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terça-feira, 31 de outubro de 2017

Deficiência Intelectual


No passado, a deficiência intelectual era conhecida por outras denominações: oligofrenia, idiotia, imbecilidade e retardo mental. 

Com o tempo, esses termos se tornaram pejorativos e foram substituídos por Transtornos do Desenvolvimento Intelectual ou Deficiência Intelectual.

A deficiência intelectual (ou cognitiva) é uma situação geralmente congênita ou precocemente adquirida na infância (no máximo, o início deve ocorrer antes dos 18 anos de idade) em que a pessoa tem dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas, estabelecer relações sociais, compreender e obedecer a regras e realizar atividades cotidianas. 

Essas habilidades estão ligadas à inteligência, envolvem raciocínio, planejamento e organização. 

A deficiência intelectual é, pois, uma situação de inteligência baixa, comprometendo outras áreas da vida.

Há várias razões para deficiência intelectual, sendo que as causas genéticas, congênitas, gravídicas e perinatais são as mais comuns. 

A desnutrição severa da criança e o envenenamento por metais pesados durante a infância também podem acarretar deficiência intelectual. Em cerca de 40% dos casos, a causa permanece desconhecida.

Os principais fatores de risco são distúrbios cromossômicos e genéticos, distúrbios metabólicos, doenças ou má nutrição materna, falta do acompanhamento médico pré-natal, lesões cerebrais adquiridas no nascimento, lesão cerebral traumática, distúrbios convulsivos, uso de álcool e drogas pelos pais, etc.

A deficiência intelectual implica em limitações não só no funcionamento intelectual, mas também no comportamento social adaptativo, na aprendizagem, na autogestão de situações da vida cotidiana, na comunicação e habilidades ligadas à linguagem, leitura, escrita, matemática, raciocínio, conhecimento, memória e habilidades sociais.

A deficiência intelectual é predominante no sexo masculino em relação ao feminino e em países de baixa e média renda quando comparados com países de alta renda. 

Ela pode ter diferentes graus de profundidade. 

As crianças com algum grau de deficiência intelectual têm maiores dificuldades de aprendizagem na escola e na aquisição de novas competências, quando comparadas às demais crianças.

Cerca de 87% das crianças com deficiência intelectual têm um grau leve da condição e alcançam certa independência ao longo do seu desenvolvimento. 

Os 13% restantes, com comprometimentos mais severos, exigirão atendimento especial por toda a vida. 

As limitações ocasionadas pela deficiência intelectual variam muito de uma criança para outra, dependendo da sua profundidade, das relações sociais da criança e de seus aprendizados, mas sempre as pessoas têm dificuldade de executar atividades que são comuns para outras, como se tivessem menos idade do que realmente têm.

A deficiência intelectual costuma ser classificada em leve, moderada e profunda. 

Pessoas com uma deficiência intelectual leve podem chegar a realizar tarefas mais complexas e desenvolver aprendizagens sociais e de comunicação que lhes permite adaptarem-se ao mundo em que vivem. 

Sua aprendizagem escolar é mais lenta e, embora possam frequentar classes comuns, precisam de um acompanhamento especial.

As pessoas com deficiência intelectual moderada são capazes de alguma autonomia pessoal e social, mas não chegam a dominar as técnicas de leitura, escrita e cálculo.

Na deficiência intelectual profunda, as pessoas têm grandes problemas de comunicação com o meio e são dependentes dos outros em quase todas as atividades.

O respeito, o carinho e a dedicação são fundamentais para qualquer ser humano, incluindo aqueles com deficiência intelectual.

Na escola, o(a) professor(a) deve identificar as competências e habilidades que a criança tem e incentivá-las, ao invés de insistir no que o aluno não é capaz de fazer. 

Deve redimensionar as formas de exposição, flexibilizar o tempo e usar estratégias diversificadas, como a ajuda dos colegas.

Também é importante o auxílio do adulto para a organização da rotina, indicando para o deficiente quais etapas devem ser seguidas na realização de uma dada tarefa.

A educação do aluno com necessidades educativas especiais almeja os mesmos objetivos da educação do aluno dito "não-especial". 

O que difere são os meios e as formas de se atingir esses objetivos. 

Para isso é necessário pensar em uma educação enriquecida, criativa, que possa se utilizar de instrumentos diversos, inclusive os recursos tecnológicos produzidos pela vida moderna, para que esse sujeito desfrute de uma educação de alta qualidade.

A inteligência de uma pessoa pode ser avaliada por meio do Quociente de Inteligência (QI), obtido por testes psicológicos padronizados. 

Fala-se em deficiência intelectual quando o QI está situado em 75 pontos ou menos.

A deficiência intelectual é uma condição irreversível. 

No entanto, a pessoa comprometida deve receber acompanhamento médico e estimulação de suas capacidades. 

As limitações existentes podem ser minimizadas por meio da estimulação sistemática de atividades escolares, profissionais e sociais.

Os resultados de vários estudos já publicados confirmam a grande influência do meio social e familiar no desenvolvimento de pessoas com deficiência, assim como o importante papel exercido pela escola e pelo trabalho nesse processo.

O diagnóstico correto dos fatores causais feito no momento do nascimento pode evitar danos cerebrais causadores de deficiência intelectual, principalmente erros metabólicos inatos, como a fenilcetonúria, por exemplo, que se não controlados levam à lesão cerebral.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Alterações cognitivas após o AVC 


O Acidente Vascular-Cerebral (AVC) é uma condição neurológica súbita que afeta uma área particular do cérebro, levando à perda de função dependente dessa mesma área. 

É um dos problemas neurológicos agudos mais comuns e uma das causas mais frequentes de internamento hospitalar.

Quais as alterações cognitivas que podem surgir após um AVC?

A maioria dos AVCs resultam em algum tipo de alteração a nível cognitivo. 

O padrão de alterações cognitivas depende essencialmente da área lesada. 


Como sabemos, o nosso cérebro recruta áreas difusas e coordena-as de forma integrada para realizar uma tarefa. 

No entanto, existe alguma especialização funcional no cérebro. 

Quer isto dizer que algumas áreas têm um papel mais importante na integridade de determinadas funções cognitivas. 

Por exemplo, a maior parte das pessoas têm as funções linguísticas lateralizadas à esquerda no cérebro. 

Mais especificamente, o lobo temporal esquerdo tem um papel muito importante na linguagem.

De forma geral, após um AVC podemos observar alterações em vários domínios cognitivos e que se podem associar a uma diminuição da funcionalidade dos doentes.

Capacidade atencional

O nosso cérebro recebe uma quantidade enorme de informação a cada segundo. 

Para nos concentrarmos numa determinada tarefa, o cérebro tem que diferenciar a informação mais relevante da menos relevante, tendo em conta o nosso objectivo final.

A grande maioria das pessoas que sofrem um AVC experienciam dificuldades de concentração, especialmente na fase aguda. 

A concentração é uma capacidade essencial pois dela dependem uma série de outras funções nervosas mais “sofisticadas”. 

Se não conseguirmos focar a atenção na informação relevante, não iremos conseguir processá-la, codificá-la nem consolidá-la de maneira a utilizá-la no futuro.

A nível funcional:

A pessoa pode não ser capaz de filtrar a informação que a rodeia, dificultando a comunicação inter-pessoal num ambiente mais ruidoso

Pode também ser difícil manter-se focado numa única tarefa (ex: ler um livro ou ver televisão)

Também pode ser um desafio transferir a atenção de uma tarefa para a outra, pelo que, se for interrompida, a pessoa pode não conseguir retomar a tarefa que estava a executar

A pessoa pode não conseguir dividir facilmente a atenção entre duas ou mais tarefas (ex: não conseguir tirar um café com sucesso enquanto fala com alguém)

Finalmente, a pessoa que sofre um AVC pode passar a processar a informação mais lentamente, levando, por exemplo, a que não consiga acompanhar um discurso muito rápido.

Após um AVC no lado direito do cérebro, também é possível que a pessoa não repare em objectos que estão do seu lado esquerdo ou que não preste atenção a metade do seu corpo (ex: não fazer a barba ou não se maquilhar do lado esquerdo da cara) e que apenas coma alimentos apresentados do lado direito do prato. 

Estes sintomas podem ser muito óbvios para outros mas a própria pessoa não se vai aperceber até alguém chamar a atenção para a sua dificuldade.

Memória

É muito comum surgirem problemas de memória após um AVC, particularmente nas primeiras semanas/meses. 

Não obstante, alguns destes problemas podem ser explicados pela dificuldade de concentração já referida.

A pessoa pode ter dificuldade em lembrar-se de informação que acabou de lhe ser comunicada ou daquilo que ia fazer. 

Pode também esquecer-se de datas importantes (ex: consultas médicas), do local onde colocou um determinado objeto, do nome de uma pessoa ou daquilo que esta lhe disse da última vez que a viu.

Funções executivas

As alterações do funcionamento executivo também são comuns após um AVC. 

As funções executivas permitem-nos planejar, monitorizar e executar tarefas, resolver problemas e tomar decisões. 

Também nos permitem adaptar a nossa resposta em função das contingências do meio.

A nível funcional:

A pessoa que sofre um AVC pode não ser capaz de planejar e executar com sucesso a confecção de uma refeição ou simplesmente não conseguir mudar o canal da televisão

Pode também ter uma diminuição da iniciativa para fazer determinadas tarefas (ex: só tomar banho quando alguém lhe diz para o fazer) ou precisar de pistas de ajuda ao longo da tarefa

Pode ser mais difícil interpretar expressões faciais ou a linguagem corporal ou colocar-se na perspectiva do outro, limitando assim o funcionamento social.

Capacidade práxica

Cada vez que nos movimentamos, o nosso cérebro tem que planejar os movimentos a executar e garantir uma sequenciação correta dos mesmos para alcançarmos o nosso objectivo. 

Um AVC pode comprometer a capacidade para executar movimentos sobreaprendidos (ex: vestir, fazer chá, preparar uma refeição), mesmo na ausência de déficits motores – apraxia.

Em termos funcionais a pessoa pode não conseguir realizar uma tarefa por comando verbal (não justificado por alterações motoras), apesar de compreender perfeitamente o que lhe está a ser solicitado. 

Aqui a dificuldade está no planeamento do movimento, pelo que a pessoa pode não ser capaz de fazer o gesto de “dizer adeus” por comando verbal, mas ser capaz de o fazer espontaneamente quando alguém se vai embora. 

Neste último caso, trata-se de um comportamento que pode ser considerado mais automático e que não implica um nível de pensamento tão sofisticado. 

Estas dificuldades podem ser facilmente confundíveis com defeitos puramente motores (ex: por diminuição de força), mas os clínicos dispõem de instrumentos que lhes permitem distinguir as duas condições.

