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sábado, 28 de junho de 2008

Dengue: algumas coisinhas a seu respeito!

Os países que enfrentam epidemias de dengue, como o Brasil, poderiam adotar o modelo de combate bem sucedido implantado por Cingapura.

O país do sudeste asiático tem extensa rede de saneamento básico e cobra multas que variam entre US$ 66 e US$ 13,100 (R$114 a R$22.630) dos cidadãos que deixam água parada.

Equipes de controle sanitário e oficiais fiscalizam permanentemente casas e prédios públicos para exterminar focos de reprodução do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.

Além disso, o país conta com um sistema computadorizado que mapeia em tempo real os pontos onde novos casos são registrados, o que permite que as rotas diárias de controle sanitário se centralizem nas áreas mais afetadas.

Cingapura tem o mais efetivo - talvez até o único realmente efetivo - sistema de controle de dengue.

O modelo de Cingapura é um bom exemplo de eficácia, pois reduziu em cerca de 78.6% os casos de contágio entre 2005 e 2006.

Entre 2005 e 2006 os casos de dengue simples e hemorrágica por grupo de cem mil cidadãos caiu de 326.5 para 69.7, segundo dados do ministério da Saúde de Cingapura.

Atualmente, no entanto, os países da Ásia enfrentam uma forte epidemia de dengue que tem aumentado o número de casos da doença em relação ao mesmo período do ano passado.

A Tailândia registrou somente em janeiro 2.824 casos, um aumento expressivo em comparação aos 1.702 observados no mesmo período em 2007.

Nos primeiros dois meses do ano, o Vietnã totalizou cerca de quatro mil vítimas de dengue, um aumento de 10% em comparação a janeiro e fevereiro do ano passado.

Apesar de Cingapura ter um programa de combate a dengue considerado eficiente pelos especialistas, atualmente o país também enfrenta a mesma epidemia que afeta a região.

No primeiro trimestre deste ano pelo menos 1.144 pessoas foram infectadas, segundo números do Ministério da Saúde de Cingapura.

Isso está bem acima da média de 732 casos registrados no período de janeiro a março, entre 2003 e 2007.

Uma razão para a maior ocorrência de epidemias de dengue é o “aquecimento global”, pois as temperaturas mais altas favoreceriam a multiplicação dos mosquitos transmissores da doença.

A Dengue é uma doença típica de países tropicais sub-desenvolvidos, mas nós observamos mais e mais casos em lugares ricos como Cingapura.

Entretanto essa teoria não é unânime entre os especialistas.

Alguna cientistas argumentam que ainda não há pesquisas que provem que o aumento de casos de dengue ocorre somente em decorrência da elevação da temperatura do planeta.

Eles explicam que a tendência mundial é de que ocorrerão cada vez mais surtos de dengue, pois há fatores modernos que auxiliam a propagação da doença como, por exemplo, o crescimento populacional, a urbanização descontrolada e os grandes fluxos migratórios.

Dengue pode não ter nada a ver com aquecimento global, mas, sim, tudo a ver com globalização. Pode ter a ver com a adequada política de saúde e social. A pobreza, a falta de instruções e de higiene são os principais problemas relacionados diretamente com a Dengue.

Será que será necessário que muitas vidas sejam perdidas para que se faça alguma coisa EFETIVA com relação a esta doença?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Memória: questão de uso...


A memória é muito importante para a vida de relação. É por meio dela que se aprende processos, que vão desde exercícios físicos até contas matemáticas, e se guarda momentos importantes, como um casamento ou uma grande perda.

Nosso cérebro apaga as informações que não são importantes. Por exemplo, você pode se lembrar do que almoçou hoje, mas, a menos que tenha havido um evento interessante, não vai se lembrar do que comeu na semana passada. Isso porque é a emoção que sedimenta a memória de longo prazo.

O problema é que, com o passar dos anos, a velocidade do processamento das informações diminui. E, se o cérebro deixa de ser estimulado, a pessoa passa a ter lapsos de memória. Por isso, o idoso está mais sujeito a falhas de memória. Consequentemente, aumenta o risco de desenvolvimento de doenças degenerativas para o cérebro.

