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sábado, 10 de maio de 2014

Exame de urina


O exame de elementos e sedimentos anormais (EAS) da urina, ou exame de urina tipo I, é um exame de rotina e corriqueiro, que procura fazer análise física (cor, aspecto, gravidade específica), análise química (pesquisa de pH, albumina, glicose, bilirrubina, cetona, etc.) e pesquisa de elementos anormais no sedimento da urina, como eritrócitos, leucócitos, cilindros, bactérias, células epiteliais, cristais, entre outros.

De preferência, deve-se colher a primeira urina da manhã, em recipiente estéril, em geral fornecido pelo laboratório que procederá a análise. Comumente é usada a primeira urina da manhã, mas isso não é obrigatório e a urina pode ser coletada em qualquer período do dia.

A urina deve ser levada ao laboratório dentro de uma hora após ser coletada e se isso não for possível deve ser mantida sob refrigeração, pelo prazo máximo de seis horas. O primeiro jato deve ser desprezado e serve para eliminar as impurezas que possam estar na uretra.

Colhe-se o jato médio (40-50 ml de urina), desprezando-se também o jato final.

Os homens devem lavar e secar previamente o pênis, com gaze estéril ou toalha bem limpa, retrair inteiramente o prepúcio e urinar sem contato com a urina.

As mulheres devem lavar a região genital de frente para trás, enxaguar e secar, também usando gaze estéril ou toalha limpa e, ao urinar, manter os grandes lábios da vagina afastados, de modo que a urina seja colhida sem contato com o corpo.

As crianças devem colher a urina no laboratório, sempre que possível, e com cuidados especiais de assepsia. Mesmo em adultos, o ideal é colher a urina no próprio laboratório, pois quanto mais fresca estiver a amostra, mais confiáveis serão seus resultados.

No laboratório o exame é feito por partes. O médico examinará macroscopicamente o aspecto físico da urina (coloração, presença de sedimentos, odor, etc.) e em seguida submeterá a urina a reações químicas, observando algumas gotas ao microscópio.

Por meio desses recursos, o laboratorista detecta a presença e a quantidade de vários componentes da urina.

O exame de EAS fornece informações úteis no diagnóstico e seguimento de várias doenças renais e extrarrenais, e dá uma visão do trato genitourinário como um todo.

Trata-se de um exame simples e indolor, obtido de uma amostra de urina colhida de forma não-invasiva, de baixo custo e facilmente accessível.

Tudo isso faz do EAS um exame muito solicitado. A presença de glicose na amostra de urina pode sugerir diabetes ou alguma lesão tubular.

A proteinúria, se moderada, indica disfunção tubular ou lesão glomerular, quando é mais elevada.

Em doenças renais, a pesquisa de elementos anormais (leucócitos, eritrócitos, bactérias, etc.) tem papel fundamental na detecção e acompanhamento das doenças.

A hematúria, correspondente ao aumento do número de eritrócitos na urina, permite estudar a morfologia dos eritrócitos, de grande interesse no diagnóstico e avaliação de muitas enfermidades.

Os cilindros que podem aparecer na urina são precipitados proteicos moldados na luz do túbulo renal e podem englobar células, bactérias, hematina e outros elementos e, dessa forma, dão informações sobre o que ocorre nos néfrons.

A presença de leucócitos é um indicador de inflamação ou infecção no trajeto da urina.

Se a urocultura, que normalmente é solicitada a seguir, der resultado negativo, a presença de leucócitos pode ser manifestação de infecção por clamídia, tuberculose do trato urinário, cálculo urinário, nefrite túbulo-intersticial, processos inflamatórios pélvicos, etc.

A presença de um grande número de bactérias, se não for devido à contaminação, indica a possibilidade de infecção. Se as células epiteliais estiverem presentes em grande número na urina, deve-se proceder à análise citológica do sedimento urinário, em amostra especificamente colhida para este fim.

O exame de EAS apresenta muitos falsos positivos e falsos negativos e, por isso, não dá para se fechar qualquer diagnóstico apenas com os resultados desse exame. Outros exames confirmatórios mais complexos devem ser empreendidos.

