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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Mascar chicletes e as dores de cabeça


O hábito de mascar chicletes em excesso é pouco citado como um precipitante da dor de cabeça em crianças e adolescentes.

Em estudo publicado pelo Pediatric Neurology foi avaliada a influência da mastigação excessiva diária de goma de mascar em crianças mais velhas e adolescentes com dor de cabeça crônica, ressaltando o impacto da descontinuação do hábito e da sua reintrodução.

A pesquisa foi liderada por Nathan Watemberg, médico do Child Neurology Unit and Child Development Center, do Meir Medical Center e da Tel Aviv University, em Israel.

Pacientes com dor de cabeça crônica e que têm o hábito de mascar chicletes em excesso foram convidados a preencher questionário referente às características da dor de cabeça, possíveis gatilhos, história familiar de dores de cabeça e características de uso das gomas de mascar.

Estes indivíduos foram classificados em quatro grupos em função do número de horas diárias que mascavam chicletes. Todos os participantes descontinuaram o hábito de mascar chicletes durante um mês e o reintroduziram após este período. Foi realizada nova entrevista após 2 a 4 semanas.

Os resultados mostraram que dos trinta pacientes (25 meninas) recrutados, a idade média foi de 16 anos e a maioria tinha dor de cabeça do tipo enxaqueca (60% apresentavam enxaqueca e 40% apresentavam cefaleia tensional).

Após a descontinuação de uso do chiclete, 26 relataram uma melhora significativa, incluindo a resolução da dor de cabeça em 19 deles.

Vinte pacientes dos 26 que relataram melhora dos sintomas inicialmente e que reinstituíram o hábito relataram recaída dos sintomas em poucos dias, cerca de uma semana. A duração da dor de cabeça antes da interrupção e o número de horas diárias mascando chicletes não tiveram influência sobre a resposta na descontinuação.

Os pesquisadores acreditam que o hábito de mascar chiclete em excesso possa desencadear a dor de cabeça, não pela ingestão de aspartame, contido na goma de mascar, como já foi sugerido anteriormente, mas por colocar a articulação temporomandibular em um esforço excessivo.

Embora o estudo seja pequeno e avaliações futuras devam ser feitas, no presente trabalho verificou-se que o excesso de chiclete por dia pode estar associado à dor de cabeça crônica e deve receber mais atenção na literatura médica.

A conscientização do paciente e do médico sobre esta associação pode ter um impacto significativo sobre a qualidade de vida de crianças e adolescentes com dor de cabeça crônica que mascam chiclete excessivamente.

Os estudiosos ainda sugerem que se o exame neurológico das crianças e adolescentes estiver normal e o hábito de mascar chiclete em excesso estiver presente, os médicos devem sugerir a descontinuação do uso antes de solicitarem procedimentos diagnósticos e terapêuticos caros para avaliar e tratar as dores de cabeça nesta faixa etária.



Fonte: Pediatric Neurology, volume 50, de janeiro de 2014

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Esteatose Hepática


Esteatose hepática, infiltração gordurosa do fígado ou doença gordurosa do fígado é um acúmulo de gordura nas células do fígado, também chamada popularmente de “gordura no fígado” ou “fígado gorduroso”.

Normalmente, o fígado possui gordura em quantidade que corresponde a 10% do seu peso.

Quando ela excede esse valor, diz-se que o fígado está acumulando gordura.

Esse acúmulo de gordura, se não tratado, acaba por causar uma inflamação das células hepáticas (esteatohepatite) e pode levar à cirrose hepática.

Não se conhece exatamente as causas da esteatose hepática, mas sabe-se que o acúmulo de gordura é a maneira mais comum do fígado responder às agressões ao seu funcionamento.

A principal delas é o abuso de álcool, mas outras são as hepatites por vírus, o diabetes mellitus, a obesidade, o colesterol ou os triglicérides elevados, o consumo de drogas, a desnutrição, certa cirurgias abdominais e a gravidez.

O álcool é um fator tão importante e frequente que faz com que as esteatoses sejam divididas em alcoólicas e não alcoólicas.

Mesmo pessoas magras, saudáveis e com baixa ingestão de álcool podem ter esteatose hepática, apesar de isso ser menos comum. A esteatose hepática incide mais no sexo feminino que no masculino, provavelmente por ação do estrogênio.

Existe também esteatose hepática causada por algumas doenças metabólicas congênitas ou hereditárias que já se manifestam nas crianças de tenra idade (crianças de poucos anos).

Normalmente, os sintomas da esteatose hepática só se tornam evidentes quando a doença já se encontra avançada, pois a doença inicial é assintomática.

Quando existem, os principais sinais e sintomas costumam ser enjoos, vômitos, dor, inchaço abdominal e pele e olhos amarelados.

Inicialmente a esteatose hepática pode não gerar sintomas e por isso é mais frequentemente diagnosticada por acaso ao se realizar exames de imagens por outros motivos.

A suspeita da esteatose hepática pode ser obtida a partir da história clínica e do exame físico, que detecta aumento de volume do fígado.

Os exames de sangue relativos ao fígado podem apresentar alterações das chamadas enzimas hepáticas (TGO e TGP) e de outros marcadores de doença do fígado, como a gama GT.

Na esteatose hepática simples as enzimas do fígado estão normais, enquanto na esteatohepatite há aumento das mesmas.

Os métodos de imagem, como a ultrassonografia de abdome, tomografia computadorizada ou ressonância magnética ajudam a esclarecer o diagnóstico, mas em alguns casos só a biópsia do fígado fornece um diagnóstico de certeza.

A esteatose hepática é uma doença reversível.

Quando é feita a identificação da causa é possível instituir-se um tratamento específico.

Geralmente o tratamento é multidisciplinar e envolve, além do acompanhamento médico, orientação nutricional e atividade física programada.

A terapêutica é baseada em uma dieta hipocalórica, consistente em evitar frituras, gorduras e doces e aumentar a ingestão de frutas, legumes, verduras e carnes magras, bem como a prática de exercícios e o afastamento de outras causas da doença. Medicamentos nem sempre são indicados, porque apresentam resultados controversos.

O paciente pode ajudar perdendo peso, adotando uma dieta saudável, fazendo exercícios com regularidade, controlando seu colesterol e protegendo seu fígado contra fatores agressores.

Em alguns casos uma inflamação das células hepáticas associadas à esteatose pode estar presente e, se não controlada, tem o potencial de evoluir para cirrose hepática.

A evolução da esteatose hepática para a cirrose é facilitada pela associação com a hepatite B ou C, a colestase, doenças metabólicas ou autoimunes ou álcool.

A complicação mais temida da esteatose hepática é a cirrose hepática.

Ela, no entanto, só ocorre após alguns anos de esteatose não tratada e após uma fase de esteatohepatite.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Dor pélvica crônica


Chama-se dor pélvica crônica a uma sensação dolorosa persistente (duração maior de três meses), no andar inferior do abdômen. Não se trata de uma doença, mas de uma síndrome que se pode verificar em diferentes enfermidades.

Ela ocorre em homens e em mulheres, podendo ter causas e repercussões diferentes em ambos os sexos.

Quase sempre essa dor parte de alterações nos órgãos contidos na pelve: útero, ovários, trompas de Falópio, cérvix (colo do útero), vagina, trato urinário, intestino ou reto.

Quando a paciente com dor pélvica crônica é uma mulher, o especialista procurado em primeiro lugar costuma ser o ginecologista, embora nem toda dor pélvica crônica seja de etiologia ginecológica.

Didaticamente, essas dores podem ser divididas em ginecológicas, quando procedem dos órgãos reprodutivos femininos, e não ginecológicas, quando se originam dos diversos outros órgãos pélvicos. E

ntre as primeiras contam-se a endometriose e as inflamações pélvicas crônicas de órgãos ginecológicos e entre as últimas as principais são a constipação intestinal crônica, a síndrome do cólon irritável, a diverticulite, a cistite crônica, a prostatite, os distúrbios musculoesqueléticos, etc.

Como a dor pélvica crônica pode provir de um grande número de condições, às vezes, é difícil determinar a sua causa específica.

Em virtude da grande frequência das causas ginecológicas, as dores pélvicas crônicas são mais comuns nas mulheres que nos homens. Essas dores podem se localizar mais de um lado que do outro, na dependência do órgão atingido.

Elas são bastante comuns na gravidez e até podem ser tidas como normais nessa circunstância, mas a mulher deve dizer isso ao médico, para que seja feita uma avaliação correta.

Além do sintoma doloroso, as dores pélvicas crônicas associam-se aos demais sintomas próprios das enfermidades causais.

As principais armas no diagnóstico etiológico da dor pélvica crônica são uma detalhada história clínica e um exame físico bem feito.

Além da queixa de dores crônicas, há os sintomas da enfermidade que está gerando essas dores, os quais orientarão sobre as causas da dor pélvica crônica.

Uma das indicações diagnósticas valiosas é se as dores são ou não associadas ao ciclo menstrual.

Testes laboratoriais são indicados, dependendo dos resultados do exame físico e incluem hemograma, exame de urina, testes para infecções sexualmente transmitidas (DSTs) e teste de gravidez.

Outros exames específicos devem ser solicitados, de acordo com a suspeita diagnóstica.

A ultrassonografia, a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética ajudam na detecção de massas pélvicas se elas existirem, mas são de pouca utilidade em quadros como cólon irritável ou bexiga neurogênica, por exemplo.

A laparoscopia e a biópsia realizada durante esse procedimento podem complementar o diagnóstico.

O tratamento da dor pélvica crônica depende da enfermidade causal e deve ser dirigido a ela. Grande parte das dores pélvicas crônicas é tratada clinicamente. Somente alguns casos podem requerer cirurgia.

Os tratamentos medicamentosos podem ser feitos, conforme o caso, com anti-inflamatórios, anticoncepcionais, antibióticos e hormônios.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Retenção de líquidos?


