Pesquisar este blog

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Método de Busquet de fisioterapia


O método de Busquet é um método fisioterápico inovador, que permite poporcionar ao paciente um tratamento personalizado, abrangente e coerente para desfazer tensões musculares e torná-lo mais relaxado e confortável. O método foi criado pelos fisioterapeutas franceses Leopold Busquet e Michele Busquet.

O funcionamento do corpo é geneticamente programado, baseado na anatomia e fisiologia. Chamam-se cadeias fisiológicas aos circuitos anatômicos através dos quais se propagam as forças organizadoras do corpo que regulam a postura estática e dinâmica e as compensações dela. Assim, também a coreografia dos movimentos depende dessas cadeias.

Há dois tipos de cadeias fisiológicas: (1) as cadeias musculares dinâmicas e (2) as cadeias conjuntivas, viscerais e neurovasculares estáticas. Há também dois sistemas de autorregulação e homeostase: (1) o sistema proprioceptivo e (2) o sistema nervoso autônomo.

Um funcionamento saudável depende do bom desempenho dessas cadeias e sistemas, mas elas também podem causar tensões musculares que perturbam o funcionamento do corpo.

O método de Busquet usa, basicamente, a manipulação manual que deve ser adequada às necessidades do paciente, seja ela terapêutica, preventiva ou relaxante.

Deve-se fazer uma avaliação prévia das cadeias musculares estática, de flexão, de extensão, de abertura e de fechamento, visceral e neurovascular.

O método das cadeias fisiológicas coloca em evidência os pontos de tensão em diferentes partes do corpo, ao nível de cada uma das cadeias. Ao contrário do Pilates, por exemplo, a primeira preocupação do método de Busquet é com a terapia manual para soltar as tensões e dar liberdade de movimento. Os movimentos, se necessários, vêm depois.

O fisioterapeuta baseia-se na observação dos pontos de tensão em diferentes partes do corpo do paciente e aplica, em seguida, um método de tratamento manual com objetivo de liberar as zonas de tensão, devolver boa mobilidade aos tecidos, melhorar o funcionamento do corpo e buscar uma melhor estática.

O método reduz e elimina as sobrecargas corporais acumuladas no dia a dia, produz relaxamento corporal, diminui o estresse e trata as lesões. Quando as cadeias fisiológicas estão livres e equilibradas, a estática é perfeita e os movimentos são fáceis.

O método consiste numa combinação de técnicas de massagens e alongamentos leves e progressivos sem que haja dor.

Desfeitas as tensões, as funções corporais normais entram em ação, eliminando tensões estruturais que estejam na base de disfunções, deformações e dores.

O tratamento deve sempre respeitar a idade do paciente, do bebê ao adulto. As sessões demoram cerca de 50 minutos, em média, e devem ser realizadas uma vez por semana, com pelo menos 12 sessões.

O método de Busquet é aplicável a todos aqueles que sofrem disfunções, deformações e/ou dores musculares. O método permite o tratamento de pacientes desde o nascimento até uma idade bem avançada, mais frequentemente:

1.Nos recém-natos trata as tensões geradas pelo nascimento.
2.Nas crianças que apresentam deformações.
3.Nos desportistas para melhorar a confiabilidade e a performance.
4.Nas pessoas de idade, com o intuito de prevenir ou atenuar as disfunções físicas, orgânicas, assim como os efeitos da artrose.

De um modo geral, o método de Busquet não tem contraindicações. No entanto, se há uma doença da base, ela deve ser associadamente tratada pelo médico.

Além de ser aplicado para melhorar a postura, reduzir as tensões musculares e melhorar os desempenhos gerais, o método de Busquet pode também ser usado em dores musculares crônicas, dores de cabeça, fibromialgias, contraturas, estiramentos, tendinites, entre outros estados patológicos.

O método de Busquet é superior ao RPG e ao Pilates por ser mais global e completo.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Dores cervicais


A dor aguda localizada no pescoço é uma condição médica comum.

Duas entre três pessoas irão apresentar sintomas de dores cervicais em algum momento da vida.

Na maioria dos casos, a dor não é devida a uma doença ou lesão séria de pescoço e muitas vezes a causa exata permanece não esclarecida.

Isso é conhecido, medicamente, como cervicalgia inespecífica.

A coluna cervical é a estrutura anatômica mais importante do pescoço.

Ela é composta por sete vértebras (chamadas vértebras cervicais), dispostas de modo a formar o canal vertebral que circunda a medula espinhal.

As duas primeiras têm formas e funções especiais porque estão especialmente implicadas no suporte e mobilidade da cabeça.

Entre cada uma dessas vértebras existem discos cartilaginosos e das duas últimas emergem, através dos forames intervertebrais, os nervos do pescoço.

Além disso, as estruturas dentro do pescoço incluem pele, músculos, artérias, veias, linfonodos, glândula tireoide, glândulas paratireoides, laringe, parte proximal do esôfago e da traqueia.

Doenças ou condições que afetem qualquer uma dessas estruturas do pescoço podem causar dores.

A maioria das dores cervicais ocorre provavelmente devido a problemas menores, como má postura ou uso inadequado de tablets e smartphones, por exemplo, mas também podem provir de uma série de distúrbios e doenças e podem envolver qualquer um dos tecidos no pescoço.

Exemplos de condições patológicas comuns que causam dor no pescoço são a degeneração dos discos intervertebrais cervicais; lesões ou traumatismos do pescoço; hérnia de disco; infecções com inchaço dos linfonodos e infecções raras, como tuberculose ou infecções dos ossos da coluna cervical.

A dor no pescoço também pode ser resultado de uma fibromialgia e polimialgia reumática, bem como do mau posicionamento do pescoço ao dormir.

Fatores de risco para dores no pescoço incluem lesões por envolvimento em esportes de contato e acidentes de trânsito.

A dor no pescoço é comumente associada a outros sintomas.

Em geral ela é agravada pelo movimento do pescoço e/ou de girar a cabeça.

Outros sintomas associados incluem dormência, formigamento e hipersensibilidade dos braços, dificuldade de deglutição, tonturas e inchaço dos linfonodos cervicais.

A dor no pescoço também pode ser associada à dor de cabeça, dor facial, dor no ombro e entorpecimento do braço (parestesias nas extremidades superiores).

Estes sintomas quase sempre são resultado da compressão de raízes nervosas.

Dependendo da condição, a dor no pescoço se espalha por um ou ambos os ombros, às vezes descendo para o braço ou subindo para a parte de trás de sua cabeça, às vezes acompanhada de dor nas costas e/ou dores lombares.

Outros sintomas acompanhantes são dores de cabeça, dores musculares, febre, torcicolo, dor de garganta e fraqueza dos braços.

O diagnóstico da causa da dor no pescoço exige a tomada de uma minuciosa descrição dos sintomas (localização, intensidade, duração e irradiação da dor) e história clínica.

Ao analisar a história, o médico notará se a dor melhora ou piora com o giro ou reposicionamento da cabeça, bem como todas as lesões e tratamentos passados.

No exame físico, o pescoço deve ser examinado em repouso e em movimento.

Um exame neurológico deve ser realizado para determinar se o envolvimento dos nervos está ou não presente.

Testes adicionais podem incluir radiografias, tomografia computadorizada, ressonância magnética e testes elétricos, como eletromiografia.

O tratamento da dor no pescoço depende da sua causa.

As opções de tratamento, conforme a natureza do problema, incluem aplicações de calor ou frio, tração mecânica, colar de tração, fisioterapia (ultrassom, massagem, manipulação), injeções locais de cortisona ou anestésicos, cremes anestésicos tópicos, relaxantes musculares, analgésicos e mesmo procedimentos cirúrgicos.

Certos remédios caseiros de eficácia relativa são banhos quentes, exercícios de alívio da dor, uso de travesseiros mais adequados e compressas quentes no pescoço.

Um recurso a mais nobre pode ser a acupuntura.

O tratamento da dor crônica (dor persistente por mais de 3 meses) é diferente do tratamento da dor aguda, necessitando obrigatoriamente intervenções médicas.

A evolução da dor no pescoço depende da sua causa.

A maioria das dores são resolvidas com medidas conservadoras, como o repouso e a reabilitação gradual.

A recuperação completa, sem novos sintomas, ocorre em mais de 90%.

A dor geralmente melhora depois de alguns dias e desaparece dentro de semanas.

A prevenção da dor no pescoço implica na evitação de lesões no pescoço e na inclusão de exercícios de fortalecimento dos músculos do pescoço.

domingo, 28 de janeiro de 2018

Síndrome de Marfan




A Síndrome de Marfan é uma doença do tecido conjuntivo descrita por um pediatra francês, Antoine Bernard-Jean Marfan, em 1896. 

Com este primeiro relato e outros subseqüentes, ficou estabelecido que se tratava de uma doença genética com transmissão autossômica dominante, com expressividade variável intra e inter familial, sem predileção por raça ou sexo, que mostra uma prevalência de 1/10.000 indivíduos. Aproximadamente 30% dos casos são esporádicos e o restante familiar.

