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terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Mastalgia
A mastalgia é um sintoma mamário que mais comumente leva à procura de atendimento clínico, podendo ocorrer em até 70% das mulheres em algum momento de sua vida. Ocorre mais frequentemente entre os 30-50 anos e pode ser unilateral, bilateral ou segmentar. A dor é de grau leve a moderado na grande maioria dos casos, provavelmente relacionada às alterações inerentes ao ciclo menstrual, porém em 10-20% dos casos constitui-se como dor de forte intensidade, acarretando comprometimento importante das atividades diárias e da qualidade de vida.
A causa da mastalgia cíclica não é completamente compreendida. Acredita-se que diversos fatores estejam envolvidos no seu desenvolvimento, como níveis elevados de estrogênio, baixos níveis de progesterona e alterações na relação entre os dois hormônios. Interessante notar que características da dor, como a natureza cíclica, associação com edema, sensibilidade e nodulação nas mamas e interrupção após a menopausa sugerem relação com os estrogênios. Porém, os estudos que conduziram dosagens hormonais não mostraram diferenças significativas nos valores em mulheres com e sem mastalgia. Não há correlação entre a mastalgia e ingestão de cafeína ou fatores psicossociais.
Classificação
A história clínica, muitas vezes, já é suficiente para a classificação temporal do sintoma, porém é bastante útil que se solicite à paciente que construa um diário mamário, no qual anotará os dias do mês nos quais sentiu dor e qual a intensidade em cada um deles. Esse diário também pode ser útil para avaliação da eficácia do tratamento. Dor cíclica é responsável por dois terços dos casos e o restante das mulheres apresenta dor não-cíclica.
1. Mastalgia Cíclica
Geralmente ocorre durante a fase final lútea do ciclo menstrual, resolvendo-se com o surgimento do fluxo menstrual. As pacientes encontram-se, por definição, na menacme, e mais frequentemente na quarta década de vida. Muitas apresentam desconforto pré-menstrual, hipersensibilidade e sensação de peso na mama, três a sete dias antes de cada período menstrual.
Tipicamente, as pacientes cursam com dor a partir da metade do ciclo, a qual termina com o início do fluxo menstrual. A dor costuma ser bilateral, associar-se a sensibilidade ao toque, mais pronunciada no quadrante súpero-externo da mama, podendo irradiar para a axila e o membro superior ipsilateral. Pode persistir por vários anos, sofrendo resolução após a menopausa. Deve ser diferenciada da síndrome pré-menstrual, uma entidade distinta que pode ou não estar associada à mastalgia.
2. Mastalgia Não-Cíclica
Esse tipo de mastalgia não se relaciona ao ciclo menstrual e pode ocorrer tanto no menacme quanto na pós-menopausa, geralmente na quinta década de vida. A dor pode ser descrita como contínua, mas geralmente tem padrão randômico e de característica em queimação. Pode ser devida a cistos, mastite periductal, estiramento dos ligamentos de Cooper, traumatismo, adenose esclerosante, câncer ou doença de Mondor. No entanto, na maioria das vezes não é identificada uma causa específica.
A dor musculo-esquelética é, quase sempre, unilateral e desencadeada por atividade física, podendo ser reproduzida pela pressão em áreas específicas da parede torácica. As mulheres podem apresentar espondilose ou osteoartrite, o que indica maior probabilidade de dor músculo-esquelética do que mamária. Uma dor que tem característica de queimação ou em “facada”, limitada a uma área em particular, provavelmente se origina na parede torácica. Na síndrome de Tietze (costocondrite), a dor localiza-se preferencialmente nos quadrantes mediais da mama, sobrejacentes às cartilagens costais; é de curso crônico e a paciente apresenta hipersensibilidade local à palpação.
Nos casos de dor não relacionada à parede torácica, as causas mais comuns são angina pectoris e dor associada à litíase biliar (cálculo da vesícula biliar).
3. Câncer de Mama
O câncer é uma causa incomum de mastalgia. Quando a dor é causada pelo tumor, é caracteristicamente não-cíclica, unilateral e bem localizada. O câncer é encontrado em 2-7% das mulheres com queixa de mastalgia.
Dois estudos de caso-controle sugeriram aumento significativo do risco de câncer de mama em mulheres com mastalgia cíclica. No entanto, sabe-se que as mulheres que procuram atendimento médico com sintomas apresentam maiores taxas mamografia e intervenção por biopsia, o que pode ter levado a um viés de diagnóstico nesses estudos.
Além disso, um grande estudo (n=5.463) conduzido por Khan e colaboradores mostrou que as mulheres com relato prévio de mastalgia apresentaram menor risco de câncer de mama. Evidências adicionais são necessárias para avaliar essa relação.
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