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terça-feira, 4 de abril de 2017

Psicoterapia


Psicoterapia (do grego: psykhē = mente + therapeuein = curar) é uma técnica de tratamento de problemas psicológicos, visando restabelecer o funcionamento psíquico ótimo do paciente e permitindo que ele compreenda as causas do que lhe aflige, para encontrar recursos psíquicos para lidar com as dificuldades, redefinir traços de personalidade e solucionar problemas pontuais e questões de cunho existencial mais geral.

O termo psicoterapia cobre um espectro muito amplo de campos de abrangência e de modalidades técnicas (psicoterapia individual, de casal, de grupo, psicoterapia breve, psicoterapia de crise, psicoterapia psicanalítica, psicoterapia comportamental-cognitiva e muitas outras). O texto a seguir se refere apenas ao processo bipessoal que se passa entre terapeuta e paciente.

Da psicoterapia deve-se diferenciar tanto uma boa relação médico/terapeuta-paciente como um diálogo exortativo que seja edificante e reconfortante. Conquanto essas coisas possam ter um papel útil e uma grande significação na melhoria dos pacientes, têm efeitos menos específicos que a psicoterapia.

Chamada às vezes de “cura pela fala”, a psicoterapia se baseia no diálogo entre o paciente e um profissional, tradicionalmente um psiquiatra ou psicólogo preparado para esse mister. Na linguagem usual costuma-se chamar de psicoterapia toda tentativa de resolver problemas por meio de conversa. A psicoterapia, porém, é um diálogo especial, com regras específicas, em que o bom senso não é um ingrediente suficiente.

Existem vários tipos de psicoterapia, cada qual com formas e métodos próprios, mas que, na média, possuem algumas características em comum.

Em geral a psicoterapia se processa em encontros regulares entre o terapeuta e o cliente, quase sempre uma vez por semana, com duração de cerca de 50 minutos cada sessão. De início deve ser feito um diagnóstico consensual do problema a ser enfrentado, que pode ou não comportar testagem psicológica, o qual pode sofrer modificações ao longo do processo.

Em seguida deve ser estabelecido um contrato verbal de trabalho em que fiquem explicitadas as condições em que o tratamento decorrerá: dias, horários, papeis do terapeuta e do paciente, honorários, admissão ou não de outras pessoas, etc. O desenvolvimento do trabalho psicoterapêutico propriamente obedece as linhas teóricas a que cada profissional esteja filiado e segue certas regras procedimentais gerais.

A psicoterapia é indicada para tratar problemas psicológicos que não tenham uma causação orgânica ostensiva, como depressões reacionais, ansiedade, comportamentos neuróticos e dificuldades de relacionamento, entre outros problemas de saúde mental. Mesmo pessoas tidas como “normais” podem se beneficiar de uma psicoterapia ao ampliar o autoconhecimento e adquirir novos parâmetros de pensamento.

É muito importante que o processo se dê por vontade do paciente e não de pessoas relacionadas a ele ou do terapeuta, casos em que ele não seria efetivo. Para que tenha êxito, a psicoterapia deve transcorrer num clima de ampla aceitação e moderada amistosidade, observadas algumas regras:

1.O psicoterapeuta nunca deve propor temas a serem discutidos nem iniciar uma fala. A iniciativa da conversa deve sempre caber ao paciente. No máximo, o psicoterapeuta pode suscitar um assunto que lhe pareça estranhamente ausente da conversação ou excessivamente presente. No entanto, ao fazer isso o profissional não estará cobrando uma mudança de atitude do paciente, mas assinalando um ponto que lhe parece significativo para que o paciente considere. Se ocorrer alguma mudança, ela deve ser de inteira iniciativa do paciente.

2.O psicoterapeuta irá assinalar incongruências, incoerências, lacunas e contradições na fala e no pensamento do paciente, às quais frequentemente não são percebidas por ele. Às vezes, o psicoterapeuta destacará e fará ênfase sobre algum elemento da própria fala do paciente que lhe pareça significativo para que ele reflita sobre ele. Nunca, no entanto, entrará em discussão verbal com o paciente, quer ele aceite ou não suas intervenções.

3.O psicoterapeuta nunca falará de si próprio, nem dará conselhos ou transmitirá experiências, evitando colocar-se na posição daquele que sabe mais que o paciente. A psicoterapia não deve converter-se numa espécie de ensinamento. O psicoterapeuta apenas aduzirá dados que lhe pareçam estar faltando, para que o paciente faça suas próprias conclusões.

4.O psicoterapeuta não fará anotações, a não ser de dados de identificação do paciente e datas de início e término do tratamento. Além de uma questão de segurança e sigilo, eventuais anotações apenas poderiam reproduzir dados, nunca o contexto emocional em que foram produzidos. O arquivo do psicoterapeuta é sua própria memória, razão pela qual ele deve ter, de cada vez, um número limitado de clientes.

5.O terapeuta nunca deve se colocar como modelo para o paciente, mas aceitar que ele seja uma pessoa diversa de si. Isso implica em não querer impor valores, concepções ou experiências de vida. O psicoterapeuta nunca fará apreciações de ordem moral nem crítica às escolhas e preferências do paciente, sejam elas quais forem. Esse é o chamado “princípio da neutralidade”.

A duração de uma psicoterapia é muito variável em função de fatores imponderáveis, como o grau de dificuldades do paciente em fazer mudanças, a severidade das questões a serem abordadas, as técnicas utilizadas, etc. Tudo que se pode dizer é que em geral a psicoterapia é um processo longo. Não é como tomar um antibiótico, em que os resultados já são notórios na semana seguinte.

O término de uma psicoterapia em geral deveria ser decidido em comum acordo entre o cliente e o profissional. O psicoterapeuta não deve insistir na continuidade do tratamento se o paciente demonstra uma decidida vontade de encerrá-lo, nem deve interrompê-lo por um ato de vontade unilateral. É essencial que o processo transcorra por vontade do paciente e não do terapeuta, caso em que ele não perdura e não é efetivo.

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