Cuidado com o consumo de alimentos ricos em sódio, como enlatados, embutidos, fast food, conservas, carnes salgadas etc. O sódio faz o corpo reter líquido;

Reduza o consumo de sal, opte por temperos naturais e sal LIGHT. O sal rosa do Himalaia é outra ótima opção;

Beba mais água. Acredite ou não, a ingestão maior de líquidos ajuda a eliminar o sódio – e o inchaço;

Evite carboidrato simples (como pão branco, massa branca, bolachas, doces, batata frita etc). Carboidratos são transformados em glicose e armazenados no organismo sob a forma de glicogênio para geração de energia. Para ser retida no corpo, uma molécula de água deve ligar-se a glicose. Quanto mais carboidratos armazenados você tiver, mais pesada e inchada vai se sentir;

Movimente-se, pois os exercícios ajudam a eliminar o excesso de água por meio da respiração e aceleram a digestão. Quando você se exercita, estimula os músculos a moverem mais rápido o alimento e a água pelo seu organismo. Acabe com a constipação fazendo alguma atividade de sua preferência pelo menos 30 minutos por dia para promover a passagem dos alimentos pelo sistema digestivo. Suar também libera líquidos;

Ingira suplementos ou alimentos ricos em cálcio e magnésio (vegetais verdes escuros, nozes, abacate, queijo cottage, iogurte desnatado, cereais integrais, oleaginosas). Ambos competem com o sódio pela absorção no organismo; por isso, se você consumir quantidades adequadas de ambos, seu corpo será forçado a eliminar o sal que não foi efetivamente absorvido;

Muito cuidado com os diuréticos! Quando paramos de tomar diurético, o corpo retém mais água e fica inchado durante uma ou duas semanas. Isso pode levar a uma dependência física, fazendo com que o corpo necessite do medicamento para se livrar do excesso de líquido, em vez de eliminá-lo naturalmente;

Reduza a ingestão de refrigerantes. A cafeína dos refrigerantes causa desidratação e o fósforo, um aditivo comum desse tipo de bebida, pode provocar inflamação na parede do intestino, aumentando ainda mais a sensação de inchaço;

Tenha cuidado com a pílula anticoncepcional, elas podem estabilizar o nível de progesterona, hormônio que induz o edema;

Coma legumes e verduras variadas, estas auxiliam e eliminar água do corpo;

A maioria dos adoçantes contribuem para a retenção de líquidos, assim como a cafeína, álcool e até mesmo a nicotina são fatores. Prefira os adoçantes naturais como STEVIA e SUCRALOSE.

Evite, também, laticínios que contenham lactose, eles agravam a retenção.

Aumente o consumo de alimentos ricos em proteínas, eles tem um efeito diurético no corpo.

Consuma suplementos probióticos.

Realize procedimentos estéticos como massagem modeladora e drenagem linfática;

Pode aumentar o consumo de chás 100% naturais com atividade diurética – cavalinha, carqueja, hibisco, chá verde carqueja, hibisco, cidreira, erva-doce, capim-limão, camomila, cabelo de milho, dente-de-leão, quebra-pedra, salsaparrilha porangaba, guabiroba, chá de bugre).

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Insuficiência Renal Crônica


A insuficiência renal crônica é a perda lenta e irreversível da capacidade dos rins para remover os resíduos excretáveis e o excesso de água do organismo.

Ela é a principal e potencialmente mais grave das doenças renais crônicas.

Estabelece-se um período de três meses de duração para diferenciá-la da insuficiência renal aguda, que pode ser revertida.

As três causas mais comuns de insuficiência renal crônica são o diabetes mellitus, a pressão arterial elevada e as glomerulonefrites, mas muitas outras doenças podem levar ao mesmo resultado, como problemas das artérias que irrigam os rins, o rim policístico, substâncias químicas tóxicas, doenças autoimunes, cálculos e infecções renais, etc.

Ela se agrava lentamente com o tempo, mas pode ser assintomática durante muito tempo.

Muitas vezes ela só se manifesta quando o tecido renal que resta íntegro é apenas metade do normal e a terapêutica de substituição renal só se faz necessária se o tecido renal diminui a 10-15% do seu total.

Ao final da evolução ela leva à falência renal absoluta e o paciente necessita de diálise ou de um transplante renal.

A insuficiência renal crônica produz uma acumulação de líquidos e resíduos nocivos ao organismo e afeta a maioria das funções orgânicas.

Os sintomas podem incluir mal-estar geral, fadiga, prurido generalizado, pele seca, dores de cabeça, perda de peso e de apetite e náuseas.

Nos casos mais graves pode aparecer também descoloração da pele, dor nos ossos, sonolência, confusão mental, fraqueza geral, dormência nas mãos e nos pés, espasmos musculares ou cãibras, mau hálito, aparecimento de vários sangramentos, sede excessiva, amenorreia, edemas nos tornozelos e ao redor dos olhos e vômitos.

O histórico de saúde desses pacientes deve levantar a história clínica da doença, suas possíveis causas e evolução. O diagnóstico da insuficiência renal crônica pode ser feito por meio de exames de sangue e de urina.

Ao exame físico o médico constatará a presença de hipertensão arterial e poderá ouvir ruídos anormais no coração ou nos pulmões.

A pesquisa de suas causas pode ser feita pela tomografia computadorizada, ressonância magnética, ultrassonografia, arteriografia ou cintilografia.

Casos especiais podem requerer biópsia renal.

O nível de funcionamento dos rins pode ser verificado pela dosagem no sangue da ureia, da creatinina, do nitrogênio ureico e da depuração de creatinina.

A insuficiência renal crônica altera a concentração sanguínea de vários elementos, como sódio, potássio, albumina, fósforo, cálcio, colesterol, magnésio e eletrólitos, os quais devem ser checados regularmente, pelo menos a cada dois ou três meses.

Ela também afeta os resultados do hemograma completo, da eritropoietina, do hormônio da paratireoide (PTH) e do exame de densidade óssea.

A análise da urina (urinálise) geralmente mostra a presença de proteínas ou outras alterações.

Esta é uma condição irreversível.

As medidas terapêuticas incluirão medicamentos que ajudem a impedir que os níveis de fósforo fiquem muito altos, tratamento para anemia, suplementos de cálcio e vitamina D e transfusões de sangue.

Além disso, pode ser necessário limitar os líquidos, observar uma dieta baixa em proteína com redução de sal, potássio e outros eletrólitos e tratar sintomaticamente outras repercussões da doença.

Quando a perda da função renal se torna muito grande é necessária a diálise e um eventual transplante renal.

Mesmo os pacientes que são candidatos a um transplante renal precisam de diálise até que um rim esteja disponível.

Não há cura para a insuficiência renal crônica e geralmente ela evolui para a falência renal total.

Os tratamentos recomendados, que devem durar toda a vida, podem controlar ou retardar a evolução da doença.

A medida crucial para evitar ou retardar danos renais é manter controlada a pressão arterial.

Também é muito importante para os diabéticos controlar os níveis de açúcar no sangue.

Outros meios de proteger os rins são: não fumar, evitar refeições gordurosas, fazer exercícios regulares, manter a glicemia dentro de níveis normais.

Em geral a insuficiência renal crônica se faz acompanhar de graves complicações, entre as quais anemia, hemorragias, alterações da glicemia, demência, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, distúrbios metabólicos, convulsões etc.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Inibidores da bomba de prótons! (IBP)


Não! Não estou falando de nada ligado a artefatos de guerra!

Trata-se, por exemplo, do "famoso" omeprazol e seus parentes utilizados para o tratamento de doenças do aparelho digestório.

Os inibidores da bomba de prótons (IBP) – omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, rabeprazol, esomeprazol e tenatoprazol – suprimem a secreção de ácido gástrico por meio de inibição específica da enzima H+/K+-ATPase na superfície secretora da célula parietal gástrica.

Embora haja diferenças farmacocinéticas, todos os representantes dessa classe são similares entre si, reduzindo em até 95% a produção diária de ácido gástrico.

A supressão ácida exerce papel essencial no manejo de doenças pépticas relacionadas à acidez gástrica.

Os IBP apresentam eficácia definida no tratamento de manifestações e complicações de doença péptica, doença do refluxo gastresofágico (tratamento de escolha), tratamento sintomático e cicatrização de úlceras pépticas induzidas por uso crônico de anti-inflamatórios não-esteróides (AINE), prevenção de lesões gastrintestinais induzidas por uso crônico de AINE e coadjuvante na redução de recorrência de úlceras pépticas induzidas por Helicobacter pylori.

Os IBP são especialmente indicados em pacientes com hipergastrinemia, síndrome de Zollinger-Ellison, úlceras pépticas duodenais refratárias a antagonistas H2e no tratamento prolongado de Esôfago de Barrett.

Apesar das controvérsias, há benefício provável no tratamento de dispepsia que se manifesta com pirose e regurgitação.

Porém, não há evidência de eficácia em tratamento e prevenção secundária de sangramento digestivo alto (SDA) e em prevenção primária de sangramento digestivo alto por úlcera de estresse.

Há situações crônicas que justificam o uso contínuo de IBP.

Porém, para a maioria dos pacientes cujos sintomas gastrintestinais são persistentes, é possível o tratamento intermitente com IBP, ou seja, toma um período, descansa e volta a tomar.

Algumas indicações para o uso de IBP

Doença do Refluxo Gastresofágico

É um dos distúrbios gastrintestinais mais prevalentes.

Estudos populacionais mostram que até 15% dos indivíduos apresentam pirose e/ou regurgitação pelo menos uma vez
por semana e 7%, diariamente. Os sintomas são causados por refluxo retrógrado de ácido e conteúdo gástrico para o esôfago por incompetência das estruturas de restrição mecânica na junção gastresofágica.

Os IBP são mais eficazes no alívio dos sintomas e mais comumente usados.

O tratamento durante oito semanas promove cicatrização da esofagite erosiva em 90% dos casos.

Os pacientes refratários podem dobrar a dose do IBP e administrá-lo duas vezes ao dia, antes das refeições.

Esôfago de Barrett

Trata-se de uma complicação grave da esofagite por refluxo e fator de risco para adenocarcinoma esofágico.

Recomenda-se o uso contínuo de um IBP em dose única diária.

Pacientes que não respondem clinicamente ao tratamento podem tomar o IBP em duas doses diárias.

No entanto, não há provas de que o tratamento de supressão ácida com IBP promova regressão do Esôfago de Barrett
ou impeça a progressão da doença para adenocarcinoma do esôfago.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Diverticulite: atualidades


A diverticulite é uma doença comum. Mudanças recentes na compreensão de sua história natural modificaram substancialmente os paradigmas de tratamento desta patologia.

Com o objetivo de rever a etiologia e a história natural da diverticulite e as recentes mudanças nas diretrizes de tratamento desta condição, foi realizada uma revisão sistemática publicada pelo periódico The Journal of the American Medical Association (JAMA).

Os pesquisadores procuraram dados no MEDLINE e Cochrane para artigos em língua inglesa relativos ao diagnóstico e tratamento da diverticulite, publicados entre 1º de janeiro de 2000 e 31 de março de 2013.

Os termos de pesquisa foram aplicados a quatro tópicos: fisiopatologia, história natural, tratamento e indicações para a cirurgia.

Foram excluídas pequenas séries de casos e artigos baseados em dados acumulados antes de 2000.

Oitenta artigos preencheram os critérios para análise.

A fisiopatologia da diverticulite está associada à alteração da motilidade intestinal, aumento da pressão luminal e um microambiente desordenado no cólon.

Vários estudos examinaram semelhanças histológicas com doença inflamatória intestinal e síndrome do intestino irritável, mas se concentraram em associações ao invés de causas.

A história natural da diverticulite não complicada é muitas vezes benigna, por exemplo, em um estudo de coorte 2.366 de 3.165 pacientes hospitalizados por diverticulite aguda e acompanhados por 8,9 anos; apenas 13,3 % dos pacientes tiveram uma recorrência e 3,9% tiveram um segundo episódio de recorrência.