Em outras palavras, sabemos que a doença é genética porque podem existir várias pessoas afetadas na família e denomina-se autossômica dominanteporque apenas uma mutação em um dos alelos é necessária para ocorrerem as manifestações clínicas. 

Todos nós temos 46 cromossomos (o conjunto de material genético), ou seja, 23 pares de cromossomos, um herdado da mãe e o outro do pai. Esses pares de cromossomos são iguais e os genes ocupam sempre o mesmo lugar em ambos. Cada gene que ocupa o mesmo lugar é chamado de alelo

Assim, uma mutação (alteração no código genético) em apenas um dos alelos é necessária para observarmos as características clínicas em uma doença autossômica dominante

Esta mutação pode ter sido herdada, e então ou o pai ou a mãe deve ter manifestações clínicas também, ou ter acontecido pela primeira vez, à qual chamamos de mutação nova. Uma vez portador da mutação e das características clínicas a chance de transmiti-la para os filhos é de 50%.

A Síndrome de Marfan tem um quadro clínico muito variado observado em uma mesma família e em famílias diferentes. 

A este fato chamamos de expressividade variável e ele é importante porque nem sempre um indivíduo afetado tem todas as características clínicas. Por isso é necessário examinar cuidadosamente os pais e os familiares próximos. 

Da mesma forma que um indivíduo discretamente afetado pode vir a ter um filho muito acometido, ou vice-versa.

As principais manifestações clínicas da doença concentram-se em três sistemas principais: o esquelético, caracterizado por estatura elevada, escoliose, braços e mãos alongadas e deformidade torácica; o cardíaco, caracterizado por prolapso de válvula mitral e dilatação da aorta; e o ocular, caracterizado por miopia e luxação do cristalino. 

A essa possibilidade de atingir órgãos tão diferentes denomina-se pleiotropia.

Sabendo que um determinado gene seria o responsável por estas manifestações clínicas e que um gene sempre comanda a fabricação de uma proteína, os pesquisadores se concentraram em descobrir que proteína seria comum aos ossos, olhos e coração, e no final dos anos 80 descobriram a existência de uma proteína chamada fibrilina, que faz parte do tecido de sustentação dos órgãos. 

Ela está presente em grande quantidade nos ligamentos que unem os ossos nas articulações e seguram as lentes dos olhos, chamadas de cristalino, assim como na camada interna das artérias, principalmente da maior artéria do corpo humano, chamada de aorta.

Entre pessoas famosas, acredita-se que tinham a síndrome Júlio CésarCharles de GaulleSergei RachmaninoffMaria I da EscóciaAbraham Lincoln, o violinista Niccolò Paganini e possivelmente Charles Maurice de Talleyrand. Um livro recente sugere que o faraó egípcio Amenófis IV (Akhenaton) pode ter tido esta condição. Alega-se que a colunista política norte-americana Ann Coulter sofre da Síndrome de Marfan. Rumores dizem que Osama bin Laden também tem a Síndrome.

O astro do vôlei Flo Hyman, conhecido por ter Marfan, e o compositor de musicais Jonathan Larson, que acredita-se que também tinha a Síndrome, morreram de dissecção de aorta

O ator Brent Collins, da série de televisão Another World, era um anão com Síndrome de Marfan; aos 46 anos de idade, ele teve um repentino crescimento, o que o levou à morte. 

O ator Vincent Schiavelli possuía a Síndrome de Marfan, e era um membro honorário da National Marfan Foundation.

No Brasil, já existe a Fundação Marfan Brasil que tem ajudado no avanço das pesquisas sobre a Síndrome de Marfan.

sábado, 27 de janeiro de 2018

Síndrome do miado do gato


A síndrome do miado do gato, também conhecida como síndrome do Cri Du Chat, consiste em múltiplas anomalias congênitas e um choro cujo som imita um miado de gato. Afeta um em cada 15.000 a 50.000 nascimentos, sendo ligeiramente mais comum nas meninas que nos meninos, numa proporção de 4 para 3. Essa síndrome foi identificada pela primeira vez na França, em 1963, pelo Dr. Lejeune.

A síndrome do miado do gato deve-se a uma mutação cromossômica parcial. Na maioria dos casos (85-90 %) surge de forma espontânea nas pessoas e só cerca de 10% dos casos são herdados dos pais. Um dos pais pode ser portador e transmitir a doença sem, contudo, manifestá-la.

A síndrome do miado do gato é provocada por alterações no cromossoma 5 (quebra do braço curto do cromossoma 5). Essas alterações cromossômicas aparecem durante a formação e desenvolvimento dos óvulos ou dos espermatozoides e entre elas está a falta de produção de uma enzima vinculada ao crescimento celular. Como consequência, ocorrem atrasos no desenvolvimento fetal, dificuldades de crescimento posterior, tônus muscular baixo e dificuldades para adquirir habilidades motoras.

Os sintomas da síndrome do miado do gato variam em cada caso e podem ser mais ou menos graves, dependendo da quantidade de informações perdidas pelo cromossoma 5.

Eles afetam tanto a esfera orgânica quanto a intelectual e se caracterizam em lactentes por déficit intelectual (sempre presente), microcefalia, rosto anormal e um choro ou grito que imita o miado de um gato.

Algumas outras características físicas das pessoas afetadas são baixo peso ao nascer, estrutura facial peculiar, como perímetro reduzido, mandíbulas pequenas, olhos mais separados que o normal e orelhas anormais. Além disso, há fusão dos dedos das mãos ou pés e choro assemelhado ao miado de gato, malformação da laringe (donde o choro peculiar é parecido com miado de gato) e outras.

Conforme as crianças vão crescendo, ficam mais evidentes as dificuldades respiratórias, os problemas nos ouvidos ou na boca, as dificuldades de sugar e engolir, o desenvolvimento mais lento, o tônus muscular mais débil, o atraso intelectual e os problemas no desenvolvimento da linguagem. Muitos bebês ou crianças com essa síndrome têm sono agitado, mas isto costuma melhorar com a idade. Algumas crianças são hiperativas, balançam muito a cabeça, podem até se dar mordidas ou se beliscar.

As crianças com a síndrome do miado do gato têm dificuldades do controle de suas necessidades fisiológicas. Geralmente, têm um comportamento social normal, mas eventualmente podem mostrar condutas agressivas, tendências a se autolesionarem, medos e timidez excessiva.

Como o médico diagnostica a síndrome do miado do gato?

Pode haver suspeita clínica a partir de sinais e sintomas, mas como é uma condição genética, a síndrome do miado do gato só pode ser confirmada por testes genéticos, os quais podem ser feitos ainda durante a gestação. A partir da 10ª semana, pode ser feita análise do DNA da criança em gestação.

A síndrome em si não tem tratamento, mas os sintomas podem ser gerenciados com medicamentos, cirurgias, fisioterapia e apoio pedagógico. Suporte psicológico também é importante para o paciente e a família.

A expectativa de vida é reduzida, embora a maioria das pessoas chegue à idade adulta.

A única forma possível de evitar a síndrome do miado do gato é pela realização de um escaneamento genético pré-implante de um embrião fertilizado in vitro. No entanto, trata-se de um procedimento sofisticado e custoso.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Febre Amarela



A vacina contra febre amarela é uma vacina que protege contra a infecção viral denominada febre amarela. A doença tem esse nome porque, entre outros sintomas graves que acarreta, ocasiona uma icterícia que deixa a pele e as mucosas com uma cor amarelada.

Segundo os pesquisadores, a vacina começa a desenvolver imunidade a partir de dez dias após ser tomada e 99% das pessoas estarão completamente protegidas para o resto da vida dentro de um mês após a vacinação. A vacina vem sendo usada para controle do atual surto da doença no Brasil.

Os vírus atenuados que compõem a vacina dão origem a anticorpos que combatem os vírus ativos eventualmente inoculados pelo mosquito.

Os mosquitos transmissores da febre amarela silvestre são o Haemagogus e o Sabethes.

O Aedes Aegypti pode transmitir a febre amarela urbana, mas não há casos registrados no Brasil. A vacina, feita a partir do vírus atenuado e apresentada em frascos liofilizados, surgiu em 1938. Alguns países exigem certificado de vacinação contra a febre amarela como condição para a entrada de estrangeiros.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a vacina com dose completa (0,5 ml) protege por toda a vida, enquanto a vacina com a dose fracionada (0,1 ml) valerá por oito anos, pelo menos.

A dose fracionada tem sido adotada mediante a vigência de surtos da doença em que é preciso vacinar um grande contingente da população.

A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo decidiu adotar a versão fracionada, coisa que também deve vir a ser utilizada nos estados do Rio de Janeiro e Bahia.

Essa prática já foi utilizada com sucesso em Angola e outros países africanos. No entanto, as pessoas que vão viajar para países que exigem certificado de vacinação devem tomar a dose integral.

Quem deve tomar a vacina contra a febre amarela?

Como a febre amarela é basicamente uma doença transmitida por mosquitos que vivem nas florestas, a partir de animais silvestres (principalmente primatas), as pessoas que vivem nas proximidades de matas ou que participam de atividades que a obrigam a embrenhar-se nas matas, devem ser os alvos preferenciais da vacinação.