Capacidade visuo-perceptiva

Após um AVC, a pessoa pode não conseguir avaliar certas características dos objectos (ex: profundidade, tamanho, volume, orientação).

Pode também não conseguir avaliar a distância a que se encontra de um obstáculo ou a altura de um degrau.

Pode também ser difícil identificar um prato branco sobre uma toalha branca ou interagir com os objectos com sucesso (ex: tapar um recipiente).

Gnosia (reconhecimento)

Depois de um AVC, a pessoa pode não conseguir reconhecer um objecto visualmente, pelo toque ou pelo som. 

Este fenómeno recebe o nome de agnosia. 

A agnosia geralmente é especifica para uma modalidade sensorial, ou seja, a pessoa pode não conseguir reconhecer o objeto visualmente, mas não ter essa dificuldade quando toca nele.

Podem ainda surgir alterações noutros domínios cognitivos e também não podemos esquecer as alterações da comunicação que são tão frequentes nesta doença neurológica e tão incapacitantes para os doentes e familiares.

Para além disso, as alterações motoras também são muito comuns nos AVCs e contribuem para aumentar a dependência de terceiros. 

Por isso, o trabalho multidisciplinar é essencial para prestar os melhores cuidados de saúde possíveis a pessoas com AVC.



domingo, 29 de outubro de 2017

Morte encefálica 

Morte Encefálica (ME): É a definição legal de morte. Sendo conceituada como a interrupção completa e irreversível de todas as funções cerebrais, mesmo na presença de atividade cardíaca ou reflexos primitivos.

Principais Causas:

Politraumatizados com TCE;

Acidente vascular cerebral (AVCH /AVCI);

Tumores cerebrais primários;

Anóxia cerebral (afogamentos, pós-parada cardiorrespiratória);

Intoxicação exógena.

Importância:

Estabelecer o plano terapêutico e evitar terapias inúteis;

Fornecer informações seguras aos familiares;

Reduzir custos e otimizar a ocupação dos leitos do CTI;

Oferecer à família a opção pela doação de órgãos.

Protocolo de Morte Encefálica

1º) Exclusão de condições clínicas que possam causar interferência no exame clínico:

Distúrbios acido-básico e hidroeletrolíticos graves;

Alterações hormonais causadoras de coma;

Ausência de hipotermia (Temperatura ≥ 36,5oC), hipotensão (PA sistólica ≥ 90 mmHg), intoxicação exógena ou uso de drogas sedativas e bloqueadores neuromusculares (suspender e aguardar o triplo da meia-vida da medicação para iniciar o protocolo); Se indicado, considerar dosagem sérica da droga.

Importante: Achados clínicos que não excluem o diagnóstico de ME:

Movimentos involuntários (reflexos espinhais):

Sinal de Lázaro (movimentação dos membros);

Reflexos tendíneos, abdominais, cremastéreo ou sinal de Babinsky persistentes; movimentos ondulares dos dedos dos pés;

Ereção peniana reflexa, arrepio, reflexos reflexores de retirada dos membros inferiores ou superiores, reflexo tônico cervical;

Contrações faciais (“caretas”).

Níveis tensionais normais:

Adulto: PAS > 90mmHg ou PAM > 65mmHg;

Recém-Nascidos: PAS > 60 mmHg;

Lactentes: PAS > 70mmHg;

Crianças maiores de 2 anos: PAS > 70 + (2 x idade em anos).

2º) Avaliar os critérios para abertura do protocolo de ME:

Conhecer a causa do coma, através da história clínica, exame físico e exames complementares;

Estado de coma arreativo e aperceptivo;

Escala de Coma de Glasgow = 3;

Ventilação mecânica (assistida);

Excluir uso de drogas depressoras do sistema nervoso central com níveis capazes de causar o coma e mimetizar a ME;

Ausência de hipotermia, hipotensão ou distúrbios hidroeletrolíticos;

Mínimo de 6 horas de tratamento intensivo / observação hospitalar após a lesão.

Parâmetros hemodinâmicos e metabólicos recomendados para abertura de protocolo de morte encefálica:

PAS > 90mmHg;

PAM > 65mmHg;

Sat O2 > 90%;

PaCO2: 20-45mmHg;

PaO2/ FiO2 > 100;

Uréia < 300;

Sódio plasmático: 120-160 mEq/L;

Glicemia: 80 a 300mg/dL;

Hemoglobina >que 9;

Temperatura > a 32.5°C.

3º) Primeiro Exame Clínico Neurológico:

Checklist:

Coma aperceptivo;

Pupilas fixas e arreativas;

Ausência de reflexo;

Ausência de reflexos óculocefálicos;

Ausência de resposta às provas calóricas;

Ausência de reflexo de tosse;

Apneia.

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Etapas:

1. Confirmar o coma (Escala de Coma de Glasgow = 3), com exame bilateral

Estímulo retromandibular (Pares cranianos V e VII) ;

Estímulo axial (esternal ou supraorbitário) e apendicular (ungueal).

2. Examinar reflexos do Tronco Encefálico:

Ausência de reflexo pupilar fotomotor (II e III pares) bilateral;

Ausência de reflexo córneo-palpebral (V e VII pares) bilateral;

Ausência de reflexo oculoencefálico bilateral (VIII par);

Rotação da cabeça em 90o, para cada lado e no plano vertical, com movimentos rápidos de báscula. Atenção para presença de trauma raquimedular cervical;

Ausência de reflexo oculovestibular (VII, III, VI pares) bilateral:

Otoscopia (verificar se obstrução ou perfuração) inicial, seguida da Prova Calorimétrica: Com a cabeceira a 30o, instilar 50 mL de SF 0,9% gelado (próximo a 0o C) ao longo de um minuto. Observar por até 1 minuto após. Aguardar 5 minutos antes de testar outro lado.

Ausência de reflexo de tosse (IX e X pares): Testar com espátula na faringe posterior bilateral e sonda de aspiração pelo tubo endotraqueal.

Ausência de drive respiratório (“teste de apnéia”).

Teste de Apneia

Pré-requisitos: Temp. ≥ 36,5oC; PA sist ≥ 90 mmHg; balanço hídrico nas 6 horas positivo);

Ventilar o paciente (±10 minutos com FiO2 de 100%), para PaO2 alvo ≥ 200 mmHg) ;

Desconectar o circuito do respirador, mantendo uma cânula de O2 na topografia da Carina com fluxo 6 L/min);

Observar movimentos respiratórios (se possível, com ventilômetro acoplado) por até 10 minutos ou até pCO2 ≥ 55 mmHg ;

O teste deverá ser interrompido se hipotensão, arritmia ou queda da saturação de O2.

Atenção: para pacientes cujo PCO2 basal já é ≥ 55 mmHg, aguardar elevação acima de 20 mmHg do pCO2 basal para teste confirmatório.

Interpretação:

Positivo

1. PCO2 > 55mmHg;

2. Aumento da PCO2 em 20mmHg comparada com a gasometria inicial.

Negativo

1. Movimentos respiratórios;

2. Resultados de PCO2 na gasometria inferior aos resultados anteriores.

Inconclusivo

1. Instabilidade hemodinâmica durante o teste;

2. SaO2 < 90%;

3. Arritmias cardíacas.

4º) Segundo Exame Neurológico: Os exames devem ser realizados por profissionais diferentes, 6 horas após o primeiro, que não poderão ser integrantes da equipe de remoção e transplante, sendo pelo menos um dos exames realizado por neurologista ou neurocirurgião.

Intervalo mínimo exigível entre os exames: Depende da faixa etária do paciente:

7 dias – 2 meses: 48 horas;

2 meses – 1 ano: 24 horas;

1-2 anos: 12 horas;

> 2 anos: 6 horas.

5º) Exame Complementar Confirmatório: Escolher um dentre os disponíveis: de fluxo, atividade elétrica ou metabolismo. Principais opções:

Eletroencefalograma;

Doppler Transcraniano ;

Arteriografia cerebral de 4 vasos;

Tomografia por emissão de fóton único (SPECT);

Tomografia por emissão de próton (PET);

Potenciais Evocados somatossensitivos (PESS).

Interpretação

EEG: é o único exame possível abaixo de 1 ano de idade. Deve demonstrar ausência de atividade bioelétrica cerebral (silêncio elétrico cerebral é definido como a ausência de atividade elétrica maior que 2 microV, por um mínimo de 30 minutos);

Doopler transcraniano: Demonstra ausência de insonação dos vasos cerebrais, em pacientes previamente insonados; Ausência de fluxo diastólico ou reverberante; Pequenos picos sistólicos isolados.

Arteriografia cerebral: Ausência de fluxo sangüíneo na entrada do cérebro dos quatro vasos em vinte segundos; Parada circulatória no polígono de Willis; Enchimento lento acima de quinze segundos do seio longitudinal superior cerebral;

Cintilografia cerebral: Ausência de perfusão cerebral pelo radioisótopo confirma o diagnóstico de morte encefálica.

Nota: Para pacientes abaixo de 2 anos:

De 1 ano a 2 anos incompletos: 2 EEGs, com intervalo de 12 horas.

De 2 meses de idade a 1 ano incompleto: 2 EEGs com intervalo de 24 horas.

De 7 dias a 2 meses de idade (incompletos): 2 EEGs com intervalo de 48h.

6º) Conclusão: A constatação do óbito se dá no momento da conclusão do protocolo, o que pode ser no momento da segunda avaliação clínica, ou do exame complementar (prevalece aquele que for realizado por último).

Após constatada a ME, deve-se: 

(1) Comunicar o médico assistente; 

(2) Comunicar a família do paciente – sem falar sobre transplante de órgãos; 

(3) Comunicar a central de doação de órgãos, e considerar o protocolo, se indicado; 

(4) Enviar uma cópia da declaração ao órgão controlador estadual; 

(5) Registrar todos os passos do protocolo na Folha de evolução e na Folha padronizada.

O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) é um sistema de vigilância epidemiológica nacional, cujo objetivo é captar dados sobre os óbitos do país a fim de fornecer informações sobre mortalidade para todas as instâncias do sistema de saúde. O documento de entrada do sistema é a Declaração de Óbito (DO), padronizada em todo o território nacional. Atentar para o preenchimento correto da documentação: evitar termos como “morte encefálica” ou “parada cardiorrespiratória, pois são eventos da morte (a morte propriamente dita), e não a causa.

Toda morte violenta deverá ser encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML), acompanhada do relatório cirúrgico de cada órgão retirado.