Em contraste com o que se pensava anteriormente, o risco de peritonite séptica é reduzido e não é aumentado a cada episódio de recorrência.

Os resultados de relatos de pacientes mostram 20% a 35% dos pacientes tratados conservadoramente para dor abdominal crônica em comparação com 5 % a 25 % dos pacientes tratados com cirurgia.

Ensaios clínicos randomizados e estudos de coorte mostraram que os antibióticos e as fibras não são tão benéficos como se pensava anteriormente e que a mesalamina pode ser útil. O tratamento cirúrgico para a doença crônica não é sempre garantia de sucesso.

As conclusões dos estudos recentes demonstram menor papel para uma intervenção agressiva com antibiótico ou cirurgia para tratar a diverticulite crônica ou recorrente do que se pensava ser necessário anteriormente.

Fonte: The Journal of the American Medical Association (JAMA), volume 311, número 3, de 15 de janeiro de 2014


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Distrofias musculares tipo Duchenne e tipo Becker


As distrofias musculares do tipo Duchenne e Becker são doenças genéticas causadas por mutações nos genes, com padrão de herança recessiva ligada ao cromossomo X e que apresentam sintomatologia muito parecida.

A mulher pode ser portadora do gene anômalo e transmitir essa alteração, mas em geral não sofrerá da doença, embora algumas possam ter manifestações clínicas leves. Em contrapartida, todo homem que receba o cromossomo X anômalo sofrerá da doença.

As distrofias musculares do tipo Duchenne e Becker são os tipos mais frequentes de distrofias musculares. Elas causam degenerações dos músculos esqueléticos, lisos e cardíacos em virtude de perdas ou duplicações do DNA.

A integridade das células musculares é mantida pela distrofina, em conjunto com outras proteínas.

As distrofias musculares tipo Duchenne e tipo Becker são causadas por deficiências ou anomalias dessa proteína, o que leva a lesões musculares progressivamente necrosantes.

A distrofia do tipo Becker, ao contrário da do tipo Duchenne, produz distrofina, mas a proteína é maior que o normal e não funciona adequadamente. Na maioria dos casos a mutação responsável pela doença é herdada da mãe assintomática do paciente.

Mulheres portadoras da mutação genética têm 50% de chance de transmitir a alteração a seus filhos, homens ou mulheres. Essas, por sua vez, podem retransmitir a mutação a seus descendentes, sem adoecerem.

No caso da distrofia muscular de Becker, todas as filhas de homens afetados serão portadoras da mutação.

As mulheres familiares de homens doentes que sofram distrofias musculares do tipo Duchenne ou Becker devem ser examinadas e geneticamente aconselhadas, pela possibilidade de que muitas delas sejam portadoras assintomáticas.

Os primeiros sintomas da distrofia muscular progressiva do tipo Duchenne surgem simetricamente em ambos os lados do corpo, antes dos cinco anos de idade: quedas frequentes, dificuldades de subir escadas, de correr ou levantar do chão e hipertrofia das panturrilhas.

O comprometimento muscular tem início pelos músculos da cintura pélvica (quadril e pernas) e piora progressivamente, levando dentro de algum tempo à incapacidade de andar (por volta de 9 a 12 anos de idade), atingindo mais tarde os membros superiores.

Geralmente, o tecido muscular fica mais débil e os músculos aumentam de tamanho (talvez por isso).

No músculo cardíaco essas alterações frequentemente causam problemas na frequência dos batimentos do coração.

As crianças afetadas têm uma marcha vacilante e podem sofrer contraturas musculares, não conseguindo estender totalmente os cotovelos ou os joelhos e causando lordose e escoliose na coluna vertebral, o que leva muitas delas a ficarem confinadas a uma cadeira de rodas já aos 10 ou 12 anos de idade.

A distrofia muscular progressiva do tipo Becker começa mais tardiamente, por volta dos 10 a 15 anos e é bem menos incidente que a distrofia do tipo Duchenne.

Os sintomas dela são semelhantes aos da distrofia de Duchenne, mas consideravelmente mais leves. O comprometimento do coração pode ser o primeiro sinal da enfermidade.

Numa mesma família pode haver indivíduos com diferentes graus de comprometimento muscular.

O diagnóstico das distrofias musculares do tipo Duchenne e do tipo Becker baseia-se no quadro clínico do paciente e na sua história familiar.

Os seguintes exames complementares ajudam a confirmar o diagnóstico: dosagem sanguínea da creatinoquinase (cujos valores encontram-se elevados); exame do DNA; biópsia muscular.

As distrofias musculares de Duchenne e de Becker não têm cura.

O tratamento delas é meramente sintomático e deve ser multidisciplinar, incluindo o médico ortopedista, eventualmente, o cardiologista, o fisioterapeuta e o pedagogo.

O emprego supervisionado dos corticoides ajuda a estabilizar as capacidades motoras e a retardar a incapacidade para andar. Nos casos de grande rigidez e muita dor muscular a cirurgia pode estar indicada.

Ambas as doenças progridem para estados graves, com insuficiência cardiorrespiratória terminal nos adultos ainda jovens.

Em geral esses pacientes têm uma vida curta. A sobrevida depois dos 20 anos de idade depende de cuidados especiais.

Alguns casos (cerca de 30%) apresentam déficit cognitivo e dificuldade de aprendizado.

A debilidade muscular torna os pacientes propensos à pneumonia e a outras doenças.

A distrofia muscular de Becker tem um prognóstico menos grave que a de Duchenne e mais de 90% dos pacientes ainda estão vivos aos 20 anos de idade.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Cistos Renais


Cistos renais são dilatações de certas partes do néfron, que é a unidade funcional do rim.

O néfron é constituído pelo glomérulo e pelos túbulos renais que levam a urina até a pelve renal.

Na maioria das vezes, os cistos são bolsas de paredes finas e bem definidas e são cheios de um líquido semelhante ao plasma ou por algum material sólido.

Os cistos renais podem ser simples, preenchidos por líquido (a maioria: cerca de 70%) ou complexo, preenchido também por algum material sólido.

Em certos casos há áreas de fibrose e contornos irregulares.

Essas alterações podem acometer apenas um dos rins ou ambos os rins e habitualmente são poucos e de tamanhos diminutos.

Quando são muitos, fala-se de rim policístico ou doença renal policística.

Habitualmente os cistos renais são causados por aumento da pressão no interior do rim, aumento do gradiente de soluções salinas que banham o néfron ou obstruções que atinjam essa estrutura renal.

Há também várias doenças genéticas que ocasionam cistos renais.

Os cistos renais podem ocorrer em qualquer idade, desde o nascimento, mas são mais comuns após os 50 anos de idade.

Em muitos casos são assintomáticos, mas podem apresentar dores na região lombar, urina com sangue, infecção urinária e pressão alta. As infecções dos cistos são raras, mas podem levar à formação de abscessos.

Eventualmente, pode haver ruptura dos cistos, causando sangramento interno ou urina com sangue.

Como muitas vezes os cistos são assintomáticos, o diagnóstico muitas vezes corresponde a um achado ocasional de exames de imagens abdominais realizados por outros motivos.

As queixas do paciente, quando existem, são inespecíficas e no exame físico os cistos renais geralmente não têm tamanho para serem palpáveis. O melhor recurso diagnóstico dos cistos renais é a ultrassonografia abdominal e renal.

Ela também permite a diferenciação entre cisto simples e complexo.

Casos de cistos complexos podem exigir tomografia computadorizada ou ressonância magnética para sua diferenciação com um tumor.

Se houver infecção ou sangramento urinário, o exame de urina é mandatório.

Geralmente os cistos renais surgem naturalmente com a idade e não demandam tratamento, a não ser que sejam muito grandes, infeccionem ou causem dores.

Conforme o caso, ele pode ser aspirado ou removido cirurgicamente.

Os pacientes com rins policísticos hereditários podem, em certos casos, receber transplante renal.

Os cistos renais simples NÃO evoluem para malignidade, mas os cistos complexos podem ser confundidos com tumores e verdadeiros tumores podem assumir aparência cística.

O portador de cisto deve ser acompanhado anualmente para prevenir eventuais complicações (hematúria, cálculo, infecção, obstruções etc.).

A maioria dos cistos renais acompanha a pessoa por toda a vida, sem causar nenhum problema maior.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Distimia


A característica essencial do Transtorno Distímico é um humor cronicamente deprimido que ocorre na maior parte do dia, na maioria dos dias, por pelo menos 2 anos.

Os indivíduos com Transtorno Distímico descrevem seu humor como triste ou "na fossa".

Em crianças, o humor pode ser irritável ao invés de deprimido, e a duração mínima exigida é de apenas 1 ano.

Durante os períodos de humor deprimido, pelo menos dois dos seguintes sintomas adicionais estão presentes: apetite diminuído ou hiperfagia, insônia ou hipersonia, baixa energia ou fadiga, baixa auto-estima, fraca concentração ou dificuldade em tomar decisões e sentimentos de desesperança.

Os indivíduos podem notar a presença proeminente de baixo interesse e de autocrítica, freqüentemente vendo a si mesmos como desinteressantes ou incapazes.

Como estes sintomas tornaram-se uma parte tão presente na experiência cotidiana do indivíduo (por ex., "Sempre fui deste jeito", "É assim que sou"), eles em geral não são relatados, a menos que diretamente investigados pelo entrevistador.

Durante o período de 2 anos (1 ano para crianças ou adolescentes), qualquer intervalo livre de sintomas não dura mais do que 2 meses.

O diagnóstico de Transtorno Distímico pode ser feito apenas se no período inicial de 2 anos de sintomas distímicos não houve Episódios Depressivos Maiores.

Se os sintomas depressivos crônicos incluem um Episódio Depressivo Maior durante os 2 anos iniciais, então o diagnóstico é de Transtorno Depressivo Maior, Crônico (se todos os critérios para um Episódio Depressivo Maior são satisfeitos), ou Transtorno Depressivo Maior, em Remissão Parcial (se todos os critérios para um Episódio Depressivo Maior não são satisfeitos atualmente).

Após os 2 anos iniciais de Transtorno Distímico, Episódios Depressivos Maiores podem sobrepor-se ao Transtorno Distímico.

Nesses casos ("dupla depressão"), diagnostica-se tanto Transtorno Depressivo Maior quanto Transtorno Distímico.

Após o retorno ao nível distímico básico (isto é, não mais são satisfeitos os critérios para Episódio Depressivo Maior, mas os sintomas distímicos persistem), apenas o Transtorno Distímico é diagnosticado.

O diagnóstico de Transtorno Distímico não é feito se o indivíduo já apresentou um Episódio Maníaco, um Episódio Misto ou um Episódio Hipomaníaco, ou se os critérios já foram satisfeitos para Transtorno Ciclotímico.

