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quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Transplante renal
Os rins recebem sangue arterial diretamente do coração e depois que o purificam das substâncias nocivas ao organismo, como a amônia, a ureia, o ácido úrico e outras, o devolvem pelas veias renais, enquanto a urina filtrada desce pelos ureteres, rumo à bexiga.
Além desse papel de “filtro”, os rins têm um papel ativo, secretando substâncias importantes para o organismo. Quando o processo de filtragem falha por algum motivo, a pessoa entra em insuficiência renal, que pode tornar-se crônica e que, ao atingir determinados limites, passa a exigir diálise ou transplante renal como solução para purificar o sangue.
O transplante renal é a substituição dos rins doentes por um rim saudável de um doador vivo ou cadavérico e é o tratamento de escolha para os pacientes com doença renal terminal ou para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, sendo o recurso mais próximo dos rins normais.
É necessário que o sangue e os tecidos do doador (vivo ou não) sejam compatíveis com os do receptor. Em geral os transplantes de rim de doadores vivos são mais bem-sucedidos do que aqueles de doadores falecidos. O doador que fica com apenas um dos rins não sofre qualquer desvantagem funcional, porque um só rim é suficiente para dar conta das necessidades orgânicas. Há pessoas que nascem com um único rim e que só descobrem isso num exame ocasional, ou nem mesmo chegam a descobrir. As pessoas que doam um dos rins, em geral vivem tanto quanto aquelas que conservam os dois rins.
Infelizmente, há menos doadores de rins do que pessoas necessitando de um transplante e, por isso, há uma Lista Única Nacional de espera. Não é simplesmente uma lista em que quem chega primeiro tem preferência, mas são levadas em conta as situações de emergência de cada caso.
Quais são os requisitos para ser um doador de rim?
• O rim pode ser transplantado de um doador vivo ou em morte cerebral.
• Ser compatível com o receptor, o que exige testes médicos exaustivos.
• Ser ou ter sido pessoa sadia e ter um rim igualmente sadio.
• O bom estado do órgão a ser doado é mais importante do que a idade do doador.
• De preferência, ser pessoa que esteja na faixa etária entre 30 e 70 anos.
• O doador deve ficar com o órgão que está em melhor estado.
• Em caso de morte cerebral, deve-se preferir o rim em melhores condições para o transplante.
Quais são os requisitos para poder receber um rim doado?
• Estar cadastrado na Lista Única Nacional de espera.
• Ser pessoa que possa suportar uma cirurgia de 4 a 6 horas de duração.
• Não ter lesões ou sequelas como cirrose, câncer ou acidentes vasculares.
• Ser pessoa que não tenha focos ativos de infecções.
• Ser pessoa que não tenha problemas imunológicos.
Como é o transplante e a rejeição?
Apesar do uso de medicamentos supressores, costumam haver episódios de rejeição após a cirurgia. A rejeição pode levar à retenção de líquidos e ao consequente aumento de peso, febre, dor e inflamação na região do transplante, por vezes levando o transplante a fracassar. Na maioria das vezes, os episódios de rejeição ocorrem num prazo de 3 a 4 meses depois do transplante. Em geral, as probabilidades de sucesso com o transplante de um novo rim são quase tão elevadas quanto com o primeiro transplante.
Esteja atento a possíveis sinais de rejeição e os comunique prontamente a seu médico, mas saiba que esses sintomas nem sempre significam rejeição:
• Dor ou inchaço do rim transplantado.
• Febre.
• Diminuição da urina.
• Ganho rápido de peso (devido à acumulação de líquido).
• Edema de pálpebras, mãos ou pés.
• Dor ao urinar.
• Urina fétida ou sanguinolenta.
• Aumento na pressão arterial sanguínea.
• Tosse ou falta de ar.
• Perda da sensação de bem-estar.
Quais são as complicações mais frequentes dos transplantes renais?
Dentro da categoria geral dos transplantes de órgãos, os transplantes de rins são dos mais simples. No entanto, ele também é passível de complicações, cirúrgicas (tromboses ou estenoses vasculares, fístulas e obstruções urinárias, ruptura das suturas, hematomas, linfocele, etc) ou não cirúrgicas (inflamações, infecções, abscessos, etc). A maioria dessas complicações pode ser identificada pela ultrassonografia ou pelo Doppler, um método muito eficiente para detecção de alterações vasculares. As complicações funcionais mais importantes são a rejeição hiperaguda, aguda ou crônica e a isquemia perioperatória.
Como evoluem os transplantes renais?
• Os transplantes só são recomendados a pessoas que tenham uma expectativa de vida de pelo menos 10 anos.
• A sobrevida do enxerto no primeiro ano é superior a 88 % e ele tem uma vida média de cerca de 15 anos.
• Na rejeição crônica existe uma deterioração lenta e progressiva da função renal.
• A causa mais frequente de morbidade e mortalidade (70 a 80%) são as infecções, facilitadas pelo período de máxima supressão imunológica, do segundo ao sexto mês após o transplante.
• Os rins transplantados funcionam, por vezes, mais de 30 anos e as pessoas com rins transplantados levam habitualmente uma vida normal e ativa.
• Quais são os cuidados especiais que devem ser observados pelos transplantados renais?
• Durante os primeiros 15 a 20 dias devem ser feitos exames clínicos e laboratoriais para diagnosticar e prevenir as rejeições.
• Após a alta, o transplantado deve fazer exames clínicos e laboratoriais semanalmente, por 30 dias. Após isso, duas vezes por mês, durante três meses.
• O maior número (75%) de rejeições e complicações infecciosas ocorre nos três primeiros meses, por isso os cuidados devem ser maiores nesse período. Depois do terceiro mês, os exames podem passar a ser mensais, durante seis meses, e o controle pode ir se espaçando conforme a evolução clínica e o estado do paciente.
• Nunca interromper ou modificar a medicação. A rejeição pode ocorrer a qualquer momento, mesmo após muitos anos.
• Segundo a revista portuguesa de enfermagem “SINAIS VITAIS”, os seguintes cuidados adicionais são ainda recomendados:
• Hábitos saudáveis de vida: devem incluir uma dieta alimentar adequada, a prática de exercícios físicos controlados e o reforço das medidas de higiene para que se evitem as infecções devido à imunossupressão.
• Planejamento da terapêutica e das consultas: o doente deve conhecer os nomes, as dosagens e os efeitos secundários de suas medicações, podendo informá-los a outros médicos que precise consultar, dando especial atenção à imunossupressão.
• Programa de vigilância continuada: visa fornecer ao paciente alguns sinais de alerta que requerem atenção imediata, tais como:
o Diminuição do débito urinário.
o Febre.
o Aumento súbito de peso.
o Hipertensão arterial.
o Edema.
o Dor ou sensibilidade exacerbada sobre o enxerto.
Esses fatores devem ser comunicados rapidamente ao médico.
Recursos disponíveis de assistência: estes doentes devem dispor de contatos permanentes com o serviço que tenha realizado o transplante ou com outros serviços especializados, para qualquer esclarecimento imediato.
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