Um bom exemplo é comparar um idoso ativo, que procura ter atividades intelectuais, e um analfabeto. A probabilidade de o segundo ter uma doença desse tipo é bem maior.

Assim, o melhor a fazer para manter os neurônios bem acordados é não deixar de estimulá-los sempre.

Para um adulto saudável, a melhor opção para manter a saúde da memória é sempre aprender coisas novas e ter atividades intelectuais, como jogos e artesanato. A leitura é uma das atividades mais completas, pois trabalha os quatro estágios de memória.

Quando a pessoa lê, lida com a memória recente, a linguagem e a atenção e ainda relaciona os fatos a experiências passadas.

As tarefas mais fáceis podem ajudar na memória. Fazer palavras cruzadas ou brincar com quebra-cabeças, contar a vida em um diário e ouvir músicas com atenção especial para as letras, são recursos simples que auxiliam muito a mantê-la em dia.

Um dos fatores que bloqueiam a produção de novas células pelo cérebro e, consequentemente, afeta a memória é a depressão, assim como o estresse permanente.

Se você sofre de lapsos de memória como se dirigir a um armário e esquecer o que pretendia buscar, mas se lembra se repete a ação, não há problema nenhum. Isso ocorre porque, com muitas coisas na cabeça, a atenção é desviada. Embora nós também tenhamos no cérebro um "processador multitarefa", nossa atenção nem sempre "foca" todos os alvos, assim, podemos agir em determinado sentido, prestando atenção em outra situação, o que nos leva a "esquecer" o que íamos fazer...

A pessoa deve procurar o médico se perceber que os lapsos se repetem de maneira consistente, como a mesma pergunta feita em intervalos muito curtos e se ela perceber que isto está acontecendo. Caso alguém lhe chame atenção, é interessante, também, procurar auxílio de um médico para entender o que está acontecendo.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Fibromialgia


A fibromialgia (fm) pode ser definida como uma síndrome de dor difusa, crônica, não inflamatória, que compromete particularmente o aparelho locomotor e que apresenta maior sensibilidade ao tato em áreas não exatamente específicas, porém, com algumas áreas predominantes, chamados de pontos dolorosos ou pontos gatilho ou pontos dolorosos.

É uma doença reconhecida como tal há pouco mais de uma década, embora seja fácil de identificar que ela existisse anteriormente. Aparece em todas as etnias, em todas as faixas etárias, com maior prevalência por volta dos 35 a 50 anos de idade, mais caracteristicamente predominante no sexo feminino (10:1) e com prevalência na população em torno de 3%, na média, isto é, de cada 100 pessoas, 3 têm fm.

Ela é decorrente de um processo desencadeado pelo sistema nervoso central, envolvento estruturas neurais que interligam as transmissões da dor e das emoções, abraçando os neurotransmissores, como a serotonina e a norepinefrina ou outros como a substância P e outro chamado CGRP, todos interligados no mecanismo do estresse, com estruturas neuronais, como o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

A dor difusa não é o único sintoma da fm, podem surgir fadiga, fadiga noturna, sono não reparador (eu costumo dizer que o paciente deixa o "carro na garagem com o motor ligado a noite toda"), boca seca, edema de extremidades, formigamentos esparsos, dores de cabeça (cefaléia), alterações intestinais, alterações urinárias e mentruais, dor na articulação tempôro-mandibular e até mesmo incontinência urinária.

Há, também, alterações psico-afetivas, depressão, alterações abruptas do humor e agressividade.

Não há nenhum marcador para diagnóstico laboratorial, portanto, não adianta pedir nenhum exame que faça o diagnóstico.

O diagnóstico é baseado em uma tabela de informações, determinada por um grupo de estudiosos no assunto e em reumatologia, pois a fm é entendida como sendo uma doença reumática. Pode se dizer que é um diagnóstico de exclusão e devem ser lembrados, no diferencial, a artrite reumatóide, polimialgia reumática e espondilite anquilosante em homens.