Um diagnóstico separado de Transtorno Distímico não é feito se os sintomas depressivos ocorrem exclusivamente durante o curso de um Transtorno Psicótico crônico, tal como Esquizofrenia ou Transtorno Delirante; neste caso, eles são considerados como características associadas desses transtornos.

O Transtorno Distímico também não é diagnosticado se a perturbação se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., álcool, medicamentos anti-hipertensivos) ou de uma condição médica geral (por ex., hipotiroidismo, doença de Alzheimer).

Os sintomas devem causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional (ou acadêmico) ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Uso de Álcool e Cannabis durante a gestação


A síndrome de Tourette e o transtorno de tique crônico são hereditários, mas etiologicamente complexos.

Embora o ambiente desempenhe um papel importante no seu desenvolvimento, os estudos existentes de fatores de risco não-genéticos são inconsistentes.

Com o objetivo de examinar a associação entre a exposição pré e perinatal a fatores que possam aumentar o risco de desenvolvimento da síndrome de Tourette/tique crônico, foram avaliados os dados de 6.090 crianças, usando regressão logística, no estudo prospectivo de coorte pré-parto conhecido como Longitudinal Study of Parents and Children (ALSPAC).

Os resultados mostraram que os dados anteriormente relatados sobre a relação existente entre a ingestão de álcool na gestação e a síndrome de Tourette/tique crônico foram também observados neste estudo e, além disso, foram identificados novos potenciais fatores de risco pré-natais tais como uso materno de cannabis durante a gestação, ganho de peso materno inadequado durante a gravidez e ordem de paridade (primeiro filho a nascer tem maior risco).

Fonte: The British Journal of Psychiatry, de janeiro de 2014

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Teste do pézinho: o que ele mostra?

O teste do pezinho pode ser feito em hospitais, maternidades ou nos postos de saúde.

Geralmente, ele é feito no hospital em que o bebê nasceu, antes da alta após o parto, mas pode ser realizado após esta data.

O teste do pezinho é gratuito em todo o território nacional!

Ele consiste em uma amostra de sangue retirada do pé do recém-nascido (no terceiro dia de vida) que serve para identificar as seguintes enfermidades:

Fenilcetonúria: uma doença que causa um comprometimento neurológico no desenvolvimento da criança

Hipotireoidismo congênito: doença que pode levar ao retardamento mental e má formações físicas

Anemia falciforme: pode levar a alterações em todos os órgãos e sistemas do corpo

Hiperplasia adrenal congênita: doença que faz com que a criança tenha uma deficiência hormonal de alguns hormônios e um exagero na produção de outros, que pode, inclusive, levar à morte

Fibrose Cística: doença que leva à produção de uma grande quantidade de muco, comprometendo o sistema respiratório, afetando também o pâncreas

Galactosemia: doença que faz com que a criança não consiga digerir o açúcar presente no leite, podendo levar a um comprometimento do Sistema Nervoso Central

Toxoplasmose Congênita: doença que pode ser fatal ou levar à cegueira, icterícia, convulsões ou retardo mental;

Deficiência de biotinidase: Pode levar a convulsões, falta de coordenação motora, atraso no desenvolvimento e queda dos cabelos

Rubéola congênita: provoca deformações congênitas como catarata, surdez, retardo mental e até má formações cardíacas

Herpes congênita: doença rara que pode causar lesões localizadas na pele, mucosas e olhos, ou disseminada, afetando seriamente o sistema nervoso central

Doença do citomegalovírus congênita: pode gerar calcificações cerebrais, retardo mental e motor ou morte fetal

Doenças de chagas congênita: que pode causar aborto; parto prematuro; ou baixo peso ao nascer

Deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase: Facilita o aparecimento de anemias, que podem variar de intensidade

Sífilis congênita: uma doença grave que pode levar ao comprometimento do sistema nervoso central

Aids: doença que leva a um sério comprometimento do sistema imune, que ainda não tem cura

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Dores no ombro


O ombro é a articulação mais móvel do corpo humano.

O manguito rotador do ombro é formado por quatro tendões que dão a ele uma gama muito ampla de movimentos.

Esta estrutura ajuda a mobilizar e estabilizar o ombro, mas é uma região de onde provêm muitas dores. Costuma referir-se como dor no ombro a dor nas articulações do ombro ou ao redor delas.

O ombro é uma complexa estrutura formada por ossos, músculos, tendões e ligamentos e todos esses elementos podem doer.

Além disso, deve ser lembrado que todo impacto recebido pela mão ou pelo braço refletirá no ombro.

Dores no ombro podem ser também causadas por problemas à distância, com o infarto do miocárdio, por exemplo.

A causa mais comum de dores no ombro é a compressão dos tendões do chamado manguito rotador.

Essas tendinites podem dever-se a um desgaste natural devido ao envelhecimento, podem ocorrer por atividades esportivas ou de trabalho que requerem uso constante do ombro ou por uma lesão.

As condições patológicas que mais frequentemente causam dores no ombro são as artrites, bursites, fraturas, síndrome do ombro congelado, inflamação dos tendões dos músculos e luxações do ombro.

O “manguito rotador” pode desenvolver tendinite por excesso de uso.

O grupo de risco é representado por jogadores de vôlei, tênis, golfe, nadadores e pelos atletas de fim de semana mal preparados fisicamente.

Dentistas, datilógrafos, digitadores, professores, etc., que trabalham continuamente com braços levantados são candidatos preferenciais a terem dores nos ombros.

A bursite é a inflamação da bursa (pequenas almofadas cheias de líquido que servem para amortecer o choque entre ossos, músculos e tendões) e afeta aqueles que realizam continuados movimentos repetitivos.

Duas das principais fontes de dor no ombro são a osteoartrite e a artrite reumatoide.

Várias outras causas podem também levar a dores nos ombros.

Em geral elas pioram quando a pessoa tenta mover o braço, sobretudo elevá-lo acima da cabeça ou levá-lo às costas.

Na capsulite adesiva (ou “ombro congelado”) há uma incapacidade de mover o ombro em várias direções, tornando difíceis tarefas simples como pentear os cabelos ou se vestir.

As dores por problemas mecânicos melhoram com o repouso, pioram com certos movimentos ou posições e na maioria das vezes são sentidas na parte da frente ou na lateral do ombro.

As dores inflamatórias limitam severamente todos os movimentos do ombro e pioram mesmo em repouso, especialmente à noite impedindo o sono tranquilo.

Dor por lesões à distância, chamada de dor referida, não restringe os movimentos do ombro.

O diagnóstico das causas de dores no ombro depende de uma história clínica que capte informações detalhadas das características das dores e de um exame físico minucioso.

A pressão sobre certos pontos específicos norteia quanto à estrutura danificada.

A exploração da mobilidade, tanto ativa como passiva do ombro e do pescoço, oferece ao médico outros dados.

A relação das dores com a postura acrescenta outras informações. As dores na articulação do ombro em geral aumentam ao deitar-se e com a elevação dos braços.

A radiografia ou a ressonância magnética podem ser úteis em alguns casos.

A ultrassonografia pode detectar as tendinites.

No caso de suspeita de enfermidades sistêmicas causais o médico pode solicitar outros testes, como exames de sangue, eletrocardiograma, ecocardiograma, tomografia computadorizada de tórax e abdome, etc.

Em princípio o tratamento deve ser fisioterápico, associado a medicações analgésicas e anti-inflamatórias.

A aplicação de gelo, três a cinco vezes ao dia, e um repouso relativo (sem imobilização do ombro) também podem ajudar.

Alguns casos podem exigir cirurgia, geralmente feita por artroscopia, que tanto serve ao diagnóstico quanto a terapêutica das dores no ombro e evita as complicações de um ato cirúrgico a céu aberto.

Quem tem dor no ombro deve usar gelo e medicação a base de ibuprofeno depois de se exercitar.

Mas só deve fazer exercícios que estejam liberados após a avaliação de um ortopedista.

Fazer alongamentos e exercícios de fortalecimento dos tendões do manguito rotador e músculos do ombro, com a orientação de um fisioterapeuta ou outro profissional habilitado para tal tarefa.

Quando estiver se recuperando de tendinite realize movimentos de grande amplitude para evitar o "ombro congelado".

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Hematomas


Um hematoma, ou nódoa negra, é uma acumulação localizada de sangue, (geralmente coágulo num tecido ou órgão), fora de um vaso sanguíneo.

É diferente de uma equimose, que tem a mesma base funcional, mas é plana, isto é, tem praticamente duas dimensões, enquanto o hematoma tem três dimensões.

Isto ocorre porque a parede do vaso sanguíneo, artéria, veia ou capilar, foi danificado e libertou sangue para os tecidos onde não pertence, ou seja uma hemorragia interna.

Um hematoma é geralmente causado por uma lesão ou contusão.

Uma contusão pode ocorrer em qualquer parte do corpo.

Em casos de ferimentos leves, o sangue é absorvido a menos que a infecção se desenvolva.

Contusões (hematomas) e os olhos negros são formas familiares de um hematoma.

Os hematomas estão maioritariamente presentes com uma fractura.

Eles são particularmente graves quando ocorrem dentro do crânio, quando trazem pressões locais sobre o cérebro, nomeadamente a epidural e subdural.

Os tipos menos graves e também com tratamento incluem hematoma subungueal (sob a unha ou a unha do pé); auris hematoma (nos tecidos do ouvido externo, mais conhecido como orelha de couve-flor), e um hematoma perianal (sob a pele ao redor do ânus).

O sangue acumulado é visível sob a superfície da pele, principalmente devido ao sangue acumulado que ocorre fora dos vasos sanguíneos.

Os sintomas de um hematoma dependem da localização e do tamanho do hematoma, geralmente causam irritação inflamação bem como, vermelhidão, dor e inchaço.

Os Hematomas que ocorrem na zona intracraniana exigem imediata atenção médica de especialidade intracraniana, para não afectar ainda mais a sua saúde.

O tratamento de hematomas depende de vários fatores, tais como o seu tipo, tamanho e localização.

Para contusões, no tratamento deverá aplicar gelo ou compressas frias várias vezes por dia para produzir vasoconstrição (diminuição do fluxo de sangue arterial) que ajuda a diminuir o sangramento (hemorragia) e edema (inchaço).

Em geral, quanto mais cedo você aplicar gelo após a lesão, menor sangramento irá resultar.

Também pode consultar o seu médico sobre pomadas a aplicar.

Se possível, eleve o membro com o hematoma.

O sangue irá sair da área da ferida e pode haver menos inchaço.

O resto do membro também irá ajudar a evitar outras lesões.

Se ainda tiver dores, após cerca de 48 horas, aplique calor com toalhas quentes, uma garrafa de água quente ou almofada de aquecimento.

O calor é aplicado por 20 minutos a uma hora para promover a absorção e reparação.

