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segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Abdome Agudo
Denomina-se abdome agudo a uma síndrome de dor abdominal súbita e intensa que geralmente (mas nem sempre) leva à cirurgia. Os sintomas muitas vezes não são específicos de uma determinada enfermidade, o que dificulta um diagnóstico preciso.
De maneira geral, o abdome agudo envolve um de cinco quadros clínicos:
Abdome agudo inflamatório ou infeccioso: dor leve e imprecisa que piora com o tempo e se torna progressivamente mais localizada.
Abdome agudo obstrutivo: dor em cólica e vômitos.
Abdome agudo perfurativo: perfuração de víscera oca com extravasamento de conteúdo para a cavidade abdominal.
Abdome agudo vascular: dor abdominal intensa, não compatível com o exame físico do paciente.
Abdome agudo hemorrágico: sangramento hemorrágico espontâneo na cavidade abdominal.
As enfermidades que mais comumente causam abdome agudo são: apendicite, úlcera péptica aguda perfurada, colelitíase (cálculo na vesícula) e suas complicações, pancreatite, isquemia intestinal, diverticulites agudas, rompimento tubário devido à gravidez ectópica e a cisto roto de ovário.
A apendicite é a causa mais comum em adolescentes e adultos jovens e as demais causas são mais comuns em indivíduos de maior idade. Além dessas, várias outras condições clínicas podem causar abdome agudo, tais como, abscesso renal, hérnias, doenças ginecológicas, rupturas de aneurisma aórtico, etc.
Apesar dos excelentes estudos de imagem hoje disponíveis, o diagnóstico de abdome agudo continua dependendo de uma história clínica completa e minuciosa e de um exame físico cuidadoso. São eles que devem direcionar e sugerir os exames complemetares a serem realizados. A história médica procurará colher o modo de início do quadro e a evolução da condição e, em alguns casos, as ocorrências que o precederam. O exame físico envolverá a observação, percussão, palpação e ausculta do abdome pelo médico assistente.
A síndrome de abdome agudo pode ser reconhecida apenas pelos seus sinais clínicos: dor abdominal aguda, de grau variável, mas habitualmente intensa; retesamento dos músculos abdominais, podendo chegar ao chamado “abdome em tábua”. Ela pode tratar-se de uma simples dispepsia ou algo potencialmente mais grave (como o rompimento da aorta, por exemplo). A natureza da enfermidade causal dependerá da observação de certas características clínicas e dos sintomas (localização, tipo e intensidade da dor; modo de iniciação; presença ou não de febre, vômitos, hematúria, melena; possibilidade ou não de gravidez; constipação, diarreia; icterícia; estado clínico geral do paciente) e deve ser confirmada por exames laboratoriais de sangue e de urina e por exames de imagens (radiografia, tomografia, ultrassonografia, ressonância magnética ou arteriografia, conforme o caso). Se todos esses exames não forem suficientes para determinar a causa do abdome agudo, pode-se ainda praticar a videolaparoscopia ou a laparotomia exploradora como meios diagnósticos definitivos. Em algumas oportunidades é a evolução da enfermidade que indicará as possibilidades do diagnóstico, embora não se deva esperar muito tempo por ela.
Em síntese, o tratamento do abdome agudo pode ser cirúrgico ou não cirúrgico. Em cerca de uma hora é possível fazer os exames mínimos básicos que evitem ou confirmem a necessidade de uma cirurgia. No entanto, diante de um quadro que não se consiga definir, não se deve perder tempo e é preferível operar, mesmo que depois se comprove que a intervenção cirúrgica não era indispensável, porque o quadro de abdome agudo é quase sempre potencialmente muito grave e requer uma atuação médica sem demora. Entretanto, deve-se evitar correr para a sala de cirurgia quando um paciente ainda não foi bem avaliado.
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