Em todas as regiões onde a doença é comum, recomenda-se que as pessoas sejam vacinadas entre nove meses e 59 anos de idade. Casos especiais devem ser decididos pelo médico:

1. Pessoas com mais de 60 anos e que nunca tenham recebido uma dose da vacina devem consultar um médico sobre a conveniência ou não de tomarem a vacina.

2. Gestantes que não tenham sido vacinadas também devem consultar o médico se devem ou não tomar a vacina. Embora, como princípio geral, as mulheres grávidas devam se abster o quanto possível de qualquer medicação, a vacina pode ser recomendada para aquelas mulheres potencialmente expostas à doença, tendo em vista a gravidade dela.

3. Mulheres que estejam amamentando devem tomar a vacina se vão se deslocar para áreas onde haja transmissão ativa da doença e a amamentação deve ser suspensa por 10 dias, pelo menos, após receberem a vacina.

4. Viajantes que frequentemente mudam de região ou que pretendam viajar para áreas de risco e que não tenham sido vacinados devem se vacinar 10 dias antes de viajar.

5. Se a pessoa tiver dúvidas se já foi ou não vacinada, deve procurar um médico para avaliar se há ou não necessidade de se vacinar novamente.

Quem não deve tomar a vacina contra a febre amarela?

A vacina contra a febre amarela não deve ser dada às pessoas com baixa imunidade, como aquelas submetidas à quimioterapia ou radioterapia, por exemplo.

Também não deve ser aplicada em pessoas que estejam tomando medicações imunossupressoras.

Bebês com menos de 9 meses de idade, que possuem o sistema imunológico ainda imaturo, não devem ser vacinados.

Tampouco devem receber a vacina os portadores de doenças que reduzam a imunidade e as pessoas que tenham alergia ao ovo.

Nesses casos, a proteção deve ser feita com repelentes de mosquitos, telas em janelas e portas, uso de mosquiteiros e roupas compridas e evitando visitar locais de risco.

A vacina é a forma mais eficaz de prevenir a febre amarela.

É a vacinação frequente que impede que a doença se espalhe mesmo em áreas endêmicas.

Outras formas de prevenir a doença consistem em evitar regiões onde ela é endêmica, usar repelentes de mosquitos, telas em portas e janelas e roupas compridas que cubram todo o corpo.

De um modo geral, a vacina é segura. Cerca de 2 a 5% dos vacinados podem apresentar dor de cabeça, mialgias e febre, entre o quinto e décimo dias após a vacinação.

Embora seja raro, podem ocorrer reações mais graves e inclusive morte em consequência da vacina (um a cada 400 mil vacinados), sobretudo em idosos.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Miastenia gravis 


A principal característica da miastenia gravis é a fraqueza muscular decorrente de distúrbios nos receptores de acetilcolina localizados na placa existente entre os nervos e os músculos.

Isso interfere na transmissão do impulso nervoso e provoca o enfraquecimento dos músculos estriados esqueléticos.

A doença pode manifestar-se em qualquer idade, mas acomete mais as mulheres do que os homens, entre 20 e 35 anos. 

Depois dos 60 anos, essa relação se inverte.

Há duas formas de miastenia: a autoimune, ou adquirida, e a congênita. 

Na autoimune, a resposta imunológica se volta contra os componentes da placa motora responsável pela transmissão do estímulo nervoso que faz o músculo contrair. 

Na congênita, os anticorpos produzidos pela mãe passam pela placenta e atingem o feto.

Não se conhecem as causas da miastenia gravis. 

Em alguns pacientes, há relação entre a doença e tumores do timo, uma glândula ligada ao sistema imunológico e que produz anticorpos.


Sintomas

* Fadiga extrema;

* Fraqueza muscular;

* Dificuldade para mastigar e engolir;

* Falta de ar;

* Voz anasalada;

* Pálpebras caídas (ptose palpebral);

* Visão dupla (diplopia).


Em geral, os sintomas variam de intensidade no decorrer de um mesmo dia e pioram com esforço físico, agitação, infecções e altas temperaturas.

Diagnóstico

O diagnóstico clínico fundamenta-se na história do paciente e é complementado pelo exame de eletroneuromiografia com estimulação nervosa repetitiva e pela dosagem dos anticorpos contra os receptores da acetilcolina.

O uso de uma injeção de prostigmina, substância que ajuda a recuperar a força muscular por algum tempo, pode ser útil para confirmar a suspeita da enfermidade.

Tratamento

Ainda não existe cura para a miastenia gravis, mas existem medicamentos que favorecem a permanência da acetilcolina na junção neuromuscular e outros que reduzem a produção de anticorpos contra os receptores da acetilcolina. 

Os cortiscosteroides e os imunossupressores são também recursos farmacológicos utilizados no tratamento dessa moléstia.

A plasmaferese (troca de plasma) tem-se mostrado útil em alguns casos, mas apresenta o inconveniente de produzir efeitos de curta duração.

Os resultados da retirada do timo são discutíveis.

Recomendações

* Portador de miastenia pode levar vida praticamente normal, desde que respeite algumas limitações e tome os remédios nas doses indicadas;

* Dirigir automóveis, especialmente à noite, é uma atividade não recomendada para esses pacientes;

* Situações críticas de fraqueza muscular com comprometimento respiratório exigem internação hospitalar imediata;

* Nos grandes centros, há hospitais públicos que oferecem tratamento de qualidade para a miastenia.



Ansiedade Infantil


A ansiedade é uma emoção normal e adaptativa que pode ajudar as pessoas a lidar com as dificuldades, bem como com situações desafiadoras ou perigosas.

Nesse sentido, a ansiedade normal é reacional e transitória, ou seja, é tributária de um motivo desencadeante e desaparece quando esse motivo deixa de existir.

Como o mundo atual está abundantemente ameaçado por aquelas situações (violência, catástrofes, terrorismo, etc.), a ansiedade manifesta ou latente está presente numa proporção nunca vista antes e tem muitas consequências maléficas, tornando-se uma das principais causas de consultas médicas em todo o mundo.

Considerada por muitos como “o mal do século”, a ansiedade é um sentimento tão peculiarmente desagradável que só quem o sente sabe o quão ruim ele é, além de promover sensações físicas muito desagradáveis, como tontura, batimento cardíaco acelerado, dificuldade respiratória, mãos suadas e tremores.

Enfim, todos os piores sentimentos e reações do ser humano ficam à flor da pele quando se está sofrendo ansiedade.

No entanto, algumas pessoas sentem ansiedade sem qualquer motivo desencadeante ou de maneira desproporcional ao estímulo. Ao mesmo tempo, essa ansiedade interfere nos desempenhos diários da pessoa afetada e também parece estar em aumento atualmente.

A criança é ainda um ser muito frágil diante do mundo e muito predisposta a sofrer ansiedade, a não ser que se sinta muito assegurada pelas pessoas que cuidam dela.

Assim, a ansiedade pode ser um sentimento natural também na criança como, por exemplo, se ela é separada dos pais ou passa por mudanças significativas como troca de escola ou de casa, falecimento de entes queridos, chegada de um novo irmão, separação dos pais, etc.

O limite da normalidade do nível de ansiedade infantil está na sua repercussão sobre o comportamento, sintomas físicos ou medos excessivos.

Essas perturbações ansiosas nas crianças e jovens são muito frequentes e têm um impacto significativo no funcionamento quotidiano delas, com consequências no seu desenvolvimento, com interferência na escolaridade, estabelecimento de amizades e relações familiares.

A ansiedade afeta 13 em cada 100 crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos de idade e atinge as meninas mais que os meninos.

Estas perturbações, se ignoradas na infância, podem persistir na vida adulta, aumentando a probabilidade de desenvolverem outros tipos de patologias.

Além disso, crianças com perturbações ansiosas possuem uma chance maior de vir a desenvolver comportamentos de risco face ao álcool e às drogas na adolescência.

A ansiedade infantil anormal pode ser causada pela concomitância de outros problemas psicológicos, alterações nos neurotransmissores químicos cerebrais, doenças na tireoide, infecções e fatores genéticos que predisponham à ansiedade.

Ao longo do seu crescimento, todas as crianças têm de vencer muitos medos.

Isso é possível porque elas vão compreendendo que aquilo que receiam não é realmente perigoso ou porque aprendem a se defender dos perigos.

De um modo geral, a ansiedade é uma combinação complexa de sentimentos de medo, apreensão e preocupação, acompanhada de sensações físicas como palpitações, dor no peito e/ou falta de ar.

Ela pode existir como uma desordem cerebral principal ou pode estar associada a outros problemas médicos incluindo desordens psiquiátricas.

As manifestações de ansiedade na criança ocorrem de maneira diferente em cada idade. Nos bebês pode ser choro frequente, dificuldades alimentares e alterações do sono.

Na criança de 2 a 3 anos, manifesta-se por inquietude, exigência frequente da presença do adulto, irritabilidade, dificuldades alimentares e episódios de birra.

Aos 5-6 anos, verifica-se dificuldades de manter a atenção, troca constante de atividades, agitação, insatisfação e insegurança.

Acima de 7 anos, observam-se dificuldades de atenção, principalmente para tarefas de rotina e escolares, inquietude, rapidez exagerada, displicência em suas atividades, dificuldades na socialização e em outras situações.