Uma vez que o calor provoca edema e aumento de tecido líquido, que pode prejudicar a função, compressas quentes podem ser seguidas de aplicações de frio para minimizar os efeitos adversos do calor.

A pressão sob a forma de uma bandagem elástica adesiva pode ser útil para reduzir o sangramento e inchaço.

Se a infecção se desenvolver na ferida, os sinais e sintomas podem ser mais graves, como uma febre de 38 graus ou mais, edema circundante com vermelhidão e pus.

Se qualquer um destes sintomas aparecerem, o seu médico deve ser notificado para garantir que não fique com mais um problema de saúde.


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Numa crise de pânico...



Como ajudar:

A intenção neste texto é ajudar as pessoas que convivem com alguém que sofra de pânico a agir de maneira adequada para auxiliar na sua recuperação.

Aqui você encontrará algumas dicas básicas e essenciais para entender melhor esse problema e saber até que ponto e de que maneira ajudar.

Nunca menospreze o problema

A síndrome do pânico não é frescura, bobagem ou loucura. Nunca diga a uma pessoa que apresenta sintomas de pânico que ela não tem nada demais ou que é fraqueza dela. A síndrome do pânico é um problema real que deve ser levado a sério. É importante saber que a pessoa já sofre o bastante com os sintomas da doença, fazê-la se sentir fraca ou perturbada mentalmente é muito cruel e absolutamente desnecessário. A pessoa não é fraca nem covarde, apenas está doente e precisa de ajuda.

Não exerça nenhum tipo de pressão

Se uma pessoa com esse problema diz que não tem condições de fazer algo é porque realmente não tem. A síndrome do pânico não impede o paciente de perceber suas limitações com relação à doença. Não fique insistindo pra ela sair ou desencanar; acredite, ela quer muito isso, mas não está em condições de enfrentar algumas situações sem ter uma crise ou mal-estar. Tenha muita calma.

Evite formas de incentivo grosseiras ou agressivas

Evite tentar incentivá-la "dando um empurrãozinho" ou um "chacoalhão", esperando que assim ela reaja. A pessoa está certamente muito sensibilizada e esse tipo de incentivo pode soar como uma agressão para ela, pois certamente se sentirá fraca diante dos outros. Gritar ou dizer certas coisas em tom muito entusiástico para provocar uma reação pode atrapalhar mais do que ajudar.

Evite contar histórias trágicas ou de enfermidades para quem tem esse problema

Em geral, durante o período de crises, a pessoa fica muito suscetível a incorporar sintomas às suas crises, tem medo de ter a mesma doença que ouviu falar ou de sofrer um acidente como "aquele que aconteceu com a vizinha..."

Mantenha a calma durante as crises

Embora seja difícil, procure manter a calma se a pessoa tiver uma crise. Se você não se abalar , mostrar que está por perto para ajudá-la e conseguir acalmá-la, dar segurança, dificilmente ela terá outra crise perto de você. Se você se envolver no desespero do paciente, dificilmente poderá ajudá-lo. As crises podem demorar um pouco, mas elas passam.

Evite tratar quem tem o problema como um coitadinho

Qualquer ser humano se sente inferiorizado quando sentem pena dele. Cuide da pessoa com confiança em sua recuperação e não como se ela fosse uma vítima das circunstâncias.

Jamais indique medicamentos por conta própria ou por experiências de terceiros

Deve-se sempre consultar um psiquiatra para saber qual o tratamento mais indicado para cada caso.

Seja paciente com a pessoa e consigo mesmo

É preciso ter muita paciência e não é nada fácil entender o que se passa nessa situação.

Por isso, se você se sentir impotente ou incapaz de entender e ajudar, saiba que isso é bastante comum.

Você jamais deve se sentir um inútil por não poder resolver o problema.

A melhor ajuda que você pode dar é manter a calma e confiar muito na recuperação da pessoa, mostrando sempre que você está ali para apoiá-la.

Se for necessário, procure um dos grupos de ajuda que estão na página "onde procurar ajuda". Eles também podem ajudar as famílias dos pacientes e dar maiores informações sobre a doença.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Crianças com dores de cabeça crônicas


Queixas frequentes de dor de cabeça em crianças devem ser levadas a sério.

Um estudo recente concluiu que 7,9% das crianças brasileiras de 5 a 12 anos têm enxaqueca.

Terapia cognitivo-comportamental associada à amitriptilina para enxaqueca crônica em crianças e adolescentes

Até o momento, não existem intervenções seguras, eficazes e duradouras baseadas em evidências para o tratamento de crianças e adolescentes com enxaqueca crônica.

Com o objetivo de determinar os benefícios da terapia cognitivo-comportamental (TCC), quando combinada à amitriptilina, versus a educação sobre dor de cabeça mais o uso de amitriptilina, em um grupo de crianças e adolescentes com cefaleia crônica, foi realizado um estudo clínico randomizado (aleatório) com 135 jovens (79% do sexo feminino), com idades entre 10 e 17 anos, com diagnóstico de enxaqueca crônica (≥ 15 dias com dor de cabeça/mês) e um Índice de Avaliação de Incapacidade Pediátrica com a Enxaqueca (PedMIDAS), do inglês Pediatric Migraine Disability Assessment Score, maior do que 20 pontos.

Eles foram distribuídos em grupos para receber TCC mais amitriptilina ou educação sobre dor de cabeça mais amitriptilina.

O estudo foi realizado no Headache Center do Cincinnati Children’s Hospital, entre Outubro de 2006 e Setembro de 2012; 129 completaram 20 semanas de acompanhamento e 124 completaram 12 meses de acompanhamento.

Dez sessões de TCC versus dez sessões de educação sobre dor de cabeça envolvendo tempo equivalente e atenção do terapeuta fizeram parte das intervenções realizadas.

Cada grupo recebeu 1 mg/kg/dia de amitriptilina e uma visita ao final de 20 semanas. Além disso, as visitas de acompanhamento foram realizadas em 3, 6, 9 e 12 meses.

Os principais resultados foram os dias com dor de cabeça, como desfecho primário, e a pontuação no PedMIDAS (faixa de pontuação de incapacidade: 0-240 pontos; 0-10 para pouco ou nenhuma, 11-30 para leve, 31-50 para moderada, maior que 50 para grave) como desfecho secundário; ambos determinados em 20 semanas de acompanhamento.

O significado clínico foi medido por uma redução de 50% ou mais nos dias com dor de cabeça e uma pontuação de incapacidade na faixa de leve a nenhuma (< 20 pontos).

No início do estudo, houve uma média de 21 dias com dor de cabeça em um período de 28 dias e a média no índice PedMIDAS foi de 68 pontos.

Ao final de 20 semanas, os dias com dor de cabeça foram reduzidos em 11,5 dias a menos para o grupo de TCC mais amitriptilina versus 6,8 dias a menos para o grupo da educação sobre dor de cabeça e amitriptilina.

Os valores do índice PedMIDAS diminuíram 52,7 pontos para o grupo TCC versus 38,6 pontos para o grupo da educação.

No grupo TCC, 66% tiveram uma redução de 50% ou mais em dias de dor de cabeça versus 36% no grupo de educação sobre cefaleia.

Aos 12 meses de acompanhamento, 86% do grupo TCC tiveram uma redução de 50% ou mais em dias de dor de cabeça contra 69% do grupo da educação em dor de cabeça, 88% do grupo TCC tinham um PedMIDAS de menos de 20 pontos versus 76% do grupo da educação.

A credibilidade das medidas de tratamento e a integridade do tratamento foram altas para ambos os grupos.

Concluiu-se que entre os jovens com enxaqueca crônica, o uso de TCC mais amitriptilina resultou em maiores reduções nos dias com dor de cabeça e na incapacidade relacionada à enxaqueca em comparação ao uso da educação sobre dor de cabeça mais amitriptilina.

Estes resultados suportam a eficácia da TCC no tratamento de enxaqueca crônica em crianças e adolescentes.


Fonte: The Journal of the American Medical Association (JAMA), volume 310, número 24, de 25 de dezembro de 2013

sábado, 11 de janeiro de 2014

Efeitos dos Ansiolíticos


Aparentemente o efeito ansiolítico dos Benzodiazepínicos está relacionado com um sistema de neurotransmissores chamado gabaminérgico do Sistema Límbico.

O ácido gama-aminobutírico (GABA) é um neurotransmissor com função inibitória, capaz de atenuar as reações serotoninérgicas responsáveis pela ansiedade.

Os Benzodiazepínicos seriam, assim, agonistas (simuladores) deste sistema agindo nos receptores gabaminérgicos.

Assim, quando, devido às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias, determinadas áreas do cérebro funcionam exageradamente, resultando num estado de ansiedade, os benzodiazepínicos exercem um efeito contrário, isto é, inibem os mecanismos que estavam funcionando demais e a pessoa fica mais tranqüila e menos responsiva aos estímulos externos.

Como conseqüência desta ação, os ansiolíticos produzem uma depressão da atividade do nosso cérebro que se caracteriza por:

1) diminuição de ansiedade;
2) indução de sono;
3) relaxamento muscular;
4) redução do estado de alerta.

É importante notar que os efeitos dos benzodiazepínicos podem ser fortemente aumentados pelo álcool, e a mistura álcool + benzodiazepínico pode ser prejudicial.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Vitamina E na Doença de Alzheimer


O ensaio clínico randomizado TEAM-AD VA, publicado pelo The Journal of the American Medical Association (JAMA), foi realizado com o objetivo de determinar se a vitamina E (alfa-tocoferol), a memantina, ou ambos, retardam a progressão dos sintomas em pacientes com doença de Alzheimer (DA) leve a moderada que fazem uso de um inibidor da acetilcolinesterase.

Embora já tenha sido demonstrado que a vitamina E e a memantina têm efeitos benéficos na doença de Alzheimer (DA) moderadamente grave, as evidências são limitadas na doença de Alzheimer leve a moderada.

O estudo clínico, duplo-cego, controlado por placebo, com grupos paralelos, envolvendo 613 pacientes com DA leve a moderada, foi iniciado em agosto de 2007 e concluído em setembro de 2012 em 14 centros médicos Veterans Affairs.

Os participantes receberam 2000 UI de alfa-tocoferol ao dia, 20 mg/dia de memantina, uma combinação dessas medicações ou placebo.

Para avaliar os resultados foi usado o score Alzheimer’s Disease Cooperative Study/Activities of Daily Living (ADCS-ADL) Inventory (variação de 0 a 78).

Os desfechos secundários incluíram medidas cognitivas, neuropsiquiátricas, funcionais e de cuidadores desses doentes.

Os dados de 561 participantes foram analisados (alfa-tocoferol=140, memantina=142, combinação=139, placebo=140), com 52 excluídos por falta de dados de acompanhamento.

As conclusões mostram que entre os pacientes com DA leve a moderada, aqueles que receberam 2000 UI/dia de alfa-tocoferol em comparação ao grupo que recebeu placebo apresentaram declínio funcional mais lento.