É adequado, diante da constatação da ME em não-doador, suspender os procedimentos de suportes terapêuticos O cumprimento desta decisão deve ser precedida de comunicação e esclarecimento (pelo médico assistente ou seu substituto) sobre a ME aos familiares ou representantes, com registro adequado no prontuário. Nesse caso, a data e hora registradas na Declaração de Óbito devem ser as mesmas da determinação de morte encefálica.

Após o primeiro exame ser conclusivo para ME, comunicar à comissão de transplante do Hospital. Após a confirmação por outro profissional, comunicar à família a confirmação diagnóstica. 

A morte encefálica é de notificação obrigatória ao RIO Transplante. O Termo de Declaração de Morte Encefálica deve ser preenchido, bem como o laudo do exame complementar confirmatório de ser anexado ao prontuário do paciente (mesmo em pacientes não doadores). Cópia do termo deve ser encaminhada ao órgão controlador estadual.


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Transtorno opositivo desafiador 


É possível nos deparamos com uma criança extremamente opositiva, desafiadora, que discute por qualquer coisa, que não assume seus erros ou responsabilidades por falhas e que costuma sempre se indispor com os demais de seu grupo ou de sua família de maneira a demonstrar que a cada situação será sempre difícil convencê-lo, mesmo que a lógica mostre que suas opções estão evidentemente equivocadas? 

Uma criança assim provavelmente ela tenha Transtorno Opositivo-Desafiador.

Tal quadro leva a severas dificuldades de relacionamento e é difícil a avaliação para compreender regras e opiniões alheias e intolerância às frustrações, levando a reações agressivas, intempestivas, sem qualquer diplomacia ou controle emocional. 

Essas crianças costumam ser discriminadas, perdem oportunidades e desfazem círculos de amizades. 

Não raro, sofrem bullying (intolerância) e são retiradas de eventos sociais e de programações da escola por causa de seu comportamento difícil. 

Os pais evitam sair ou passear com elas e muitas vezes as deixam com parentes ou em casa. 

Entre os irmãos, são preteridos, mal falados e considerados como “ovelhas negras” tratados, assim, diferentes e mais criticados pelos pais.

Os sinais e sintomas podem aparecer em qualquer momento da vida, mas é mais comum entre os 6 e 12 anos. 

A associação com TDAH é frequente (50% dos casos), deve ser observada e investigada em todas estas crianças para que sejam tomadas as medidas necessárias, a fim de prevenir problemas de aprendizagem e baixo rendimento escolar. 

O ambiente doméstico costuma ser conturbado, com pais divergentes quanto ao modo de educar e conduzir o (a) filho (a) e de como estabelecer parâmetros, mas evidências mostram que existem fatores genéticos e neurofisiológicos predispondo o seu desenvolvimento.

O tratamento desta condição é multidisciplinar e depende de três eixos: medicação, psicoterapia comportamental e suporte escolar. 

A medicação auxilia em boa parte dos pacientes e melhora a auto-regulação de humor frente às frustrações; a psicoterapia deve centrar em mudanças comportamentais na família com medidas de manejo educacional (dar bons exemplos, dialogar com a criança, ter paciência ao falar, explicar o motivo das ordens dadas, etc.); e, em relação ao suporte escolar, deve-se oferecer apoio, reforço e abertura para um bom diálogo, pois esta abertura melhora o engajamento do aluno opositor às regras escolares e a se distanciar de maus elementos.



quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Psicossomática 


A palavra psicossomática é de origem grega. 

É uma junção de duas palavras gregas: psique (psico – alma) e soma (corpo). 

E, deste modo, uma doença psicossomática é aquela que não é exclusivamente somática, corporal, mas tem origem na psique, na alma.

Evidente que é difícil dizer com clareza o que é a psique. 

Porém, a ideia é simples: a psique inclui tudo o que não conseguimos localizar no corpo de uma maneira específica: nossas emoções, sentimentos, pensamentos. 

Mesmo com as descobertas da neurociência, ainda há muitas questões a serem esclarecidas quanto à localização no cérebro.

De todo modo, fica fácil de entender se pegarmos um exemplo.

Por exemplo, você acordar certa manhã e começa a sentir dores de cabeça e dores no corpo. 

Você vai até um médico e ele constata que o que você está sentindo foi causado por um vírus, o vírus da dengue. 

Neste caso, os sintomas são explicados por um agente físico, um vírus.

Agora, se em outro momento da sua vida você vai até o médico e reclama de dores de cabeça e, depois de muitos exames e testes, ele chega à conclusão de que não há nada errado no seu corpo, ele pode então dizer que a dor de cabeça é uma doença psicossomática. 

Como disse, talvez não seja esta a palavra utilizada, talvez o doutor use o estresse, a ansiedade ou as emoções como causas.

Mas as palavras utilizadas são indiferentes. 

O que se deve distinguir é entre uma causa que é física e uma causa que não é física. 

Ou melhor, até o momento ainda é complicado de localizar no sistema nervoso, por isso, usamos o termo que ficou consagrado na história (psique ou alma).

O sentido das doenças psicossomáticas

Se formos sinceros conosco, em nosso mundo interno, veremos que em muitas circunstâncias podemos ter tido doenças psicossomáticas.

Uma dor de cabeça, uma tosse, intestino preso ou solto demais, azia, entre outros.

Contudo, será que podemos encontrar um sentido neste tipo de manifestação? 

Ou seja, será que cada doença psicossomática tem um significado?

Por exemplo, alguns autores argumentam que dores de cabeça (sem origem física) são resultado de um comportamento excessivamente autocrítico ou perfeccionista.

Então, teríamos:

– dores de cabeça psicossomáticas = autocrítica, perfeccionismo

A ideia é interessante e poderíamos ir listando outros sentidos:

– intestino preso = problemas mal resolvidos

– tosse e alergias respiratórias = irritação com algo no ambiente

E assim por diante. 

Este tipo de quadro de significados das doenças emocionais é interessante porque seria uma saída para a cura. 

Se eu estou sentindo dor de cabeça, avalio se estou me criticando. 

Se é verdade que estou me criticando, tento parar de me criticar para que a dor de cabeça cesse. 

Se eu estou com o intestino preso, é porque tenho que resolver um problema. 

Se resolver o problema, o intestino volta a funcionar normalmente.

Ou seja, teríamos a elucidação da causa psíquica e teríamos então um “remédio” para que a causa fosse eliminada e o sintoma curado.

A questão é que, desde a psicanálise, ficou comprovado que estes sentidos gerais são muito gerais. 

Em outras palavras, o sentido, o significado será individual. 

Pode talvez ser verdade que dores de cabeça tem relação com autocrítica, porém, ainda que seja verdade na maioria dos casos, não será verdade na totalidade deles. 

E, assim, alguns casos ficarão excluídos da possibilidade de cura.

De fato, se a doença é uma doença da alma, da psique, o tratamento a ser buscado não é com o médico, pois o médico não encontrará nada a ser tratado no corpo. 

O caminho é procurar fazer uma terapia da psique: psicoterapia com um profissional da psicologia.

Observação: em muitos casos é recomendável realmente fazer um check-up para ver se não se trata de um problema orgânico.

Com a psicoterapia, a pessoa terá à sua disposição um profissional que saberá conduzir na elucidação do significado individual, particular, único do sintoma.

Por exemplo, como disse, pode ser verdade que uma alergia é sinal de uma irritação (emocional) com um estímulo ambiental. 

Mas para uma pessoa, o que irrita é o vizinho, enquanto para outra o que irrita é o seu companheiro…

Na psicoterapia, portanto, será possível descobrir melhor e mais a fundo as causas do sintoma e, mais importante, encontrar formas de solucionar o sintoma, o sinto-mal.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Carcinoma espinocelular

O carcinoma espinocelular ou epidermóide (CEC) é o segundo tipo mais comum de câncer de pele (20% dos casos). 

É mais comum nas áreas expostas cronicamente ao sol, como couro cabeludo, orelha, pescoço e mãos. 

 Pode ocorrer também nos lábios e genitais. Ocorre principalmente à partir dos 50- 60 anos, com maior frequência no sexo masculino. 

Ele é mais agressivo e de crescimento mais rápido que o carcinoma basocelular, podendo atingir outros órgãos (metastases), caso não seja diagnosticado e tratado preococemente.


Aprenda a reconhecer um carcinoma espinocelular:


Lesão avermelhada vegetante.


Ferida que não cicatriza.


Pode surgir em lábios.


Se encontrar uma lesão suspeita não espere, agende uma consulta com seu dermatologista. O diagnóstico precoce é o melhor caminho para o tratamento adequado. 

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Insuficiência hepática 


A insuficiência hepática define-se como uma grave deterioração da função hepática.


A insuficiência hepática é causada por um distúrbio ou substância que lesiona o fígado.

A maioria das pessoas apresenta icterícia, cansaço e fraqueza e perda de apetite.

Outros sintomas incluem acúmulo de líquido dentro do abdômen (ascite) e uma tendência à formação de hematomas e sangramentos.

Os médicos geralmente podem diagnosticar a insuficiência hepática com base nos sintomas e nos resultados do exame físico e dos exames de sangue.

O tratamento normalmente envolve o controle do consumo de proteína, a limitação de sódio na dieta, a interrupção completa do consumo de bebidas alcoólicas e tratar a causa, porém, às vezes o transplante de fígado é necessário.

A insuficiência hepática surge como consequência de qualquer tipo de doença do fígado, como a hepatite viral (mais comumente hepatite B), a cirrose e as lesões hepáticas provocadas pelo álcool ou por medicamentos, como o acetaminofeno.

A insuficiência hepática remete a uma extensa lesão do fígado. A insuficiência hepática pode desenvolver-se rapidamente, no espaço de dias ou semanas (aguda), ou de forma progressiva, durante meses ou anos (crônica).

Há muitos efeitos decorrentes do funcionamento inapropriado do fígado:

O fígado pode não conseguir processar mais a bilirrubina (um produto residual formado pela decomposição dos glóbulos vermelhos) de forma adequada para que seja eliminada do corpo. 

Em seguida, a bilirrubina se acumula no sangue e é depositada na pele. O resultado é a icterícia.

O fígado não consegue mais sintetizar proteínas suficientes para ajudar na coagulação do sangue. 

O resultado é uma tendência à formação de hematomas e sangramento (coagulopatia).

A pressão arterial nas veias que levam sangue do intestino para o fígado é quase sempre anormalmente alta (denominada hipertensão portal).

Pode haver acúmulo de líquido dentro do abdômen (ascite).

A função cerebral pode se deteriorar porque o fígado não consegue remover as substâncias tóxicas, como faz normalmente, e estas substâncias podem se acumular no sangue. 

Esse distúrbio é denominado encefalopatia hepática.

Pode haver a formação de novas veias (denominadas vasos colaterais) que se desviam do fígado. 