Mas se há uma ansiedade exagerada esses medos não desaparecem e se transformam em

(1) fobias,
(2) ansiedade de separação,
(3) ansiedade generalizada,
(4) transtorno de pânico e
(5) estresse pós-traumático.

Fobia é um medo exageradamente grande que não se consegue controlar.

Muitas crianças apresentam grande ansiedade se a mãe ou o pai se afasta delas, mesmo que por um período de tempo reduzido.

Essa é uma ansiedade de separação.

A maioria das crianças consegue lidar com as preocupações do dia a dia sem se sentir particularmente afetada, mas há crianças que se sentem preocupadas de forma muito profunda, sofrendo de uma ansiedade generalizada, quando a própria ideia de ter um novo dia pela frente pode ser assustadora.

Num ataque de transtorno de pânico, a ansiedade é tão forte que a pessoa pode sentir dificuldades em respirar, sentir o coração bater muito depressa e ter dificuldade de compreender tudo o que está se passando no momento. Mesmo quando não dura muito tempo, os ataques de pânico podem ser verdadeiramente aterradores.

Quando algo verdadeiramente assustador e perturbador acontece à criança, é natural que ela continue se sentindo receosa e ansiosa em relação a esse acontecimento.

As emoções assustadoras podem ser tão fortes e devastadoras que não desaparecem com o passar do tempo, podendo originar uma perturbação de estresse pós-traumático.

O papel dos pais e cuidadores é essencial para o sucesso do tratamento e por isso eles devem também ser orientados por um psicólogo.

Crianças ansiosas precisam de apoio e afirmações positivas, mas elas só irão aceitar ajuda se tiverem certeza de que não serão ainda mais agredidas ou ridicularizadas.

O exemplo dos pais é essencial para que o tratamento tenha sucesso, pois as crianças precisam dele.

Os pais devem estar atentos ao desenvolvimento de seus filhos e de qual é o papel que eles desempenham neste processo.

Acolher as crianças quando estas precisam de um afago; ensinar-lhes como lidar com as adversidades; mostrar como elas podem ter uma visão mais positiva nas diversas situações cotidianas; construir limites com firmeza, sem deixar de lado o carinho e a atenção ajudam muito no aprendizado dos filhos, que no futuro certamente lidarão com situações mais complexas.

Pais ou cuidadores que também expressem ansiedades e medos dificilmente ajudarão uma criança ansiosa.

Ao contrário, a melhor ajuda virá de pessoas que possam expressar naturalidade e segurança diante das ameaças reais ou imaginadas, por isso, às vezes é tão necessário o apoio de um profissional especializado para apoiar toda a família na construção de um ambiente familiar mais seguro, em que as pessoas se respeitem e se apoiem.

O tratamento da ansiedade infantil por um profissional envolve acompanhamento psicológico, muitas vezes de longo prazo, e o uso de certos fitoterápicos.

Os medicamentos controlados devem ser considerados a última opção terapêutica e, na medida do possível, evitados nesta faixa etária.

Quando necessários, eles devem ser prescritos por um psiquiatra que acompanhará todo o processo de tratamento.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Transtorno ansioso social


O transtorno ansioso social, anteriormente conhecido como fobia social, é um distúrbio caracterizado por manifestações de intensa ansiedade que surge quando o paciente é ou crê estar sendo submetido à avaliação de outras pessoas em seus desempenhos ou atividades.

É frequente que essas pessoas tenham a sensação de estarem sendo julgadas muito ansiosas, fracas ou tolas e, por conta disso, tendem a se isolarem.

Na maioria das vezes essa ansiedade concentra-se sob tarefas ou circunstâncias bem definidas (comer, falar ou escrever em público, por exemplo), mas pode também ser sentida de maneira geral para todas as atividades sociais.

As pessoas afetadas por essa patologia compreendem que seus medos são injustificados, no entanto, experimentam grande apreensão ao enfrentarem as situações temidas e fazem de tudo para evitá-las.

Essas dificuldades são tidas como patológicas quando acarretam algum prejuízo pessoal como, por exemplo, negar-se a um exame final que exige uma apresentação pública ou diante de alguém que esteja avaliando.

Um estudo recente mostrou que 13% dos brasileiros sofrem dele. As fobias sociais afetam os homens mais que as mulheres. O seu início geralmente é muito gradual, na infância ou na adolescência. O mais tardar que a fobia social pode começar é no início da idade adulta, em torno de vinte anos. Há certa possibilidade de uma facilitação genética.

Não há sintomas que sejam absolutamente típicos, mas em geral eles são aqueles da ansiedade (inquietação incômoda, medo vago e indefinido, expectativas negativas relativas ao futuro, palpitações, sensações de sufocações, tremores, sudorese excessiva, mal estar gástrico, etc.).

Sensações de aperto na cabeça ou no peito são muito frequentes. São comuns também distúrbios psicossomáticos como úlceras, asma, gastrites, colites, dores de cabeça, dentre outros.

O que é mais característico da fobia social é o aparecimento dos sintomas quando a pessoa é observada enquanto executa uma tarefa comum.

Esses sintomas ocorrem com mais intensidade quando a pessoa está desempenhando certas atividades sociais, em presença de outras pessoas.

Eles são, principalmente, ansiedade antecipatória, tremores, suor excessivo, palpitações, temor de enrubescer-se, temor de ser avaliado negativamente ou de ser visto como fraco, ansioso, louco ou tolo, o que os leva, em geral, a evitar situações sociais que os colocariam em incômodo.

Esses pacientes não conseguem dizer não, pelo temor de desagradarem as pessoas. Têm uma baixa auto-estima e julgam, por exemplo, que não podem terminar um namoro porque não despertarão o interesse de mais ninguém.

As situações nas quais essa patologia mostra melhor os seus sintomas são andar na rua, falar em público, viajar em transportes públicos, comer ou beber em público, escrever ou assinar em presença de outras pessoas, usar mictórios públicos, olhar as pessoas nos olhos, dar ou aceitar cumprimentos, etc.

A fobia social pode ser generalizada para todas essas (e ainda outras) situações, ou específica, se a ansiedade é experimentada apenas em uma ou algumas situações determinadas.

A fobia social pode incapacitar a pessoa para o estudo, o trabalho e demais atividades sociais, e privar o individuo de fazer amizades, estabelecer relacionamentos amorosos e formar uma família.

Os que conseguem trabalhar buscam profissões nas quais a interação social é mínima e preferem os trabalhos noturnos ou isolados, onde os contatos sociais são mais escassos.

O tratamento deve ser feito por um terapeuta especializado (psiquiatra ou psicólogo). A psicoterapia cognitivo-comportamental costuma apresentar bons resultados.

O tratamento medicamentoso com ansiolíticos, geralmente, proporciona uma melhoria ou supressão mais rápida dos sintomas, em cerca de setenta e noventa por cento dos casos.

O sucesso do tratamento depende do ambiente familiar e de atividades de integração social de forma gradual e assistida. Pode ser que um tratamento adequado permita uma verdadeira cura.

sábado, 20 de janeiro de 2018

Transtorno de Ansiedade Generalizada


A ansiedade é um sentimento desagradável, que se acompanha de sensação de sufocação e falta de ar, frio no estômago, aperto no peito, aceleração do coração e tremores. Ela não é um estado normal, mas é uma reação normal, esperada em determinadas situações. É necessária à auto-preservação, funcionando como um sinal de alerta que leva as pessoas a se defenderem das ameaças.

No transtorno de ansiedade generalizada experimenta-se uma ansiedade ininterrupta, crônica, vaga e indefinida, que se caracteriza por ter uma duração e intensidade desproporcionais às situações, a qual, além de não ajudar, dificulta as reações de defesa ao perigo. Pode vir acompanhada de irritabilidade, tensões musculares, perturbações no sono etc., e costuma causar um comprometimento significativo no funcionamento social ou ocupacional da pessoa, podendo gerar um acentuado sofrimento. Embora não seja exatamente a mesma coisa, o TAG corresponde, mais ou menos, ao que se denominava neurose de angústia.

Os sintomas são muito variados e o trabalho inicial do médico deve ser o de excluir outras doenças que possam apresentar sintomas semelhantes. Geralmente a pessoa sente tremores, inquietação, dor de cabeça, falta de ar, suor em excesso, palpitações, irritabilidade, tem problemas gastrointestinais inespecíficos e facilidade em alterar-se emocionalmente. Muitos indivíduos também experimentam sintomas somáticos como mãos frias e pegajosas, boca seca, sudorese, náuseas, diarreia, micção frequente, dificuldade para engolir ou "nó na garganta" e uma resposta exagerada ao sobressalto. Esses indivíduos são excessivamente preocupados, o que pode acarretar prejuízos à sua saúde física e mental.

A associação com outros transtornos mentais ocorre em 80-90% dos pacientes. Outros transtornos de ansiedade podem ocorrer em 50 a 60% dos pacientes; a depressão maior em mais de 60% dos casos.