Não houve diferenças significativas entre os grupos que receberam apenas memantina ou memantina mais alfa-tocoferol.

Estes resultados sugerem benefícios do alfa-tocoferol na doença de Alzheimer leve a moderada, retardando o declínio funcional e diminuindo a sobrecarga para os que cuidam desses pacientes.

Fonte: The Journal of the American Medical Association, volume 311, número 1, 1° de janeiro de 2014

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Informações sobre rotura uterina


Ruptura uterina (ou rotura uterina) é o rompimento lento e progressivo, total ou parcial, das paredes do útero, o que mais frequentemente ocorre durante o parto.

No entanto, essa complicação não ocorre apenas durante o parto, pode acontecer também durante a gestação.

Nesse caso, as cavidades abdominal e uterina entram em comunicação e há extrusão do feto ou de partes dele.

Trata-se de uma das complicações obstétricas mais temidas da gravidez porque representa risco de vida tanto para o feto quanto para a mãe.

A ruptura uterina ocorre devido a um aumento de pressão no interior do útero, seja pelas contrações uterinas durante o trabalho do parto (o mais comum) seja pelo crescimento do próprio feto, durante a gestação.

Ela pode dever-se a condições inerentes ao parto e aos procedimentos obstétricos, tais como desproporção cefalopélvica e parto obstruído, por exemplo, ou ser facilitada por fatores ligados à gestante: um grande número de partos anteriores; cirurgias uterinas prévias (inclusive cesariana), etc.

Outros fatores que podem levar à ruptura uterina são: traumas e cicatrizes uterinas, malformações congênitas do útero, doenças uterinas diversas, desnutrição, polidrâmnio (aumento do líquido amniótico), tumores, curetagens mal feitas, dentre outros.

Se a ruptura ocorre no início da gestação, a paciente apresentará um quadro de abdome agudo, com dor intensa e sinais de sangramento interno.

Se ocorre mais tarde durante a gestação pode ser pouco sintomática e evoluir aos poucos, causando uma dor abdominal imprecisa e sangramento vaginal.

Quando ocorre durante o trabalho de parto, geralmente se apresenta com dor súbita e bem localizada no abdome, interrupção do parto e as repercussões do grande sangramento causado pela rotura.

Existem casos em que a rotura se dá apenas em alguma das camadas do útero, mas não em todas: ruptura incompleta.

Nestes casos os sintomas são menos intensos e na maioria das vezes a situação só é reconhecida após o parto.

Uma ruptura até então incompleta pode tornar-se completa no momento do parto.

Em geral, uma história clínica detalhada e um exame físico bem feito são suficientes para estabelecer o diagnóstico da paciente.

Muitas vezes o quadro clínico é, inclusive, exuberante. Se necessário, uma ultrassonografia pode ajudar a esclarecer o diagnóstico.

Nas pacientes com prole já constituída pode ser feita uma histerectomia parcial ou total.

Nas mulheres que desejam ter mais filhos, pode ser feita uma sutura uterina.

Uma cesariana de urgência pode tentar extrair o feto ainda vivo e, posteriormente, proporcionar ao obstetra as condições para fazer a sutura do útero.

A administração de antibióticos deve ser feita logo a seguir. Uma transfusão de sangue também pode ser necessária.

A rotura durante a gestação é mais rara que aquela que ocorre durante o trabalho de parto.

O óbito materno é menos frequente que o óbito fetal, que pode alcançar até 60% dos casos.

A fim de diminuir os riscos de ruptura uterina deve-se observar um intervalo entre os partos de, no mínimo, dois anos.

A paciente deve fazer um acompanhamento pré-natal em que os fatores de risco sejam corretamente avaliados e seus possíveis efeitos sejam minimizados.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Laser para o tratamento de problemas de pele


Os feixes de raios laser, quando adequadamente aplicados à pele, permitem curar várias alterações.

Existem dois tipos de aparelhos para aplicação terapêutica de raios laser: os de luz coerente e os de luz não-coerente.

Os primeiros têm apenas um comprimento de onda constante e são usados para tratamentos específicos e os outros apresentam vários comprimentos de onda e se usa numa variedade maior de tratamentos.

O laser também é muito procurado para remover pelos e tatuagens.

Adequadamente usado, o laser pode apresentar resultados benéficos na correção ou tratamento das olheiras, manchas, sardas, estrias, vasinhos estourados, pelos, rugas, rosáceas, nevos, hemangiomas, psoríases, herpes, queloides, fungos nas unhas e lesões descamativas da pele.

Antes de usar o laser as pacientes (geralmente são mulheres) devem ficar sem expor-se ao sol por um mês e depois das aplicações por mais um mês. Tanto o terapeuta como o paciente devem usar óculos de proteção durante todo o procedimento.

Após cada sessão deve-se hidratar corretamente a pele e beber bastante água. O laser faz uma fotodermólise seletiva das lesões da pele.

Com modificações no aparelho de aplicação pode-se atingir camadas da pele de diferentes profundidades, de acordo com as lesões a serem corrigidas.

Em todos os casos, o laser estimula o colágeno e garante a firmeza da pele permitindo a ela “rejuvenescer”.

É necessário verificar previamente o tipo de pele da paciente e se ela está em condições de receber o laser.

O número de sessões de aplicação do laser deve ser definido pelo médico, mas é muito variável e depende tanto do tipo de lesão a ser tratada quanto do estado em que se encontre a pele.

A aplicação dos raios laser não causa dor forte, mas pode levar a um certo incômodo durante a aplicação.

Como é um tratamento não invasivo, o laser permite que o paciente volte às suas atividades tão logo acabe sua sessão.

O uso médico dos raios laser, embora muito seguro, não é totalmente inofensivo e exige a observação de certas condições para serem aplicados.

Além disso, muitas lesões diferentes, que requerem diferentes formas e frequências de aplicações, podem parecer idênticas para o leigo.

Por isso, o laser só deve ser aplicado por um médico que entenda os detalhes de cada situação e possa dizer o que é e o que não é tratável com o laser.

Cada caso requer um tipo diferente de laser.

Mesmo com especialistas treinados podem ocorrer problemas, mas esses profissionais experientes têm mais chances de tratá-los e corrigi-los.

Como todo tratamento, o laser também tem suas limitações e contraindicações.

O laser não deve ser usado na gravidez, em lactantes e em pessoas com certas doenças de pele.

Também não deve ser feito em casos de bronzeamento da pele, pois pode causar bolhas e queimaduras. Mais manchas, cicatrizes e queimaduras são problemas comuns de uma má aplicação do laser.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Paralisia Cerebral Infantil


A paralisia cerebral (ou encefalopatia crônica não progressiva) não é uma doença, mas um estado patológico e refere-se a vários distúrbios cerebrais não completamente curáveis, que existem em decorrência de lesões de uma ou mais de uma área cerebral.

Estas alterações podem atingir os movimentos corporais, o complexo muscular e, por vezes e em graus variáveis, o desenvolvimento intelectual.

A paralisia cerebral se deve a lesões ocorridas devido à carência de oxigênio das células cerebrais, normalmente provocadas ao longo da gravidez, durante o trabalho de parto, logo após sua conclusão ou na infância muito precoce.

Embora no todo sejam irreversíveis, os danos musculares podem ser parcialmente reduzidos com as terapêuticas apropriadas.

Algumas causas maternas de paralisia cerebral no período anterior ao nascimento são: rubéola, toxoplasmose, sífilis, AIDS, consumo exagerado de drogas, álcool ou fumo.

Já no parto as causas mais comuns são as hemorragias intracranianas e os traumas cerebrais.

As doenças do bebê que podem funcionar como causas são as meningites, as convulsões de outras etiologias e a desnutrição, entre outras.

Segundo a esfera afetada, a paralisia cerebral pode provocar deficiência mental, problemas na visão, comprometimento do comportamento, da linguagem, distúrbios ortopédicos e epilepsia. Se as áreas atingidas não forem aquelas às quais se atribuem as funções do pensamento e da memória, o desenvolvimento intelectual pode ser normal.

Às vezes, são as faculdades de ver, ouvir ou falar que são afetadas e as pessoas são equivocadamente consideradas como deficientes mentais.

Os pacientes com paralisia cerebral possuem principalmente comprometimento motor discinético (que afetam os movimentos), do tipo tetraplegia (paralisia dos quatro membros), monoplegia (paralisia de um dos membros), diplegia (paralisia de dos dois membros) e hemiplegia (paralisia dos membros de um lado do corpo) ou hipercinéticos (que tornam os movimentos exagerados).

Também são comuns cifoescoliose (problema na coluna), deformidades nas pernas e nos pés.

O diagnóstico de paralisia cerebral e da sua especificidade deve ser feito pelo neurologista infantil, que poderá querer contar com a colaboração de outros profissionais como psicólogos, fisioterapeutas, etc.

Como em geral o diagnóstico só pode ser feito alguns meses depois da lesão causal, ele muitas vezes é difícil ou torna-se especulativo.

A tomografia computadorizada, a ressonância magnética e o eletroencefalograma podem auxiliar muito na localização e dimensionamento das lesões.

O tratamento da paralisia cerebral variará segundo as especificidades de cada caso e com a natureza desta enfermidade.

Por exemplo; se houver ataques epiléticos deve-se tentar controlá-los; se houver espasmos, deve ser desenvolvida uma terapêutica para contê-los; se houver complicações ortopédicas deve-se procurar corrigi-las, etc.

O tratamento cirúrgico é reservado para a necessidade de corrigir deformidades e/ou estabilizar articulações, além de preservar a função e aliviar a dor, se for o caso.

Em todos os casos, a terapêutica deve ser interdisciplinar e reunir esforços de médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Cafeína: prepare-se, pois o texto é longo!


Muito provavelmente a cafeína vem sendo utilizada, por seus efeitos sobre o Sistema Nervoso Central, desde o período paleolítico (Barone e Roberts, 1984). Os relatos mais confiáveis, entretanto, referem que ela tem sido consumida há milênios. Os chineses já a consumiam no século IV a.C.

Nossa cultura atual reconhece que o café, tal como se conhece hoje, seja originário da Etiópia (antiga Abissínia), difundindo-se na península arábica através do Iêmen e, dos árabes, para o resto do mundo. Na Europa o café foi mais fortemente introduzido a partir do século XVI pelos espanhóis e holandeses, no período das conquistas ultramarinas (James,...1997). Antes disso o café era consumido de maneira restrita e a bebida nobre era o chá.

A inclinação periódica de desqualificar o café, muitas vezes em favor do chá, é igualmente antiga. Um fato curioso ocorreu com o rei sueco Gustavo II. O monarca considerava o café uma bebida revolucionária e uma ameaça a civilização. Por causa disso idealizou uma experiência para mostrar as conseqüências do uso do produto: um prisioneiro condenado à morte seria forçado a beber café diariamente até morrer, enquanto outro condenado beberia chá. Por ironia, os médicos responsáveis pelo estudo morreram primeiro, seguidos pelo assassinato do rei. Quanto aos prisioneiros, o primeiro a falecer foi o bebedor de chá, aos 83 anos (Messias,...2001).

