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segunda-feira, 18 de junho de 2012
Ascite... o que é isso?
A ascite, popularmente conhecida como “barriga d’água”, é o acúmulo de líquidos na cavidade abdominal, líquido este que pode conter plasma sanguíneo, linfa, bile, suco pancreático, urina ou outras substâncias, na dependência da sua causa.
Esse líquido pode ser um transudato ou um exsudato.
• Os transudatos (líquidos corpóreos) resultam de um extravasamento de líquido causado pelo aumento de pressão no sistema venoso porta, devido, por exemplo, à cirrose hepática. A veia porta drena o sangue dos intestinos e de outros órgãos do sistema digestivo para o fígado. Têm poucas proteínas, pH elevado, glicose normal e menos leucócitos do que os exsudatos.
• Os exsudatos (também são líquidos corpóreos) são formados pelo líquido secretado ativamente, devido a inflamações ou neoplasias. Os exsudatos possuem um alto conteúdo de proteínas, pH baixo, pequena taxa de glicose e grande quantidade de leucócitos.
Quais são as causas da ascite?
Os mecanismos de formação da ascite são semelhantes aos da formação dos edemas.
O vazamento de líquido dos vasos sanguíneos que irrigam o peritônio pode dever-se a um de três fatores:
Aumento na pressão dentro dos vasos.
Retenção de sal e água pelos rins.
Redução na concentração de proteínas do sangue.
A ascite geralmente é uma complicação grave de doenças hepáticas e quase sempre está acompanhada de outras patologias, igualmente graves, como varizes esofageanas e encefalopatia, por exemplo.
Na maioria das vezes, a ascite é causada pela cirrose hepática ou por outras doenças do fígado, mas também pode ser causada por insuficiência cardíaca, certos tipos de câncer, esquistossomose, tromboses da veia porta e inflamações de órgãos abdominais.
Quais são os sinais e sintomas da ascite?
Em geral, a ascite se desenvolve em pessoas sabidamente doentes e que já apresentam sintomas nítidos de suas enfermidades, mas algumas vezes ela pode aparecer como complicações de enfermidades até então silenciosas.
Quase sempre a ascite leve não gera sinais ou sintomas, mas se for um pouco mais severa causa distensão abdominal evidente e sensação de peso e pressão no abdome, além de dificuldades para respirar devido ao impedimento à livre movimentação do diafragma. A ascite pode ser acompanhada de outros sinais e sintomas, dependendo de qual seja a enfermidade de base. Os pacientes podem apresentar aumento do fígado, icterícia, fadiga crônica, perda de peso, edema de membros inferiores, equimoses, ginecomastia, hematêmese, encefalopatia hepática, etc.
Como o médico diagnostica a ascite?
Em pessoas muito magras a ascite é facilmente notada, mesmo pelos leigos. Em pessoas obesas ela pode ser mais difícil de ser percebida. A ascite leve só pode ser captada pela ultrassonografia, graus mais acentuados podem ser detectados pelo exame médico em consultório.
A natureza da ascite pode ser diagnosticada por meio de uma paracentese. Para fins apenas diagnósticos, a paracentese consiste na retirada de uma pequena quantidade de líquido, por meio de uma punção abdominal feita através de agulha apropriada. A amostra deve ser analisada quanto à aparência, quantidade de proteínas e contagem das células presentes. A paracentese com a retirada de maiores quantidades de líquido pode ser realizada com propósitos terapêuticos.
O líquido ascítico normalmente tem cor amarelada e é transparente. Quando há infecção, ele se torna esbranquiçado, turvo, purulento e, às vezes, sanguinolento.
O diagnóstico do tipo de ascite pode ser ajudado por exames de sangue. Além de um hemograma completo devem ser feitas dosagens de eletrólitos, de enzimas hepáticas e provas de coagulação.
Também devem ser feitos testes adicionais de coloração, citologia e cultura. Além desses exames, a ecografia usualmente é utilizada. Estudos de Doppler podem mostrar eventuais problemas na circulação da veia porta e, adicionalmente, efetuar uma estimativa da quantidade de líquido no abdome. A tomografia computadorizada abdominal é o método mais sensível, capaz de revelar a estrutura e a morfologia dos órgãos abdominais.
Como se trata a ascite?
O tratamento da ascite deve ser simultâneo à tentativa de diagnosticar e tratar a patologia causal. A única solução definitiva para a ascite é o controle ou a eliminação da doença de base. O tratamento deve visar evitar as complicações da ascite, aliviar a sintomatologia e prevenir o retorno dela.
Em doentes com formas ligeiras de ascite, o tratamento pode ser feito em ambulatório; se a ascite é mais severa, a hospitalização torna-se necessária. Em geral, o tratamento é feito com diuréticos, paracentese terapêutica (retirada total ou em grandes quantidades do líquido por punção, através de uma agulha apropriada) e outras medidas sintomáticas, além do tratamento da causa.
Na ascite transudativa de pequena monta pode ser bastante estabelecer a imediata restrição de sal, para permitir um aumento da diurese (produção de urina). Para isso, pode-se utilizar também diuréticos. Nos pacientes com ascite severa pode ser necessária uma paracentese terapêutica adicional. Drenagens mais difíceis podem ser feitas sob controle da ecografia.
A ascite refratária a esses tratamentos deve ser considerada uma indicação clássica para transplante hepático. Os desvios venosos (shunts) podem ser usados em doentes com cirrose avançada que têm ascites recorrentes, para aliviar os sintomas, mas não parecem aumentar a expectativa de vida dos pacientes.
Em geral, a ascite exsudativa não responde à diminuição de sal ou à terapêutica diurética, sendo necessárias paracenteses repetidas e tratamento da causa subjacente.
Como evolui a ascite?
A ascite pode levar a várias complicações. Uma das mais importantes é a chamada peritonite bacteriana espontânea, que consiste na infecção do líquido ascítico. Ela pode ser grave e levar à morte. Há que ter-se em conta que esse líquido é um excelente meio de cultura, no qual os micro-organismos proliferam com facilidade.
Se não for possível remover a causa, a drenagem da ascite é uma medida paliativa e o líquido ascítico se acumulará novamente, em poucos dias.
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