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quinta-feira, 3 de março de 2016
Coriorretinite
A coriorretinite, ou retinocoroidite, é um processo inflamatório que envolve o trato uveal do olho. A úvea, por sua vez, é constituída por três estruturas: a íris, o corpo ciliar e a coroide. A íris é o anel colorido que circunda a pupila, esta abre e fecha como as lentes de uma máquina fotográfica. O corpo ciliar é o conjunto de músculos que controlam o cristalino para que o olho possa enfocar os objetos próximos ou distantes. A coroide é o revestimento interno do olho, que se estende desde a margem dos músculos ciliares até o nervo óptico, localizado na parte posterior do olho.
As inflamações muitas vezes são classificadas de acordo com o compartimento onde elas predominam: uveíte, coroidite, retinite.
A coriorretinite geralmente é causada por infecções congênitas e, portanto, presente no recém-nascido, embora haja outras adquiridas. Podem ser de natureza viral, bacteriana, por toxoplasma ou citomegalovírus. As infecções fúngicas também foram descritas, mas são raras. Em casos ainda mais raros, a coriorretinite é parte de um processo não infeccioso.
Várias doenças infecciosas emergentes, como a dengue, a febre Zika e o vírus Chikungunya têm sido reconhecidas como causadoras de doenças oculares, incluindo coriorretinite. Pacientes imunodeprimidos são mais sujeitos à coriorretinite, as crianças e os idosos também podem estar em risco porque seus sistemas imunológicos podem não ser capazes de lutar contra a infecção.
A coriorretinite adquirida ocorre em qualquer idade, dependendo da doença subjacente. Fora do período neonatal, a coriorretinite pode ser diagnosticada em diversas condições clínicas e pode refletir doenças recém-adquiridas ou reativação de doenças mais antigas. A extensão de envolvimento ocular pode variar muito sendo focal, extensa, uni ou bilateral.
Coriorretinites exsudativas ou uveítes podem ser encontradas em pacientes contaminados com Toxoplasma gondii. A única grande lesão de coroide com a inflamação extensiva ou endoftalmite é observada em pacientes com Toxocara canis, enquanto a ceratite intersticial ou irite é mais comum em pacientes com Treponema pallidum.
O estrabismo e a atrofia óptica podem acompanhar a coriorretinite causada por citomegalovírus. Ao contrário da infecção congênita por toxoplasma, a retinite causada pelo citomegalovírus não progride. As infecções congênitas disseminadas tais como citomegalovírus e a toxoplasmose também podem se manifestar com achados extraoculares, tais como retardo do crescimento intrauterino, microcefalia, microftalmia, catarata, uveíte, defeitos auditivos, osteomielite, hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, eritropoiese dérmica, cardite e anomalia cardíaca congênita. Os pacientes com coriorretinite tendem a experimentar visão borrada e manchas pretas em sua visão.
A coriorretinite pode ser diagnosticada com uma boa história clínica e um exame físico oftalmológico. Outros exames também podem ser realizados para determinar qual é o agente infeccioso responsável pela coriorretinite, porque isto pode influenciar a escolha dos medicamentos usados no tratamento. O tratamento envolve a administração de antibióticos para exterminar a infecção bacteriana, quando presente, e corticosteroides para reduzir a inflamação. Se a coriorretinite for uma complicação de outra doença, o tratamento também deve envolver essas condições.
Em muitos casos, o paciente experimenta uma recuperação completa, sem problemas de visão duradouros. Em outros, a cicatrização pode ocorrer, provocando manchas ou visão turva de longo prazo, especialmente se a inflamação atingiu a mácula. A coriorretinite associada a infecções virais congênitas, como o citomegalovírus, por exemplo, tende a ser estável ou melhorar na infância, enquanto a coriorretinite associada à toxoplasmose congênita progride durante anos após o nascimento e é mais provável que seja clinicamente significativa numa idade mais avançada.
Se deixada sem tratamento, a coriorretinite grave pode resultar na perda parcial ou total de visão no olho afetado. O prognóstico da coriorretinite devido a infecções congênitas depende da etiologia. A mortalidade devido à coriorretinite depende da natureza e da progressão da doença subjacente.
A coriorretinite pode causar complicações de longo prazo, incluindo uma cicatrização que interfere com a visão. Se a coriorretinite atingir a mácula, o paciente pode ter problemas graves de visão e mesmo cegueira.
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