A cafeína, quimicamente conhecida por 1,3,7-trimetilxantina, é o ingrediente ativo do café, mas pode estar presente em muitas comidas e bebidas. Essa substância pertence ao grupo de compostos das metilxantinas, onde se inclui também o chá. As xantinas são substâncias capazes de estimular o sistema nervoso, produzindo certo estado de alerta de curta duração.

Além do café, a cafeína também é encontrada em outras bebidas, em proporções menores, tais como naquelas bebidas contendo cacau, cola, chocolate, além do chá e de alguns remédios do tipo analgésico ou contra gripes. Devido à diversidade de produtos que contém cafeína, presente em mais de 60 espécies de plantas do mundo, ela é, seguramente, a droga psicoativa mais popular no mundo (Glass,...1994; Palfai e Jankiewiez, 1991).

A cafeína é mesmo a substância estimulante de maior consumo em todo mundo. Só nos Estados Unidos, calcula-se que a média de ingestão diária por pessoa seja superior a 150mg, o equivalente a 3,5 kg de café por ano por pessoa.

Considerando que a cafeína está presente no café, chá, chocolates, refrigerantes à base de cafeína ou medicamentos, pode-se dizer que cerca de 80% da população geral faz uso dessa substância diariamente, embora seja muito difícil quantificar seu consumo (Strain & Griffiths, 2000). Nas últimas décadas, devido ao aumento do consumo de refrigerantes do tipo cola, tem crescido o consumo de cafeína, sobretudo entre os adolescentes.

De todos os estudos publicados até agora sobre a cafeína, não se pode extrair de forma incontestável, dados que comprovem que essa substância apresenta perigos ao organismo (Boa Saúde). Ao lado de muitas recomendações médicas, técnicas e científicas na direção de se evitar consumir a cafeína em excesso, a substância pode até atuar de forma terapêutica e ser consumida com a devida prescrição médica.

Níveis de cafeína por volume, alguns exemplos:

Café expresso - 2 xícaras - 250 a 330 mg

Café descafeinado - 2 xícaras - 1 a 5 mg

Chá instantâneo - 2 xícaras - 25 a 50 mg

Coca-Cola - 1 copo - 45 mg

Pepsi-Cola - 1 copo - 40 mg

E por aí vai...

Erick Messias cita que, na Inglaterra, em 1676, o rei Charles II não teve sucesso em tentar proibir as casas que serviam café, enquanto que, na França, os cafés se tornariam locais de reunião dos intelectuais. Consta que os cafés franceses contavam com freqüentadores famosos, como Robespierre, Victor Hugo, Voltaire, Napoleão e Rousseau.

Hoje a cafeína é consumida regularmente por bilhões de pessoas no mundo, configurando diversas e variadas práticas culturais, sendo até vital para algumas economias. Os países latinos têm, tradicionalmente, o hábito de tomar café mais concentrado, com maior teor de cafeína, enquanto os americanos preferem o café bem mais diluído, de preferência descafeinado. De modo geral, fora o Brasil e Cuba, os maiores produtores de café, a Grã-Bretanha, a Itália, a Escandinávia e os EUA são os maiores consumidores de cafeína do mundo (Strain & Griffiths, 2000; James,...1997).

A cafeína é um estimulante do Sistema Nervoso Central. Penetrando na corrente sanguínea atinge o córtex cerebral exercendo aí seus efeitos. O que se percebe, inicialmente, é uma espécie de revigoramento e diminuição do sono e da fadiga.

No Sistema Nervoso Central, mais precisamente, no Sistema Nervoso Autônomo, o sistema de neurotransmissão baseado no neurotransmissor adenosina age como redutor da freqüência cardíaca, da pressão sanguínea e da temperatura corporal. Normalmente é o que acontece quando somos acometidos pela sensação de cansaço, torpor e sono. A cafeína exerce uma ação inibidora sobre esses receptores do neurotransmissor adenosina, situados nas células nervosas. Por isso dá-nos uma sensação de revigoramento, diminuição do sono e da fadiga.

Por outro lado, a cafeína exerce um efeito sobre a descarga das células nervosas e a liberação de alguns outros neurotransmissores e hormônios, tais como a adrenalina. Ela age também sobre aumento da secreção da enzima lipase, uma lipoproteína que mobiliza os depósitos de gordura para utilizá-los como fonte de energia no lugar do glicogênio muscular. Esse efeito de poupar o glicogênio, torna o corpo mais resistente à fadiga.

Uma xícara de café forte costuma produzir em poucos minutos, um aumento da acuidade mental e sensorial, além de elevar o nível de energia, tornando a pessoa mais alerta e proporcionando bem-estar.

Uma xícara comum de café contém cerca de 50 a 150 miligramas de cafeína, enquanto uma xícara de chá ou de refrigerantes a base de cola tem entre 35 a 50 miligramas. O café coado tem menos teor de cafeína que o café sírio, por exemplo, que não se filtra, ficando o pó assentado no fundo do recipiente e muito menos que o café expresso (sob pressão de vapor). Este último tem maior proporção de cafeína, conseqüentemente produz um maior estado energético. Assim consumido e, freqüentemente, e em altas doses, a cafeína pode vir a provocar uma dependência moderada em certas pessoas.

Em doses muito elevadas a cafeína pode provocar a liberação espontânea de íons cálcio dentro do músculo, desencadeando pequenos tremores involuntários, aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca.

Em medicina, a cafeína tem sido usada para reativar padrões deprimidos de respiração, como terapêutica auxiliar no tratamento de dores, principalmente de cabeça e enxaqueca. Mais recentemente a cafeína tem sido usada como coadjuvante em muitos remédios para o dor, controle do peso, alívio de alergias e para melhorar o estado de alerta (Barone e Roberts, 1984).

Duas a três xícaras de café forte (aproximadamente 250 mg de cafeína), numa pessoa que não faz uso regular da bebida, pode causar aumento da freqüência cardíaca (taquicardia). Em alguns casos pode haver sensação de palpitação produzida pela ocorrência de extra-sístoles.

Há também maior probabilidade de haver um aumento da pressão sangüínea desencadeada pela cafeína, juntamente com vasodilatação e aumento do fluxo sangüíneo para os tecidos em geral, incluindo as coronárias.

Os vasos sangüíneos cerebrais, por sua vez, apresentam diminuição do calibre. Essa vasoconstricção cerebral é a propriedade que justifica o emprego da cafeína no tratamento de crises de enxaqueca, onde a vasodilatação existente é responsável pelo quadro, e é combatida pela cafeína.

Entretanto, tudo isso pode ser modificado com o uso regular da cafeína. Essa mudança de resposta do organismo aos efeitos da cafeína dá-se pelo desenvolvimento de uma tolerância à substância, a partir da qual ela não causa mais qualquer tipo de alteração na pressão sanguínea, na freqüência cardíaca e no fluxo de sangue aos tecidos.

A cafeína possui dois efeitos importantes no sistema respiratório. Ela estimula os neurônios do centro respiratório do cérebro proporcionando um aumento discreto da freqüência e a intensidade da respiração, juntamente com um efeito local nos brônquios, produzindo um satisfatório efeito broncodilatador. Essas propriedades sugerem benefícios no consumo regular de cafeína por pacientes asmáticos.

A ingesta aguda de cafeína produz um moderado aumento no volume de urina e na excreção urinária de sódio, diminuindo a reabsorção de sódio e de água nos túbulos renais. Assim sendo ela tem algum efeito diurético que pode ser útil no alívio de cólicas menstruais (dismenorréia) produzidas pela retenção de líquidos. Esse efeito de alívio na dismenorréia e realçado pelos efeitos analgésicos da substância.

A cafeína estimula a secreção gástrica de ácido clorídrico e da enzima pepsina no ser humano, em doses a partir de 250 mg (duas xícaras de café forte). Essa característica da cafeína a contra-indica em pacientes com úlcera digestiva. Entretanto, em pessoas sem nenhuma patologia digestiva a cafeína não tem sido associada a um maior risco de úlcera péptica. Essa associação ainda não foi difinitivamente investigada e esclarecida através de pesquisas clínicas convincentes.

A cafeína tem sido associada à um aumento nos níveis de ácidos graxos livres no sangue, portanto, funcionaria como uma substância capaz de mobilizar gorduras. Esse efeito não teria influência da tolerância, ou seja, ele se observaria tanto em pessoas que usam cafeína esporadicamente, como nos usuários crônicos.

O efeito termogênico, de aumento dos níveis de ácidos graxos, ocorre devido a uma mobilização das gorduras de seus depósitos (lipólise), muito provavelmente em conseqüência da ação da cafeína como antagonista dos efeitos da adenosina no tecido adiposo. Atualmente já existem evidências de que possa ter algum efeito da cafeína no emagrecimento de pessoas obesas, principalmente quando ingerida junto com as refeições.

Ainda em relação ao Sistema Endócrino, a ingestão de cafeína por uma pessoa que não faça uso regular da mesma, pode causar um aumento dos níveis de alguns hormônios, como a renina, as catecolaminas, a insulina e o hormônio da paratireóide. Estes efeitos, entretanto, como acontece no fenômeno da tolerância, não ocorrem na pessoa que faz uso regular da substância devido à adaptação do organismo à mesma.

Muitos usos terapêuticos para a cafeína têm sido propostos, como para a inseminação artificial no caso de espermatozóides hipocinéticos, dores de cabeça, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Doença de Parkinson, Dermatite Atópica e Apnéia Neonatal.

A possível ação antineoplásica da cafeína necessita de pesquisas adicionais, pois a cafeína poderia ter um importante papel protegendo fumantes contra o câncer de pulmão. A cafeína pode ser de algum benefício no tratamento da dermatite atópica. Uma das aplicações terapêuticas para a qual a cafeína possui seu maior potencial é no tratamento da Apnéia Respiratória Neonatal.

O café (ou a cafeína) pode ajudar a deter a Doença de Parkinson ou mesmo prevení-la. Mas, tendo em vista o ainda reduzido número de trabalhos sobre esse tema (43 trabalhos referidos pela Medline), não se sabe o suficiente para poder recomendar com bastante segurança, o aumento do consumo de café como medida preventiva para a Doença de Parkinson.

A Doença de Parkinson causa tremores musculares e fraqueza, afeta cerca de uma pessoa em cada 200, em todo o mundo, mais comumente idosos. Entre as vítimas mais famosas encontram-se, atualmente, o papa João Paulo II, o ex-boxeador Muhammad Ali e o ator Michael J. Fox.