O tratamento é complexo e envolve equipe multiprofissional:

- Atividade física aeróbica de baixo impacto (hidroginástica) bem planejada e em acordo com as limitações que a doença impõe.

- Fisioterapia - Pilates, RPG, Alongamentos, sob supervisão de um médico Fisiatra.

- Acupuntura - tenho algumas restrições com a indicação de eletroacumpuntura.

- Terapia cognitvo-comportamental - para auxiliar o paciente a obter algum controle emocional sobre as dores.

- Medicamentos - Analgésicos, Antiinflamatórios não hormonais (pouco resultado efetivo x vários efeitos colaterais), miorrealaxantes, antidepressivos (o mecanismo da doença é muito semelhante ao mecanismo da depressão, em nível neuronal), Ansiolíticos (medicamentos "faixa-preta" = benzodiazepínicos), Anticonvulsivantes (ajudam muito no controle da dor e na fadiga), como a Gabapentina.

O prognóstico, as perspectivas para o futuro, ainda não é algo muito animador, mas com a tecnologia moderna, pode-se obter reduções importantes nas dores e na fadiga, portanto, a teraopêutica deverá ser contínua.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Alzheimer: atuailidades!


Os cientistas desvendaram uma nova pista para a causa do mal de Alzheimer. O cérebro das pessoas com a memória "roubada" pela doença é atravancado por uma placa de beta-amilóide, uma proteína pegajosa. Por isso, uma questão que existe há muito tempo é se ela causa a doença ou é um efeito colateral dela.

Para investigar o assunto, pesquisadores injetaram três tipos diferentes de beta-amilóide solúvel em ratos e descobriram que apenas um deles causava sintomas da doença. Um tipo insolúvel também foi injetado e não provocou efeito.

A descoberta foi feita por uma equipe liderada por Ganesh Shankar e Dennis Selkoe, da Escola de Medicina da Universidade Harvard, e publicada na edição online da revista "Nature".

O segundo tipo de beta-amilóide solúvel injetado causou prejuízo na memória dos ratos, especialmente em comportamentos recém-aprendidos. Esse beta-amilóide parece ter afetado as sinapses, conexões entre células que são essenciais para a comunicação entre elas.

A pesquisa, pela primeira vez, mostra o efeito de um tipo particular de beta-amilóide no cérebro, disse Marcelle Morrison-Bogorad, diretora da divisão de neurociência no Instituto Nacional de Envelhecimento, que ajudou no estudo. Para ela, foi uma surpresa descobrir que apenas um dos tipos de beta-amilóide causava prejuízos.

Segundo a pesquisadora, a descoberta pode ajudar a explicar porque algumas pessoas com beta-amilóide no cérebro não apresentam os sintomas do mal de Alzheimer. Agora, a questão que permanece é porque um tipo causa danos e os outros não. "Muito trabalho ainda precisa ser feito", disse ela.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

H. pilori: um bandido escondido em seu aparelho digetivo!




H. pilori é o nome de uma bactéria com a qual convivemos e que pode gerar graves problemas para a saúde humana. Ela é agente causador de câncer de estômago, por exemplo, e é responsável por despesas enormes para sua erradicação em um longo tratamento para seu portador adoecido.

O tratamento, já conhecido por muitas pessoas, consiste em tomar doses altas de antibióticos em período relativamente curto, com o objetivo de erradicá-lo do estêomago. Entretanto, já temos tido casos de resistência ao tratamento, isto é, o micróbio não está respondendo adequadamente aos medicamentos.

Segundo uma metanálise de dados de um estudo, em pacientes não tratados anteriormente, a terapia seqüencial com inibidor da bomba de prótons (destes medicamentos para estômago, do tipo Omeprazol) e antibióticos é melhor na erradicação da infecção por Helicobacter pylori do que a terapia tradicional, que consiste em administrar essas medicações de uma vez.