Elas frequentemente são formadas no esôfago e no estômago. Nesses locais, as veias ficam dilatadas e retorcidas. 

Essas veias – denominadas veias varicosas do esôfago (varizes esofágicas) ou do estômago (varizes gástricas) – são frágeis e propensas ao sangramento.

Por motivos desconhecidos, os rins apresentam funcionamento inadequado em até metade das pessoas com insuficiência hepática. 

A insuficiência hepática que leva à insuficiência renal é chamada síndrome hepatorrenal.

O sistema imunológico não funciona devidamente, aumentando o risco de infecção.

As pessoas podem ter anormalidades metabólicas, como baixos níveis de potássio no sangue (hipocalemia) ou concentrações baixas de glicose no sangue (hipoglicemia).



segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Dor mista


A dor é um dos mecanismos de defesa mais importantes do nosso organismo e, mesmo sendo incômoda e indesejada, serve para alertar sobre um desequilíbrio ou trazer um sinal de que algo vai mal ou está errado. 

Se não for tradada corretamente, a dor pode ocasionar, além dos incômodos, outros problemas psicológicos como distúrbio do sono, perda de energia, tontura, depressão, ansiedade e falta de apetite.

A dor pode se apresentar de três formas: inflamatória, neuropática e mista. 

As dores inflamatória e neuropática são as mais conhecidas do público, mas desconhecem a existência da dor mista, que nada mais é do que a coexistência desses dois tipos de dor.

A dor inflamatória, ou nociceptiva, deriva de uma lesão tecidual contínua, deixando o sistema nervoso central sem nenhuma alteração. 

Ela pode ser crônica, mas geralmente é transitória, desaparecendo após a cura dos tecidos lesados. 

A dor nociceptiva é uma dor bem localizada, mais fácil de tatear e costuma não ser duradoura Lembrando que, como em todos os casos, há exceções.

Por outro lado, quando os nervos do sistema nervoso central ou periférico não estão funcionando corretamente, a dor é chamada de neuropática. 

Neste caso, não há uma lesão tecidual e a região dolorida não se situa, necessariamente, no local afetado. 

Essa dor apresenta sintomas como a dormência, queimação, formigamento e choques elétricos e podem ser provenientes de lesões traumáticas, metabólicas, infecciosas, tóxicas, vasculares e até nutricionais.

O que pouca gente sabe, porém, é que a mais comum das dores é a mista, que também é conhecida como dor combinada. 

Nesses casos, o paciente sofre não somente a compreensão de nervos e raízes (dor neuropática), mas também com problemas nos ossos, facetas, articulações e ligamentos (estruturas musculoesqueléticas)².

Um exemplo da dor mista é a famosa dor no ciático, que irradia da coluna lombar para a parte posterior da coxa ou da perna. 

Síndrome do canal cárpico, cervicobraquialgias e dor neoplásica são outras formas da dor mista.

Todo o diagnóstico provém de uma análise minuciosa e da apuração do histórico do paciente. 

Quando verificamos a presença combinada dos sintomas, ligamos o alerta para verificar se existe, de fato, uma lesão neuropática naquele paciente que já apresenta sintomas de dor inflamatória.

Lembrando que a medicina utiliza escalas para diferenciar o tipo de dor e intensidade do sintoma.

Existem mais de uma escala que são compostas de perguntas onde se explora aspectos qualitativos e sensitivos da dor.


Quanto mais rápido for o diagnóstico, mais rápido será o tratamento. 

Nos casos de dor mista, por exemplo, o paciente terá que trabalhar com pelo menos dois tipos de medicação. 

Sem passar por uma consulta médica, ele dificilmente teria essa noção. Portanto, é importante que o paciente não se automedique e procure um especialista.


domingo, 22 de outubro de 2017

Colite pseudomembranosa


O Clostridium difficile é uma bactéria produtora de toxinas, que costuma estar presente em cerca de 3% dos adultos saudáveis e em até 20% dos pacientes hospitalizados, principalmente naqueles sob tratamento com antibióticos. 

Nos idosos internados em centros de cuidados prolongados, a taxa de contaminação chega a ser de 50%.

O Clostridium difficile costuma ser inofensivo em pessoas saudáveis, pois a sua proliferação é controlada pelas centenas de outras espécies de bactérias, fungos e protozoários que habitam nosso trato intestinal. 

Porém, em pessoas que fazem uso repetido ou prolongado de antibióticos, a flora intestinal natural pode sofrer uma grave alteração, favorecendo a proliferação de cepas causadoras de doenças.

Esta não é uma bactéria que ataca diretamente o cólon. 

O seu problema reside no fato dela ser uma produtora de toxinas irritantes à parede do intestino. 

Quando a bactéria consegue se multiplicar descontroladamente, uma grande quantidade de toxinas são produzidas, levando à colite (inflamação do cólon) e diarreia profusa.

Pacientes portadores da bactéria C. difficile eliminam a mesma nas fezes sob a forma de esporos (alguma coisa parecida com ovos), podendo contaminar o ambiente (roupas, objetos, roupa de cama, toalhas…) e pessoas ao redor. 

Para indivíduos saudáveis, como os familiares, essa contaminação é pouco relevante, pois o sistema imunológico e a flora intestinal são capazes de controlar a infecção. 

Porém, em um ambiente hospitalar, onde existem muitos idosos debilitados e pessoas com sistema imunológico comprometido, isso pode gerar surtos de colite em vários pacientes internados. 

Por isso, qualquer paciente identificado como portador deste microbio deve ser colocado em isolamento de contato até que a bactéria seja erradicada.


A infecção pelo C. difficile pode provocar 4 apresentações clínicas distintas:

1- Portador assintomático: pacientes hospitalizados frequentemente sofrem mudanças na sua flora intestinal e podem passar a ser portadores da bactéria Clostridium difficile. São chamados de carreadores assintomáticos aqueles que possuem a bactéria, eliminam a mesma nas fezes, podendo contaminar o ambiente e outros pacientes, mas não apresentam quaisquer sintomas. Esses pacientes são habitualmente pessoas com sistema imunológico forte, que se curam sozinhos semanas depois de terem retornado para a sua casa.

2- Diarreia por Clostridium difficile: nos pacientes que desenvolvem sintomas, a diarreia é a manifestação clínica mais comum. A colite provocada pelo C. difficile costuma causar uma diarréia aquosa intensa, que pode levar o paciente a ter várias evacuações por dia. Cólicas abdominais, febre baixa e leucocitose (aumento do número de leucócitos no hemograma) são outras manifestações comuns. Febre acima de 38,5ºC é um sinal de gravidade.

A colite por C. difficile costuma estar relacionada à administração recente de antibióticos. O quadro pode iniciar-se ainda durante o tratamento ou até 5 a 10 dias após o fim do(s) antibiótico(s). Em casos raros, a colite por Clostridium difficile pode aparecer somente semanas depois do fim do tratamento.

Os antibióticos mais frequentemente implicados com a proliferação do C. difficile são as fluoroquinolonas (ex: ciprofloxacino, levofloxacino e norfloxacino), clindamicina, cefalosporinas e penicilinas. Porém, praticamente todos os antibióticos, incluindo metronidazol e a vancomicina, que são habitualmente usados no tratamento da Clostridium difficile, podem facilitar o aparecimento desta colite.

3- Colite pseudomembranosa: é um quadro de colite um pouco mais grave que o anterior, com diarreia que pode chegar a 15 evacuações diárias, dores abdominais mais intensas e presença de sangue e pus nas fezes. A sua principal característica é a presença de uma pseudomembrana ao redor da parede do cólon, achado que costuma ser identificado através da colonoscopia.

4- Colite fulminante: uma forma mais grave e, felizmente, mais rara, é a colite fulminante, um quadro de intensa inflamação, com dilatação do cólon e grande risco de perfuração do mesmo.

O uso recente de antibióticos é o mais importante fator de risco para a multiplicação do C. difficile. 

Quanto maior for o espectro de ação, ou seja, quanto maior for a capacidade do antibiótico de atingir diferentes tipos de bactérias, e quanto mais prolongado for o tempo de tratamento, maior será o risco de colite por C. difficile. 

Pacientes idosos, hospitalizados ou institucionalizados também apresentam elevado risco de infecção por esta bactéria. Uso crônico de medicamentos que suprimem a acidez gástrica, como omeprazol, pantoprazol e similares, também parece aumentar o risco de contaminação pela bactéria.

É importante destacar que existem outras causas de diarreia causada por antibiótico que não têm relação com o C. difficile. 

Na verdade, a maioria das pessoas jovens e não hospitalizadas que desenvolvem diarreia após o uso de um determinado antibiótico não tem colite por Clostridium difficile.

O diagnóstico da colite por C. difficile deve ser investigado em todo paciente hospitalizado, ou que tenha recebido alta hospitalar recentemente, que desenvolva quadro de diarreia intensa. 

O uso recente de antibióticos é uma dica importante. Pacientes não hospitalizados que tenham feito uso recente de múltiplos antibióticos também podem desenvolver a infecção.

O diagnóstico é habitualmente feito através da pesquisa de toxinas do C. difficile nas fezes. A presença de toxinas em um paciente com diarreia persistente é suficiente para o diagnóstico.

Nos casos em que a pesquisa de toxinas do C. difficile é negativa, mas a suspeita clínica é muito alta, uma colonoscopia pode ser realizada para investigar a presença de pseudomembranas, achado típico na colite pseudomembranosa.

O tratamento da infecção pelo Clostridium difficile é feito com antibióticos. 

Para casos leves a moderados, o metronidazol é o antibiótico de escolha. Nos casos mais graves, a vancomicina, por via oral, deve ser a escolha.

No casos de colite fulminante, com rompimento iminente ou já estabelecido do cólon, o tratamento deve ser cirúrgico, com ressecção da região afetada.

Nos pacientes com infecção recorrente por C. difficile, apesar do tratamento adequado com metronidazol ou vancomicina, algumas alternativas podem ser tentadas. 

O transplante de fezes é uma técnica nova que consiste na administração de fezes de um doador diretamente para o trato gastrointestinal do paciente, através do colonoscopia ou por uma sonda gastrointestinal. O objetivo desse tratamento é restabelecer a flora intestinal natural, impedindo que o C. difficile volte a se multiplicar.

Seguindo o mesmo raciocínio, uma outra opção é a administração de probióticos, que é um medicamento que contém bactéria se fungos naturais da flora intestinal. Apesar de ser mais simples, os probióticos têm resultados inferiores ao transplante de fezes, principalmente nos casos de colite moderada a grave.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Monaless para o tratamento de elevação do colesterol.


Como este medicamento funciona?

