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terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Hemorragias
Chama-se hemorragia ou sangramento à perda de sangue do sistema circulatório para dentro das cavidades ou tecidos do próprio organismo ou para fora dele, devido à laceração ou ruptura de vasos sanguíneos.
São hemorragias típicas aquelas que ocorrem após acidente ou traumatismo, rompimento de um aneurisma ou de varizes, esfoladura da pele, etc.
Uma hemorragia pode ser pequena e pouco significativa ou importante e até letal. Um dos critérios usados para classificar as hemorragias é dividi-las em quatro classes, de acordo com o volume de sangue perdido.
Quando o extravasamento de sangue se dá para o interior de cavidades do corpo, usa-se o termo “hemorragia interna” e quando se dá para o exterior, “hemorragia externa”.
As primeiras são muito mais difíceis de diagnosticar porque, não sendo visíveis, têm de ser pensadas indiretamente por certos sinais e sintomas.
As hemorragias podem ser arteriais, venosas ou capilares, conforme os vasos que sejam afetados.
A hemorragia deve-se à laceração ou ruptura de vasos sanguíneos, com extravasamento de sangue para o interior do próprio organismo ou para fora dele e possui diversas causas.
Pode haver hemorragia aguda devido ao rompimento abrupto de um grande vaso, como nos acidentes ou no rompimento de um aneurisma, por exemplo.
Elas também podem ser crônicas, pela perda persistente de pequenas quantidades de sangue, como em um sangramento de uma úlcera gástrica ou uma moléstia renal.
A gravidade da hemorragia se mede pela quantidade e rapidez de sangue extravasado.
Os sinais e sintomas das hemorragias podem ser gerais, pela deficiência de sangue ocasionada por toda hemorragia, ou específicos, dependentes do tipo de sangramento.
O mecanismo compensatório do sistema circulatório à perda aguda de sangue é uma vasoconstrição generalizada para tentar manter o fluxo sanguíneo para órgãos importantes como rins, coração e cérebro. A taquicardia tenta manter o débito cardíaco e costuma ser o primeiro sinal de um choque hipovolêmico.
A pessoa vai ficando pálida, com o coração disparado, pulso fino e difícil de palpar. Pessoas com perdas sanguíneas importantes e que demoram a receber socorro médico podem ter isquemias temporárias dos tecidos, com a liberação de substâncias típicas do metabolismo anaeróbico. Não sendo revertido o processo, finalmente ocorre a morte.
Outros sinais e sintomas podem depender também do grau de gravidade da hemorragia:
•Hemorragia Classe I - Sinais e sintomas mínimos. Leve aumento da frequência cardíaca.
•Hemorragia Classe II - Frequência cardíaca ≥ 100 batimentos por minuto (bpm), respiração rápida, pulso fino e leve, diminuição da diurese.
•Hemorragia Classe III - Além dos sintomas da hemorragia classe II, apresenta sinais clássicos de hipoperfusão. Existe diminuição do nível de consciência, palidez e sudorese fria.
•Hemorragia Classe IV - Taquicardia extrema, marcada queda da pressão sistólica e dificuldade para perceber-se a pulsação. O débito urinário estará próximo a zero. Perda total da consciência.
Nas hemorragias arteriais o sangue é vermelho vivo e a perda é pulsátil, conforme as contrações do coração. Esse tipo de hemorragia leva a uma perda rápida de sangue e, por isso, é particularmente grave. Quase sempre resulta do rompimento de uma artéria ocasionado por um ferimento ou acidente como os produzidos por cortes, armas de fogo ou acidentes automobilísticos.
Nas hemorragias venosas o sangue é vermelho escuro e a perda se dá de forma contínua. São menos graves, porém a demora no tratamento pode ocasionar sérias complicações. Muitas vezes são hemorragias internas como as causadas pelas varizes portais ou esofagianas ou pelas hemorroidas.
Nas hemorragias capilares são pequenas as perdas de sangue. Elas ocorrem em vasos de pequeno calibre que recobrem a superfície do corpo. Em geral, são hemorragias “em lençol”, como as que ocorrem nas arranhaduras de pele ocasionadas por um tombo. O sangue parece minar da pele.
Existem tipos comuns e especiais de hemorragias:
•Epistaxe: sangramento provocado pelo rompimento de um vaso sanguíneo do nariz.
•Hematêmese: sangramento proveniente do esôfago ou do estômago e eliminado pela boca, sob a forma de vômitos.
•Hemoptise: sangramento proveniente das vias respiratórias. Geralmente eliminado sob a forma de golfadas.
•Menstruações: sangramento fisiológico e recorrente a cada 28 dias em média, que cessa espontaneamente, proveniente da camada endometrial do útero.
Muitas vezes as hemorragias recebem denominações de acordo com o local que afetam. Por exemplo: hemartrose quando afeta uma articulação ou enterohemorragia quando afeta o intestino.
Nas hemorragias externas o sangue é diretamente visível. Nas internas, o médico se orienta pelos sinais e sintomas clínicos e por alguns exames de imagem, os quais embora forneçam sinais indiretos, tornam-se bastante consistentes quando associados aos dados clínicos.
A primeira providência consiste em deter ou diminuir o sangramento. Chama-se hemostasia ao conjunto de manobras que visam conter a hemorragia. Para isso, pode-se adotar algumas providências:
•Elevar a região acidentada: diminui e mesmo estanca pequenas hemorragias nos membros e em outras partes do corpo por dificultar a chegada do fluxo sanguíneo.
•Tamponamento: obstrução do fluxo sanguíneo, com as mãos ou com um pano limpo ou gaze esterilizada, fazendo-se um curativo compressivo. É o melhor método de estancar hemorragias pequenas, médias e grandes.
•Compressão arterial: comprimir as grandes artérias que irrigam a região afetada faz diminuir o fluxo sanguíneo.
•Torniquete: é uma medida extrema, a ser usada apenas quando as anteriores não deram resultado. Consiste em aplicar uma faixa de constrição a um membro, acima do ferimento, de maneira tal que se possa ser apertada até deter a passagem do sangue arterial.
Na fase de assistência médica, o volume sanguíneo deve ser inicialmente reposto através de soluções salinas. O choque hipovolêmico deve ser tratado com volume, isto é, com soro fisiológico e solução de Ringer. Casos mais graves podem requerer soluções gelatinosas, mas existe um volume máximo desta solução que se ultrapassado intoxica e mata o paciente. Ao mesmo tempo devem ser feitas tentativas de interromper a perda sanguínea, incluindo cirurgias visando a hemostasia. Em alguns casos torna-se necessária uma transfusão sanguínea para manter a vida do paciente.
A evolução de uma hemorragia depende da sua natureza e de sua intensidade. As pequenas hemorragias, uma vez estancadas a tempo, não têm repercussão clínica. As médias hemorragias podem deixar consequências que se curam dentro de um tempo. Hemorragias muito volumosas dependem da rapidez com que sejam estancadas. Algumas são letais.
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