamento tem sido o diagnóstico mais adequado para os muitíssimos freqüentes casos de dificuldades emocionais que as pessoas experimentam no cotidiano de suas vidas.

Os Transtornos de Ajustamento, chamados também de Transtornos de Adaptação (CID.10), se diagnosticam em pacientes que manifestam certos comportamentos mal adaptados e/ou certas mudanças no estado de ânimo, como resposta a um estímulo estressor. Segundo o DSM.IV, a característica essencial de um Transtorno de Ajustamento é o desenvolvimento de sintomas emocionais ou comportamentais significativos em resposta a um ou mais estressores psicossociais identificáveis.

Os comportamentos mal adaptados ou mal ajustados, decorrentes do estresse, bem como as mudanças no estado de ânimo incluem "nervosismo" intenso, preocupação, medo, dificuldades no funcionamento ocupacional, escolar, social ou familiar. Embora as pessoas que desenvolvem Transtorno de Ajustamento não tenham, geralmente, antecedentes de outros transtornos emocionais anteriores, as portadoras de outros problemas emocionais prévios têm maior probabilidade de desenvolver esse quadro.

Na realidade, é no Transtorno de Ajustamento onde a idéia de dificuldade adaptativa emocional à vida tem sido mais bem demonstrada. Aqui a reação emocional da pessoa aos estressores de sua vida é caracterizada por acentuado sofrimento. Por definição, um Transtorno de Ajustamento deve se resolver dentro de 6 meses após o término da situação considerada estressante ou de suas conseqüências. Mas os sintomas emocionais podem persistir por um período mais prolongado, principalmente quando ocorrem em resposta a uma situação estressante crônica e duradoura, como por exemplo, uma doença debilitante crônica ou em decorrências das grandes dificuldades financeiras, profissionais, conjugais, etc, que se prolongam.

Portanto, esse transtorno ansioso patológico pode ocorrer durante o período de adaptação a uma exigência existencial importante, quando um acontecimento estressante afete a integridade do ambiente social da pessoa, como por exemplo o luto, as experiências de separação, as grandes perdas.

Também pode ocorrer quando a situação estressora compromete o sistema suporte existencial, como por exemplo, a imigração, estado de refugiado, ou mesmo durante os severos esforços de adaptação a alguma etapa da vida ou do desenvolvimento, como é a escolarização, nascimento de um filho, derrota em atingir um objetivo pessoal importante, aposentadoria.

A predisposição e a vulnerabilidade pessoal desempenham um papel importante no desenvolvimento do Transtorno de Adaptação, mas mesmo considerando a predisposição pessoal, admite-se que esse transtorno não teria ocorrido se não houvesse o estresse desencadeante.

O estressor que desencadeia o Transtorno de Ajustamento pode ser um evento isolado, como por exemplo, o fim de um relacionamento romântico, ou uma somatória de múltiplos estressores. Os estressores podem ser ainda recorrentes, como as crises profissionais cíclicas, ou contínuos, atualmente representados pelo perigo de viver em uma área de alta criminalidade.

Os estressores podem afetar um único indivíduo, toda uma família, um grupo maior ou uma comunidade. Alguns estressores podem acompanhar eventos evolutivos específicos, como é o caso do ingresso numa nova escola, ter que deixar a casa dos pais, casar-se, tornar-se pai ou mãe, fracassar em atingir objetivos profissionais, aposentar, etc.

Didaticamente, o Transtorno de Ajustamento se apresenta com subtipos clínicos, dependendo dos sintomas predominantes. No Transtorno de Ajustamento Com Humor Depressivo, as manifestações predominantes são sintomas de humor deprimido, tendência ao choro ou sensações de impotência, desinteresse, apatia, auto-estima baixa. Se for Transtorno de Ajustamento Com Ansiedade, predominam sintomas tais como "nervosismo", preocupação ou inquietação, sintomas físicos, agitação ou, em crianças, com medo patológico da separação de figuras de vinculação.

Pode ainda, o Transtorno de Ajustamento, apresentar-se com um misto de Ansiedade e Depressão ou com Perturbação da Conduta. Neste subtipo a manifestação predominante é uma perturbação da conduta, na qual existe violação dos direitos alheios ou de normas e regras sociais importantes, adequadas à idade. Esse tipo pode ser comum em adolescentes, os quais manifestam rebeldia, vandalismo, direção imprudente, lutas corporais, descumprimento de responsabilidades legais.

O estado de sofrimento e de perturbação emocional causado pelo Transtorno de Adaptação, usualmente compromete muito o funcionamento social e ocupacional, havendo severo prejuízo do desempenho no trabalho, na escola e nos relacionamentos sociais e familiares. Atualmente os Transtornos de Ajustamento estão associados com um maior risco de tentativas de suicídio e suicídio completado.

Os Transtornos de Ajustamento podem ocorrer em qualquer faixa etária ou social, sendo os homens e mulheres igualmente acometidos. Quanto à incidência, calcula-se que a porcentagem de pessoas com diagnóstico deTranstorno de Ajustamento entre aquelas que estão em tratamento para saúde mental varia de 5 a 20%.

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