Este medicamento é constituído por um produto derivado do arroz (Oryza sativa) contendo substâncias que reduzem a produção de colesterol total, LDL-colesterol e triglicérides, diminuindo sua concentração no sangue.

Para que este medicamento é indicado?

Indicado como adjunto à dieta para o tratamento de pacientes com níveis moderados de colesterol total (200-240mg/dl). Deve ser usado associadamente a uma dieta restrita em gorduras saturadas e colesterol quando a resposta à dieta e outras medidas não-farmacológicas de forma isolada mostrarem-se inadequadas.

Como devo usar este medicamento?

Uso oral. Deve ser administrado preferencialmente com as refeições. Antes da utilização, verificar se há antecedentes alérgicos, especialmente aos componentes da formulação.

O paciente deverá ser submetido a uma dieta redutora de colesterol antes de iniciar o tratamento, que deverá ser mantida durante o tratamento.

ATENÇÃO: este é um medicamento novo e, embora as pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis para comercialização, efeitos indesejáveis e não conhecidos podem ocorrer. Neste caso, informe seu médico.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Ruptura de menisco 


As rupturas do menisco estão entre as lesões mais comuns no joelho. 

Atletas, particularmente os que praticam esportes de contato, têm mais chances de romper o menisco.

Entretanto, qualquer pessoa de qualquer idade pode romper um menisco. 

Normalmente, quando alguém fala de ruptura das cartilagens do joelho, está se referindo a menisco rompido.

A articulação do joelho é formada pelo encontro de três ossos: o osso da coxa (fêmur), o osso da perna (tíbia) e a rótula (patela).

Duas cartilagens em formato de C agem como "amortecedores" entre o osso da coxa e o da perna. São chamadas de meniscos. São resistentes e flexíveis para auxiliar o amortecimento e a estabilidade da articulação.

Descrição

Os meniscos são rompidos de diferentes modos. As rupturas são identificadas por seu aspecto e pelo local do menisco em que ocorrem. Rupturas comuns incluem "alça de balde", oblíqua e radial.

As rupturas do menisco causadas por esportes costumam ocorrer em conjunto com outras lesões do joelho, como rupturas do ligamento cruzado anterior.

Causas

As rupturas agudas de menisco normalmente ocorrem durante a prática de esportes. Os atletas podem torcer o joelho ao agachar, causando a ruptura. Às vezes há contato direto, como em choques contra o adversário.

Pessoas mais idosas têm maior probabilidade de desenvolver rupturas de menisco degenerativas. A cartilagem se enfraquece e fica mais fina com o tempo. 

O tecido envelhecido e desgastado é mais propenso a rupturas. Se os meniscos já estiverem enfraquecidos pela idade, basta uma entorse desajeitada ao se levantar de uma cadeira para causar uma ruptura.

Sintomas

Pode ser possível ouvir um estalido quando o menisco é rompido. A maioria das pessoas ainda consegue andar mesmo com o joelho lesionado.

Muitos atletas não suspendem a prática do esporte mesmo com a ruptura. Em 2 ou 3 dias, o joelho ficará gradualmente mais rígido e inchado.

Os sintomas mais comuns de ruptura do menisco são:

  • dor;
  • rigidez e inchaço;
  • bloqueio ou travamento do joelho;
  • sensação de que o joelho está "falseando";
  • incapacidade de movimentar o joelho em toda a amplitude de movimento.

Se a ruptura não for tratada, pedaços do menisco podem soltar-se e flutuar pela articulação, o que pode fazer com que o joelho falseie, estale ou trave.

Exame médico

Exame físico e histórico do paciente

Depois de conversar sobre os sintomas e o histórico médico, o médico examinará o joelho. Ele analisará se há dor ao longo da linha da articulação em que o menisco está posicionado. A dor normalmente é um sinal de ruptura.

Um dos principais testes para verificar se o menisco está rompido é o teste de McMurray. 

O médico flexiona, depois estica e gira o joelho.

Esses movimentos aplicam tensão no menisco rompido. 

Se houver ruptura do menisco, eles produzirão um estalo. O joelho estalará sempre que o médico fizer o teste.

Exames de imagem

Como há outros problemas no joelho com sintomas semelhantes, o médico pode pedir exames de imagem para auxiliar na confirmação do diagnóstico.

Radiografias. Embora as radiografias não mostrem as rupturas do menisco, elas podem mostrar outras causas de dor no joelho, como osteoartrite.

Ressonância nuclear magnética (RNM). Este exame pode criar imagens melhores dos tecidos moles da articulação do joelho, como o menisco.

Tratamento

O tratamento que o cirurgião ortopédico indicará para a ruptura dependerá do tipo, do tamanho e da localização da ruptura.

O terço externo do menisco é bastante vascularizado. A ruptura dessa região "vermelha" pode cicatrizar sozinha, ou pode ser reparada por cirurgia. Rupturas longitudinais são exemplos desse tipo de ruptura.

Em contrapartida, os dois terços internos do menisco não são vascularizados. Sem os nutrientes do sangue, as rupturas nessa região "branca" não são capazes de cicatrizar. 

Essas rupturas complexas frequentemente ocorrem em cartilagens finas e desgastadas. Como os pedaços não podem unir-se, as rupturas nessa região são frequentemente removidas por cirurgia.

Além do tipo de ruptura, a idade, o nível de atividades e as lesões relacionadas afetarão seu plano de tratamento.

Tratamento não cirúrgico

Se a ruptura for pequena e estiver localizada na borda externa do menisco, a cirurgia pode não ser necessária para repará-la. Se os sintomas não persistirem, e se o joelho estiver estável, o tratamento não cirúrgico pode ser suficiente para você.

RICE. O protocolo RICE é efetivo para a maioria das lesões esportivas. RICE significa Rest (Repouso), Ice (Gelo), Compression (Compressão) e Elevation (Elevação).

Repouso. Dê um tempo na atividade que causou a lesão. O médico pode recomendar o uso de muletas, para evitar que apoie o peso do corpo no membro acometido.

Gelo. Use bolsas de gelo por 20 minutos, várias vezes no mesmo dia. Não coloque o gelo diretamente sobre a pele.

Compressão. Para prevenir aumento do inchaço e perda de sangue, use uma bandagem elástica de compressão.

Elevação. Para reduzir o inchaço, recline o corpo e coloque a perna em nível mais elevado que o coração.

Anti-inflamatórios não esteroides. Medicamentos como aspirina e ibuprofeno reduzem a dor e o inchaço.

Tratamento cirúrgico

Se os sintomas persistirem depois do tratamento não cirúrgico, o médico pode indicar uma artroscopia.

Procedimento. A artroscopia do joelho é um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados. Ela consiste na inserção de uma minicâmera por um pequeno corte (portal). Assim, é possível ter uma visão clara do interior do joelho. O cirurgião ortopédico insere por outros portais pequenos instrumentos cirúrgicos para cortar ou reparar a ruptura.

Artroscopia do joelho

Câmera e instrumentos inseridos pelos portais no joelho.

Meniscectomia parcial. Neste procedimento, o tecido do menisco lesionado é retirado.

Visão ampliada de uma meniscectomia parcial

Reparo do menisco. Algumas rupturas de menisco podem ser reparadas por sutura (unidas com pontos). 

A possibilidade de sucesso no tratamento de reparo da ruptura depende do tipo de ruptura e também da condição geral do menisco lesionado. 

Como o menisco precisa cicatrizar, o tempo de recuperação para o reparo é muito maior que no caso da meniscectomia.

Reabilitação

Depois da cirurgia, o médico pode colocar um gesso ou uma órtese no joelho para limitar os movimentos. 

Nos casos de procedimento de reparo do menisco, é preciso usar muletas por cerca de um mês para evitar apoiar o peso do corpo no joelho.

Quando a cicatrização estiver concluída, o médico prescreverá exercícios de reabilitação. É necessário praticar exercícios regularmente para restaurar a mobilidade e a força do joelho. 

Primeiro são indicados exercícios para aumentar a amplitude de movimento. Exercícios de fortalecimento serão adicionados gradualmente ao plano de reabilitação.

A maior parte da reabilitação pode ser realizada em casa, mesmo se o médico recomendar fisioterapia. O tempo de reabilitação para o reparo do menisco é de cerca de 3 meses. A meniscectomia exige menos tempo para a cura, aproximadamente 3 a 4 semanas.

Recuperação

Os rompimentos do menisco são lesões extremamente comuns no joelho. 

Com o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação adequados, os pacientes normalmente recuperam seus desempenhos anteriores à lesão.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Tendinite pata de ganso 


Pata de ganso é o nome dado a junção dos tendões de três músculos da coxa (sartório, grácil e semitendinoso) pelo complexo ter essa aparência.

Sua principal função é fazer a flexão do joelho, mas também auxilia e ajuda a conter a rotação medial e o estresse em valgo.

A tendinite acontece por diversos motivos como: grau elevado de genuvalgo, pés pronados ou chatos, obesidade, algum problema que deixe o joelho mais instável (como artrose, por exemplo), praticantes de esportes que não fazem preparo físico direcionado, encurtamento severo dos músculos posteriores da coxa. 

A dor é sentida na parte interna da perna logo abaixo do joelho, principalmente ao flexioná-lo, ao toque do calcanhar no chão durante a marcha e ao subir e descer escada.   

 O tratamento fisioterápico em fase aguda consiste em controlar a inflamação e diminuir a dor com crioterapia, ultra-som, laser e acupuntura, por exemplo, mas todos esses recursos são paliativos e não solucionam o problema. 

É essencial tratar a causa mecânica com foco na diminuição da instabilidade e melhora no alinhamento do joelho e reorganização da marcha.  

 É importante também que o paciente faça o dever de casa que pode implicar em mudança de treino, aplicações de gelo, alongamentos e até alguns exercícios de fortalecimento, para que o tratamento seja eficaz.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Ruptura do tendão do biceps


O músculo bíceps está na região anterior (frente) do braço. 

Ele é responsável por dobrar o cotovelo e girar o antebraço, colocando a palma da mão para cima.  

O músculo bíceps é formado por duas porções: a cabeça curta e a cabeça longa do bíceps. 

Lesões da cabeça curta são extremamente raras, mas o acometimento da cabeça longa é frequente, sendo causa comum de dor no ombro. 

Frequentemente os distúrbios do bíceps estão associados a lesões do manguito rotador.

Em muitos pacientes, o tendão do bíceps sofre uma ruptura pois apresenta um processo inflamatório crônico. Nestes pacientes encontramos uma história prévia de dor no ombro. 

Nos praticantes de musculação, a ruptura do bíceps está associada ao uso de anabolizantes. 

