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quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Sonambulismo
O sonambulismo (do latim somnus = sono + ambulare = marchar, passear) é um transtorno comportamental do sono em que, tipicamente, a pessoa realiza atividades motoras complexas, como andar, comer, trocar de roupa, dirigir ou escrever uma carta, das quais de nada se lembra depois de acordar.
Nos episódios mais ligeiros e mais simples a pessoa pode apenas assentar-se na cama, vociferar alguma coisa, arranjar um cobertor, etc. Nos mais complexos pode ir à garagem, pegar o carro e dirigir até outra cidade. Pode-se dizer que no sonambulismo “as funções motoras despertam, mas a consciência continua a dormir”.
O sonambulismo geralmente ocorre 1 a 2 horas depois que a pessoa começou a dormir (estágios 3 e 4 do sono), durando cerca de uns poucos segundos até mais de 30 minutos. Ao contrário do que muitos acreditam, o sonambulismo não é um sonho atuado.
Ele ocorre antes do estágio REM do sono (onde acontecem os sonhos), em que as conexões motoras entre a mente e o corpo estão interrompidas. No caso dos sonâmbulos, as ondas elétricas vindas da ponte (região cerebral que faz a transição entre o cérebro e a medula espinhal) durante o sono são irregulares e não cumprem a contento a função de inibir a região motora.
Como está acontecendo com todos os fenômenos relacionados com o sono, a causa do sonambulismo tem sido muito estudada, apesar de ainda ser desconhecida. O sonambulismo é mais frequente nas crianças que nos adultos e, em muitos casos, desaparece com o crescimento, sugerindo assim estar ligado a uma falta de amadurecimento cerebral.
Parece também comportar uma causa genética, uma vez que os gêmeos homozigóticos de sonâmbulos apresentam seis vezes mais sonambulismo que a população geral. Alguns fatores, como o uso de sedativos ou álcool, a ansiedade, a febre, o estresse e alguns estados patológicos, parecem favorecer a ocorrência do sonambulismo.
A maioria dos sonâmbulos praticam atos triviais durante seus episódios, como abrir uma janela ou falar alguma coisa, mas podem também realizar atos inusitados ou perigosos, como urinar dentro de um armário ou escalar a fachada de um prédio. Alguns sonâmbulos podem ser violentos e mesmo cometer crimes durante o sonambulismo, mas isso é raro.
O sonambulismo pode ser desencadeado por algum estímulo interno (por exemplo, bexiga distendida) ou externo (por exemplo, ruídos). Ao contrário do que muitos creem, não é perigoso acordar o sonâmbulo; pode ser mais perigoso deixá-lo continuar em seu sonambulismo. Algum cuidado deve ser tido apenas com aqueles sonâmbulos potencialmente violentos.
Embora realizando atividades rotineiras e estando aparentemente acordados, de olhos abertos, os pacientes transmitem a impressão de estarem “desligados” do ambiente, com expressão vaga e distante: tropeçam em obstáculos, não demonstram preferências por objetos frios ou quentes, ásperos ou lisos ou por situações mais fáceis ou mais difíceis, mais seguras ou mais perigosas, etc, como fariam se estivessem plenamente acordados.
Com isso, podem expor-se a situações perigosas. Algumas experiências demonstram que, embora os sonâmbulos não guardem recordação de suas atividades sonambúlicas, podem conservar memória de um episódio de sonambulismo para outro. O sonambulismo pode terminar por um despertar espontâneo ou o indivíduo pode voltar para a cama e continuar dormindo até a manhã seguinte. Ao acordar de um episódio sonambúlico a pessoa pode ter, inicialmente, um breve período de confusão e dificuldade para orientar-se, em vista de que o sonambulismo ocorre em fases profundas do sono. Às vezes, o sonâmbulo pode despertar em um local diferente de onde tenha dormido ou com evidências de ter realizado alguma atividade durante a noite, sem se lembrar de tê-la feito.
Um paciente, por exemplo, acordou certa manhã e encontrou sobre a mesa um pão que não havia deixado lá na noite anterior e só pode concluir que durante um episódio de sonambulismo à noite tenha ido à padaria ao lado de casa e comprado o referido pão, coisa que posteriormente foi confirmada pela balconista.
Em algumas oportunidades pode haver uma vaga recordação fragmentária do episódio sonambúlico, mas não recordações extensas e bem articuladas. Assim, uma paciente que durante o sonambulismo desacertara o relógio da parede, acordou dizendo ter tido um sonho confuso com ponteiros.
Durante o sonambulismo as pessoas podem falar e mesmo responder a perguntas simples, mas é raro que consigam manter um verdadeiro diálogo.
Em alguns indivíduos o sonambulismo faz-se acompanhar de outras parassonias como comer durante a noite ou terror noturno, por exemplo, e está associado com outros transtornos mentais como transtornos da personalidade, transtornos do humor ou transtornos de ansiedade.
O diagnóstico do sonambulismo depende do relato do próprio paciente e das pessoas que convivem com ele. Exames de polissonografia (registro de vários parâmetros fisiológicos durante o sono) e de eletroencefalografia (EEG) podem complementar o diagnóstico.
Não há um tratamento eficaz para que a pessoa deixe de ter episódios de sonambulismo. Deve-se adotar medidas de segurança, como dormir em andar térreo; manter as janelas trancadas; retirar obstáculos e objetos perigosos (facas, tesouras, ferramentas, armas, etc) do alcance do sonâmbulo; não deixar chaves em portas. Em raros casos graves a pessoa tem que dormir em ambiente ainda mais protegido ou até mesmo em um saco com zíper.
Deve-se tratar os fatores potencialmente desencadeadores, tais como estresse, ansiedade e hábitos irregulares de sono e outras possíveis condições clínicas como depressões, distúrbios respiratórios, narcolepsia ou doenças neurológicas. Alguns medicamentos psiquiátricos também podem diminuir a frequência dos casos. Os antiepilépticos são usados em casos de crises violentas.
O sonambulismo geralmente se dá, pela primeira vez, entre quatro e oito anos de idade. Raramente seu início é na idade adulta.
O sonambulismo na infância em geral desaparece espontaneamente durante o início da adolescência, por volta dos 15 anos de idade.
O sonambulismo em adultos pode ocorrer como eventos isolados, mas o padrão consiste em episódios crônicos e repetidos, ao longo de vários anos.
Contrariamente à crença geral, não é perigoso despertar o sonâmbulo, sendo mais perigoso não acordá-lo.
Alguns sonâmbulos podem se tornar violentos ao acordar.
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