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segunda-feira, 20 de julho de 2015

Vertigens



Alguns utilizam a palavra tontura para descrever uma dor de cabeça moderada, ou então qualquer sensação vaga e esporádica de desmaio, ou inclusive de falta de forças. No entanto, só a tontura verdadeira, que os médicos denominam de vertigem, provoca uma sensação de movimento ou de rotação. Pode ser momentânea ou durar horas ou inclusive dias. A pessoa com vertigem costuma sentir-se melhor se se deitar e permanecer imóvel; no entanto, a vertigem pode continuar mesmo quando se está totalmente parado.

O corpo apercebe-se do sentido da posição e controla o equilíbrio através dos órgãos do equilíbrio (situados no ouvido interno). Estes órgãos têm conexões nervosas com áreas específicas do cérebro. A causa da vertigem pode ser consequência de anomalias no ouvido, na ligação nervosa do ouvido ao cérebro ou no próprio cérebro. Pode também estar associada a problemas visuais ou mudanças repentinas na pressão arterial.

São muitas as perturbações que costumam afetar o ouvido interno e causar vertigem. Pode tratar-se de perturbações produzidas por infecções virais ou bacterianas, tumores, pressão arterial anormal, inflamação dos nervos ou substâncias tóxicas.
A tontura (ou enjoo) desencadeada pelo movimento é uma das causas mais frequentes de vertigem, podendo desenvolver-se em pessoas cujo ouvido interno seja sensível a certos movimentos, como os de vaivém, de paragem e de arranque bruscos. Estas pessoas podem sentir-se especialmente enjoadas ao viajar de carro ou de barco.

A doença de Ménière produz crises de vertigem repentinas e episódicas, associadas a zumbidos nos ouvidos (tinnitus) e surdez progressiva. (Ver secção 19, capítulo 212) É habitual que os episódios tenham uma duração de vários minutos a várias horas e que muitas vezes sejam acompanhados de náuseas e de vômitos intensos. Desconhece-se a causa.

As infecções virais que afetam o ouvido interno (labirintite) podem provocar vertigens que habitualmente se iniciam de repente e pioram no decurso de várias horas. A doença desaparece sem tratamento ao fim de alguns dias.

O ouvido interno está em comunicação com o cérebro por meio de nervos e o controlo do equilíbrio está localizado na parte posterior do cérebro. Quando o fluxo sanguíneo a esta zona do cérebro é inadequado (doença conhecida como insuficiência vertebrobasilar), a pessoa pode manifestar vários sintomas neurológicos, entre eles a vertigem.

Habitualmente, quando há cefaleias, linguagem ininteligível, visão dupla, debilidade numa das extremidades e movimentos descoordenados, estes costumam ser sintomas de que a vertigem pode ser provocada por uma perturbação neurológica do cérebro, mais do que por um problema limitado ao ouvido. Estas perturbações cerebrais podem ser a esclerose múltipla, fracturas do crânio, convulsões, infecções e tumores (especialmente os que crescem na base do cérebro ou próximo deste).

Dado que a capacidade do corpo para manter o equilíbrio está relacionada com a informação visual, pode verificar-se uma perda de equilíbrio por causa de uma visão deficiente, especialmente no caso de visão dupla.

As pessoas idosas ou as que tomam fármacos para controlar uma doença cardíaca ou uma hipertensão podem sentir tonturas ou desmaiar quando se põem de pé bruscamente. Este tipo de tonturas é consequência de uma breve baixa de tensão arterial (hipotensão ortostática), cuja duração é momentânea e por vezes se pode evitar levantando-se lentamente ou usando meias de compressão.

Antes de estabelecer o tratamento para a tontura, o médico deverá determinar a sua natureza e a seguir a sua causa. Qual é o problema? Trata-se de uma marcha descoordenada, uma sensação de desmaio ou de vertigem ou deve-se a outra coisa? Está a causa no ouvido interno ou noutra zona?

Para determinar a natureza do problema será útil conhecer os pormenores acerca do início da tontura, quanto tempo durou, o que a desencadeou ou o que causou alívio e que outros sintomas a acompanharam (dor de cabeça, surdez, ruídos no ouvido ou falta de forças). Geralmente, os casos de tonturas não são uma vertigem nem constituem um sintoma grave.

A mobilidade ocular do paciente pode fornecer dados importantes ao médico porque os movimentos anormais dos olhos costumam indicar uma possível disfunção do ouvido interno ou das ligações nervosas entre este e o cérebro. O nistagmo é um movimento rápido dos olhos, como se a pessoa estivesse a olhar os ressaltos rápidos de uma bola de pingue-pongue, da esquerda para a direita ou então de cima para baixo.

Dado que a direção destes movimentos pode contribuir para o diagnóstico, o médico tentará estimular o nistagmo mediante um movimento brusco da cabeça do doente ou instilando umas gotas de água fria no canal auditivo. O equilíbrio pode verificar-se solicitando à pessoa que fique imóvel e que, depois, comece a andar sobre uma linha recta, primeiro com os olhos abertos e a seguir fechando-os.

Alguns exames de laboratório podem contribuir para determinar a causa da tontura e da vertigem. Os exames de audição revelam muitas vezes doenças do ouvido que afetam tanto o equilíbrio como a audição. Outros exames complementares podem consistir em estudos radiológicos e numa tomografia axial computadorizada (TAC) ou numa ressonância magnética (RM) da cabeça. Tais exames podem mostrar anomalias ósseas ou tumores nos nervos. No caso de suspeitar de uma infecção, o médico pode extrair uma amostra de líquido do ouvido, de um seio ou então da medula espinhal através de uma punção lombar. Se o médico suspeitar de uma insuficiência na irrigação sanguínea do cérebro, pode solicitar uma angiografia (injeta-se um contraste no sangue e depois efetuam-se radiografias para localizar obstruções nos vasos sanguíneos).

O tratamento depende da causa subjacente à vertigem. Os fármacos que aliviam a vertigem moderada são: a meclizina, dimenidrinato, perfenazina, escopolamina. Esta última é particularmente útil na prevenção do enjoo devido ao movimento e pode aplicar-se sob a forma de emplastro cutâneo, cuja ação neste caso dura vários dias. Todos estes fármacos podem causar sonolência, especialmente nas pessoas de idade avançada. A escopolamina em forma de emplastro é a que tende a produzir menos sonolência.

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