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sexta-feira, 1 de junho de 2012
Sífilis
A sífilis é uma doença infecciosa sexualmente transmissível (DST), causada por uma espiroqueta (um tipo de bactéria) chamada Treponema pallidum, que se caracteriza, num primeiro estágio, por lesões na pele e mucosas. Depois desse primeiro estágio, a doença pode permanecer latente por algum tempo (semanas ou meses) sem sintomas, e reaparecer depois, num segundo estágio, após o qual volta a ficar em latência (dessa vez por anos ou décadas), para reaparecer novamente, já com sintomas graves.
Raramente esta patologia pode ser transmitida por contaminação fetoplacentária (passar da mãe para o bebê na gestação).
Como acontece?
Quase sempre a transmissão do Treponema pallidum se dá através do contato sexual, porém pode ocorrer o contágio da mãe para o feto. Neste caso, dá-se o nome de sífilis congênita à doença.
Quais são os sinais e sintomas da sífilis?
Costuma-se classificar clinicamente a sífilis em três estágios (primário, secundário e terciário), cada um dos quais apresentando sinais e sintomas diferentes.
Sífilis Primária
A sífilis primária manifesta-se após um período médio de incubação de cerca de 20 dias após o contato, quando o indivíduo permanece assintomático. Depois dele, aparece o chamado "cancro duro", uma pequena ulceração de bordas duras que ocorre no pênis, na vagina, na boca ou no reto.
A lesão na vagina pode ser interna e ter sua detecção dificultada, muitas vezes só podendo ser vista através do exame ginecológico com espéculo. Pode ocorrer aumento dos linfonodos satélites.
Tanto as lesões quanto os linfonodos são indolores, o que dificulta o diagnóstico. Estas lesões desaparecem espontaneamente depois de 4 a 6 semanas, muitas vezes levando a pessoa infectada a pensar erroneamente que está curada.
Sífilis Secundária
A sífilis secundária é caracterizada por uma erupção cutânea que aparece de 1 a 6 meses após a lesão primária. Uma erupção vermelha rosácea aparece no tronco e nos membros, nas palmas das mãos e nas solas dos pés. Em áreas úmidas do corpo, pode se formar uma erupção cutânea larga e plana chamada “condiloma lata”. Manchas parecendo placas podem aparecer nas mucosas genitais ou orais. Em geral, os pacientes mostram adenopatias, condilomas planos, crescimento do baço e do fígado, placas mucosas, alopécia, sentem mal-estar, cefaleia, febre, prurido, diminuição do apetite, dores ósseas e nas articulações, rouquidão, etc. Outras manifestações mais raras incluem meningite, hepatite, doença renal, gastrite, proctite, colite, neurites, irite, uveíte. Nesta fase, a doença é muito contagiosa.
Sífilis Terciária
A sífilis terciária pode levar alguns anos para se manifestar. Esta fase se caracteriza pela formação de tumorações amolecidas localizadas predominantemente na pele e nas membranas mucosas.
Outras características da sífilis tardia incluem deformidades articulares e efusões bilaterais dos joelhos. Manifestações ainda mais graves incluem sintomas nervosos (neurossífilis) e cardíacos (sífilis cardiovascular). As complicações neurológicas incluem a paralisia geral progressiva que leva a mudanças de personalidade e mudanças emocionais e a tabes dorsalis, uma desordem da medula espinhal que resulta em um modo de andar característico. As complicações cardiovasculares incluem aortite, aneurisma da aorta e outras condições graves que podem levar à morte.
Há, também, a sífilis congênita. Mas sobre ela, falo outro dia.
Como o médico diagnostica a sífilis?
A história clínica do paciente e o exame clínico levantam uma primeira suspeita. Hoje em dia, o diagnóstico de certeza pode ser feito pelo teste laboratorial VDRL (venereal disease research laboratory). Este teste, no entanto, pode dar resultados falsos positivos e testes para a detecção de anticorpos anti-treponemas devem ser realizados, caso surjam resultados positivos.
A espiroqueta pode ser vista ao microscópio, contudo a sua baixa concentração faz com que este teste dê muitos resultados falsos negativos.
Em virtude do seu curso silencioso (o cancro regride espontaneamente, sem deixar cicatriz), é muito importante para o prognóstico da doença reconhecer o contágio inicial porque quando a sífilis reaparece ela já é bem mais grave.
Na fase secundária, a sífilis é conhecida como doença de mil faces, porque pode apresentar inúmeros sintomas comuns a várias outras doenças. Na fase terciária, o diagnóstico é bem preciso, mas várias sequelas da doença podem já ter se estabelecido.
Como se trata a sífilis?
A sífilis é facilmente tratável e tem um tratamento de baixo custo. É importante iniciar o tratamento o mais cedo possível, porque com a progressão da doença os danos que ela causa podem se tornar irreversíveis. A penicilina G benzatina, durante vários dias ou semanas, é o tratamento de escolha. Também pode ser usada a tetraciclina oral em indivíduos que tenham reações alérgicas à penicilina.
Como evolui a sífilis?
Se não tratada adequadamente, a sífilis pode causar sérios danos ao sistema nervoso central (afetando também o psiquismo, de forma marcante) e ao coração. A sífilis sem tratamento pode ser fatal. Se o paciente suspeitar de uma infecção pelo treponema ou descobrir que o parceiro sexual teve ou poderia ter tido sífilis, é muito importante procurar um médico (clínico geral, infectologista) o mais cedo possível.
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