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quarta-feira, 9 de maio de 2018

Mais um tipo de demência: vascular


Demência vascular é um termo geral que descreve qualquer demência na qual a principal causa tenha sido uma doença vascular encefálica que diminuiu o aporte de oxigênio para o cérebro. Depois da demência de Alzheimer, a demência vascular é a segunda em frequência entre as demências. Mais comumente, ela é o resultado de pequenos infartos cerebrais repetitivos devidos à doença hipertensiva. Afeta cerca de 30% dos idosos com mais de 85 anos, sendo mais comum em homens que em mulheres.

A demência vascular é o resultado de obstruções parciais ou totais de vasos sanguíneos que bloqueiam a passagem de sangue no cérebro. Condições comuns que podem levar à demência vascular incluem o acidente vascular cerebral (AVC). Alguns mini derrames não causam sintomas neurológicos perceptíveis, mas aumentam o risco de demência.

Fatores como doença cardíaca, idade avançada, arterioesclerose, colesterol alto, diabetes mellitus, tabagismo, obesidade, fibrilação atrial e vasos sanguíneos cerebrais estreitados ou cronicamente danificados também aumentam o risco de demência vascular.

O exame macroscópico do cérebro revela lesões e danos visíveis nos vasos sanguíneos. Microscopicamente, aparecem o acúmulo de várias substâncias, como lipídios e sangue coagulado. A substância branca é mais afetada, com atrofia perceptível, além de calcificação das artérias. Microinfartos, em grande número, às vezes podem estar presentes na substância cinzenta. Além de ateroma nas principais artérias cerebrais, vasos menores e arteríolas são principalmente afetados.

A demência vascular pode ter início agudo, seguida por uma sucessão de acidentes vasculares cerebrais por trombose, embolia ou hemorragia. A demência vascular também pode ter início gradual, seguindo-se a numerosos episódios isquêmicos que produzem um acúmulo de infartos no parênquima cerebral, caracterizando a demência por infartos múltiplos.

Os sintomas da demência vascular variam muito, dependendo do local comprometido do cérebro. Eles podem ser mais evidentes quando ocorrem subitamente após um derrame. Por vezes, os sintomas de demência vascular seguem-se a uma série de mini derrames cerebrais que podem passar desapercebidos. Nesse padrão, as mudanças deficitárias nos processos de pensamento ocorrem em pequenos episódios agudos. Mas, a demência vascular também pode se desenvolver muito gradualmente, tal como ocorre com a doença de Alzheimer.

Os sinais e sintomas da demência vascular são cognitivos, motores, comportamentais e, para muitos pacientes, também afetivos. Pessoas com demência vascular apresentam comprometimento cognitivo progressivo, frequentemente por etapas, após múltiplos eventos cerebrovasculares. Algumas pessoas podem parecer melhorar entre os eventos e declinar depois de acidentes silenciosos.

Os sintomas mais comuns da doença incluem confusão mental, dificuldade de prestar atenção e concentrar-se, reduzida capacidade de organizar pensamentos ou ações, deterioração da capacidade de analisar uma situação, dificuldade para decidir, problemas com memória, inquietação e agitação, marcha instável, necessidade súbita e frequente de urinar e/ou incapacidade de controlar a urina e depressão.

Os sinais neurológicos que podem ser observados são hemiparesia, bradicinesia, hiperreflexia, reflexos extensores plantares, ataxia, paralisia pseudobulbar e dificuldades de marcha e deglutição. Pode haver também problemas específicos de fala, denominados disartrias e afasias. A apatia no início da doença é mais sugestiva de demência vascular do que outras formas de demência.

O diagnóstico da demência vascular implica em reconhecer um quadro demencial e em diferenciá-lo de outras demências. Fazer a diferenciação entre as diferentes síndromes demenciais pode ser um desafio, devido às características clínicas frequentemente sobrepostas e à patologia subjacente relacionada a elas. Distúrbios genéticos que resultam em lesões vasculares no cérebro têm padrões de apresentação diferentes daqueles da demência vascular.

As investigações recomendadas incluem: exames de sangue, radiografia de tórax, eletrocardiograma, tomografia computadorizada ou ressonância magnética e tomografia por emissão de pósitrons. A demência é dita mista quando as pessoas têm evidências de doença de Alzheimer e doença vascular, seja clinicamente ou com base em evidências de neuroimagem de lesões isquêmicas.

Não há como curar a demência vascular ou deter completamente o seu curso. O principal objetivo do tratamento é controlar os sintomas que ela gera. O tratamento costuma variar de acordo com a causa subjacente dos sintomas. Alguns medicamentos podem ser usados para controlar os problemas comportamentais causados pela perda da capacidade de julgamento, maior impulsividade, confusão mental e outros que podem ser usados para evitar a piora rápida dos sintomas. No entanto, o benefício trazido por essas drogas é pequeno e os pacientes e suas famílias podem não perceber muita diferença.

O diagnóstico precoce é muito importante, pois a demência vascular é pelo menos parcialmente evitável e seu curso pode ser significativamente retardado. As alterações neurológicas já estabelecidas são irreversíveis, mas o paciente com demência vascular pode demonstrar períodos de estabilidade ou mesmo de leve melhora.

O objetivo da prevenção é evitar novos derrames e instituir medidas que possam reduzir o risco de demência vascular: manter a pressão arterial na faixa normal, manter o colesterol sob controle, prevenir ou controlar o diabetes mellitus, se fumante, parar de fumar e fazer exercícios físicos regularmente.

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