Os valores de referência, considerados normais, são:

•Densidade da urina: os valores normais variam de 1005 a 1035, considerando-se a densidade da água pura igual a 1000. Quanto mais próxima de 1005, mais clara é a aparência da urina e quanto mais próxima de 1035, mais amarelada e com odor mais forte. Uma densidade baixa ocorre quando há uso excessivo de líquidos por via intravenosa, insuficiência renal crônica, hipotermia, aumento da pressão intracraniana e hipertensão arterial. Uma densidade alta sugere desidratação, diarreia, vômitos, febre, diabetes mellitus, glomerulonefrite, insuficiência cardíaca congestiva, etc.

•pH da urina: o pH normal da urina varia entre 5,5 e 7,0; sendo a urina mais ácida quanto menor o valor do seu pH e mais alcalina quanto maior for esse valor. A acidez da urina pode ser útil no tratamento das infecções do trato urinário, pois os micro-organismos geralmente não se multiplicam em meio ácido. O pH da urina revela a capacidade ou incapacidade dos rins de secretar ou reabsorver ácidos ou bases. Valores altos podem indicar presença de cálculos renais e infecção das vias urinárias. Valores baixos indicam perda de potássio, dieta rica em proteínas, infecção das vias urinárias, diarreias severas ou o uso de anestésicos.

•Glicose na urina: normalmente a urina não mostra presença de glicose e a ocorrência dela pode significar que os níveis sanguíneos também estão altos, seja pela presença de diabetes, seja por uma doença dos túbulos renais.

•Proteínas na urina: em situações normais, as proteínas só estão presentes em muito pequenas quantidades, que nem costumam ser detectadas. Ela ocorre em diversas doenças renais e no diabetes mellitus.

•Hemácias na urina (sangue na urina): em condições normais a quantidade de hemácias na urina é desprezível. Os valores normais da presença de hemácias são menores que 3 a 5 hemácias por campo do microscópico, ou menos que 10.000 células por mililitro. Uma quantidade maior de hemácias está presente nas hemorragias urinárias (infecções, cálculo renal, tumores, etc.). A mulher menstruada pode apresentar hemácias na urina por contaminação durante a coleta.

•Leucócitos na urina (pus na urina): a presença de leucócitos na urina costuma indicar que há alguma inflamação nas vias urinárias, mas eles podem estar presentes em várias outras situações.

•Corpos cetônicos na urina: normalmente a produção de cetonas é muito baixa e estas não estão presentes na urina. Corpos cetônicos estão presentes em pacientes diabéticos ou em casos de jejum prolongado.

•Urobilinogênio e bilirrubina na urina: também normalmente ausentes na urina. Valores altos de bilirrubina sugerem doenças hepáticas, biliares ou neoplasias. Os recém-nascidos podem apresentar uma alta fisiológica de bilirrubina. Um urobilinogênio alto indica doenças no fígado, distúrbios hemolíticos ou porfirinúria.

•Nitritos na urina: a presença de certas bactérias na urina pode ser constatada pela transformação de nitratos em nitritos.

•Cristais na urina: a presença de cristais na urina, principalmente de oxalato de cálcio, fosfato de cálcio ou uratos amorfos, não tem nenhuma importância clínica. Outros, como cristais de cristina, magnésio, tirosina, bilirrubina, colesterol e ácido úrico costumam ter relevância clínica.

•Células epiteliais e cilindros na urina: qualquer presença de células epiteliais na urina é anormal, mas elas só têm significado clínico quando se agrupam em forma de cilindros.

•Muco na urina: a constatação da presença de muco na urina tem pouquíssima utilidade clínica.

•Ácido ascórbico (vitamina C) na urina: a presença de ácido ascórbico na urina pode alterar os resultados de detecção de hemoglobina, glicose, nitritos, bilirrubina e cetonas.

A cor da urina normalmente é amarela clara, límpida.

A turvação da urina pode indicar infecção. A presença de sangue na urina dá a ela uma cor laranja avermelhada.

É um sinal de doença dos rins e do trato urinário que pode ser grave. Alguns medicamentos podem conferir à urina coloração verde, azul ou laranja escura.

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