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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Esclerose Múltipla





A esclerose múltipla é uma doença inflamatória crônica, de causa ainda desconhecida e curso inexoravelmente progressivo, que afeta o sistema nervoso.

Nela há uma degeneração da bainha de mielina dos axônios, que é atacada e destruída pelo sistema imunológico do próprio paciente.

Com isso, ela afeta a capacidade de comunicação entre as células nervosas do cérebro e da medula espinhal.

Em geral ela evolui por surtos com sintomas motores, sensitivos e sensoriais e períodos de relativa acalmia.

Cada surto sintomático deixa sequelas que progressivamente vão agravando o estado do paciente.

As causas da esclerose múltipla ainda não são conhecidas, embora os mecanismos que a produzem e alguns fatores de risco para a doença o sejam.

Sabe-se que ela afeta pessoas adultas jovens e preferentemente as mulheres. As teorias mais aceitas postulam uma causa genética ou infecciosa.

Na verdade, a esclerose múltipla não é inteiramente uma doença hereditária, mas algumas variações genéticas aumentam o risco da doença.

Provavelmente ela é consequência de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e infecciosos, e possivelmente de outros fatores ainda desconhecidos.

Esta condição tem sido associada, por exemplo, à pouca exposição solar e à diminuição de produção da vitamina D, fato corroborado pela observação de que a prevalência dela aumenta à medida que se afasta do Equador, embora existam numerosas exceções.

O estresse, o tabagismo e a exposição a determinadas toxinas também são fatores de risco. Outros fatores mais continuam sendo pesquisados, sem que até o momento se tenha chegado a resultados conclusivos.

Com relação às infecções, vários micróbios têm sido propostos como possíveis causas da esclerose múltipla.

A gravidez parece diminuir progressivamente o ritmo de ocorrência de surtos a cada trimestre de gestação.

Em virtude da localização e da extensão das lesões, a esclerose múltipla pode dar origem a praticamente qualquer sintoma neurológico, como alterações sensoriais; dificuldades locomotoras, de coordenação e de equilíbrio; dificuldades de fala ou de deglutição; problemas oculares; fadiga; dores agudas ou crônicas; dificuldades no funcionamento da bexiga e dos intestinos; degeneração da capacidade cognitiva; depressão e humor instável.

Principalmente no seu início, os sintomas podem ser sutis e se confundirem com sintomas de outras doenças. Além disso, como desaparecem em poucos dias podem fazer pensar que se trata de coisa simples.

A esclerose múltipla tende a evoluir por surtos, intercalados por meses e mesmo anos de relativa acalmia, os quais vão progressivamente se encurtando.

Quando surge em pessoas de meia idade, a evolução costuma ser mais desfavorável e a incapacidade e mesmo a morte sobrevém mais rapidamente.

Nas pessoas mais jovens, entre cada ataque os sintomas podem desaparecer por completo, mas podem deixar danos neurológicos permanentes.

Como a sintomatologia da esclerose múltipla é muito variada, o diagnóstico da doença pode ser muito difícil, principalmente em sua fase inicial. No entanto, os dados clínicos por si só podem ser suficientes para o diagnóstico, em casos em que os indivíduos tenham sofrido episódios mais ou menos típicos. Atualmente, a doença pode ser detectada também por dados radiológicos e laboratoriais recolhidos de forma não invasiva.

Os exames complementares mais comuns são as imagens do sistema nervoso, a análise do líquor e os potenciais evocados. A ressonância magnética pode detectar áreas de desmielinização, onde elas já tenham ocorrido. Entretanto, um diagnóstico definitivo só pode ser obtido por uma biópsia que confirme as lesões.

A esclerose múltipla não tem cura conhecida e o tratamento visa apenas fazer cessar o quadro agudo e dilatar o intervalo entre os surtos. Deve buscar também recompor ou auxiliar as funções corporais afetadas por um ataque e tratar suas consequências.

Durante os ataques agudos, a terapia mais indicada é a administração de doses elevadas de corticosteroides, geralmente por via intravenosa. No controle da doença são usados alguns medicamentos como antivirais, interferon, imunossupressores e imunomoduladores, todos de eficácia apenas moderada. À semelhança de outras terapêuticas, estes tratamentos têm vários efeitos secundários, às vezes sérios.

Não há como prevenir a esclerose múltipla, mas apenas como mitigar suas consequências.

A maior parte dos portadores de esclerose múltipla vem a perder a capacidade de locomoção autônoma antes da morte, mas 90% deles são ainda capazes de caminhar dez anos depois do aparecimento da doença e 75% mesmo quinze anos depois.

A expectativa de vida de doentes com esclerose múltipla é cerca de cinco a dez anos inferiores à população geral, mas cerca de 40% dos pacientes chegam à sétima década de vida.

A doença faz regressões periódicas ao longo de várias décadas, mas grosso modo seu curso é progressivo, correspondendo a uma esperança média de vida de trinta anos a partir do seu aparecimento.

São fatores que apontam para um prognóstico mais favorável da progressão da doença:

• Sexo feminino.

• Subtipo recidivante remitente: caracterizado por períodos de surtos seguidos de períodos de recidiva. Pode provocar incapacidade temporária, mas, após os surtos, o doente acaba, em determinadas situações, por recuperar algumas funções. No entanto, com o aumento gradual do número de surtos, o grau de incapacidade vai aumentando. O tempo que medeia os surtos é imprevisível, podendo variar desde semanas até anos.

• Neurite ótica.

• Número reduzido de ataques nos primeiros anos.

• Início da doença em idade jovem.

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