A terapia tradicional consiste em um curso de 7, 10 ou 14 dias de um tratamento com três drogas: inibidor da bomba de prótons, claritromicina e amoxacilina ou um imidazol. Infelizmente, essa terapia não é capaz de erradicar a H. pylori em quase um quarto dos pacientes. A falha no tratamento é considerada como derivada de um aumento nas cepas de H. pylori resistentes à claritromicina ou imidazol.

A terapia seqüencial parece melhorar a eficácia da claritromicina, tratando os pacientes com amoxacilina e um inibidor da bomba de próton por cinco dias. A teoria é que, por danificar a parede celular microbiana, a amoxacilina previne o desenvolvimento dos canais de efluxo de drogas que poderia remover a claritromicina. Em seguida, um segundo tratamento de cinco dias de claritromicina adicionado a um inibidor da bomba de prótons e outro antibiótico é administrado.

Vemos que há uma explicação técnica para outra proposta de tratamento, que foge um pouco, aliás, da necessidade de entendimento do leigo. De qualquer modo, não podemos esquecer de recursos que existem para auxiliar neste tipo de terapia, independentes dos medicamentos, como por exemplo o cuidado com a higiene bucal, já que a região da boca armazena grande número de micróbios que podem ser responsáveis por variadas doenças, dentre elas, a sinusite, aftas de repetição, estomatites, gengivites, doença peri-odontal, endocardite bacteriana, pneumonia.

O estômago não foge do bombardeio das bactérias e elas ficam ali, na boca, aguardando a oportunidade de invadir os demais órgãos (como o próprio estômago) para causar doenças. Na boca ficam, também, colônias de H. pilori esperando. Em um momento qualquer, numa baixa de resistência, ele migra de região e vai lá provocar um probleminha novo.

Outros micróbios que habitam a boca podem ser também agentes de quadros dos mais variados, como já citado. Portanto, cuidar da higiene bucal é essencial para o equilíbrio da saúde. Vá ao dentista, cuide de seus dentes e da sua saúde bucal, para auxiliar em sua saúde global.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A criança pequena e a criança desnutrida...


Às vezes fico um pouco surpreso com o apavoramento de algumas mães que vêm até meu consultório desesperadas por conta de terem ouvido de algum pediatra de plantão, que seu filho "é muito pequeno" ou "está desnutrido" ou "é muito magrinho".

Infelizmente, tais pediatras parecem estar dispostos a perturbar a mãe, pois não analisam o quadro com profissionalismo real. Esquecem de observar questões básicas como, por exemplo, a genética - pais pequenos têm filhos pequenos, as questões ambientais, as de cunho transitório- quando a criança está se recuperando de alguma doença aguda e até mesmo da questão humanítária, pois a mãe, ouvindo que seu filho está muito magro, entra em desespero e pode perder-se de culpa, mesmo não sendo seu filho assim, tão pequeno, como o gentil pediatra relata.

Parece-me que existe,em alguns momentos, uma certa tendência sádica que poderia ser evitada, caso o médico estivesse investido de compaixão e se dispusesse a servir em seu trabalho. Posso estar equivocado, mas o médico precisa,ao se relacionar com o paciente, em primeiro lugar, de ter equilíbrio, para não ferir a sensibilidade daquele a quem, em primeiro lugar, ele deve tratar.

Esquecem-se os médicos de seu juramento quando de sua formatura? Seria bom lembrar:

Juramento de Hipócrates

"Juro por Apolo Médico, por Esculápio, por Higéia, por Panacéia e por todos os deuses e deusas, tomando-os como testemunhas, obedecer, de acordo com meus conhecimentos e meu critério, este juramento: Considerar meu mestre nesta arte igual aos meus pais, fazê-lo participar dos meios de subsistência que dispuser, e, quando necessitado com ele dividir os meus recursos; considerar seus descendentes iguais aos meus irmãos; ensinar-lhes esta arte se desejarem aprender, sem honorários nem contratos; transmitir preceitos, instruções orais e todos outros ensinamentos aos meus filhos, aos filhos do meu mestre e aos discípulos que se comprometerem e jurarem obedecer a Lei dos Médicos, porém, a mais ninguém. Aplicar os tratamentos para ajudar os doentes conforme minha habilidade e minha capacidade, e jamais usá-los para causar dano ou malefício. Não dar veneno a ninguém, embora solicitado a assim fazer, nem aconselhar tal procedimento. Da mesma maneira não aplicar pessário em mulher para provocar aborto. Em pureza e santidade guardar minha vida e minha arte. Não usar da faca nos doentes com cálculos, mas ceder o lugar aos nisso habilitados. Nas casas em que ingressar apenas socorrer o doente, resguardando-me de fazer qualquer mal intencional, especialmente ato sexual com mulher ou homem, escravo ou livro. Não relatar o que no exercício do meu mister ou fora dele no convívio social eu veja ou ouça e que não deva ser divulgado, mas considerar tais coisas como segredos sagrados. Então, se eu mantiver este juramento e não o quebrar, possa desfrutar honrarias na minha vida e na minha arte, entre todos os homens e por todo o tempo; porém, se transigir e cair em perjúrio, aconteça-me o contrário".

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Entre a Vida e a Morte


Doador de órgãos não estava morto!

Os cirurgiões que cercavam o paciente inerte quase desmaiaram: o homem cujo coração estava parado há uma hora e meia e cujos órgãos eles estavam se preparando para recolher a fim de utilizar em transplantes terminou despertando na mesa de cirurgia.

Trata-se de um caso na fronteira entre vida e morte, e de um tema que suscita reflexão para os profissionais da medicina - especialmente os especialistas em reanimação e as autoridades que regulamentam a bioética -, e os obriga a questionar que critérios objetivos permitem definir a partir de que momento um paciente que foi submetido a tentativas de reanimação pode começar a ser considerado um doador de órgãos sabendo-se que esses órgãos, quando colhidos, permitem prolongar a esperança de vida de outros doentes.

No começo deste ano, em Paris, um homem de 45 anos caiu na rua, e apresentava todos os sintomas de um infarto maciço do miocárdio. Mais tarde, os médicos descobriram que, embora soubesse estar enfrentando uma situação de alto risco cardíaco, o homem não seguia seu tratamento.

A intervenção quase imediata do serviço de assistência médica confirmou o diagnóstico inicial, e os paramédicos iniciaram imediatamente os procedimentos de reanimação, menos de 10 minutos depois do incidente cardíaco sofrido pelo paciente. No entanto, os esforços deles não resultaram em retomada espontânea do batimento cardíaco.

O fato de que estavam próximos ao complexo hospitalar de La Pitié-Salpêtrière, onde seria possível praticar uma dilatação das artérias coronárias da vítima, fez com que os paramédicos decidissem continuar tentando as manobras padronizadas de reanimação do paciente, enquanto o transportavam em alta velocidade rumo ao hospital especializado.

Quando chegaram, o coração do paciente ainda não havia recomeçado a bater e, depois de uma análise rápida da ficha, uma equipe de cardiologistas do hospital concluiu que uma dilatação coronária não poderia ser realizada, por motivos técnicos. Os médicos começaram imediatamente a considerar o paciente como potencial doador de órgãos: um doador classificado como "inativo em termos cardíacos".

O que aconteceu em seguida nesse estranho caso foi relatado em um documento oficial preparado durante uma reunião de um grupo de trabalho que trata das questões morais envolvidas nesse tipo de situação, e que recentemente veio a formar um núcleo sob os auspícios do "espaço ético" da Assistência Pública-Hospitais de Paris (AP-HP), a organização municipal de saúde da capital francesa.

Na reunião, foi descoberto que os cirurgiões que poderiam proceder à coleta de órgãos para possíveis transplantes não estavam imediatamente disponíveis. Quando eles por fim chegaram ao bloco em que o paciente estava internado, encontraram seus colegas ainda envolvidos em massagem cardíaca do paciente, depois de uma hora e meia de paralisação do coração e ainda sem resultado aparente.