O TAG ocorre em pessoas de todas as culturas, mas em algumas delas a ansiedade é expressada predominantemente por sintomas somáticos e, em outras, por sintomas cognitivos. Em crianças e adolescentes, a ansiedade generalizada envolve preocupações com a escola ou eventos esportivos. Estima-se que cerca de 5% das pessoas são afetadas pelo TAG em algum momento da vida. Delas, cerca de 2/3 são mulheres.

Mais de 50% daqueles que sofrem do TAG relatam que ele iniciou na infância ou na adolescência, mas o começo após os 20 anos também é relatado. O curso é crônico, mas oscilante, e piora durante os períodos de estresse.

O tratamento básico é psicoterápico, mas também se utiliza medicação (ansiolíticos e/ou antidepressivos). A maioria das pessoas experimenta uma acentuada redução da ansiedade com esses métodos. A psicoterapia (analítica ou não) sempre é uma ajuda importante.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Ansiedade normal e patológica


Quem nunca ficou apreensivo por ter algum compromisso importante no dia seguinte e nem conseguiu dormir direito? Quem nunca sentiu um pensamento insistente e incômodo às vésperas de algum acontecimento importante e difícil? Quem nunca teve uma noite mal dormida depois de ter sofrido um trauma? O sentimento básico em todas essas situações é a ansiedade.

Num sentido popular, a ansiedade é o sentimento que uma pessoa experimenta quando está passando por um período em que se acha sob pressão ou muito apreensiva a respeito de algo ruim que pode lhe acontecer. É normal também sentir alguma ansiedade frente a situações difíceis ou uma expectativa negativa, como antes de uma prova importante ou do resultado de um exame médico, por exemplo. A ansiedade é um sentimento que cada um só sabe o que é porque também é capaz de senti-lo. Ela é uma característica biológica tanto do ser humano quanto de outros animais, que antecede momentos de perigo real ou imaginário, marcada por sensações corporais desagradáveis, tais como uma sensação de vazio no estômago, aceleração dos batimentos cardíacos, medo intenso e indefinido, aperto no tórax, transpiração e outras alterações associadas à disfunção do sistema nervoso autônomo. No entanto, sua abrangência é muito maior que isso. Cada vez mais, esses sintomas estão tomando conta da vida das pessoas, ao destes sentimento ser considerado por muitos o "o mal do século".

Por que o sentimento de ansiedade tem se ampliado tanto? É difícil dar uma resposta cabal, mas o mundo de hoje em dia é mais ameaçador e inseguro do que o de décadas atrás. Mesmo na melhor das situações as pessoas estão, de maneira latente ou objetiva, ameaçadas pela violência, pelo terrorismo, pela poluição, pelas catástrofes naturais, pelas bombas nucleares etc. Um estrondo na rua, que antigamente faria pensar num pneu estourado, hoje faz pensar numa bomba. Esta ameaça generalizada vinda de todos os lados se traduz em ansiedade. Mas, na maioria dos casos, as pessoas estão de tal maneira acostumadas a sentir essas apreensões que nem percebem que elas se transformam num transtorno.

A ansiedade normal ocorre quando está explicitamente presente um motivo e guarda proporção com ele tanto em intensidade quanto em duração. Geralmente passa-se mais na esfera psíquica que na corporal. A ansiedade anormal é um sentimento tão peculiar e desagradável que só mesmo quem o sente pode saber o quão ruim ele é. Ao que a sofre, a ansiedade patológica parece imotivada: ocorre sem nenhum estímulo aparente ou não guarda proporção com ele. É mais fácil descrever os sinais e sintomas pelos quais ela se manifesta que a ansiedade normal. Expressa-se mais comumente por sintomas físicos que acompanham o sentimento psíquico. O mais típico deles é a sensação de aperto no peito que os pacientes costumam descrever como uma garra comprimindo-lhes o tórax. Outros são: suor, tremor, fala com gagueira, "respiração curta", fala entrecortada ou ausente, tensão muscular excessiva, vermelhidão na face, medos exagerados, perfeccionismo, alteração do sono, medos irracionais, autoconsciência, lembranças ruins, insônia, roer unhas e dores inespecíficas. Três medos são praticamente constantes na ansiedade patológica, nenhum dos quais em geral se concretiza:

•Medo de estar ficando louco.
•Medo das ideias de suicídio.
•Medo de doenças.

Além disso, a ansiedade normal não chega a comprometer as atividades e funções fisiológicas do indivíduo, o que faz a ansiedade patológica. Muitas pessoas confundem os sintomas da ansiedade e da depressão, embora uma coisa seja totalmente distinta da outra, tanto nas suas causas como nas suas manifestações clínicas e no seu tratamento.

Quais são as formas clínicas de apresentação da ansiedade?

•Ansiedade generalizada: é aquela preocupação excessiva com tudo da vida, mesmo que essas coisas não possam mudar algo de fato na vida da pessoa.
•Ansiedade social: é um temor à interação social, o indivíduo não se sente bem quando está com pessoas estranhas e até mesmo familiares.
•Transtorno de ansiedade: ele está diretamente relacionado com outras síndromes psiquiátricas, fobias, estresse excessivo, transtorno obsessivo compulsivo etc. A pessoa com transtorno de ansiedade não consegue viver em paz com as outras e nem consigo mesma.
•Crises de ansiedade: aqui os sintomas são mais físicos, sendo observados suor frio, fala atropelada, boca seca, agitação. Costuma aparecer após algum evento traumático agudo.
•Ataques de ansiedade: popularmente eles são conhecidos como "crises existenciais" e acontecem quando começamos a nos perguntar o porquê das coisas da vida, mas nem sempre encontramos respostas que nos satisfazem.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Doenças de Graves


A doença de Graves (ou doença de Basedow-Graves ou bócio difuso tóxico) é uma doença autoimune, que gera uma anomalia no funcionamento da glândula tireoide. Essa glândula libera no organismo os hormônios tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3), que controlam o metabolismo do corpo, crucial para regular o humor, o peso e os níveis de energia mental e físico. O nome da enfermidade foi dado em homenagem ao médico irlandês Robert Graves, que a descreveu em 1835.

Existe uma predisposição familiar entre as causas da doença de Graves. Cerca de 15% dos doentes apresentam casos dessa doença na família e em 50% dos familiares assintomáticos podem ser detectados anticorpos contra a tireoide. Algumas vezes pode existir no próprio paciente ou na sua família outras doenças autoimunes. A doença de Graves é causada por uma resposta anormal do sistema imunológico que leva a tireoide a funcionar em excesso, produzindo uma quantidade aumentada de hormônios tireoidianos. Embora a doença possa se manifestar em qualquer idade, é mais comum acima dos 20 anos e em mulheres mais que nos homens (5:1 a 10:1 em diferentes estatísticas). A pessoa com doença de Graves produz níveis aumentados de anticorpos que atacam a tireoide. Estas imunoglobulinas anormais ligam-se a receptores do hormônio estimulante da tireoide (TSH) e aumentam a estimulação da glândula, que assim libera grandes quantidades de hormônios na circulação.

A doença de Graves é a causa mais comum de hipertireoidismo e dos seus sintomas. A glândula tireoide geralmente se apresenta aumentada de tamanho. É comum ocorrer exoftalmia (protrusão dos globos oculares) e, nos homens, aumento das mamas, além de alterações na pele normalmente representadas por lesões assintomáticas a nível pré-tibial ou no dorso do pé, as quais, todavia, podem ser pruriginosas e dolorosas. Os principais sintomas da doença de graves são os próprios do hipertireoidismo: ansiedade, nervosismo, insônia, tremores, perda de peso, sudorese excessiva, fadiga, dificuldade de concentração, visão dupla, taquicardia, etc.

A doença de Graves pode ser suspeitada por meio da história clínica, dos sintomas e do exame físico que constatará um aumento visível da tireoide e um aumento da frequência cardíaca. O diagnóstico de certeza pode ser alcançado por meio da cintilografia (captação de iodo radioativo pela tireoide), da ecografia e da dosagem de T4 livre e TSH no sangue, além de anticorpos contra a tireoide. Os hormônios tireoidianos medidos no sangue estarão em níveis aumentados, mas o TSH circulante, devido ao feedback negativo, pode não apresentar alterações. Em alguns pacientes o hemograma apresentará anemia, contagem baixa de glóbulos brancos e plaquetas, maior nível de linfócitos e monócitos. A bioquímica do sangue mostrará diminuição dos níveis de colesterol, triglicerídeos e cortisol, redução de testosterona, níveis reduzidos de paratormônio (PTH).

Deve ser feito um diagnóstico diferencial com outras enfermidades que podem produzir sintomas semelhantes, como os transtornos de ansiedade, tireoidite de Hashimoto, feocromocitoma, tumores da hipófise ou da tireoide, abuso de drogas, etc.

O hipertireoidismo devido à doença de Graves é de fácil controle. No entanto, como na maioria das terapias para o hipertireoidismo, pode haver um eventual desenvolvimento de hipotireoidismo. O tratamento da doença de Graves irá variar de acordo com a fase em que a doença se encontre. Alguns fármacos podem ser usados para o controle sintomático dos sintomas do hipertireoidismo e das oftalmopatias, as quais, em alguns casos, podem também ser corrigidas por cirurgias plásticas. O tratamento da doença de Graves em si mesma pode exigir a tireoidectomia ou a radioterapia por ingestão de iodo radioativo, o qual é captado pela tireoide e destrói parte de suas células foliculares.

