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sexta-feira, 2 de março de 2012

Medicamentos psiquiátricos “resolvem problemas” ou apenas “disfarçam a realidade” ?




Os medicamentos psiquiátricos atuam melhorando a performance psíquica da pessoa. Os ansiolíticos (tranqüilizantes) servem para reduzir a ansiedade patológica, a qual atrapalha o desempenho da pessoa, fazendo-a sofrer. Evidentemente, seria desejável que a pessoa vivesse sem eles e sem qualquer outro tipo de remédio, assim como as pílulas anticoncepcionais, aspirinas, vitaminas, etc, seria desejável também que ninguém usasse óculos ... e assim por diante. Entretanto, a medicina tem avançado o suficiente para fazer com que o diabético tenha uma vida mais próxima do normal, assim como o reumático, o hipertenso, o míope, etc., incluindo aqui também os ansiosos.

Os antidepressivos melhoram a afetividade da pessoa, que é um atributo indispensável para a adequada valorização da realidade e, principalmente, para a valorização de si mesma (auto-estima).

Na realidade, se pudermos fazer uma analogia, os medicamentos funcionam como um corrimão de escada, onde você segura para ter equilíbrio suficiente para subir uma escada muito alta... Depois que adquirir o ritmo de subida, poderá deixar o corrimão e ir sozinho. O corrimão apenas dá sustentação mas quem sobe a escada é a pessoa.

Como fico, em relação aos remédios, já que sempre fui adepto do natural e avesso às coisas artificiais da vida?

Para ir de uma cidade à outra você vai a pé? No frio você fica em volta da fogueira? Toma banho e lava os cabelos só com água? Nunca usa perfume? Não faz a barba? Não depila a perna? Quando ganha nenê tem o parto em casa e de cócoras? Será que você realmente dispensa as coisas não-naturais para viver melhor?

Veja se você não tem sido incoerente, do tipo que é TOTALMENTE contra a medicina alopática mas toma pílula anticoncepcional. Lembre-se que as vacinas que damos aos nossos filhos fazem parte do arsenal alopático...

Remédios psiquiátricos viciam?

Se Dependência for considerada como uma necessidade continuada e contínua de usar novamente alguma coisa que proporciona bem estar. Portanto, não sei, exatamente, até que ponto também não estamos “viciados” na energia elétrica, na televisão, no telefone, no automóvel, nos congelados e assim por diante.

Se Dependência for considerada como a situação onde a pessoa passa mal quando lhe falta essa alguma coisa (síndrome de abstinência), então devemos tomar cuidado para não incluir nas dependências, nossa relação até com a comida ou com o sexo. Portanto, como se vê, é fundamental diferirmos a Dependência da Necessidade. Não podemos dizer que o diabético é dependente de insulina, mas sim, que necessita desta substância.

Atualmente a expressiva maioria dos medicamentos usados pela psiquiatria não causa, por si mesmos, dependência. A dependência está, normalmente, mais relacionada à pessoa que ao medicamento, trata-se mais de uma vulnerabilidade pessoal que uma imposição bioquímica. Mas, mesmo assim, ainda existem medicamentos capazes de proporcionar crises de abstinência quando da interrupção abrupta de seu uso. Por isso a retirada da medicação deve ser preferentemente gradual.

depressivas ou ansiosas em uso de medicamentos psiquiátricos podem reclamar que, ao interromperem o tratamento, os sintomas voltaram. Isso não é dependência nem abstinência. Acontece, muitas vezes, que as situações existenciais que levaram a pessoa ao estado em que necessitou do tratamento persistem. Assim sendo, deixando o medicamento, se deparará novamente com as mesmas angústias e conflitos anteriores e, portanto, os sintomas voltam. Além dos medicamentos é necessário que mais alguma coisa aconteça na vida da pessoa, ou seja, os medicamentos podem ser indispensáveis e insuficientes.

Remédios psiquiátricos dopam?

Quando o medicamento é prescrito ele tem um objetivo terapêutico, e o ideal é que tenha o mínimo de efeitos colaterais possível. A intenção normalmente não é dopar, se não estamos tratando de crises de agitação psicomotora, crises de confusão mental ou algo assim. Acontece que alguns ansiolíticos e pouquíssimos antidepressivos têm a sonolência como efeito colateral. Nesses casos podemos recomendar para que o paciente use-os à noite, portanto, aproveite o efeito colateral e durma.

Dopar é uma palavra culturalmente pejorativa, que pode estimular uma postura teatralmente histérica por parte de pessoas que aferem algum lucro emocional ao mostrar para “todos interessados”, que estão fazendo um tratamento sério.
Os medicamentos que mais facilmente podem causar dependência são os benzodiazepínicos utilizados exclusivamente para o propósito de dormir.

E se alguns dos medicamentos que devo usar podem causar “dependência”?

Em medicina temos que considerar sempre o binômio custo-benefício. Se a pessoa está deprimida a ponto de cometer suicídio, consideramos que a morte seja pior que a dependência. Se a pessoa está com a performance vivencial tão comprometida a ponto de sacrificar sua vida social, familiar e ocupacional, prefere-se o medicamento mesmo diante da POSSIBILIDADE de dependência para, num segundo momento, resolver a EVENTUAL dependência. Portanto, cada caso é um caso...

Os medicamentos perdem o efeito com o tempo?

Quando os medicamentos parecem “perder o efeito” e fazem necessitar de doses maiores para se obter o mesmo efeito, chamamos de TOLERÂNCIA ao medicamento. Atualmente pouquíssimos medicamentos desenvolvem tolerância, se desenvolvem.

Muitas vezes acontece que a pessoa se sente muito bem no início do tratamento, principalmente porque vinha se sentindo mal há muito tempo. Depois de algum tempo de tratamento, como qualquer ser humano normal, tem outras aspirações. É como quando compramos um carro novo; nos primeiros seis meses sentimo-nos extremamente satisfeitos, mas depois já começamos a pensar em trocá-lo por outro.

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