Mas, no exato momento em que estavam se preparando para iniciar a coleta de órgãos, os médicos descobriram, com imensa surpresa, que o paciente estava apresentando sinais de respiração espontânea, que suas pupilas pareciam se ter reanimado e que ele exibia traços de reação a procedimentos de estímulo doloroso.

Ou seja, para dizer de outra maneira, havia "sinais de vida", um enunciado equivalente a determinar a ausência de sinais clínicos de morte, como afirma o relatório, que prossegue alegando que "depois de diversas semanas de tratamento e de enfrentar uma séria de outras complicações graves, o paciente agora está andando e falando, e os detalhes concernentes ao seu estado neurológico não são conhecidos".

O texto infelizmente não informa se o paciente está ou não ciente de que seus órgãos quase foram colhidos para transplantes.

No curso da mesma reunião, diversos outros especialistas em reanimação, a começar por aqueles que trabalham no departamento de emergência de Paris, evocaram situações nas quais "uma pessoa estava convencida da sobrevivência de um paciente, depois de manobras de reanimação prolongadas, com duração bem superior à habitual, e consideradas como razoáveis em casos dúbios como esses".

Todos os presentes reconheceram que esses casos envolvem histórias bastante excepcionais, mas admitiram tê-las encontrado ao longo de suas carreiras. "Os participantes enfatizaram que, caso as recomendações oficiais que estão em vigor no momento tivessem sido seguidas à risca, o paciente provavelmente teria sido considerado como morto".

A situação representa uma ilustração poderosa de questões que persistem, irresolvidas, no ramo da reanimação médica, quanto a modalidades de intervenção e critérios que permitam determinar o fracasso de um esforço de reanimação, consideraram os especialistas.

Um caso como o do paciente parisiense não poderia ter acontecido na França antes de 2007, quando a prática de coleta de órgãos de pacientes com o coração inativo era proibida. Até o ano passado, a coleta de órgãos para transplantes só podia ser realizada no país em casos de coma nos quais a morte cerebral do paciente fosse constatada e confirmada por eletrocardiogramas e por exames neuro-radiológicos.

Para atender à escassez crônica de órgãos para transplante disponíveis, as autoridades que comandam a Agência de Biomedicina francesa decidiram lançar no começo de 2007 um programa experimental, nos hospitais, sob o qual pessoas cujo coração tenha deixado de bater seriam submetidas a esforços de reanimação por massagem cardíaca, respiração mecânica e, em certos casos, circulação extracorpórea.

fonte: Jornal Le Monde (Paris)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Dormir bem tarde é a sua?


Cientistas da Universidade de Swansea, no País de Gales, desenvolveram um exame genético que, segundo eles, é capaz de identificar o padrão de sono de uma pessoa apenas com uma raspagem da bochecha.

O teste, apresentado na quinta-feira durante um festival de ciências em Cheltenham, na Inglaterra, pode ajudar estudos sobre transtornos de déficit de atenção e de hiperatividade e monitorar a eficácia de tratamentos de quimioterapia.

De acordo com os pesquisadores, o ciclo natural do sono, conhecido como ritmo circadiano, é controlado por diversos genes, responsáveis pela produção de ácidos ribonucléicos (RNA). Os níveis de ácidos ribonucléicos produzidos por esses genes indicam o quão ativos eles estão em horas diferentes do dia.

O teste apresentado se concentra no gene REV-ERB, que seria o responsável pelo estado de vigília do corpo humano e que tem seu pico de produção de RNA às 16h.

Ao analisar o horário do pico de atividade do gene REV-ERB em cada pessoa, seria possível identificar o seu cronotipo, ou seja, se uma pessoa é mais propensa a acordar cedo ou a varar a noite.

Se o pico de atividade do REV-ERB é antes das 16h, isso indicaria que a pessoa tem tendência a acordar cedo, já se o pico acontece depois das 17h, isso seria uma indicação de hábitos mais noturnos.

A novidade oferecida pelo exame é a técnica menos invasiva, já que apenas uma raspagem do interior da bochecha é capaz de oferecer os dados necessários para a análise do cronotipo da pessoa.

