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sábado, 28 de janeiro de 2017

Antidepressivos: algumas informações


A depressão é um distúrbio da afetividade caracterizado pela presença de tristeza, pessimismo e baixa autoestima. Sob a denominação de depressão encontram-se, na verdade, várias doenças diferentes, por isso é mais correto falar-se em síndrome depressiva que de depressão.

Algumas depressões são verdadeiras doenças, tendo uma base etiológica orgânica em alterações bioquímicas do cérebro, principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina) e outros processos que ocorrem dentro das células nervosas. Outras situações, habitualmente também chamadas de depressão, são, na realidade, reações depressivas a insucessos vivenciais.

As primeiras são ditas depressões endógenas e, as outras, depressões reativas. Fala-se também de depressões endorreativas quando uma predisposição depressiva endógena é desencadeada por um acontecimento vivencial.

Os antidepressivos são substâncias consideradas eficazes na remissão de sintomas de pelo menos um grupo de pacientes com transtornos de síndromes depressivas. Eles agem melhor nas depressões endógenas que nas outras, em que podem ter apenas um efeito placebo. Algumas substâncias com atividade antidepressiva podem ser eficazes também em transtornos psicóticos e terem outros papeis farmacológicos, como analgésicos, por exemplo.

Quimicamente falando, há três classes principais de antidepressivos:

(1) os antidepressivos tricíclicos, que contém em sua estrutura química um triplo anel benzênico;

(2) os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e/ou noradrenalina (ISRS), que recaptam essas substâncias liberadas nas sinapses;

(3) os inibidores da monoaminoenzimaoxidase (IMAO), que inibem a ação desta enzima nas fendas sinápticas.

Os medicamentos antidepressivos não tratam a causa da depressão e sim os seus sintomas. Todos eles são capazes de elevar o humor básico patologicamente deprimido e devem ser distinguidos dos psicoestimulantes por certas características clínicas:
1.Os psicoestimulantes elevam o humor de pessoas normais; os antidepressivos apenas têm esse efeito em pessoas deprimidas.
2.A ação dos psicoestimulantes é imediata, a dos antidepressivos demora de 7 a 10 dias.
3.Os psicoestimulantes podem causar euforia; os antidepressivos não têm esse efeito, embora possam causar as chamadas “viradas maníacas” em pacientes que sofrem de psicose maníaco-depressiva ou transtorno bipolar do humor.
4.Os antidepressivos não causam dependência; os psicoestimulantes podem causá-la.
5.Os antidepressivos sempre são medicamentos; os psicoestimulantes, além de medicamentos, são também drogas, como a cocaína, por exemplo, ou outras substâncias químicas.
6.Os psicoestimulantes apresentam “efeito rebote”, isto é, à euforia inicial segue-se um fase de depressão.


Os neurônios não se conectam fisicamente uns com os outros. Entre eles há uma fenda preenchida por líquido no qual abundam principalmente a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. As depressões se devem a alterações nessas substâncias, chamadas neurotransmissores, e os antidepressivos visam corrigi-las, aumentando a concentração delas nas fendas sinápticas.

Embora os conhecimentos sobre a bioquímica da depressão e a ação dos antidepressivos ainda sejam rudimentares e empíricos, a Associação Americana de Psiquiatria sugere que os antidepressivos devam ser prescritos por, pelo menos, 4 a 5 meses após a melhora ou remissão total dos sintomas depressivos, porque esse seria o tempo preciso para fazer as correções bioquímicas necessárias.

Os antidepressivos tricíclicos são os mais eficazes no tratamento da depressão profunda; os ISRS são mais seguros, mas só são eficazes em depressão moderada, enquanto os inibidores da monoamina oxidase (IMAO) têm longa duração de ação.

Embora sejam eficazes contra a depressão, os antidepressivos não são sustâncias inócuas, podendo causar diminuição da libido, disfunção sexual, síndrome de privação, mania/hipomania, sintomas típicos da esquizofrenia, quadro psicótico agudo, perigo de suicídio logo após o início da terapia, boca seca pela redução do fluxo salivar, perda de apetite, constipação intestinal, aumento da pressão arterial, enjoos, dor de cabeça, aumento da temperatura corporal, etc.

Como a serotonina tem importante papel no processo da coagulação, é de se esperar um aumento no tempo de sangramento do paciente que usa antidepressivos.

Chama-se de síndrome serotoninérgica ao conjunto de sintomas causados pelo excesso de serotonina na fenda sináptica. Ocorre, por exemplo, quando da associação entre os antidepressivos ISRS e IMAO.

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