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quarta-feira, 25 de abril de 2018

Transtorno de Estresse Pós-Traumático


Para ser diagnosticada como sofrendo de TEPT, a pessoa exposta a um evento traumático deve, segundo o DSM-IV, satisfazer inicialmente as duas partes do critério “A”, destacadas abaixo:

1. A pessoa vivenciou, testemunhou ou foi confrontada com um ou mais eventos que envolveram ameaça de morte ou de grave ferimento físico, ou ameaça a sua integridade física ou à de outros;

2. A pessoa reagiu com intenso medo, impotência ou horror;

O critério A do DSM-IV*, referente ao conceito de evento traumático, tem um papel crucial no diagnóstico do TEPT. Ele representa a “porta-de-entrada” para esse diagnóstico. Não ocorrendo um evento traumático, não existe a possibilidade de diagnosticar o TEPT.

Mas o entendimento do que é um evento traumático vem sendo revisto constantemente, desde a oficialização do diagnóstico de TEPT com o DSM-III.

Essas modificações levaram a uma expansão da latitude do conceito de evento traumático e, em conseqüência, a um aumento na prevalência estimada do TEPT. A seguir, descreveremos as etapas mais importantes da evolução do conceito de “evento traumático”.

No DSM-III, o “evento traumático” era visto como um acontecimento catastrófico, raro e externo que diferia qualitativamente “das experiências comuns como o luto, doença crônica, perdas comerciais ou conflitos matrimoniais”.

Os eventos catastróficos definidos pelo DSM-III incluíam tortura, estupro, agressão física, combate militar, aprisionamento em campo de extermínio, desastres naturais ou industriais, acidentes de carro ou exposição à violência de guerra, violência civil e violência doméstica.

Pesquisas subsequentes demonstraram que os “eventos traumáticos” não eram raros, nem preponderantemente externos. O fato dos eventos traumáticos não serem raros foi amplamente documentado por estudos epidemiológicos que revelaram elevadas taxas de 40% a 90% na população americana.

Pode-se supor que países como Brasil, cuja taxa de mortalidade por arma de fogo é das maiores do mundo e é líder em acidentes, provavelmente,
têm uma prevalência bem mais elevada de eventos traumáticos do que os EUA.

Verificou-se também que os eventos traumáticos não são apenas eventos externos.

Se assim fosse, esperaríamos que as taxas de TEPT fossem similares as dos eventos traumáticos. Mas o que vem intrigando os pesquisadores é que a grande maioria das pessoas expostas a eventos traumáticos catastróficos não desenvolve TEPT, sugerindo que a resistência emocional média das pessoas é elevada. Assim, por exemplo, 91% das mulheres envolvidas em acidentes não apresentam esta síndrome.

Percebe-se que fatores individuais biopsicossociais podem fazer com que uma pessoa desenvolva TEPT e outra não.

A ênfase das pesquisas tem, portanto, deslocado-se dos fatores puramente externos para os fatores internos/subjetivos das pessoas. Desse modo, a resposta emocional ao evento traumático tem recebido crescente atenção, fato respaldado por dados empíricos. Ou seja, não basta ser exposto a uma situação de risco de vida para se desenvolver o TEPT, faz-se ainda necessário ter reagido a ela com “intenso medo, impotência ou
horror”.

*O Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) ou Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais ou Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais é um manual para profissionais da área da saúde mental que lista diferentes categorias de transtornos mentais.

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