Com o tendão enfraquecido, ao realizar um esforço como levantar um objeto pesado, o tendão da cabeça longa do biceps pode romper-se completamente. 

 A cabeça curta do biceps mantém-se integra o que permite que os pacientes mantenham a movimentação do cotovelo.

Os pacientes referem dor súbita na região anterior (frente) do ombro. Após alguns dias, podem apresentar um hematoma no braço. 

É comum a perda de força transitória para dobrar o cotovelo e virar o antebraço colocando a palma da mão para cima.

Após algumas semanas, diminuindo o inchaço da lesão é perceptível uma deformidade com um abaulamento na região anterior do braço (sinal do Popeye).


As lesões do bíceps são fáceis de serem identificadas pelo exame clínico, mas devemos em todos os pacientes com suspeita de lesão do bíceps pedir uma ressonância magnética do ombro para verificar se não houve uma lesão do manguito rotador associada.


Na maioria dos pacientes, a dor e a fraqueza para dobrar o cotovelo é temporária. 

 E a deformidade no braço pode não incomodar alguns pacientes, principalmente os mais idosos e com menor atividade física. 

Nestes casos, o tratamento não cirúrgico com gelo, antiinflamatórios e fisioterapia é suficiente.

Para pacientes mais jovens e ativos, o tratamento cirúrgico pode ser indicado. O procedimento realizado é a tenodese do bíceps. 

A tenodese possui diversos métodos e locais de fixação, não havendo consenso entre os ortopedistas qual o melhor método. 

A fixação do tendão pode ser realizada através de túneis transósseos e fios de alta resistência, parafusos de interferência ou âncoras. 

 As complicações desta cirurgia são raras. 

Após a cirurgia, o ombro pode ser imobilizado temporariamente com uma tipoia. 

A cirurgia bem sucedida pode corrigir a deformidade do músculo, retornar a força e função do braço.

O tratamento cirúrgico também está indicado para os pacientes com lesão do manguito rotador associada.


segunda-feira, 16 de outubro de 2017

28 sintomas de crise de pânico 



Palpitação no coração ou batimentos cardíacos acelerados

Pressão no coração ou sensação de estar sendo pressionado

Dores no peito, geralmente pontiaguda e perto do coração

Ondas de calor e suor

Dificuldade de respirar, como se você não conseguisse puxar todo o ar

Tontura e sensação de desmaio

Dificuldade de pensar, como se seu cérebro não estivesse funcionando corretamente

Fraqueza, queimação, dormência ou formigamento nos braços, pernas e mãos

Dificuldade de ficar de pé

Queimação por toda a pele

Sensação de estar prestes a morrer, ou que o mundo está prestes a acabar

Dificuldade de se concentrar em qualquer outra coisa além dos seus sintomas

Sensação de precisar fugir ou de uma ambulância

Dificuldade de ouvir, como se o ouvido estivesse entupido ou zumbido no ouvido

Arroto, inchaço ou outras formas de gases.

Sensação de precisar expandir o peito

Mudanças nas vistas e na claridade

Medo avassalador

Despersonalização ou sensação de estar fora de si

Náusea, geralmente com dor ou desconforto no estômago

Pressão na cabeça, possivelmente com dor de cabeça

Dificuldade de segurar a cabeça

Sensação de precisar ir ao banheiro

Nem todo mundo passa por todos esses sintomas a cada ataque de pânico. 

Além disso, sentir esses sintomas não quer dizer que um ataque de pânico está prestes a acontecer, mas estes são alguns dos sintomas mais comuns que podem acontecer durante um ataque.



domingo, 15 de outubro de 2017

Neuroma de Morton



O neuroma dos nervos digitais plantares foi difundido por Thomas G. Morton em 1876, como uma lesão tumoral benigna representada por fibrose do nervo digital plantar.

A lesão ocorre com maior freqüência entre o terceiro e o quarto ossos metatarsais, e também entre o segundo e terceiro metatarsos, sendo incomum entre o primeiro e o segundo e raro entre o quarto e o quinto.

A maior ocorrência no terceiro espaço ocorre pelo fato de que este é o local mais freqüente da união entre os ramos lateral e medial dos nervos digitais plantares, que ficam engrossados e comprimidos, além da maior mobilidade do quarto metatarso, em relação ao terceiro, o que favorece a ocorrência de microtraumas.

Devido à predileção pelo sexo feminino, sugere-se que a lesão seja desencadeada pelo uso de sapato de salto alto, onde ocorre um aumento da pressão na cabeça dos metatarsos e conseqüentemente, compressão do nervo, contudo, é sabido que os esportes de impacto, principalmente a corrida também possam desenvolver a lesão.

Clinicamente, o neuroma desenvolve dor característica no antepé, levando o paciente em certas ocasiões, a retirar o sapato para massagear os dedos, ou simplesmente parar sua atividad.

A dor irradia-se para trás ou para os dedos, podendo ocorrer fenômenos como formigamento nas áreas inervadas pelos ramos envolvidos. Ocorre também sensação de queimação, que podem ser agravados pelo uso de sapatos inadequados e persistência do impacto.

Diagnóstico – No exame físico pode ser encontrado o sinal de Mulder, no qual o médico realiza uma compressão do antepé, acompanhada de pressão na face plantar do terceiro espaço intermetatarsal. Quando positivo, ocorre estalido e ressalto doloroso resultante da movimentação do neuroma no espaço entre as cabeças metatársicas que pode ser reduzido com o Teste Kelikian-Ducroquet.

Radiograficamente, não há imagem sugestiva, sendo a radiografia útil para o diagnóstico de outras patologias que causam metatarsalgia. No ultra-som, a lesão aparece como forma circular ou ovóide, bem definida, localizada próxima à cabeça metatarsal, no espaço intermetatarsal. Lesões menores de cinco milímetros podem ser difíceis de observar ao exame ultrassonográfico.

A ressonância magnética é um exame de imagem que certamente demonstra o neuroma, suas características e seu tamanho. A imagem é de uma massa bem localizada entre as cabeças metatarsais. O neuroma é hipointenso e está cercado de tecido gorduroso hiperintenso. A hipointensidade do neuroma é atribuída ao tecido fibroso. (foto 3).

Tratamento – O tratamento inicial do neuroma de Morton é direcionado para a mudança de hábito, quanto ao uso de calçados, dando preferência ao uso de salto menor e bico mais largo, sendo também instituído uso de antiinflamatórios não hormonais e fisioterapia de alongamento da fáscia plantar e flexores dos dedos. Métodos de analgesia e antinflamatórios devem ser associados para auxílio à regressão do processo. Podem ser usadas, como coadjuvante, palmilhas para supressão de carga na região metatarsal acometida, com piloto retrocapital ou com amortecimento das cabeças .

Também pode ser utilizada injeção de esteróide para produzir alívio da dor e inflamação, a qual pode durar de semanas a meses e quando o tratamento conservador falha, outros métodos podem ser utilizados, incluindo neurólise e finalmente a liberação cirúrgica do ligamento metatarsal transverso para descompressão. O método cirúrgico é a única maneira definitiva de acabar com os sintomas , desde que sejam descartados os diagnósticos diferenciais. A ressecção cirúrgica do neuroma e do segmento envolvido do nervo é o tratamento que conduz aos melhores resultados segundo vários autores, podendo ser realizado por via plantar ou dorsal.

A vantagem da incisão dorsal, é que a mesma é feita fora da área de carga, além de evitar que o peso corpóreo seja transmitido à superfície plantar das cabeças metatarsais, resultando em uma cicatriz menos dolorosa. Em duas semanas os pontos são retirados e inicia-se a recuperação a caminho de uma vida e corrida sem dor!

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Dismenorreia 


Cólica menstrual, ou dismenorreia, é uma dor pélvica que ocorre no período menstrual que nasce do momento do útero contrair para eliminar o endométrio (camada interna do útero que cresce para nutrir o embrião), em forma de sangramento, durante a menstruação, quando o óvulo não foi fecundado.

Mais ou menos 50% das mulheres sentem cólicas menstruais em alguma fase da vida.

A dismenorreia pode ser primária ou secundária. 

Primária, quando a causa é o aumento na produção de prostaglandina pelo endométrio, e secundária, quando resultante de alterações patológicas no aparelho reprodutivo (endometriose, miomas, tumor).

Sinais e sintomas 

O principal sintoma é a dor em cólica no baixo ventre, de intensidade variável, que se irradia para as costas e membros inferiores, durante a menstruação. 

É uma dor aguda e intermitente, às vezes incapacitante, com curtos períodos de acalmia.

Quando muito forte, pode estar associada a outros sintomas como náuseas, vômitos, dor de cabeça e nas mamas, inchaço.

É importante estabelecer o diagnóstico diferencial entre a dismenorréia primária e secundária para conduzir o tratamento adequado. 

Além do levantamento da história clínica, exames de laboratório e de imagem ajudam nesse processo.


Não tomar café da manhã pode contribuir para o aumento da prevalência da doença aterosclerótica


Os hábitos alimentares diários, incluindo o número e a qualidade das refeições, são alvos potenciais para estratégias de prevenção primária com grandes impactos na saúde.

Deixar de se alimentar no café da manhã é considerado um hábito frequente e não saudável associado a um aumento do risco cardiovascular (CV).

O estudo "Progression of Early Subclinical Atherosclerosis" (PESA) procurou explorar a associação entre diferentes padrões alimentares no café da manhã, fatores de risco cardiovasculares e também a presença, distribuição e extensão da aterosclerose subclínica.

A análise transversal foi realizada dentro do estudo PESA, uma coorte prospectiva de adultos assintomáticos (sem eventos cardiovasculares no início do estudo), com idades entre 40 e 54 anos.

Os dados de estilo de vida e de imagens da vascularização corpórea, juntamente com co-variáveis clínicas, foram coletados de 4.052 participantes. Modelos de regressão logística multivariada foram utilizados na análise.

Foram estudados três padrões de consumo de café da manhã:

•Café da manhã rico em energia, ao contribuir para mais de 20% da ingestão diária total de energia (27% da população).

•Café da manhã com pouca energia, ao contribuir entre 5% e 20% da ingestão diária total de energia (70% da população).

•"Pular" a hora do café da manhã, com um consumo de até 5% da energia diária total (3% da população).

Independente da presença de fatores de risco cardiovasculares tradicionais e dietéticos e comparado ao café da manhã rico em energia, "pular" o café da manhã foi associado a uma maior prevalência de aterosclerose não coronariana e geral.

Concluiu-se nesta análise, feita com indivíduos assintomáticos de meia idade, que "pular" o café da manhã está associado a uma maior probabilidade de prevalência de aterosclerose não coronariana e geral, independentemente da presença de fatores de risco cardiovasculares convencionais.

