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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Síndrome de Zollinger-Ellison


A síndrome de Zollinger-Ellison (ou hipergastrinemia secundária) é uma condição médica rara e grave, que forma um ou mais tumores no pâncreas e/ou duodeno, chamados gastrinomas, os quais segregam grandes quantidades de gastrina, fazendo com que o estômago produza ácido em excesso. Esse excesso de ácido gera, secundariamente, úlceras pépticas. Esta síndrome foi descrita pela primeira vez em 1955 pelos cirurgiões americanos Robert Zollinger e Edwin Ellison, donde seu nome.

A causa exata da síndrome de Zollinger-Ellison ainda é desconhecida. Ela pode ser esporádica (75% dos casos), associada à neoplasia endócrina múltipla ou também pode ser causada por uma condição hereditária, autossômica dominante. Cerca de 25% das pessoas com essa síndrome têm gastrinomas no pâncreas e/ou em outros órgãos e cerca de 95% das pessoas com gastrinomas fazem úlceras gástricas e/ou duodenais.

A sequência de eventos que ocorre na síndrome de Zollinger-Ellison é típica. Ela começa quando um ou mais tumores formam-se no pâncreas, duodeno ou nos nódulos linfáticos adjacentes. Em casos raros, os tumores podem ter uma localização ectópica, no coração, ovário, fígado, etc. Esses tumores são compostos de células que secretam grandes quantidades de gastrina. A gastrina age nas células parietais das glândulas do estômago, fazendo-as secretar íons de hidrogênio na luz estomacal, aumentando, assim, seu potencial ácido.

Além disso, a gastrina atua com um fator trófico para as células parietais, causando hiperplasia destas células. Como consequência, há um aumento no número de células secretoras de ácido, e cada uma dessas células produz ácidos em taxas aumentadas. O aumento na acidez contribui para o desenvolvimento de múltiplas úlceras pépticas no estômago e no duodeno. Pode haver diarreia e outros sintomas. Adicionalmente, os tumores são malignos, embora só tendam a crescer lentamente.

A síndrome de Zollinger-Ellison pode ocorrer em qualquer momento da vida, mas as pessoas são geralmente diagnosticadas entre as idades de 30 a 50 anos, com predomínio em homens. Os sinais e sintomas mais chamativos são dor abdominal em queimação, diarreia, refluxo ácido, azia, náuseas e vômitos, hemorragias digestivas, diminuição do apetite e perda de peso.

Em geral, as úlceras da síndrome de Zollinger-Ellison se diferenciam das úlceras comuns por algumas características: existência de úlceras distais até a primeira porção do duodeno; presença de diversas úlceras no trato gastrointestinal; úlceras que não respondem aos tratamentos típicos com antiácidos; recorrência de úlcera após tratamento cirúrgico; presença concomitante de úlceras e diarreia; histórico familiar marcante de úlceras pépticas; associação de úlceras com alterações nas glândulas paratireoides e pituitárias e pesquisa negativa para Helicobacter pylori.

O diagnóstico da síndrome de Zollinger-Ellison baseia-se no histórico médico do paciente e em exames de sangue, para dosar os níveis de gastrina. Muitas vezes, esses exames devem ser potencializados por meio de testes de estimulação da secretina. Uma endoscopia digestiva alta permitirá a detecção de úlceras gastroduodenais e uma biópsia das mesmas irá ajudar a detectar a presença de tumores produtores de gastrina.

Exames de imagens, como cintilografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética podem ajudar na localização dos tumores. Um diagnóstico diferencial deve ser feito com outras formas de aumento de ácido, obstrução da saída gástrica, infecções por Helicobacter pylori, insuficiência renal, refluxo gastresofágico, doença ulcerosa, causas fisiológicas de hipergastrinemia e uso de fármacos com ação inibidora da secreção.

O tratamento usual para a síndrome de Zollinger-Ellison visa abordar os tumores secretores de hormônios e as úlceras que eles causam. O tratamento dos tumores consiste na remoção cirúrgica deles, mas a cirurgia pode não ser uma opção se existirem vários tumores. Nesses casos, devem ser adotados outros tratamentos para controlar o crescimento tumoral, incluindo a quimioterapia. O tratamento do excesso de ácido quase sempre pode ser controlado por medicamentos. Um aconselhamento genético deve ser feito, naqueles casos de etiologia hereditária.

Na ausência de metástases hepáticas, o prognóstico é favorável, com uma taxa de sobrevida de 90 a 100% em dez anos de evolução. Essa taxa cai para 20 a 40% nos doentes com metástases hepáticas. Os pacientes com neoplasia endócrina múltipla raramente têm possibilidade de cura cirúrgica devido à presença de múltiplos tumores e metástases, apenas 15% dos casos têm um curso agressivo e a taxa de sobrevida depois de 10 anos é de 80 a 98%.

Pode haver complicações devido às úlceras, como sangramentos ou perfurações, gerando um quadro de abdome agudo.

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