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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Síndrome serotoninérgica


A serotonina, também conhecida como 5-hidroxitriptamina (5HT), é uma monoamina sintetizada por alguns neurônios do sistema nervoso central e por algumas células do trato gastrointestinal, sendo armazenada principalmente nas plaquetas. Ela tem como principal função ser um transmissor de impulsos nervosos entre os neurônios (neurotransmissor).

No sistema nervoso, é produzida nos neurônios pré-sinápticos pela descarboxilação e hidroxilação do aminoácido triptofano. Ela também pode ser encontrada em vários cogumelos e plantas, incluindo frutas e vegetais.

A serotonina desempenha um papel relevante na inibição da ira, da agressão, da temperatura corporal, do humor, do sono, do vômito e do apetite, inibições estas diretamente relacionadas com os sintomas da depressão.

A síndrome serotoninérgica (ou síndrome da serotonina) é uma reação grave, potencialmente fatal, ao uso de medicamentos serotoninérgicos. Os casos mais severos são causados pela combinação de dois ou mais desses fármacos. Como o uso de agentes serotoninérgicos estão crescendo na prática clínica, a incidência da síndrome serotoninérgica tem sido cada vez maior.

A síndrome serotoninérgica é causada pela

(1) administração de substâncias pró-serotoninérgicas;
(2) aumento da liberação da serotonina estocada no organismo;
(3) diminuição de recaptação pré-sináptica neuronal de serotonina;
(4) inibição do metabolismo da serotonina;
(5) estimulação do receptor pós-sináptico da serotonina e
(6) aumento da resposta pós-sináptica à estimulação pela serotonina.

A síndrome serotoninérgica normalmente surge com a administração de dois ou mais medicamentos que aumentam a concentração de serotonina. As medicações mais comumente envolvidas são o L-triptofano, inibidor do metabolismo da serotonina; inibidores da monoamina oxidase (IMAOs); anfetamina; lítio; ecstasy; cocaína; dextrometorfan; inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs); antidepressivos tricíclicos; trazodona; venlafaxina; buspirona; ácido lisérgico (LSD); agonistas da dopamina e L-dopa.

As pessoas mais susceptíveis à síndrome são indivíduos com idade avançada, usuários crônicos de antidepressivos, hepatopatas e pessoas com doença endotelial (aterosclerose, hipertensão arterial, etc).

A síndrome serotoninérgica é caracterizada por uma tríade sintomática típica:

1.Mudança do estado mental.
2.Anormalidades neuromusculares.
3.Hiperatividade autonômica.

Os sintomas podem iniciar-se horas ou dias após a exposição aos agentes causadores e passarem a acontecer mesmo se as medicações causadoras já vinham sendo usadas anteriormente, sem problemas.

Os sintomas principais são instabilidade autonômica, tremores, alterações mentais, alterações da consciência, diaforese, diarreia, vertigem, agitação, febre, hiperreflexia, hipomania, taquicardia sinusal, mioclonia, letargia, hiper ou hipotensão, convulsões, insônia, taquipneia, rigidez muscular, alucinações, dilatação das pupilas, hiperatividade, reflexo de Babinski presente, rubor, opistótono, câimbras, ataxia, hipersalivação, coma e calafrio.

O diagnóstico da síndrome serotoninérgica deve ser feito a partir da história médica do paciente e de seus sintomas porque não existem testes laboratoriais que sejam capazes de diagnosticá-la. Os efeitos clínicos dos sintomas são rápidos e ocorrem dentro de minutos ou horas, o que exige que o problema seja reconhecido com prontidão.

Um diagnóstico diferencial deve ser feito com outras condições assemelhadas, como síndrome anticolinérgica, toxicidade à carbamazepina, infecções do sistema nervoso central, abstinência do álcool, hipnóticos, sedativos e opioides, insolação, toxicidade do lítio e overdose de simpaticomiméticos.

O tratamento da síndrome serotoninérgica implica em descontinuação do(s) medicamento(s) suspeitos de tê-la causado e administração de antagonistas, seguido de monitorização cardiocirculatória e respiratória. Deve ser acompanhada e tratada a pressão arterial elevada e avaliada a necessidade de entubação. Ao mesmo tempo, deve ser feito rigoroso controle da temperatura corporal e da infusão endovenosa de fluidos, para manter a hidratação. As eventuais convulsões e mioclonias devem ser tratadas com diazepam e clorpromazina, respectivamente.

Quando corretamente tratados, muitos casos são solucionados rapidamente, em 24 horas, mas os sintomas podem persistir além desse tempo, se os pacientes tomaram medicamentos com meia-vida mais longa. Apenas 40% dos casos graves são admitidos em UTI e a mortalidade nestes casos é de cerca de 11%.

Para prevenir a síndrome serotoninérgica deve-se principalmente evitar o uso concomitante de dois ou mais medicamentos pró-serotoninérgicos e monitorar o surgimento dos primeiros sintomas.

As complicações agudas da síndrome serotoninérgica incluem coma, convulsões, rabdomiólise e coagulação intravascular disseminada.

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