Anteriormente, era necessário coletar sangue dos pacientes a cada quatro horas durante um período de 24 horas. Por essa razão, a técnica é pouco invasiva e pode abrir novos caminhos para a pesquisa sobre a atividade dos genes e aumentar o número de estudos.

Outra utilidade para o exame seria avaliar a eficácia de remédios usados para combater o jet lag em alterar a atividade dos genes que controlam o relógio biológico.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Onicomicose (micose da unha)



A onicomicose é uma infecção que atinge as unhas, causada por fungos. As fontes de infecção podem ser o solo, animais, outras pessoas ou alicates e tesouras contaminados. As unhas mais comumente afetadas são as dos pés, pois o ambiente úmido, escuro e aquecido, encontrado dentro dos sapatos e tênis, favorece o seu crescimento. Além disso, a queratina, substância que forma as unhas, é o "alimento" dos fungos.

Existem várias formas de manifestação das onicomicoses.

Descolamento da borda livre: a unha descola do seu leito, geralmente iniciando pelos cantos e fica ôca. Pode haver acúmulo de material sob a unha. É a forma mais frequente.

Espessamento: as unhas aumentam de espessura, ficando endurecidas e grossas. Esta forma, pode se acompanhar de dor e levar ao aspecto de "unha em telha" ou "unha de gavião".

Leuconíquia: manchas brancas na superfície da unha.

Destruição e deformidades: a unha fica frágil, quebradiça e se quebra nas porções anteriores, ficando deformada.

Paroníquia ("unheiro"): o contorno ungueal fica inflamado, dolorido, inchado e avermelhado e, por consequência, altera a formação da unha, que cresce ondulada e com alterações da superfície.

Hábitos higiênicos são importantes para se evitar as micoses. Previna-se seguindo as dicas abaixo:

Não ande descalço em pisos constantemente úmidos (lava pés, vestiários, saunas).
Observe a pele e o pêlo de seus animais de estimação (cães e gatos). Qualquer alteração como descamação ou falhas no pêlo procure o veterinário.
Evite mexer com a terra sem usar luvas.
Use somente o seu material de manicure.
Evite usar calçados fechados o máximo possível. Opte pelos mais largos e ventilados.
Evite meias de tecido sintético, prefira as de algodão.

Os medicamentos utilizados para o tratamento podem ser de uso local, sob a forma de cremes, soluções ou esmaltes. Casos mais avançados podem necessitar tratamento via oral, sob a forma de comprimidos. Os sinais de melhora demoram a aparecer, pois dependem do crescimento da unha, que é muito lento. As unhas dos pés podem levar cerca de 12 meses para se renovar totalmente e o tratamento deve ser mantido durante todo este tempo. A persistência é fundamental para o sucesso do tratamento.

fonte: Dermatologia.net

segunda-feira, 2 de junho de 2008

CPMF, CSS e outras siglas para a Saúde...


A cpmf (agora css) foi criada pelo então Ministro da Saúde, Prof. Dr. Adib Jatene, por quem tenho profunda admiração (evidentemente "costurada" com a aquiescência política da época), para que arrecadasse recursos para a Saúde.

Recentemente assiti uma palestra do ilustre professor, na qual ele defendeu a existência de tal imposto,desde que fosse totalmente direcionada para a Saúde, como era seu projeto inicial.

Não é necessário dizer que a idéia de direcionar a cpmf para a Saúde não é do Presidente Lula. É do professor. Tomá-la como sendo de alguém, que não ele, é apropriação inadequada da idéia do projeto.

Espero que,se algum recolhimento "a mais" não seja "um plus" para a Saúde, mas, apesar do montante exagerado de impostos que já temos no País, seja algo que venha realmente a reduzir o sucateamento atual da Saúde.

Para quem duvide da expressão que estou usando, quanto ao sucateamento da Saúde, basta ler os jornais, as revistas, as informações na internet e, em último caso, fazer uma "vizitinha" a um Hospital Público, para ver as condições de higiene e atendimento a que profissionais da Saúde e pacientes (assistidos) têm.

