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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Hormonioterapia antineoplásica


Hormônios são substâncias químicas específicas fabricadas pelas glândulas do sistema endócrino ou por neurônios especializados e liberados em pequenas doses na corrente sanguínea.

Eles agem à distância regulando funções vitais como crescimento, desenvolvimento, reprodução, processos metabólicos dentre outras funções.

O termo hormônio provém do grego ormao, que significa evocar ou excitar e foi primeiramente utilizado, em 1905, pelo fisiologista inglês Ernest Staling.

Ele definiu os hormônios como mensageiros químicos, carregados do órgão em que são produzidos para o órgão de destino pela corrente sanguínea.

A hormonioterapia antineoplásica é uma manipulação do sistema endócrino para tratar algumas neoplasias malignas e seu objetivo é impedir que os hormônios se liguem a seus receptores e atuem como fator de crescimento das células malignas.

Ela é a terapia mais eficiente para tratar os tumores malignos que tenham os chamados receptores hormonais para o estrogênio ou para a progesterona.

Se houver a presença de receptores de um desses hormônios, a manipulação deles pode ser feita para tratar algumas neoplasias, em qualquer fase da doença, mesmo no caso de doença metastática.

A hormonioterapia pode estar indicada no tratamento pré-operatório com o intuito de diminuir o tamanho do tumor e de permitir uma cirurgia menor ou no tratamento pós-operatório com intuito de eliminar células que porventura estejam circulando ou tenham escapado à ressecção cirúrgica ou, ainda, na doença metastática.

Utilizada isoladamente a hormonioterapia não tem o objetivo de cura, mas quando associada ao tratamento cirúrgico, à quimioterapia e/ou à radioterapia tende a aumentar em muito as chances de cura.

De início, a hormonioterapia foi utilizada para tratar o câncer de mama, mas foi sendo subsequentemente aplicada a outros tumores hormônio-sensíveis, como os carcinomas de endométrio, de próstata e certos tumores tireoidianos.

Até poucos anos atrás a hormonioterapia era experimental, mas novos subsídios foram trazidos pela determinação da dosagem de receptores celulares específicos para estrogênio e progesterona em amostras tumorais, pelo conhecimento da relação entre positividade do receptor e resposta terapêutica e pelos avanços verificados no conhecimento das interações entre receptores hormonais e processos bioquímicos intracelulares.

A hormonioterapia pode ser indicada também para tratamento paliativo de metástases ósseas de tumores hormônio-sensíveis e até preventivamente para pessoas com alto risco de desenvolver câncer.

Os medicamentos utilizados agem suprimindo ou aumentando os níveis de hormônios circulantes ou bloqueando os receptores à ação deles.

A supressão de hormônios pode ser realizada também por meio de procedimentos cirúrgicos ou com o emprego de radiações.

Além da atuação antineoplásica, os hormônios podem ser usados com outras finalidades, tais como tratar enfermidades endócrinas, fazer reposições hormonais na menopausa, conferir ao corpo certas características desejadas, como nas mudanças de sexo, por exemplo, ou para induzir o desenvolvimento de músculos, como nos fisioculturistas.

Algumas células do corpo humano e algumas células tumorais são dotadas de receptores de hormônios responsáveis por estimular o seu crescimento normal.

Quando uma célula tumoral é dotada desses receptores, os hormônios atuam como estimulantes do crescimento das células doentes.

A hormonioterapia faz o processo inverso e promove uma interferência na produção dos hormônios ou no efeito deles sobre os tumores, impedindo que recebam nutrientes e “matando-os de fome”. Em geral, a hormonioterapia antineoplásica é realizada juntamente com outras modalidades de terapia como cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

As hormonioterapias antineoplásicas podem ser medicamentosas ou ablativas e estas últimas podem ser cirúrgicas ou actínicas (por radiações).

As hormonioterapias medicamentosas são feitas pela estimulação ou supressão dos hormônios ou dos seus efeitos.

A próstata, as mamas, os ovários e o endométrio são exemplos de órgãos que dependem dos hormônios para crescer e funcionar.

Por isso, a hormonioterapia é indicada principalmente para tumores nesses órgãos, embora possa ser usada também em outros.

Dessa forma, podem ser indicados, em diversas circunstâncias, estrogênios e similares sintéticos, antiestrogênios, progestágenos e similares sintéticos, corticosteroides, inibidores das suprarrenais, androgênios, antiandrogênios, inibidores da ação hipofisária e hormônios tireoidianos.

Como os hormônios usados no tratamento do câncer exercem seus efeitos citotóxicos tanto sobre as células tumorais como sobre as normais é inevitável a existência de efeitos colaterais indesejáveis.

Entre as hormonioterapias ablativas pode-se citar a ooforectomia (retirada dos ovários), que pode ser utilizada nos casos de câncer de mama.

A forma cirúrgica deve ser preferida à actínica, pois com o tempo, os ovários podem voltar a produzir hormônios.

Obviamente, a ooforectomia (retirada de ovários) é restrita às mulheres antes da menopausa, devendo ser baseada, sempre que possível, nas dosagens positivas de receptores hormonais.

A orquiectomia (retirada dos testículos) pode ser feita como alternativa de tratamento do carcinoma de próstata.

A adrenalectomia (retirada de uma ou de ambas as glândulas adrenais) pode ser indicada nos casos de metástases ósseas dolorosas, rebeldes a outros tratamentos e em mulheres na pré-menopausa com carcinoma de mama, no entanto, deve ter indicação limitada, devido à alta taxa de mortalidade pós-operatória.

A hipofisectomia (retirada da hipófise - veja imagem acima), seja cirúrgica ou actínica, só é indicada em mulheres com metástases ósseas dolorosas de câncer de mama rebeldes a outros métodos analgésicos.

É um método terapêutico quase que totalmente abandonado atualmente.

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