Além de servir como marcador de comportamento alimentar e de estilo de vida saudáveis.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Dor no arco plantar 


O arco plantar é chamado de aponevrose plantar ou fáscia plantar. 

Ele é constituído de fibras colágenas espessas e mal vascularizadas formando uma membrana que liga o calcanhar à parte anterior do pé e aos dedos (artelhos).

Esta membrana plantar mantém o arco plantar, sua tensão e sua forma. 

É ela que dá a forma anatômica do pé, que pode ser chato, curvado ou normal.

A cada passo, a cada sequência, a aponevrose plantar é solicitada e distendida para a transmissão da força dos músculos da panturrilha para os dedos do pé.

É a causa da sua implicação durante a corrida ou a caminhada rápida.

A aponevrosite plantar (inflamação da aponevrose) é encontrada mais frequentemente nos atletas que praticam impulsos ou recepções brutais (esportes de salto, corrida) ou de mudanças de direção e ela é favorecida pelas deformações do pé do tipo chato ou curvado e pelos conflitos com os calçados.

LEMBRETE SOBRE BIOMECÂNICA

O passo ou a sequência começa com um ataque pelo calcanhar no chão, absorvendo as dificuldades em relação ao peso do corpo a fim de preparar a fase de propulsão para a transferência da energia motora para a parte anterior do pé em três fases:     


 1- O AMORTECIMENTO

a fase de amortecimento começa quando o calcanhar entra em contato com o solo e termina no ponto onde a projeção vertical do centro de gravidade coincide com a vertical do suporte.  

2 - O APOIO

Ele corresponde ao momento quando o centro de gravidade.  

3 - A PROPULSÃO

A última fase da propulsão ou de sequência começa no momento do apoio e se termina quando o pé deixa o solo.

O DESCONFORTO SENTIDO OU O SINAL CLÍNICO

A aponevrosite ou a fasciite plantar é uma inflamação dolorosa da aponevrose. 

A membrana que compõe a aponevrose pode estar sujeita a fortes tensões durante o esforço. 

A perda da elasticidade faz com que ela se torna cada vez mais fibrosa e menos resistente à tensão.

Assim, ela pode inflamar e mesmo chegar ao rompimento.

O sinal típico: a dor

CARACTERÍSTICA DA DOR

DOR DO CALCANHAR EM REPOUSO FREQUENTEMENTE DO LADO DE DENTRO E DESAPARECENDO NO INÍCIO E DURANTE O ANDAR, 

EM SEGUIDA, DOR NO CAMINHAR, CADA VEZ MAIS FORTE, ATÉ PROVOCAR A IMPOSSIBILIDADE DE ANDAR.

DOR À PALPAÇÃO DO CALCANHAR NO PONTO DE INSERÇÃO DA APONEVROSE PLANTAR NO CALCÂNEO

SENSAÇÃO DE "PAPEL DE VIDRO" OU ESTALOS AO MEXER O PÉ OU OS DEDOS DO PÉ

NOTE BEM: NO CASO DE ROMPIMENTO, ALÉM DA DOR, PODE HAVER UMA TUMEFAÇÃO COM EQUIMOSE.

CONFIRMAÇÃO DO DIAGNÓSTICO MÉDICO

O médico, após seu exame clínico proporá a realização de uma ultrassonografia e de uma radiografia para procurar uma calcificação ou "espigão" ou "esporão" calcâneo ou um exocrescimento ósseo

A ressonância magnética (IRM) é muito eficiente no diagnóstico mostrando os sinais de espessamento da membrana ou às vezes, um autêntico rompimento.

A cintilografia óssea pode também ajudar na precisão do diagnóstico.

AS CAUSAS SÃO MUITAS:

PERTURBAÇÕES DA ESTÁTICA PLANTAR: PÉS CHATOS, CURVOS, PRÉS PRONADORES OU SUPINADORES

ESPORÃO DO CALCÂNEO COM OU SEM BURSITE ASSOCIADA

TRAUMATISMO LOCAL COM UM CHOQUE COMO O CARRINHO NO SUPERMERCADO

DOENÇA REUMATISMAL INFLAMATÓRIA

OVERTRAINING OU GESTO TÉCNICO ERRADO

ERRO NA PRÁTICA DE ALONGAMENTO

SOLO DURO OU VARIAÇÃO FREQUENTE DE SUPERFÍCIES

PRÁTICA ESPORTIVA (SALTO, VARIAÇÃO DAS CORRIDAS, SNOWBOARD)

SOBREPESO

DESGASTE DE SAPATOS OU FRACO AMORTECIMENTO

USO DE CERTOS ANTIBIÓTICOS OU OUTROS MEDICAMENTOS

PROBLEMA DENTÁRIO AGUDO OU CRÔNICO

O TRATAMENTO MÉDICO E MANUAL

Repouso do esporte como também diminuição da carga (andar com muletas) possível no dia-a-dia.

Tratamento ortopédico com gesso se necessário e caminhar com um calçado específico de gesso.

Aplicação de gelo duas ou três vezes por dia tendo a precaução de uso para evitar as queimaduras locais.

Uso de palmilhas ortopédicas adaptadas e confeccionadas por um podólogo de esporte ou a compra de uma palmilha antichoque choque focando e privilegiando o calcanhar.

Anti-inflamatórios ou tratamentos homeopáticos no início do tratamento.

Massagem com bálsamo e ólos essenciais ou talco.

Massagens transversais profundas (MTP).

Acupuntura, mesoterapia, etc...

Infiltrações com moderação, realizadas por especialista.

Fisioterapia e eletroterapia do tipo Ultrasson ou iontoforese.

Ondas de choques extracorporais. Advertência: esta técnica pode ser dolorosa e precisa uma avaliação precisa do seu fisioterapeuta.

Alongamentos e mobilização do pé e dos dedos dos pés.


segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Mitômano 


O que é a mitomania?

Mentir é o ato de intencionalmente e deliberadamente fazer uma declaração falsa. A mitomania ou mentira compulsiva é uma tendência patológica pela mentira. A maioria das pessoas fazem isso por medo, mas a mentira compulsiva interfere no julgamento racional, no relacionamento familiar e especialmente social. Os termos mentiroso patológico, mitônomo e mentiroso crônico são frequentemente usados para se referir a um mentiroso compulsivo.


Quais são as causas da mitomania?

A literatura aponta que não existe uma causa da mitomania, mas um conjunto de fatores associados podem provoca o problema: histórico de vida, relacionamentos, padrão de relação parental, genética e experiências. Acredita-se que a baixa auto-estima, necessidade de apreço ou atenção e a tentativa de se proteger de situações constrangedoras marquem o início da mitomania.

Como a mentira compulsiva pode se desenvolver desde a infância?

Na infância, devido a imaturidade ­mental, as crianças podem mentir com alguma recorrência. Muitas crianças tem dificuldade de enfrentar algumas frustrações e críticas e acabam mentindo para os pais na tentativa de preservar sua auto imagem. Essa característica só assume um caráter patológico quando a criança inclinada à mitomania constata que sua mentira pode ser entendida como verdade sem nenhuma consequência negativa associada. Por outro lado, um sentimento de prazer e de poder pode facilmente incitá-la a repetir o mesmo comportamento. À medida que os colegas acreditam em suas histórias e ela começa a se sentir aceita e interessante, o mitônomo passa a contar cada vez histórias mais incríveis e a tornar disso um hábito com a repetição do comportamento de mentir sem nenhuma finalidade específica. Esse distúrbio pode ter origem na baixa auto estima da criança e na supervalorização de suas crenças, com o não enfrentamento da angústia ou frustração associada a uma situação.

Qual a diferença entre um o indivíduo que fala uma mentira esporádica e o mentiroso compulsivo?

Um mentiroso compulsivo é definido como alguém que mente como um hábito, desde a infância. Mentir, neste caso, é a sua forma normal de responder à qualquer pergunta, por mais simples que seja. Algumas vezes são pequenas mentiras, outras são muito elaboradas, cheias de detalhes, que induzem a própria pessoa a acreditar nelas. Mentirosos compulsivos podem esconder a verdade sobre tudo, quer seja algo grande ou pequeno. Por outro lado, para um mentiroso compulsivo, dizer a verdade pode chegar a ser muito estranho e desconfortável.

Qual é a diferença entre um sociopata e um mentiroso compulsivo?

Um sociopata é normalmente definido como alguém que mente incessantemente para obter uma vantagem a sua maneira, ele faz isso com pouca preocupação com os outros. Um sociopata é muitas vezes orientado por um objetivo, ou seja, a mentira é focada para obter um ganho ou vantagem. Sociopatas têm pouca ou nenhuma consideração ou respeito pelos direitos e sentimentos dos outros. Eles podem ser encantadores e carismáticos, mas usam suas habilidades e talentos sociais de forma manipuladora e egocêntrica. A maior parte dos mentirosos compulsivos não são necessariamente manipuladores, eles sofrem com seu hábito de mentir, tendo as relações sociais sempre sob risco de serem quebradas.

O mitômano possui consciência de que está mentindo?

O mitômano sempre sabe, no fundo, o que ele diz não é totalmente verdadeiro, embora não possuam consciência plena da intenção de cada mentira. Por isso, acabam por iludir os outros em histórias de fins mirabolantes, com o intuito de suprirem aquilo que falta em suas vidas. A tendência a mentira parece ser perseverante, não é provocada pela situação imediata ou pressão social, mas representa uma característica inata da personalidade. As histórias contadas tendem a apresentar o mentiroso sempre favoravelmente. Por exemplo, a pessoa pode ser apresentada como sendo fantasticamente corajosa ou estar relacionado com muitas pessoas famosas.

Como é feito o diagnóstico?

Com o tempo, é natural as pessoas que rodeiam um mitômano perceberem a mentira. Porém, mais importante do que identificar a ação repetida de mentir, é reconhecer este ato como um hábito patológico. Mentira excessiva é um sintoma comum de diversas doenças mentais. Por exemplo, pessoas que sofrem de transtorno de personalidade anti-social usualmente mentem para se beneficiar os outros. Alguns indivíduos com transtorno de personalidade borderline podem mentir para chamar a atenção, alegando que eles foram mal tratados ou pressionados. A mentira patológica, pode ser descrita como um vício em mentir. É quando o indivíduo mente sem nenhum ganho pessoal. As mentiras são geralmente brancas e muitas vezes parecem sem sentido. O diagnóstico da mitomania pode ser feito pelo médico psiquiatra ou psicoterapeuta após uma avaliação.

Existem diferenças no cérebro do mentiroso compulsivo?

