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terça-feira, 5 de abril de 2016

Pólipos nasais


A polipose nasal ou nasossinusal é uma doença inflamatória crônica benigna da mucosa nasal que afeta a cavidade do nariz e os seios paranasais e que se manifesta clinicamente pelo aparecimento de formações polipoides, geralmente bilaterais, que levam à obstrução nasal, rinorreia (corrimento nasal), hiposmia (diminuição do olfato) ou anosmia (ausência de olfato) e sinusites de repetição.

Pólipos nasais são pequenos crescimentos benignos de tecido inflamado na camada mucosa do nariz ou dos seios paranasais, que fazem saliências para dentro deles. Começam perto dos seios etmoidais, situados na parte superior interna do nariz e se espalham para áreas abertas. Eles podem variar em tamanho, formato, coloração e localização, serem uni ou bilaterais e podem se localizar em diferentes regiões do nariz e dos seios da face. Podem ser únicos ou múltiplos ou se confluírem formando verdadeiros “cachos”.

Não se deve confundir polipose nasal com pólipos nasais. Nem todos os pólipos nasais são uma polipose nasal. Há massas nasais unilaterais e até mesmo lesões malignas na cavidade nasal e nos seios da face que devem ser diferenciadas das poliposes. Na polipose nasal, os pólipos são bilaterais e quando aumentam de tamanho eles podem causar obstrução nasal, alterações no olfato e bloquear a drenagem natural dos seios da face.

Geralmente a polipose nasal está associada com alergias. Entretanto, também há casos em que fungos estão presentes provocando uma reação inflamatória crônica na mucosa do nariz e seios paranasais e casos de doenças genéticas associadas. Assim, pessoas com dificuldades para respirar, infecções crônicas dos seios nasais, asma, fibrose cística, doença mucociliar e rinite alérgica têm maior propensão a terem pólipos nasais.

Frequentemente, a polipose nasal vem junto com as alergias, mas a fisiopatogenia da polipose nasal e sua correlação com alergia ainda são alvos de controvérsia. A presença de um processo inflamatório crônico na submucosa nasal parece ser um elemento comum a todos os casos de polipose. Entretanto, nem todas as doenças inflamatórias crônicas da mucosa nasal cursam com polipose. A diminuição do fluxo aéreo com redução do oxigênio tissular ocorre na maioria dos casos, mas também não é um fator estritamente necessário na patogenia da polipose.

Atualmente, a polipose nasal é considerada uma doença inflamatória de causa multifatorial. Fatores locais como infecção bacteriana ou alterações estruturais como desvios de septo e variações anatômicas do meato médio resultam em uma resposta inflamatória local. Uma predisposição genética também pode estar implicada nesta patogenia.

Na polipose, os eosinófilos aumentam em número e provocam uma alteração nas células da mucosa do nariz e seios da face. Isso faz com que haja uma desorganização no funcionamento da bomba de sódio e potássio que existe naturalmente em nossas células. Com isso, o sódio que normalmente está presente no meio extracelular em maior quantidade acaba entrando pela membrana plasmática das células e carreia consigo a água. Esta água promove um inchaço nas células que acabam por desenvolver os pólipos. Um grupo de pólipos recebe o nome de polipose, visto que se assemelha às formações marinhas (pólipos marinhos).

Os principais sintomas das poliposes nasais são: obstrução nasal crônica e hiposmia ou anosmia. Outros sintomas podem incluir alterações no paladar, tosse, secreção nasal, secreção constante na garganta, dores de cabeça, sensação de pressão facial, dentre outros. Em alguns casos mais severos de poliposes nasais, o paciente inclusive pode apresentar alguns distúrbios do sono, por não respirar adequadamente pelo nariz.

Uma história clínica cuidadosa pode captar os principais sintomas e detectar outras condições tais como asma, sinusites de repetição e reações a medicações. Ao exame físico pode-se observar um alargamento da pirâmide nasal. Na endoscopia nasal pode-se observar os pólipos, tumores acinzentados, de consistência amolecida, lisos e brilhantes.

A polipose nasal é praticamente sempre bilateral, causando obstrução nasal. O exame de imagem preferencial é a tomografia computadorizada, porque auxilia na avaliação da extensão da doença. No caso de pacientes asmáticos devem ser feitos também radiografias ou tomografias computadorizadas de tórax. Nos casos suspeitos de fibrose cística deve ser feita pesquisa de cloro e sódio no suor.

Um diagnóstico diferencial deve ser feito com tumores mesenquimais, anormalidades anatômicas nasossinusais, papiloma invertido, angiofibroma juvenil e tumores epiteliais.

O tratamento consiste em medidas básicas para se evitar a inflamação crônica da mucosa do nariz e seios paranasais, como as lavagens nasais com soro fisiológico, várias vezes ao dia e medicações, geralmente anti-inflamatórios nasais apresentados em “spray”, mas que também podem ser em comprimidos ou injeções.

Entretanto, o tratamento clínico quase nunca é eficiente, pois os remédios e o soro fisiológico não conseguem chegar aos locais dos pólipos. Nestes casos uma cirurgia pode ser indicada para remoção e limpeza destes pólipos, além de uma abertura dos seios da face para que as lavagens e as medicações possam chegar aos locais de inflamação. Contudo, a cirurgia também não oferece a cura definitiva e apenas oferece um melhor controle terapêutico, fazendo com que a doença fique controlada por um tempo maior. Muitas vezes, mesmo após a cirurgia, as medicações podem continuar sendo prescritas.

As poliposes nasais não têm uma cura definitiva, o tratamento de controle deve ser realizado pelo resto da vida.

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