Quais são os cuidados a serem tomados na doença de Graves?

•O iodo radioativo não deve ser administrado a mulheres grávidas ou que estejam amamentando, porque pode ser passado de mãe para filho e prejudicar a tireoide do feto ou do bebê.

•Ao longo do tempo o iodo radioativo pode levar ao hipotireoidismo.

•Mulheres grávidas podem tomar propiltiouracil, mas devem evitar outras drogas que possam atravessar a barreira placentária e danificar a glândula tireoide do feto.

•A cirurgia da tireoide envolve riscos como sangramentos, lesões de grandes nervos, vasos sanguíneos e das glândulas paratireoides.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Tireoidite de Hashimoto


A tireoidite de Hashimoto (ou tireoidite linfocítica crônica) é uma doença autoimune crônica que pode causar hipotireoidismo. O seu nome foi dado em homenagem ao médico japonês Hakura Hashimoto, que descreveu a doença pela primeira vez em 1912.

A doença parece ter a participação de um fator genético entre as suas causas. Pode aparecer numa mesma família em várias gerações sucessivas e faz aumentar em até sete vezes a possibilidade de hipotireoidismo. Entre as tireoidites existentes é a mais comum. Acomete mais as mulheres que os homens, na terceira ou quarta décadas da vida, e sua incidência aumenta à medida que as pessoas envelhecem, sendo rara em crianças. Na tireoidite de Hashimoto o organismo fabrica anticorpos que atacam a tireoide e provocam a destruição da sua estrutura funcional, ocasionando a redução da sua atividade e provocado um aumento de volume da glândula (bócio difuso).

Os principais sinais e sintomas da tireoidite de Hashimoto tanto podem ser locais como gerais. Os sinais e sintomas locais são representados pelo aumento de volume da glândula, às vezes muito grande, geralmente indolor ou apenas com uma dor ligeira, com ou sem hipotireoidismo desde seu início. Podem ocorrer também hiperpigmentação cutânea, edema periférico, constipação intestinal, cefaleias, fadiga, anovulação e demais sintomas próprios do hipotireoidismo. Essa fase geralmente é precedida por um hipertireoidismo temporário, devido a uma estimulação inicial da glândula pelo processo inflamatório que a acomete.

O diagnóstico da tireoidite de Hashimoto depende da história clínica e do exame físico, que em geral mostra uma glândula aumentada de tamanho e endurecida, bem como da avaliação laboratorial (dosagem do TSH, T4 livre e pesquisa de anticorpos antitireoide, dentre outros). Uma ecografia do pescoço ajudará a conhecer as características da tireoide. Ante a presença ou suspeita de nódulos, pode ser feita uma punção para confirmar o diagnóstico (PAAF ou punção aspirativa por agulha fina). Um diagnóstico diferencial deve ser feito com outras formas de tireoidites agudas, sobretudo de natureza virótica.

Se houver hipotireoidismo deve-se fazer o tratamento específico para esse quadro. Se a função tireoidiana for normal deve-se fazer um controle periódico da glândula e da sua função e tratar conforme o quadro que se manifestar. Com tratamento adequado pode haver redução do tamanho da tireoide e desaparecer a sensação de pressão no pescoço.

A tireoidite de Hashimoto é a causa mais comum de aumento da tireoide em mulheres entre os 20 e 40 anos de idade.

Geralmente ocorrem, desde o início ou surgem ao longo do tempo, anomalias em outras glândulas (suprarrenal, paratireoides, pâncreas, gônadas) e órgãos (pele, fígado, etc.).

A tireoidite de Hashimoto pode ser detectada e tratada precocemente, avaliando os pacientes dos grupos de risco, evitando-se assim as consequências do hipotireoidismo.

Sendo uma doença autoimune, não se conhecem métodos de prevenção para a tireoidite de Hashimoto, contudo podem ser prevenidas ou minimizadas algumas de suas consequências, sobretudo o hipotireoidismo.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Cintilografia da tireoide


A cintilografia da tireoide é um exame destinado a avaliar o funcionamento ou lesões da glândula tireoide. Consiste em tomar uma substância radioativa que tem afinidade pela tireoide e cuja captação, por um equipamento denominado gama câmara, gera imagens que permitem a avaliação desejada.

O exame pode ser chamado de cintilografia da tireoide com iodo, pois o Iodo 123 ou 131 faz parte da substância tomada pelo paciente. A cintilografia com captação também pode ajudar a avaliar a quantidade de iodo que a tireoide captou após a injeção da mistura radioativa, dando assim uma ideia do seu funcionamento, no sentido de hipo ou hipertireoidismo.

A glândula tireoide é formada por um grande número de folículos, por essa razão ela possui células tireoidianas foliculares, que produzem os hormônios tireoidianos (T3 e T4) a partir de aminoácidos e iodo, presentes no sangue. Ou seja, as células da tireoide captam substâncias no sangue para produzirem seus hormônios. E é com base nisso que se realiza o exame de cintilografia.

A cintilografia da tireoide trabalha com radiofármacos que possuem afinidades por essa glândula. Pois bem, a glândula possui afinidade principalmente com o iodo, sendo assim, a cintilografia da tireoide é realizada principalmente com o elemento Iodo. O primeiro utilizado foi o Iodo 131. Ele, porém, emite uma dose alta de radiação e tem meia-vida longa, de oito dias. Outra alternativa é o Iodo 123, que emite doses menores de radiação e sua meia-vida é de somente 13 horas. No entanto, as imagens geradas pelo Iodo 123 são de pior qualidade. Seu custo também é mais elevado.

Também o Tecnécio 99m é captado pela tireoide e pode ser usado para produzir imagens de boa qualidade e, ademais, emite baixas doses de radiação. Por isso, hoje em dia, a maioria dos exames é realizada com o Tecnécio 99m.

O preparo para o exame consiste em evitar alimentos, medicamentos, produtos químicos e exames médicos que contenham ou utilizem iodo, segundo orientação médica. A cintilografia da tireoide pode ser feita em apenas um dia ou em dois dias. Quando é feito em apenas um dia, utiliza-se o tecnécio radioativo injetado pela veia e as imagens podem ser colhidas 20 minutos depois. No total, o exame costuma durar de 1 a 2 horas.

Quando o exame é feito em dois dias, no primeiro dia o paciente ingere a mistura com iodo 123 ou 131 ou a mistura é injetada na veia. Em seguida, são obtidas imagens da tireoide após 2 horas e após 24 horas do início do procedimento. Durante esse intervalo o paciente pode voltar às suas atividades diárias normais.

Os riscos do exame são mínimos e relacionados apenas à probabilidade de reação adversa ou alérgica aos medicamentos utilizados, não se observando nenhuma reação grave que necessite de hospitalização ou cause sequela para a saúde.

Mulheres grávidas não devem fazer cintilografia da tireoide porque a radiação envolvida é danosa para o feto. As que estejam amamentando devem suspender a amamentação por dois dias, pelo menos, após o exame.

O exame de cintilografia da tireoide serve como avaliação funcional da glândula tireoide, localização de tecido tireoidiano ectópico, avaliação de massas cervicais ou retroesternais e planejamento terapêutico com o Iodo 131, quando for o caso.

Serve também como procedimento auxiliar no diagnóstico de (1) tireoide ectópica (glândula localizada fora do seu local normal), (2) tireoide mergulhante (glândula aumentada, invadindo o tórax), (3) nódulos da tireoide, (4) hipertireoidismo, (5) hipotireoidismo, (6) tireoidite subaguda, (7) câncer da tireoide, etc.

Juntamente com esse exame o médico também pode avaliar os hormônios da tireoide, por meio de exames de sangue e pedir uma biópsia da glândula.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Bócio nodular tóxico


A "doença de Plummer", ou bócio nodular tóxico, é uma forma de hipertireodismo que leva à produção excessiva de hormônios tireoidianos, causada pela presença de um adenoma tóxico. Trata-se da segunda forma mais comum de hipertireoidismo nos países desenvolvidos, perdendo somente para a doença de Graves (bócio difuso tóxico). Em locais onde há deficiência de iodo, esta patologia consiste na causa mais comum de hipertireoidismo.

O bócio nodular tóxico foi primeiramente descrito por Henry S. Plummer, em 1913.

As causas do bócio nodular tóxico não são inteiramente conhecidas. Esse transtorno afeta pessoas idosas e nunca se apresenta em crianças. Em alguns casos, pacientes com bócio nodular tóxico desenvolvem níveis hormonais tireoidianos altos depois de receberem contrastes iodados para a realização de uma tomografia computadorizada ou um cateterismo cardíaco, por exemplo.

O adenoma (nódulo) consiste em um tumor benigno bem encapsulado mostrando diferenciação das células foliculares. Ele é geralmente solitário e apresenta uma cápsula fibrosa bem definida, que o delimita. Quase sempre o nódulo autônomo está associado à tireotoxicose, mas muitos pacientes com nódulo ativo são clinicamente eutireoidianos (tem taxas normais de hormônio tireoidiano).

