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segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Antiestrogênicos
Existe muita confusão e especulação sobre o uso dessas drogas no fisiculturismo, principalmente em relação a eficácia de algumas delas nos combates aos efeitos estrogênicos (retenção, ginecomastia, pressão alta) de alguns esteroides que aromatizam (testosterona, boldenona, dianabol, etc). Nesse artigo vou dar uma explicação breve dos diferentes mecanismos de ação dessas drogas, agrupando as drogas anti-estrogênicas em 3 classes distintas para melhor compreensão: Inibidores de aromatase, moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERM’s), esteroides androgênicos com efeitos anti-estrogênicos. Conhecendo o mecanismo de ação de cada uma dessas drogas vai ficar mais claro quando utilizá-las para combater algum colateral devido a efeitos estrogênicos.
1) Inibidores de aromatase (IA’s): ligam-se para o mesmo local de ligação da enzima de aromatase, que faz a testosterona. Assim, eles liberam menos testosterona para ligar à aromatase. Assim, menos testosterona será convertida a estradiol (estrogênio) [1]. Mas lembre-se que você aumentar a quantidade de drogas que aromatizam, deve também cuidar para manter uma dose de IA suficiente para inibir a aromatização. Exemplos: Exemestano (Aromasin), Letrozol (Femara), Anastrozol (Arimidex). Essas drogas reduzem estradiol justamente por inibir o processo de aromatização.
2) SERM’s: Clomifeno (Clomid) e tamoxifeno (Nolvadex) são as drogas mais populares desta classe. Elas são mais precisamente chamadas de “moduladores seletivos de receptor de estrógeno” (SERM’s). Isto é porque o modo de ação delas não é tão simples como mero bloqueador do receptor de estrogênio. Receptores de estrogênio não só requerem hormônio, mas também ativação de regiões do receptor chamadas AF-1 e AF-2. AF-1, quando ativada, requer fosforilação, enquanto AF-2 pode ser ativado por qualquer dos vários cofatores, como IGF-1. O clomifeno e tamoxifeno são os antagonistas do receptor de estrogênio (bloqueador) em células que dependem de ativação da região de AF-2, enquanto nas células que ativam AF-1, estas combinações são estrogênicas. Em algumas células estas drogas ativam um dos tipos de receptor de estrogênio (Er ) mas são antagonistas do outro tipo (ER ). O resultado é que estas combinações são anti-estrogênicas em tecido de peito, no tecido adiposo, e no hipotálamo, que é o que nós queremos em fisiculturismo, mas são estrogênicas em tecido ósseo, e com respeito ao efeito favorável em perfil de lipídio de sangue, ambos são novamente desejáveis. Elas também parecem ter algum efeito estrogênico no humor, entretanto isto pode ocorrer em algumas partes do cérebro (o assunto não foi estudado) [2]. Essas drogas não reduzem estradiol, apenas bloqueiam seus efeitos em alguns tecidos.
3) Esteroides androgênicos com efeitos anti-estrogênicos: São esteroides conhecidos por minimizar efeitos colaterais dos estrogênios por algum mecanismo não muito claro, principalmente primobolan e masteron que foram consideradas drogas eficazes em experiências no tratamento de câncer de mama [3, 4]. Sobre o masteron: “Drostanolona foi encontrado para competir com os sítios de ligação de andrógenos, mas não com os receptores de estrogênio. Por isso, é improvável que o efeito inibidor do crescimento de cancro da mama humano de drostanolona propionato é mediado através da interação com as proteínas de ligação de estradiol como sugerido anteriormente por outros autores” [4]. E para finalizar ainda temos o proviron, que também pode ser considerado um inibidor fraco da aromatase: “O mecanismo pelo qual ele tem alguma eficácia a este respeito é de se ligar fracamente ao receptor de estrogênio sem o ativar, e a enzima aromatase. No primeiro caso, isto parcialmente reduz o número de sítios receptores de estrogênio momentaneamente disponíveis para ligação, reduzindo assim a atividade estrogênica. No segundo caso, algumas frações de moléculas de aromatase em qualquer dado momento não estão disponíveis para se ligarem e converter a testosterona, seus locais de ligação a ser ocupada com mesterolona [5]”. Como vimos essas drogas também não reduzem estradiol (talvez proviron em algum grau mais fraco), e entre as 3 classes são as menos eficazes para controle de efeitos estrogênicos.
Por possuírem diferentes mecanismos de ação nem sempre a utilização isolada de apenas uma classe dessas drogas será suficiente para evitar colaterais estrogênicos. E não esqueça:
EFEITO ANTI-ESTROGÊNICO DE UMA DROGA NÃO SIGNIFICA REDUÇÃO NOS NÍVEIS DE ESTROGÊNIO, E SIM MINIMIZAÇÃO OU INATIVAÇÃO DOS EFEITOS DO ESTROGÊNIO PELO USO DESSA DROGA
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