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sábado, 19 de maio de 2012
Autismo: conhecimentos gerais.
O autismo parece ser uma disfunção cerebral que se reflete no desenvolvimento global e que afeta a capacidade de comunicação, a socialização e o comportamento adequado ao ambiente.
Algumas crianças autistas apresentam inteligência e fala normais, mas outras apresentam problemas no desenvolvimento dessas áreas. Alguns parecem isolados e distantes e outros parecem presos a padrões de comportamento rígidos e restritos. Se, por exemplo, uma criança autista fica isolada em seu canto observando as outras crianças brincarem, não é necessariamente porque ela não está interessada nessas brincadeiras, pode ser que ela tenha dificuldade de manter uma conversação.
Quando adultos, os problemas de comunicação e socialização dos autistas causam frequentes dificuldades em várias áreas da vida e eles precisam de encorajamento e apoio na sua luta por uma vida independente.
Um mito comum consiste em crer que a pessoa autista tenha um retardo mental ou que apenas saiba poucas palavras. Isto até acontece, mas nem todos os autistas são assim. Na verdade, alguns indivíduos com autismo possuem inteligência acima da média.
Quais são as principais características das pessoas autistas?
Nem todos os autistas exibem as mesmas características e nem elas têm a mesma intensidade em todos eles, o que faz com que cada caso seja diferente de outro.
Segundo a Sociedade Americana de Autismo, os indivíduos autistas exibem pelo menos metade das seguintes características:
1. Dificuldade de relacionamento com outras pessoas.
2. Riso inapropriado ou imotivado.
3. Pouco ou nenhum contato visual com as outras pessoas.
4. Aparente insensibilidade à dor.
5. Isolamento, modos arredios, solidão.
6. Brincar de forma inadequada ou bizarra com os objetos.
7. Fixação inapropriada e esdrúxula em objetos.
8. Extrema hiperatividade ou inatividade. Problemas de sono.
9. Falta de reação aos métodos de ensino. Muitos precisam de material adaptado.
10. Resistências às mudanças de rotina.
11. Falta de consciência das situações que envolvem perigo.
12. Poses e comportamentos bizarros.
13. Ecolalia (repetição de palavras ou frases ouvidas).
14. Recusa de colo ou afagos. Bebês preferem ficar no chão que no colo.
15. Age como surdo, não respondendo nem mesmo se chamado pelo próprio nome.
16. Dificuldade em expressar necessidades pela fala ou por gestos.
17. Acessos de raiva, sem razão aparente.
18. Habilidades motoras especiais, por exemplo, não chutar uma bola, mas empilhar blocos.
19. Hipo ou hipersensibilidade sensorial.
20. Não mantém nenhuma referência social (adulto, pai, mãe, etc.).
Quais são as causas do autismo?
Não há uma causa única do autismo que, por sua vez, parece não ser também uma entidade única.
Cada pessoa tem diferentes características, com diferentes intensidades. O autismo parece obedecer a uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
Do lado genético, pode-se mostrar uma grande coincidência da doença em gêmeos (60 a 90% de chance em gêmeos idênticos; aproximadamente 3% em gêmeos não idênticos). Pais que têm um filho autista têm de 2 a 8% de chance de ter outro filho com essa mesma condição (75 vezes maior que na população geral). Além disso, os membros de famílias com crianças autistas estão mais sujeitos a terem outros transtornos neuropsíquicos, como atrasos na linguagem, dificuldades sociais e transtornos mentais.
Do lado ambiental, têm sido associadas ao autismo as infecções virais e a exposição a substâncias como o mercúrio, o chumbo ou o difenilpoliclorinado. Algumas pesquisas apontam a exposição pré-natal a substâncias como talidomida ou o ácido valproico. A vacina tríplice chegou a ser relacionada com o autismo, mas atualmente não se crê nisso, embora a discussão sobre vacinas e autismo ainda continue.
Como diagnosticar o autismo?
O diagnóstico do autismo é eminentemente clínico. Não existem testes, escalas ou marcadores capazes de estabelecer em definitivo o diagnóstico. Algumas características comportamentais do autismo já podem ser notadas aos 12-24 meses de idade, mas tornam-se mais evidentes depois dos três anos.
O diagnóstico preciso deve ser realizado por um profissional qualificado, baseado no comportamento, observação clínica e informações dos familiares. Recomenda-se atentar bem para a história médica pregressa, a história familiar de doenças neurológicas, psiquiátricas ou genéticas, realizar avaliações complementares e investigar a presença de comorbidades. Muitas vezes, o autismo pode ser facilmente confundido com outras síndromes ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, pelo fato de não haver aspectos sindrômicos específicos.
Exames do nível mental ou de fonoaudiologia podem ser realizados para descartar (ou confirmar) transtornos auditivos ou intelectuais.
Como o autismo deve ser tratado?
Existem diversas abordagens psicológicas e comportamentais, algumas melhor embasadas cientificamente que outras. O tratamento do autismo depende da gravidade do transtorno.
Em crianças pequenas, normalmente a prioridade do tratamento é o desenvolvimento da fala e da interação familiar e social. Com adolescentes, o tratamento é voltado para o desenvolvimento de habilidades sociais e de uma sexualidade saudável. Com adultos, o foco é o desenvolvimento da autonomia e o ensino de regras de convivência.
Os indivíduos com autismo têm uma expectativa de longevidade normal e algumas formas de autismo podem exigir acompanhamento pelo resto da vida. Na verdade, o autismo nunca desaparece completamente, mas os cuidados adequados podem tornar o indivíduo tão adaptado socialmente que os traços autísticos ficam imperceptíveis para aqueles que não conheçam a trajetória de desenvolvimento desses indivíduos.
Um tratamento adequado deve levar em consideração os transtornos eventualmente associados a cada caso. A terapêutica pressupõe uma equipe multi e interdisciplinar – pediatra, psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo, pedagogo, terapeuta ocupacional. O sucesso do tratamento depende igualmente do empenho e qualificação desses profissionais e dos estímulos feitos pelos cuidadores no ambiente familiar.
O quadro clínico do autismo não é estático e alguns sintomas modificam-se com o tempo e outros podem amenizar ou desaparecer e novas características podem surgir com a evolução do indivíduo.
Os medicamentos continuam sendo importantes em um programa de tratamento, porém nem todos os indivíduos autistas necessitarão deles. Medicamentos que atuam na dopamina e serotonina podem ajudar em alguns sintomas como redução de estereotipias, retraimento social e comportamento agressivo ou autoagressivo.
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