Nem é preciso ser abduzido para enxergar que falta muita coisa para que a Saúde no Brasil seja realmente "generosa", como sugerem alguns Secretários de Saúde... Mas também não o é para ver que o dinheiro que era para ser da Saúde, infelizmente não o foi...

domingo, 1 de junho de 2008

A dor e os laboratórios.

Quem assiste o seriado da Universa Channel irá me entender um pouco melhor, agora. Acabei de sair de um simpósio (um mini-congresso) que abordou a terapia da dor, sob vários pontos de vista e fiquei observando como os médicos são sujeitos interessantes.

Tivemos uma mordomia bastante interessante e agradável, instalados em um resort cinco estrelas, próximos a Salvador, em Camaçari. Prefiro não dizer o nome do lugar, mas, se você quiser, com os recursos da internet, não será nada difícil.

Recebemos o transporte, as refeições, tivemos uma bela piscina à disposição (pelo menos por algumas horas), acesso à internet (estou escrevendo do lobby do hotel) e o convívio agradável com colegas de profissão de vários lugares do país.

A abordagem sobre a dor foi realmente respeitosa, não há o que dizer de diferente. Não fomos acuados de maneira a afrontar a nossa mínima inteligência, no que diz respeito às eventuais indicações de determinado medicamento para o alívio das dores crônicas. Recebemos, de médicos bastante conceituados diante da comunidade científica, informações bastante atuais sobre a dor, suas várias facetas, as várias maneiras de se tratar, sempre de modo técnico, adequado, sem indução, o que é admirável e elogiável.

Gostaria de deixar os parabéns ao laboratório que nos acolheu de modo tão respeitoso e cuidadoso.

Digo isso, pois há poucos dias atrás, fui a um pequeno evento ao qual fui convidado por outro laboratório, que nos ofereceu um jantar num dos melhores restaurantes de São Paulo, jantar do qual não pude desfrutar, pois foi iniciado cerca de duas horas depois do início da apresentação.

Durante a "descrição" e o relato de alguns colegas a respeito de determinado medicamento para combater o tabagismo (e novamente você pode pesquisar na internet...) eu tive a impressão de que queriam me submeter a uma técnica de convencimento que julguei infantil e desnecessária.

Era para que todos dessem seu depoimento e contasse suas experiências sobre o uso do tal medicamento. Bem, para que você entenda melhor, o medicamento tem custo bastante elevado (embora o laboratório tente nos convencer do contrário) e sua eficácia "parece" ser adequada (nào sei se é elevada), mas as descrições de três colegas eram de absoluta adequação e efetividade do dito cujo.

Eu me abstive de comentários, quando o microfone passou pelas minhas mãos, mas em dado momento, quando senti que os "depoimentos" começaram a tomar o caminho de Alice (no país das maravilhas), comecei a falar e dar depoimento oposto a todos os demais.

Aliás, instantes antes de um colega meu falar, eu lhe perguntei se ele seria capaz de depor a favor de algo que ele não cresse. Ele me disse que não. Mas parece que se equivocou. Disse algumas coisas em defesa do medicamento que, certamente, não refletem sua real posição e, se refletem, trata-se de algum equívoco.

Falei pouco, pois, logo em seguida a Gerente de Vendas do tal laboratório, tomou o microfone e encerrou a conversa para iniciar o jantar, pois "já era tarde". Eu não pude ficar, pois tinha compromisso. Mas não ficaria. O ambiente ficou desfavorável, embora todos os propagandistas me dissessem o conrário (aliás, me procuravam para dizer isso, o que é bastante sintomático).

Foi desqradável. Mas foi mais uma experiência que valeu a pena, pois sempre podemos aprender um pouco mais, seja como for.

Ainda bem que há outras propostas, técnicas,respeitosas, éticas, de nos mostrar que é possível exercer a profissão de modo correto, sem que venhamos a cair na corrupção, da qual eu me distancio o máximo possível.

A gente pode conversar mais sobre isso em outra postagem...