Alguns estudos atuais têm sugerido, fortemente, que a cafeína pode estar relacionada à prevenção da Doença de Parkinson. Entre esses estudos destacamos três, um de Ross e colaboradores, de 2000, mostrando um efeito protetor da cafeína sobre o desenvolvimento da Doença de Parkinson, e dois trabalhos, de 2001, corroborando esses resultados.

O estudo de Ross (2000) enfocou dados colhidos durante 30 anos de 8.004 homens participantes de um programa cardíaco e descobriu que, quem não bebia café tinha um risco de desenvolver a Doença de Parkinson cinco vezes maior do que as pessoas que consumiam cinco ou mais xícaras de café por dia.

Ascherio e colaboradores (2001), estudaram uma população de 47.351 homens e 88.565 mulheres sem Doença de Parkinson, mediante a aplicação de um detalhado questionário dietético sobre o estilo de vida, atualizando-os a cada dois ou quatro anos. Os resultados apontaram para um possível efeito protetor de doses moderadas da cafeína no desenvolvimento da Doença de Parkinson.

Também em 2001, Chen e colaboradores elaboraram estudos epidemiológicos associando o consumo de cafeína e Doença de Parkinson. Os dados de Chen estabelecem uma base neurológica potencial para a associação inversa da cafeína com o desenvolvimento da Doença de Parkinson, ou seja, quanto mais presente estava a cafeína na vida da pessoa, menores eram as possibilidades dessa doença. A cafeína atuaria impedindo os deficits dopaminérgicos característicos da Doença de Parkinson.

A cafeína, por ter a propriedade de contrair os vasos sangüíneos, compensa a dilatação dos vasos sangüíneos do crânio que normalmente causa a dor de cabeça, aliviando esse desagradável sintoma. Além disso, a cafeína parece potencializar os efeitos de outros analgésicos além de melhorar as dores de cabeça por razões emocionais.

Seymour Diamond (2001), realizou estudo com 301 pessoas que sofrem de dor de cabeça (cefaléia) freqüente, mostrou que uma dose de cafeína também pode ajudar a tratar a cefaléia comum associada à tensão e atingir resultados ainda melhores se combinada com ibuprofeno.

Da população pesquisada, 80% dos que tomaram a combinação de ibuprofeno com cafeína verificaram que as dores melhoraram significativamente em seis horas, comparadas a 67% que tomaram somente ibuprofeno.

Os pacientes que receberam ibuprofeno associado à cafeína tiveram um alívio da dor quase uma hora antes dos pacientes que tomaram apenas ibuprofeno. Esses pacientes pesquisados por Diamond apresentavam dores de cabeça associadas à tensão, conhecidas como cefaléias por tensão, de 3 a 15 vezes por mês.

Feldman (1994), recomenda que pacientes portadores de cefaléia tipo enxaqueca, crônica, pararem de tomar café por um algum tempo, com o objetivo de "limpar o organismo" para, quando estiverem sofrendo uma crise de enxaqueca e não quiserem tomar algum outro tipo de remédio, possam servir-se de duas xícaras de café bem forte para obter alívio.

Sabe-se, há tempos, que substâncias estimulantes podem melhorar a atenção. Warburton (2001) pesquisou o efeito de alguns estimulantes, entre eles a cafeína, sobre os níveis de atenção, com resultados bastante positivos.

Em pacientes portadores de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (veja) o uso de estimulantes, notadamente a cafeína, tem desempenhado um efeito próximo de brilhante (Riccio,...2001). Nesse transtorno estaria prejudicada a atenção voluntária (e seletiva) por um excesso de atenção expontânea (aumento da vigilância e prejuízo da tenacidade). A cafeína teria um possível efeito nos mecanismos frontais do controle, isto é, melhorando a atenção focalizada (expontânea) e favorecendo uma maisor seletividade do objeto a dedicar atenção (Ruijter,...2000).

Alguns trabalhos estudaram os efeitos da cafeína na melhora da atenção para dirigir veículos em pessoas que haviam ingerido álcool. Os resultados, embora apontem alguma melhora da atenção, não diminuem satisfatoriamente os efeitos danosos do álcool em relação aos reflexos (Liguori,...2001).

A área cerebral envolvida com atenção e alerta é o tálamo. Experiências com Ressonância Magnética Funcional mostram alterações na função do tálamo depois do estímulo que solicita atenção e alerta seletivo (atenção voluntária). Também se percebem alterações na função dessa área do cérebro depois da administração de cafeína (Portas,...1998).

Um dos trabalhos expressivos sobre a relação da cafeína com a atenção é o de Bernstein e colaboradores (1998). Nesse estudo, os autores avaliam a qualidade do rendimento escolar em crianças escolares após uma dieta livre de cafeína, em comparação com o rendimento antes da retirada.

Houve uma deterioração significativa no tempo de resposta de um teste contínuo de desempenho e atenção com a retirada da cafeína. Essa deterioração no tempo de resposta parece ter persistido por 1 semana. A conclusão de Bernstein foi de que, 24 horas depois das crianças interromperem o uso da cafeína, houve uma importante diminuição no desempenho e no tempo de reação de uma tarefa que requer a atenção expontânea.

Para a desatyenção típica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade o metilfenidato (Ritalina) tem sido bastante eficaz. Como opção ao metilfenidato são usados também os antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, por exemplo). A ação da cafeína para tratamento desse transtorno, não tem merecido crédito atualmente mas, a despeito da literatura, na prática clínica se observa um efeito muitíssimo gratificante que algumas crianças.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) proíbe altas doses de cafeína no organismo. Atletas olímpicos com mais de 12mg de cafeína por mililitro de urina podem ser desqualificados da competição. Isto equivaleria a 4 canecas de 280ml de café fraco; 16 refrigerantes a base de colas; 25 antigripais, etc, de qualquer forma, esses padrões correspondem a altíssimas doses (FitFazio, 2000).

Corredores que tiveram a cafeína equivalente a 2 xícaras de café (330 mg cafeína) uma hora antes do exercício, correram 15 minutos mais do que quando eles se exercitavam sem a cafeína.

O efeito da cafeína na performance dos exercícios deve-se, provavelmente, à diferença na percepção do cansaço, ou seja, ela teria um papel ergogênico no desempenho do exercício alterando a percepção neural do esforço e da disponibilidade física (Costil,...1978, Cole,...1996).

Outro estudo em ciclistas que usaram 2,5 gramas de cafeína por quilo de peso corporal, mostrou que eles se exercitaram 29% a mais que o grupo controle sem cafeína (Trice,...1995).

Pesquisas não mostram, entretanto, qualquer efeito da cafeína sobre a força muscular máxima ou sobre as contrações musculares voluntárias. Seu efeito, entretanto, estaria na capacidade de retardar a fadiga, possivelmente devido à sua influência sobre a sensibilidade das miofibrilas ao íon cálcio (FitFazio, 2000).

Dermatite seborreica


A dermatite seborreica é uma doença inflamatória comum que afeta a pele e provoca a formação de escamas brancas ou amareladas nas áreas oleosas como o couro cabeludo ou dentro do ouvido.

Pode atingir outras áreas do corpo, também (veja foto, no rosto).

Ela pode ocorrer com ou sem vermelhidão na pele.

Crosta láctea é o termo usado quando a dermatite seborreica afeta o couro cabeludo dos bebês.

Acredita-se que a dermatite seborreica seja causada pela combinação do excesso de produção de óleo na pele e irritação por um fungo chamada Malassezia.

A dermatite seborreica parece ser genética.

Estresse, fadiga, mudanças bruscas de temperatura, pele oleosa, limpeza de pele esporádica e não lavar os cabelos com frequência, uso de cremes que contêm álcool, doenças de pele (como a acne) ou obesidade podem aumentar o risco da doença.

Condições neurológicas como Mal de Parkinson, traumatismo craniano e derrame podem estar associadas à dermatite seborreica.

O vírus da imunodeficiência humana (HIV) também já foi relacionado ao aumento de casos de dermatite seborreica.

O diagnóstico é principalmente baseado na aparência e na localização das lesões na pele.

O tratamento depende da fase de evolução e se tem complicações secundárias, como infecção, por exemplo.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Queilite angular




A Queilite Angular é uma dermatose comum, caracterizada por inflamação, fissuração e maceração dos ângulos da boca.

Ela possui alguns sinônimos como: perléche, comissurite Labial e boqueira.

É uma doença de origem multifatorial, em cujo desenvolvimento vários fatores predisponentes podem desempenhar papel importante, podendo surgir pelo acúmulo de material salivar ou de ação irritante de medicamentos e dentifrícios de prótese dentária, surgindo por perda de dimensão vertical.

A base do tratamento da queilite angular é a eliminação dos fatores desencadeantes.

A queilite angular, geralmente, está relacionada a um ou mais dos seguintes fatores implicados na sua etiologia: agentes infecciosos (Estreptococos, Estafilococos e Candida albicans); doenças dermatológicas (dermatite atópica, envolvendo a face e dermatite seborréica); deficiência nutricional (riboflavina, folato e ferro), imunodeficiência (HIV, diabetes mellitus, câncer, transplante), hipersalivação e fatores mecânicos provocando a perda da dimensão vertical de oclusão, com queda do lábio superior sobre o inferior, na altura do ângulo da boca, como ocorre no processo normal de envelhecimento, no prognatismo, na ausência de dentes ou com o uso de próteses mal adaptadas.

Existe uma tendência a relacionar a queilite angular com a carência de vitaminas, principalmente do complexo B. esta causa é exceção e só deve ser cogitada quando existem manifestações de pelagra ou de carência protética.

Em paciente idosos, as lesões da queilite angular podem ser devidas à anemia, perda da dimensão vertical ou diversas infecções.

Porém, quando aparecem em uma pessoa jovem, de aspecto sadio, devemos levar em consideração um esclarecimento diagnostico visando um exame global do sistema imunológico; também é comum em crianças com dermatite atópica, com o lambimento dos lábios e/ou uso de aparelhos dentários como um fator causal.

A principio, a doença cura rapidamente com medicações nos locais das lesões, devendo ser recomendado ao paciente que evite alimentos e bebidas ácidas que irritam o local. Raramente são necessários tratamentos em longo prazo, por via oral ou até cirúrgico.

No tratamento da queilite angular é fundamental a correção dos fatores desencadeantes como, por exemplo, adequação de próteses dentária e correção de deficiência nutritiva, terapia da doença de base, assim como aplicação de antimicóticos e antibióticos
tópicos por tempo prolongado.

É de extrema importância também a profilaxia da queilite angular mantendo a higiene e desinfecção adequadas de próteses dentárias, fontes potenciais de contaminação, com isso evitando-se as recidivas.

Há casos nos quais é necessária a realização de cirurgia plástica para levantar os ângulos da boca, evitando-se assim o
acumulo de saliva nas comissuras.

Na queilite angular a candídiase esta sempre presente, mas não é necessariamente a causa primaria.

Deve ser naturalmente erradicada, o que favorece a recuperação do tecido e a cura da doença.