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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Ansiedade Infantil


A ansiedade é uma emoção normal e adaptativa que pode ajudar as pessoas a lidar com as dificuldades, bem como com situações desafiadoras ou perigosas.

Nesse sentido, a ansiedade normal é reacional e transitória, ou seja, é tributária de um motivo desencadeante e desaparece quando esse motivo deixa de existir.

Como o mundo atual está abundantemente ameaçado por aquelas situações (violência, catástrofes, terrorismo, etc.), a ansiedade manifesta ou latente está presente numa proporção nunca vista antes e tem muitas consequências maléficas, tornando-se uma das principais causas de consultas médicas em todo o mundo.

Considerada por muitos como “o mal do século”, a ansiedade é um sentimento tão peculiarmente desagradável que só quem o sente sabe o quão ruim ele é, além de promover sensações físicas muito desagradáveis, como tontura, batimento cardíaco acelerado, dificuldade respiratória, mãos suadas e tremores.

Enfim, todos os piores sentimentos e reações do ser humano ficam à flor da pele quando se está sofrendo ansiedade.

No entanto, algumas pessoas sentem ansiedade sem qualquer motivo desencadeante ou de maneira desproporcional ao estímulo. Ao mesmo tempo, essa ansiedade interfere nos desempenhos diários da pessoa afetada e também parece estar em aumento atualmente.

A criança é ainda um ser muito frágil diante do mundo e muito predisposta a sofrer ansiedade, a não ser que se sinta muito assegurada pelas pessoas que cuidam dela.

Assim, a ansiedade pode ser um sentimento natural também na criança como, por exemplo, se ela é separada dos pais ou passa por mudanças significativas como troca de escola ou de casa, falecimento de entes queridos, chegada de um novo irmão, separação dos pais, etc.

O limite da normalidade do nível de ansiedade infantil está na sua repercussão sobre o comportamento, sintomas físicos ou medos excessivos.

Essas perturbações ansiosas nas crianças e jovens são muito frequentes e têm um impacto significativo no funcionamento quotidiano delas, com consequências no seu desenvolvimento, com interferência na escolaridade, estabelecimento de amizades e relações familiares.

A ansiedade afeta 13 em cada 100 crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos de idade e atinge as meninas mais que os meninos.

Estas perturbações, se ignoradas na infância, podem persistir na vida adulta, aumentando a probabilidade de desenvolverem outros tipos de patologias.

Além disso, crianças com perturbações ansiosas possuem uma chance maior de vir a desenvolver comportamentos de risco face ao álcool e às drogas na adolescência.

A ansiedade infantil anormal pode ser causada pela concomitância de outros problemas psicológicos, alterações nos neurotransmissores químicos cerebrais, doenças na tireoide, infecções e fatores genéticos que predisponham à ansiedade.

Ao longo do seu crescimento, todas as crianças têm de vencer muitos medos.

Isso é possível porque elas vão compreendendo que aquilo que receiam não é realmente perigoso ou porque aprendem a se defender dos perigos.

De um modo geral, a ansiedade é uma combinação complexa de sentimentos de medo, apreensão e preocupação, acompanhada de sensações físicas como palpitações, dor no peito e/ou falta de ar.

Ela pode existir como uma desordem cerebral principal ou pode estar associada a outros problemas médicos incluindo desordens psiquiátricas.

As manifestações de ansiedade na criança ocorrem de maneira diferente em cada idade. Nos bebês pode ser choro frequente, dificuldades alimentares e alterações do sono.

Na criança de 2 a 3 anos, manifesta-se por inquietude, exigência frequente da presença do adulto, irritabilidade, dificuldades alimentares e episódios de birra.

Aos 5-6 anos, verifica-se dificuldades de manter a atenção, troca constante de atividades, agitação, insatisfação e insegurança.

Acima de 7 anos, observam-se dificuldades de atenção, principalmente para tarefas de rotina e escolares, inquietude, rapidez exagerada, displicência em suas atividades, dificuldades na socialização e em outras situações.

Mas se há uma ansiedade exagerada esses medos não desaparecem e se transformam em

(1) fobias,
(2) ansiedade de separação,
(3) ansiedade generalizada,
(4) transtorno de pânico e
(5) estresse pós-traumático.

Fobia é um medo exageradamente grande que não se consegue controlar.

Muitas crianças apresentam grande ansiedade se a mãe ou o pai se afasta delas, mesmo que por um período de tempo reduzido.

Essa é uma ansiedade de separação.

A maioria das crianças consegue lidar com as preocupações do dia a dia sem se sentir particularmente afetada, mas há crianças que se sentem preocupadas de forma muito profunda, sofrendo de uma ansiedade generalizada, quando a própria ideia de ter um novo dia pela frente pode ser assustadora.

Num ataque de transtorno de pânico, a ansiedade é tão forte que a pessoa pode sentir dificuldades em respirar, sentir o coração bater muito depressa e ter dificuldade de compreender tudo o que está se passando no momento. Mesmo quando não dura muito tempo, os ataques de pânico podem ser verdadeiramente aterradores.

Quando algo verdadeiramente assustador e perturbador acontece à criança, é natural que ela continue se sentindo receosa e ansiosa em relação a esse acontecimento.

As emoções assustadoras podem ser tão fortes e devastadoras que não desaparecem com o passar do tempo, podendo originar uma perturbação de estresse pós-traumático.

O papel dos pais e cuidadores é essencial para o sucesso do tratamento e por isso eles devem também ser orientados por um psicólogo.

Crianças ansiosas precisam de apoio e afirmações positivas, mas elas só irão aceitar ajuda se tiverem certeza de que não serão ainda mais agredidas ou ridicularizadas.

O exemplo dos pais é essencial para que o tratamento tenha sucesso, pois as crianças precisam dele.

Os pais devem estar atentos ao desenvolvimento de seus filhos e de qual é o papel que eles desempenham neste processo.

Acolher as crianças quando estas precisam de um afago; ensinar-lhes como lidar com as adversidades; mostrar como elas podem ter uma visão mais positiva nas diversas situações cotidianas; construir limites com firmeza, sem deixar de lado o carinho e a atenção ajudam muito no aprendizado dos filhos, que no futuro certamente lidarão com situações mais complexas.

Pais ou cuidadores que também expressem ansiedades e medos dificilmente ajudarão uma criança ansiosa.

Ao contrário, a melhor ajuda virá de pessoas que possam expressar naturalidade e segurança diante das ameaças reais ou imaginadas, por isso, às vezes é tão necessário o apoio de um profissional especializado para apoiar toda a família na construção de um ambiente familiar mais seguro, em que as pessoas se respeitem e se apoiem.

O tratamento da ansiedade infantil por um profissional envolve acompanhamento psicológico, muitas vezes de longo prazo, e o uso de certos fitoterápicos.

Os medicamentos controlados devem ser considerados a última opção terapêutica e, na medida do possível, evitados nesta faixa etária.

Quando necessários, eles devem ser prescritos por um psiquiatra que acompanhará todo o processo de tratamento.

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