Se parte ou a totalidade destes pacientes se tornaria hipertireoidiana ao longo do tempo, isso é objeto de considerável especulação, uma vez que a grande maioria deles acaba sendo tratada, de tal forma que poucas informações sobre o que seria um seguimento futuro destes pacientes estão disponíveis.

Esta doença é mais frequente em mulheres acima de 60 anos de idade, embora possa aparecer com menor frequência também em homens e em qualquer época da vida. Na maioria dos casos, observa-se um grande bócio (crescimento da glândula tireoide), juntamente com a função normal da glândula, que frequentemente precede o hipertireoidismo por muitos anos.

Os sintomas da doença de Plummer compreendem:

•Intolerância ao calor
•Fraqueza muscular
•Déficit de atenção e hiperatividade
•Irritabilidade
•Tremor
•Perda de peso
•Osteoporose
•Aumento do apetite
A tireoide aumentada pode levar à dificuldade de deglutição e de respiração e taquicardia.

O primeiro sinal da doença de Plummer costuma ser um caroço no pescoço, na altura da tireoide. Diante da suspeita desta patologia, alguns exames laboratoriais devem ser realizados para determinar o nível dos hormônios relacionados à tireoide (T3, T4 e TSH). Se o paciente apresentar tireotoxicose, o T3 e T4 podem apresentar-se elevados e o TSH baixo.

A ultrassonografia pode ajudar a detectar e dimensionar os nódulos. A cintilografia da tireoide utilizando o iodo radioativo também é útil na identificação de nódulos na tireoide. Um diagnóstico diferencial deve ser estabelecido com outros tipos clínicos de nódulos tireoidianos.

Inicialmente, o tratamento pode ser feito com fármacos, visando regularizar a função tireoidiana, se ela estiver alterada, mas o tratamento definitivo deve ser a erradicação dos nódulos, através da irradiação com iodo radioativo ou ressecção cirúrgica. O tratamento cirúrgico pode ser realizado por razões puramente estéticas, uma vez que nem sempre há uma correlação estreita entre o tamanho do nódulo e a sua hiperfunção.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Doença de Paget


A Doença de Paget do osso é um transtorno crônico do esqueleto em que áreas de osso são submetidas à rotatividade anormal, resultando em áreas de osso expandido e amolecido.

A composição e a formação do osso aumentam, resultando em ossos mais espessos, porém mais fracos do que o normal.

Os sintomas podem estar ausentes ou podem incluir dor óssea, deformidade óssea, artrite e compressão nervosa dolorosa.

Radiografias podem indicar anomalias ósseas.

A dor e as complicações são tratadas e podem ser administrados bifosfonatos.

A doença de Paget pode afetar qualquer osso, mas os ossos mais comumente afetados são a pelve, o osso da coxa (fêmur), o crânio, a canela (tíbia), a coluna (vértebras), a clavícula e osso do braço (úmero).

A doença de Paget raramente ocorre em pessoas com menos de 40 anos. Nos Estados Unidos, cerca de 1% das pessoas com mais de 40 anos têm a doença e sua prevalência aumenta com a idade. No entanto, a prevalência da doença parece estar diminuindo. Homens são 50% mais propensos do que mulheres a desenvolvê-la. A doença de Paget é mais comum na Europa (excluindo a Escandinávia), Austrália e Nova Zelândia. Muitas pessoas não apresentam sintomas.

Causas
Normalmente, as células que degradam ossos velhos (osteoclastos) e as células que formam novos ossos (osteoblastos) trabalham em equilíbrio para manter a estrutura e a integridade óssea. Na doença de Paget, tanto os osteoclastos como os osteoblastos tornam-se superativos em algumas áreas do osso e a velocidade em que os ossos são degradados e reconstruídos (remodelagem óssea – Osteoporose) nessas áreas aumenta significativamente. As áreas superativas aumentam, mas, apesar de serem grandes, são estruturalmente anormais e fracas.

A causa da doença de Paget é desconhecida. A doença tende a ocorrer em famílias e informações recentes sugerem que um grupo de defeitos genéticos possivelmente contribui para a doença. Além disso, algumas evidências sugerem que um vírus esteja envolvido. No entanto, não há nenhuma evidência de que ela seja contagiosa.

Complicações
O osso com crescimento excessivo pode comprimir os nervos e outras estruturas que passam através de pequenas aberturas. O canal medular pode tornar-se estreito e comprimir a medula. A osteoartrite ( Osteoartrite (OA)) pode se desenvolver nas articulações próximas do osso envolvido.

Raramente, desenvolve-se insuficiência cardíaca, visto que o aumento do fluxo sanguíneo através do osso afetado exerce pressão extra sobre o coração. Visto que o fluxo sanguíneo através dos ossos afetados é incomumente alto, os ossos podem sangrar excessivamente se submetidos à cirurgia. O osso afetado torna-se canceroso em menos de 1% das pessoas que têm a doença de Paget. Pessoas cuja doença progride para câncer ósseo costumam desenvolver osteossarcoma ( Osteossarcoma).

Altos níveis sanguíneos de cálcio (hipercalcemia – Hipercalcemia (concentração elevada de cálcio no sangue)) ocorrem ocasionalmente em pessoas idosas acamadas com a doença de Paget ou em qualquer pessoa com doença de Paget grave que fica imobilizada ou desidratada. Esses níveis altos de cálcio podem resultar em muitos problemas, como a hipertensão arterial, lesão renal aguda, fraqueza muscular, constipação e cálculos no trato urinário.

Em algumas pessoas, a glândula paratireoide torna-se superativa, resultando na necessidade de consumir mais cálcio. Se muito pouco cálcio for consumido, podem ocorrer baixos níveis sanguíneos de cálcio, resultando ocasionalmente em problemas como confusão, falta de memória e dores musculares e espasmos.

Sintomas
A doença de Paget geralmente não apresenta sintomas, embora a dor óssea, crescimento osso ou deformidade óssea possam ocorrer. A dor óssea pode ser profunda, latejante e ocasionalmente grave, podendo piorar durante a noite. Os ossos com crescimento podem comprimir nervos, causando mais dor. Em caso de osteoartrite, as articulações ficam doloridas e rígidas.

Outros sintomas variam conforme os ossos afetados. O crânio pode aumentar de tamanho e dar um aspecto proeminente às sobrancelhas e à testa. Uma pessoa pode perceber esse aumento quando for necessário usar um chapéu maior. O crescimento dos ossos do crânio pode danificar o ouvido interno (cóclea) e, consequentemente, causar perda auditiva e tontura. O crescimento dos ossos do crânio pode comprimir nervos e provocar dores de cabeça. As veias no couro cabeludo podem apresentar protuberâncias, possivelmente por causa do aumento do fluxo de sangue nos ossos do crânio. As vértebras podem apresentar crescimento, fraqueza e deformações, resultando em redução da estatura e postura arqueada. As vértebras danificadas podem comprimir os nervos da coluna, causando dor, dormência, formigamento, fraqueza ou, muito raramente, até mesmo paralisia nas pernas. As pessoas podem apresentar arqueamento dos ossos dos braços, coxas ou pernas. Pessoas com coxas ou pernas arqueadas podem dar passos vacilantes e curtos. Os ossos afetados são mais propensos a fraturas.

Diagnóstico
A doença de Paget muitas vezes é descoberta acidentalmente, quando radiografias ou exames laboratoriais são realizados por outras razões. Caso contrário, a suspeita do diagnóstico tem como base os sintomas e o exame físico. O diagnóstico pode ser confirmado por radiografias indicando as alterações características da doença de Paget através de um exame laboratorial indicando elevados níveis sanguíneos de fosfatase alcalina, uma enzima envolvida na formação das células ósseas. A cintilografia óssea (um exame com radioisótopos com tecnécio – Exame por radionuclídeo) revela quais ossos estão afetados.

Prognóstico
O prognóstico para as pessoas com a doença de Paget é, na maioria das vezes, muito bom. No entanto, as poucas pessoas que desenvolvem câncer ósseo têm um prognóstico reservado. As pessoas que desenvolvem outras complicações, como insuficiência cardíaca ou compressão da coluna, também podem ter um prognóstico reservado, a menos que o tratamento dessas complicações seja oportuno e bem-sucedido.

Tratamento
Uma pessoa com a doença de Paget necessita tratamento se os sintomas causarem desconforto ou se houver risco significativo de complicações, como perda auditiva, osteoartrite e deformidade.

Os analgésicos comumente usados, ​​como o acetaminofeno e medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), ajudam a reduzir a dor óssea. Se uma perna se torna arqueada e encurtada, elevadores de calcanhar podem ajudar a facilitar o caminhar. Às vezes, é necessário realizar uma cirurgia para aliviar a compressão de nervos ou para substituir uma articulação que se tornou artrítica devido à doença de Paget.

