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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Para o resto da vida?





Falar algumas coisas para alguns pacientes requer algum cuidado, evidentemente.

Dizer para ele, ou para ela, que será necessário tomar um determinado medicamento pelo restante da vida é algo que, algumas vezes, pode trazer algum tipo de desconforto na consulta.

Ainda que este medicamento seja a “salvação” para que o paciente fique bem e tenha uma boa qualidade de vida!

Há uma rejeição curiosa por parte de muitas pessoas em precisar tomar algo que lhe ajuda “pelo resto da vida”, mesmo que esse “resto da vida” seja algo não tão longo, como em um paciente de noventa e poucos anos.

Em primeiro lugar, ninguém pensa em morrer “logo”. Natural. Quem quer partir dessa vida, a não ser que cultive secretamente ou não pensamentos suicidas?

Em segundo lugar, parece que (é uma impressão, posso estar sendo muito contido nela) TER de tomar um medicamento para o “resto da vida” é como ter um marcador de que a vida não é longa, isto é, o medicamento está denunciando uma falência orgânica que anuncia um final.

Não se pensa que a medicina e que a ciência farmacêutica têm feito verdadeiros milagres para associar “drogas” (no BOM sentido) com saúde.

Mesmo pensando que há custos, que há efeitos colaterais, que é necessária disciplina, o retorno é bom. Melhora as condições da vida da pessoa.

E não se trata de tomar apenas os “medicamentos psiquiátricos”, como aqueles destinados à depressão, ansiedade, transtorno bipolar, esquizofrenia, etc. e tal. Nada disso!

A rejeição ocorre com medicamentos para a pressão arterial, para o diabetes, para gastrite, para vertigens, para dores (até para dores!), para doenças crônicas em geral e por aí vai....

Claro, não é com todos os pacientes que isso acontece! Felizmente trata-se de uma minoria, mas, a mim parece que o comportamento de rejeição a medicamentos vem se alastrando paulatinamente.

A internet pode ter algo a ver com isso, em função do “profundo conhecimento” que divulga sobre TUDO!

Mas a postura de personalidade é mais importante e a resistência esbarra em vários fatores que mantêm as pessoas, de alguma maneira, distante de médicos (muitas vezes com razão) e de tratamentos (também, algumas vezes com razão).

Eu acredito que é necessário que o médico seja mais próximo do paciente. Que se disponha a conversar, raciocinar junto, mostrar interesse pelo problema do paciente, enfim, manter diálogo, ser gentil, na medida do possível.

Como diz um amigo meu, o médico precisa ser duro e doce, como a rapadura.

Duro para prescrever o que é efetivamente necessário para o paciente.

Doce ao conversar explicando todos os prováveis prós e contras de um tratamento.

E o paciente necessita ir para a sua consulta, munido de desejo de se tratar, de “bons ouvidos” para escutar as recomendações que irá ouvir.

Os dois lados, enfim, devem prestar reciprocidade e ter abertura mental no diálogo que irão efetivar.

Mas, há muito o que refletir sobre esse assunto...

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