Yang e colaboradores, 2007 examinaram os volumes de substância branca em quatro sub-regiões pré-frontais, utilizando a ressonância magnética estrutural em 10 mentirosos patológicos, 14 controles anti-sociais e 20 controles normais. Mentirosos patológicos mostraram um aumento relativamente generalizado na substância branca (23-36%) nas regiões orbitofrontal, médio e inferior, mas não superior nos giros frontais em comparação com os controles anti-sociais e normal. Este aumento da substância branca podem predispor algumas pessoas a mentira patológica.

A mitomania tem cura?

Os mitômanos vêem que estão sofrendo de um mal e desejam curar-se, mas raramente procuram ajuda por vontade própria. A compreensão dos companheiros ou familiares é muito importante. Se houver punição o tratamento é dificultado. É preciso fazer uma reinserção social da melhor maneira possível, trazendo o indivíduo positivamente à realidade.

Como é o tratamento?

O mais importante que o indivíduo consiga reconhecer os prejuízos que seu comportamento pode trazer para si e para terceiros e que queira mudá-lo. O tratamento geralmente envolve acompanhamento psicológico e, no caso de pessoas que também apresentem outros quadros psiquiátricos (como depressão e ansiedade), tratamento medicamentoso pode ser recomendado. Psicoterapia parece ser um dos poucos métodos para tratar uma pessoa que sofre de mentira patológica pois ajuda o indivíduo a desenvolver novos repertórios, reforçando relatos verdadeiros e ignorando relatos falsos. Neste contexto trabalha-se a extinção deste hábito disfuncional através o foco na visão distorcida de si mesmo. Algumas pesquisas indicam que certas pessoas podem ter uma predisposição para mentir.

Quais os riscos para o mitômano que não busca tratamento?

Há muitas consequências de ser um mentiroso patológico. Devido à falta de confiança, relacionamentos e amizades tendem a ser destruídos. Se a doença continua a progredir, a mentira pode se tornar tão grave que eventualmente pode causar problemas de ordem social, psicológica e até legal. A pessoa geralmente é excluída do grupo que frequenta por vivenciar situações sem saída, passar por situações embaraçosas e perder a confiança de todos ao seu redor.


Bibliografia:

Dike CC, Baranoski M, Griffith EE (2005). "Pathological lying revisited". The Journal of the American Academy of Psychiatry and the Law 33 (3): 342?9.

Dike, Charles C. (June 1, 2008). Pathological Lying: Symptom or Disease?

Yang Y, Raine A, Narr KL, Lencz T, LaCasse L, Colletti P, Toga AW. Localisation of increased prefrontal white matter in pathological liars. Br J Psychiatry. 2007 Feb;190:174-5.

domingo, 8 de outubro de 2017

Dores no quadril 


A articulação do quadril consiste em uma articulação formada pelo acetábulo e a cabeça do fêmur. Essas estruturas são cobertas de cartilagem que permite que os movimentos sejam feitos. 

O quadril realiza os movimentos de flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna e externa, além do movimento de circundação.

Algumas doenças como osteoartrite (artrose ou desgaste), artrites (principalmente a Artrite reumatoide e Espondilite Anquilosante), distúrbios circulatórios da cabeça femoral (osteonecrose) entre outras, podem gerar lesões na cartilagem articular do quadril e comprometer os movimentos. 

Aos poucos, o paciente vai apresentando dor e a diminuição dos movimentos impedindo de realizar atividades do dia a dia.

Em alguns, casos as lesões podem ser tratadas com a fisioterapia, no entanto, quando há um desgaste irreversível do quadril pode ser necessário fazer uma artroplastia do quadril para restabelecer os movimentos da articulação e alivia a dor.

A artroplastia é um procedimento cirúrgico que consiste na substituição da cabeça fermoral como acetábulo por uma prótese, que é formada por uma haste metálica e uma cabeça protética.

A cirurgia melhora a qualidade de vida do paciente que consegue andar e realizar suas atividades sem limitações.

Se o material da prótese for de boa qualidade ela pode durar até 25 anos.

Após a artroplastia o acompanhamento de um fisioterapeuta é essencial para a recuperação dos movimentos. 

O profissional irá estabelecer os limites do paciente para iniciar um plano de tratamento com a intenção de restabelecer a força e o equilíbrio.

Entre os exercícios usados para a reabilitação de um paciente que se submeteu a cirurgia de artroplastia de quadril estão: exercícios ativos, fortalecimento, propriocepção, treino de marcha e hidroterapia.

A quantidade de exercícios deve ser aumentada de acordo com a capacidade do paciente em realizar os movimentos.

O tratamento fisioterápico é indispensável para a recuperação do paciente após a artroplastia do quadril. 

É importante buscar um profissional que compreenda bem os mecanismos da cirurgia para que não ocorram complicações.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Musculação para idosos


Até a pouco tempo pensava-se que o idoso não devia fazer exercícios. A musculação era vista apenas como uma maneira de adquirir um corpo bonito, musculoso e exuberante e praticada sobretudo por jovens. Mas esses conceitos vêm mudando radicalmente.

Na atualidade, a musculação é vista também como uma questão de saúde e de qualidade de vida e no idoso faz contrapartida à perda de massa muscular que tende a ocorrer nessa fase da vida, sobretudo nas pessoas sedentárias.

Descobriu-se que não é porque se envelhece que se pára, mas, ao contrário, que é porque se pára que se envelhece mais rapidamente. A antiga imagem passiva da “cadeira do vovô” vem sendo substituída pela concepção de uma vida mais dinâmica e ativa. Associada ao alongamento, a musculação melhora a flexibilidade, a força e o equilíbrio, reduz significativamente os riscos cardíacos, os riscos de quedas, a osteoporose e as incapacitações físicas, ajuda a prevenir ou solucionar o sobrepeso e melhora a postura e o condicionamento psíquico.

Algumas doenças que vêm junto com o envelhecimento como a osteoporose, a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, as doenças degenerativas e as cardiopatias também podem se beneficiar dos exercícios. Assim, a musculação não só ajuda as pessoas a viverem mais como a terem uma melhor qualidade de vida.

Com a progressão da idade, nossa estatura começa a diminuir, o arco do nosso pé se planifica, os desvios da coluna aumentam, a coordenação motora se faz mais difícil, o equilíbrio diminui, mais gordura é acumulada e perde-se massa muscular. A musculação pode minorar ou corrigir muitos desses males.

Quanto mais cedo ela for iniciada, melhores serão os resultados, mas ela pode ser começada a qualquer momento da vida, desde que os exercícios sejam perfeitamente adequados e orientados por um profissional habilitado e, de preferência, acompanhados por um personal trainer.

Antes de iniciar qualquer atividade física, o ideal é obter a avaliação e a orientação de um médico da usa confiança para evitar futuros problemas.

Quais são os principais benefícios da musculação para os idosos?

•Aumenta a autonomia funcional da pessoa.

•Permite retomar algumas atividades que já tinham sido abandonadas.

•Em muitos casos complementa ou substitui a ação de medicamentos.

•Fortalece os músculos e diminui a pressão sobre as articulações.

•Ajuda na prevenção de muitas enfermidades como hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade.

•Melhora a auto-estima ao inserir ou reinserir a pessoa em novas atividades.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Crossfit


O CrossFit é um programa de treinamento de força e condicionamento físico, baseado em movimentos funcionais, feitos com alta intensidade e variados continuamente. Normalmente esses movimentos se enquadram em três modalidades: (1) levantamento de peso, (2) ginástica e (3) condicionamento metabólico ou cardíaco. Ele permite ao praticante a mais perfeita adaptação fisiológica possível, independentemente da idade ou nível físico da pessoa.

O CrossFit visa atingir e manter níveis adequados de força, resistência ou mobilidade, para conseguir a participação com sucesso no trabalho, em atividades recreativas e na rotina diária, consistentes com o fenótipo e genótipo do indivíduo.

O treinamento de CrossFit começa com um aquecimento, depois do qual é feito o treino do dia, que muda de dia para dia, incluindo uma mistura de exercícios funcionais feitos em alta intensidade, durante 5 a 20 minutos. O principal equipamento para a sua prática é o próprio corpo. Geralmente usa-se também técnicas e equipamentos como barras e argolas olímpicas, pesos livres, cordas, caixas, bolas, pneus, argolas, elásticos, correntes entre outros. O CrossFit é um método que tenta promover a camaradagem natural, a competição saudável e a diversão do esporte.

O treino padrão de CrossFit é dividido em quatro etapas:

1.O aquecimento prepara física e mentalmente os praticantes para o treino, causando um aumento do fluxo sanguíneo para os músculos, da temperatura corporal, das reações metabólicas e da amplitude de movimentos.

2.A etapa técnica do treino visa o aprendizado ou aperfeiçoamento das técnicas utilizadas no esporte ou para ser desenvolvido um trabalho específico para ganho de força e/ou potência.

3.A terceira etapa, de treino de condicionamento metabólico, normalmente consiste na realização de uma sequência, muitas vezes inédita, de um ou mais exercícios realizados com alta intensidade.

4.A recuperação, última etapa do treino, consiste em um trabalho específico de recuperação muscular e/ou um trabalho de flexibilidade.

O CrossFit visa melhorar as capacidades físicas de resistência cardiovascular e respiratória, resistência muscular, força, flexibilidade, precisão, potência, agilidade, equilíbrio, coordenação motora e velocidade. Baseado em movimentos naturais, funcionais e sempre variados, o CrossFit garante um treino altamente eficiente, tanto mentalmente como esteticamente e para toda a saúde em geral.

Dentre os benefícios do CrossFit estão o aumento da força, redução de medidas e do percentual de gordura, melhora na flexibilidade, melhora na capacidade cardiovascular e respiratória, aumento da explosão e da velocidade, aumento da resistência muscular, melhora no equilíbrio, redução de estresse e definição de tônus muscular.

O treinamento é altamente eficiente, fortalecendo o corpo por inteiro. É um excelente treino preparatório para atletas, aumentando a energia, reforçando o espírito de equipe e aumentado a autoconfiança. O CrossFit melhora o desempenho em corridas de longa e curta distâncias e previne lesões, quando praticado com o auxílio de profissionais qualificados.

Na internet podem ser encontradas várias informações que associam o CrossFit a um risco maior de lesões e até a uma doença grave chamada rabdomiólise. No entanto, não existem muitos estudos consolidados na literatura médica que possam confirmar esses dados. Uma pesquisa conhecida como The nature and prevalence of injury during CrossFit training, publicada pelo The Journal of Strength and Conditioning Research, mostra que as lesões de ombro e coluna são as mais comuns entre os praticantes do CrossFit, mas não se encontrou nenhum caso de rabdomiólise no grupo estudado. São necessárias novas investigações sobre os riscos de possíveis lesões associadas a esta prática.