Um dentre os vários bifosfonatos existentes – alendronato, etidronato, pamidronato, risedronato, tiludronato ou zoledronato – pode ser usado para retardar a progressão da doença de Paget. Exceto o pamidronato e o zoledronato, que normalmente são administrados pela veia (via intravenosa), esses medicamentos são administrados por via oral. Esses medicamentos são indicados para o seguinte:

Antes da cirurgia ortopédica para impedir ou reduzir a hemorragia durante a cirurgia

Para tratar a dor causada pela doença de Paget

Para impedir ou retardar a progressão das complicações (tais como perda auditiva, fraqueza ou paralisia), especialmente em pessoas que não podem se submeter a cirurgia

Para tentar evitar a ocorrência de artrite, perda auditiva adicional ou deformidades ósseas adicionais

Para pessoas com um nível sanguíneo de fosfatase alcalina igual ou superior a duas vezes o nível normal

Os novos bifosfonatos (como o zoledronato) parecem retardar a progressão da doença de Paget durante um período de tempo mais longo.

A calcitonina ocasionalmente é injetada sob a pele ou no músculo. Ela não é tão eficaz como os bifosfonatos e é usada apenas quando os outros medicamentos não podem ser administrados.

Os médicos incentivam o suporte do peso corporal (como ficar de pé e caminhar). Repouso na cama (exceto para dormir à noite) deve ser evitado, se possível, para evitar a hipercalcemia. Caso se desenvolva a hipercalcemia grave, fluidos intravenosos e um medicamento chamado furosemida são administrados para aumentar a excreção de cálcio.

A inclusão de cálcio e vitamina D na dieta (necessária para a absorção de cálcio) deve ser suficiente para garantir que a incorporação de cálcio no osso (mineralização óssea) seja adequada para um osso que está se remodelando com rapidez ( Ossos). Suplementos de vitamina D e cálcio são frequentemente necessários. Caso contrário, pode ocorrer uma mineralização óssea inadequada (osteomalacia).

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Ciclos do sono


O sono é um estado ordinário de consciência, transitório e reversível, em que há suspensão temporária da atividade perceptivo-sensorial e motora voluntária, que se alterna com a vigília. O estado de sono é caracterizado por um padrão de ondas elétricas cerebrais diferentes do padrão que caracteriza o estado de vigília e dos demais estados de consciência.

Dormir, nesta acepção, significa passar do estado de vigília para o estado de sono. Antigamente pensava-se que o sono era um processo contínuo, começando no adormecer e terminando no despertar. Hoje em dia, graças em parte ao EEG (eletroencefalograma), sabe-se que se trata de um processo que se passa em ciclos, envolvendo múltiplos e complexos mecanismos fisiológicos e comportamentais.

No ser humano o sono é formado por ciclos de quatro estágios que duram de 70 a 110 minutos (média de 90 minutos) cada um e que se repetem quatro ou cinco vezes durante uma noite de sono de oito horas. Os fins e os mecanismos do sono ainda não são inteiramente claros para a ciência, mas têm sido objeto de intensas investigações recentes muito reveladoras.

No sono podem ser identificados no EEG dois estados distintos:

(1) o sono dito de ondas lentas ou sono não REM (NREM), e

(2) o sono de ondas cerebrais rápidas ou sono REM.

O sono não REM é dividido em três fases ou estágios, segundo a progressão da sua profundidade.

Já o sono REM caracteriza-se pela atividade cerebral de baixa amplitude e mais rápida, por episódios de movimentos oculares rápidos (donde sua denominação em inglês de REM (rapid eyes moviments) e de relaxamento muscular máximo. Além disso, este estágio também se caracteriza por ser a fase onde ocorrem os sonhos.

O sono REM é também chamado sonho paradoxal, uma vez que o traçado eletroencefalográfico está muito próximo ao traçado de vigília, embora o indivíduo esteja profundamente adormecido no sentido comportamental.

O sono NREM e o sono REM alternam-se ciclicamente ao longo da noite. Normalmente o sono NREM concentra-se na primeira parte da noite, enquanto o sono REM predomina na segunda parte. A distribuição dos estágios de sono durante a noite pode ser alterada por vários fatores, como idade, ritmo circadiano, temperatura ambiente, ingestão de drogas ou por determinadas doenças.

De um modo geral, o sono se destina à recuperação pelo organismo de um possível débito energético estabelecido durante a vigília. Além dessa, outras funções são atribuídas, especialmente ao sono REM, tais como manutenção do equilíbrio geral do organismo, das substâncias químicas no cérebro que regulam o ciclo vigília-sono, consolidação da memória, regulação da temperatura corporal, dentre outras.

Durante o sono, o indivíduo passa por ciclos repetitivos, começando pelo estágio N1 e progredindo até o estágio N3 do sono NREM, regride para o estágio N2, e entra em sono REM. Volta de novo ao estágio N2 e assim repete novamente durante todo o tempo do sono.

Nos primeiros ciclos do sono, os períodos de NREM têm uma duração maior que o período REM. À medida que o sono vai progredindo, o estágio N3 começa a encurtar e o período REM começa a aumentar. O sono NREM ocupa cerca de 75% do tempo do sono e divide-se em três períodos distintos conhecidos como estágios N1, N2 e N3.

1.O estágio N1 começa com uma sonolência. Dura aproximadamente cinco minutos e é caracterizado por um EEG semelhante ao do estado de vigília, sendo o indivíduo facilmente despertável.

2.O estágio N2 caracteriza-se pelo fato de o indivíduo já dormir, porém não profundamente. O EEG mostra frequências de ondas mais lentas e o estágio dura cerca de cinco a quinze minutos. Nessa fase, o despertar mediante estímulos é mais difícil do que no estágio anterior. Aqui a atividade onírica já pode surgir sob a forma de sonho com uma história mais bem integrada.

3.O estágio N3 tem a duração de cerca de quinze a vinte minutos, inicialmente, seguidos por quarenta minutos de sono profundo. É muito mais difícil acordar alguém nessa fase de sono. Depois, a pessoa retorna ao início do terceiro estágio (por cinco minutos) e ao segundo estágio (por mais quinze minutos) e então entra no sono REM.

Nos estágios NREM do sono, verifica-se a secreção de grandes quantidades do hormônio do crescimento, promovendo o crescimento e reparação tecidual. O sono NREM tem, pois, um papel anabólico, sendo essencialmente um período de conservação e recuperação de energia física.

O sono REM tem características especiais e típicas. Caracteriza-se por uma intensa atividade registrada no EEG, seguida por flacidez e paralisia funcional dos músculos esqueléticos. Nesta fase, a atividade cerebral é semelhante à do estado de vigília, embora o indivíduo esteja profundamente adormecido. Por isso, o sono REM é também denominado por vários autores como sono paradoxal.

Nesta fase do sono, a atividade onírica é intensa, sendo sobretudo sonhos envolvendo situações emocionalmente muito fortes. Essa fase representa 20 a 25% do tempo total de sono e surge em intervalos de sessenta a noventa minutos. É essencial para o bem-estar físico e psicológico do indivíduo.

Durante essa fase ocorre maior consumo de oxigênio pelo cérebro, aumento do tônus muscular, da temperatura corporal e da pressão arterial, ereção peniana e, regularmente um movimento rápido dos olhos, horizontalmente e de forma conjugada, entre outros fenômenos positivos, demonstrando ser essa uma fase de grande atividade fisiológica.

Quando, por qualquer motivo, o indivíduo é privado do sono REM, ele tende a ser compensado nas noites seguintes, por maiores extensões de sua duração.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Insônia: é sempre bom recordar...


Cerca de 10% dos adultos apresentam algum problema para dormir, manter um sono tranquilo ou acordar descansado. Mudanças simples na sua rotina podem ajudá-lo a dormir melhor.

1. Não tome produtos com cafeína horas antes de dormir.

A cafeína é um estimulante presente no café, alguns chás e refrigerantes e mesmo no chocolate da sua sobremesa. O melhor é não ingerir cafeína por pelo menos quatro horas antes de ir deitar.

2. Durma e acorde todos os dias em horários semelhantes.

Evite as grandes mudanças na sua rotina, procurando dormir e acordar sempre no mesmo horário. Isto ajuda a organizar os ciclos de sono e vigília.

3. Tente separar o sono do estresse.

Para ter um sono mais tranquilo evite discussões sobre despesas domésticas, trabalho ou relacionamentos à noite. Deixe estes assuntos para as manhãs ou veja mesmo se precisam ser conversados.

À noite, para evitar o estresse, procure atividades prazerosas como ouvir música, ler um livro, meditar, etc. E evita o uso de aparelhos eletrônicos no período noturno.

4. Sua cama deve ser um lugar para dormir.

Evite outras atividades como ver TV, ler ou trabalhar na cama. Faça estas atividades em um outro local e deixe sua cama para descansar.

5. Faça as atividades físicas pela manhã.

Algumas pessoas ficam excitadas ao fazerem atividades físicas próximas ao horário de dormir. Para evitar isso, escolha um horário para se exercitar pela manhã ou até no fim da tarde. Deixe a noite para ocupações mais tranqüilas.

6. Descanse por pelo menos 30 minutos após o almoço.

Dormir um pouco após o almoço melhora a atenção e traz benefícios psicológicos. Não prolongue muito este período de descanso para não atrapalhar o sono noturno.

7. Não fume.

Entre outros danos à saúde, o cigarro atrapalha o sono. A nicotina é um estimulante e pode mantê-lo acordado. Evite o tabagismo.