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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Hipoglicemia 2


Sintomas

Perante uma queda nos valores de açúcar no sangue o organismo responde, em primeiro lugar, libertando adrenalina por parte das glândulas supra-renais e de certas terminações nervosas.

Este hormônio estimula a libertação de açúcar contido nas reservas do organismo, mas também causa sintomas semelhantes aos de um ataque de ansiedade: transpiração, nervosismo, tremores, desfalecimento, palpitações e por vezes fome.

Se a hipoglicemia for mais grave, reduz-se o fornecimento de glicose ao cérebro e aparecem vertigens, confusão, esgotamento, fraqueza, dores de cabeça, um comportamento inadequado que pode ser confundido com um estado de embriaguez, incapacidade para se concentrar, anomalias da visão, convulsões semelhantes à epilepsia e coma.

A hipoglicemia prolongada pode lesar o cérebro de forma irreversível.

Tanto os sintomas de ansiedade como a alteração fisiológica cerebral podem ter um início lento ou repentino que progride em poucos minutos desde um mal-estar moderado até uma confusão grave ou mesmo ao pânico.

As mais afetadas são as pessoas que se tratam com insulina ou medicamentos hipoglicemiantes orais para a diabetes.

Num doente com um tumor pancreático secretor de insulina, é mais provável que os sintomas apareçam nas primeiras horas da manhã em jejum, sobretudo se as reservas de açúcar do sangue se tiverem esgotado com o exercício realizado antes do pequeno-almoço.

No princípio, um tumor só causa episódios ocasionais de hipoglicemia, mas com o passar dos meses ou dos anos os episódios tornam-se mais frequentes e graves.

Diagnóstico

Quando um doente não diabético e aparentemente saudável manifesta ansiedade, uma conduta semelhante à embriaguez ou os restantes sintomas de alteração das funções cerebrais (descritos mais acima), os médicos determinam os valores de açúcar no sangue e depois os de insulina.

Os sintomas de hipoglicemia raramente se desenvolvem até os valores de açúcar serem inferiores aos 50 mg/dl de sangue, embora algumas vezes não se manifestem sintomas com valores superiores e em outras não se manifestem até serem muito mais baixos.

As baixas concentrações de açúcar no sangue, juntamente com os sintomas de hipoglicemia, confirmam o diagnóstico.

Se os sintomas melhoram quando os valores aumentam poucos minutos depois de ter ingerido açúcar, o diagnóstico recebe uma confirmação definitiva.

O médico efetua no hospital a determinação do açúcar no sangue de um doente.

Este exame também pode realizar-se no domicílio do doente mediante a obtenção de uma gota de sangue, picando o dedo no momento em que os sintomas se produzem, caso se disponha de um dispositivo para controlar as concentrações de açúcar.

Contudo, a supervisão domiciliária de açúcar no sangue só se recomenda se o doente for diabético.

A prova oral de tolerância à glicose, que se utiliza com frequência para facilitar o diagnóstico da diabetes, é pouco utilizada nestes casos porque os resultados levam muitas vezes a conclusões incorrectas.

O médico consegue quase sempre determinar a origem da hipoglicemia.

A história clínica do doente, um exame físico e uns exames laboratoriais simples são, em geral, tudo o que é necessário para determinar a causa.

Contudo, algumas pessoas requerem exames complementares e para isso devem ser internadas num hospital.

No caso de suspeita de hipoglicemia de causa auto-imune, realizam-se exames para detectar a presença no sangue de anticorpos contra a insulina.

Para determinar se o doente tem um tumor secretor de insulina, podem efectuar-se medições das concentrações de insulina no sangue durante o jejum (por vezes até às 72 horas).

O ideal seria localizar o tumor antes da cirurgia.

Contudo, apesar de alguns tumores pancreáticos secretores de insulina poderem ser visíveis na tomografia axial computadorizada (TAC), na ressonância magnética (RM) ou na ecografia, em geral são tão pequenos que estes exames não os detectam.

Com frequência, é preciso praticar uma cirurgia exploratória para detectar um tumor secretor de insulina.

Tratamento

Os sintomas de hipoglicemia melhoram alguns minutos depois do consumo de açúcar, quer seja na forma de caramelos ou tabletes de glicose, sumo de frutas, água com vários torrões de açúcar ou leite (que contém lactose, um tipo de açúcar).

Os doentes com episódios recorrentes de hipoglicemia, sobretudo os diabéticos, muitas vezes preferem levar consigo tabletes de glicose porque têm um efeito rápido e fornecem uma quantidade suficiente de açúcar.

Tanto os diabéticos como os não diabéticos com hipoglicemia podem melhorar tomando primeiro açúcar e a seguir um alimento que forneça hidratos de carbono de longa duração (como pão ou bolachas).

Quando a hipoglicemia é grave ou prolongada e não é possível ingerir açúcar por via oral, deve administrar-se glicose por via endovenosa para evitar lesões cerebrais graves.

Deverá ter-se glucagina à mão para as urgências, no caso de haver o risco de se sofrer episódios graves de hipoglicemia.

O glucagon é um hormônio proteico, segregado pelas células dos ilhéus do pâncreas, que estimula o fígado a produzir grandes quantidades de glicose a partir das suas reservas de hidratos de carbono.

Administra-se em injeção e restabelece o açúcar no sangue ao cabo de 5 a 15 minutos.

Os tumores secretores de insulina devem ser extirpados cirurgicamente.

Contudo, como são muito pequenos e difíceis de localizar, a cirurgia deve ser praticada por um especialista experimentado nestes problemas.

Antes da intervenção cirúrgica, deve administrar-se um medicamento como o diazóxido para inibir a secreção de insulina por parte do tumor.

Por vezes há mais de um tumor e, se o cirurgião não os encontra todos ao mesmo tempo, por vezes é necessária uma segunda operação.

Os doentes não diabéticos com predisposição para a hipoglicemia evitam muitas vezes os episódios fazendo pequenas refeições em número superior às três refeições habituais do dia.

Os doentes com tendência para a hipoglicemia deveriam trazer uma identificação ou uma pulseira de alerta médico para informar o pessoal do serviço de urgências sobre a sua doença.

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