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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Os sintomas da doença de Alzheimer.




Os sintomas da Doença de Alzheimer aparecem lentamente. O período médio entre o primeiro e o último estágio é cerca de 8 anos. Este período pode, entretanto, variar muito de uma pessoa para outra. No estágio inicial a pessoa com Doença de Alzheimer parece um pouco confusa e esquecida. Ela pode não encontrar palavras para se comunicar direito, pode deixar pensamentos inacabados, pode esquecer com freqüência fatos e conversas recentes.
Curiosamente, entretanto, ao mesmo tempo em que está prejudicada a memória para fatos recentes, como por exemplo o que teve no jantar de ontem, pode haver lembranças claras de um passado mais distante. O paciente freqüentemente se lembra e repete histórias de sua infância com riqueza de detalhes impressionante.

Fica prejudicada também a capacidade de lidar com as coisas (pragmatismo) e ajuda para executar tarefas rotineiras, anteriormente realizadas com facilidade, começa a ser preciso. Com a evolução do quadro demencial a pessoa pode não mais reconhecer pessoas, locais familiares e mesmo esquecer como realizar tarefas simples, como por exemplo, se vestir, tomar remédios, tomar banho, etc.

Essa progressão da doença leva a um estágio mais avançado, quando então a pessoa perde completamente a memória, a capacidade de julgamento e de raciocínio. Daí em diante será necessário ajudá-la em todos os aspectos do cotidiano.

Com o propósito de aprimorar o diagnóstico para Demência e, entre elas, a demência da Doença de Alzheimer, as últimas recomendações do Departamento de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, baseado em Grupo de Trabalho do National Institute of Aging (NIA) e Alzheimer's Association (AA) são as seguintes:

CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE DEMÊNCIA DE QUALQUER ETIOLOGIA

1. A demência é diagnosticada quando há sintomas cognitivos ou comportamentais que:
1.1 - Interferem na habilidade com o trabalho ou atividades usuais;
1.2 - Representam declínio em relação a níveis prévios de desempenho;
1.3 - Não são explicados por delirium ou outra doença psiquiátrica.

2. O comprometimento cognitivo é detectado e diagnosticado mediante combinação de:
2.1 - Anamnese e informante com conhecimento da história;
2.2 - Avaliação cognitiva objetiva, mediante exame breve do estado mental ou avaliação neuropsicológica. Esta deve ser realizada quando a anamnese e o exame cognitivo breve realizado pelo médico não foram suficientes para permitir um diagnóstico confiável.

3. O comprometimento cognitivo ou comportamental afeta no mínimo dois dos seguintes domínios:
3.1 - Memória, caracterizado por comprometimento da capacidade para adquirir ou evocar informações recentes, com sintomas que incluem: repetição das mesmas perguntas ou assuntos, esquecimento de eventos, compromissos ou de lugar onde guardou objetos;
3.2 - Funções executivas, caracterizado por comprometimento do raciocínio, da realização de tarefas complexas e do julgamento, com sintomas tais como: compreensão pobre de situações de risco, redução da capacidade para cuidar das finanças, de tomar decisões e de planejar atividades complexas e seqüenciais;
3.3 - Habilidades visuais-espaciais, com sintomas que incluem: incapacidade de reconhecer faces ou objetos comuns, encontrar objetos no campo visual, dificuldade para manusear utensílios, para vestir-se, não explicados por deficiência visual ou motora;
3.4 - Linguagem (expressão, compreensão, leitura e escrita), com sintomas que incluem: dificuldade para encontrar e/ou compreender palavras, erros ao falar ou escrever, com trocas de palavras ou fonemas, não explicado por déficits sensoriais ou motores;
3.5 - Personalidade ou comportamento,l com sintomas que incluem alterações do humor (labilidade, flutuações incaracterísticas), agitação, apatia, desinteresse, isolamento social, perda de empatia, desinibição, comportamentos obsessivos, compulsivos ou socialmente inaceitáveis.

CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO PARA DEMÊNCIA DA DOENÇA DE ALZHEIMER

1. - Demência da doença de Alzheimer provável.
Preenche critérios para demência (acima) e tem adicionalmente as seguintes características:
1.1 - Início insidioso (meses ou anos);
1.2 - História clara de piora cognitiva;
1.3 - Déficits cognitivos iniciais e mais proeminentes em uma das seguintes categorias:
- apresentação amnéstica (deve haver outro domínio afetado);
- apresentação não-amnéstica (deve haver outro domínio afetado);
* Linguagem (lembrança de palavras).
* Visual-espacial (cognição espacial, agnosia para objetos ou faces, simultaneognosias e alexias).
* Funções executivas (alterações do raciocínio, julgamento e solução de problemas).

1.4 - Tomografia ou, preferentemente, ressonância magnética do crânio para excluir outras possibilidades diagnósticas ou co-morbidades, principalmente a doença vascular cerebral.
1.5 - O diagnóstico da demência na doença de Alzheimer provável não deve ser aplicando quando houver:
- Evidência de doença cérebro-vascular importante com história de AVC relacionada ao início ou piora do comprometimento cognitivo; ou presença de infartos múltiplos ou extensos; ou lesões acentuadas na substância branca visíveis na neuroimagem.
- Características centrais de demência com corpos de Lewy (alucinações visuais, parkinsonismo e flutuação cognitiva).
- Características proeminentes da variante comportamental da demência frontotemporal (hiperoralidade, hipersexualidade, perseveração).
- Características proeminentes de afasia progressiva primária manifestando-se como variante semântica (discurso fluente, anomia e dificuldade de memória semântica) ou variante não-fluente, com agramatismo.
- Evidência de outra doença concomitante e ativa, neurológica ou não uso de medicação com efeito na cognição.

O início do quadro demencial pode ser suspeitado pelas alterações do comportamento e do humor, quando a memória ainda não mostrou sinais de deterioração. A maioria dos pacientes com Doença de Alzheimer, em torno de 80%, já havia apresentado outros problemas psiquiátricos anteriormente. Acredita-se que pessoas com história antiga de depressão recorrente têm até cinco vezes mais probabilidade de desenvolver a Doença de Alzheimer.
Entre o estado normal e o desenvolvimento da Doença de Alzheimer os pacientes costumam apresentar um comprometimento cognitivo leve ou um comprometimento comportamental leve (Taragano, 2008).

Outro ponto a ser valorizado é que a Doença de Alzheimer irá acentuar outros traços de personalidade previamente existentes. A pessoa que manifestou tendência depressiva durante sua vida pregressa, por exemplo, com a Doença de Alzheimer terá mais chances de ter depressão. Caso a pessoa tenha tido traços de ansiedade, inquietação, de autoridade, com a Doença de Alzheimer poderá mostrar um comportamento agressivo e irritadiço.

Por tudo isso, pode-se dizer que alterações comportamentais acontecem na Doença de Alzheimer com certa freqüência e a personalidade do paciente pode sofrer mudanças. As mudanças mais comumente observadas são a melancolia, a regressão, apatia, irritabilidade, desconfiança e impaciência.

De 30 a 50% dos pacientes com essa doença apresenta algum tipo de delírio. O delírio é uma crença de natureza absurda e solidamente irremovível. De 10 a 25% deles têm alucinações e a maioria, de 40 a 60% pode ter sintomas depressivos.

Outra alteração possível, principalmente no início do quadro demencial, é a chamada confabulação. São estórias criadas pelo paciente quando perguntado, com o propósito de preencher o vazio criado por não lembrar a resposta, como por exemplo, - onde mora?, - quantos filhos tem? – que dia é hoje? A confabulação é deferente do delírio porque o paciente não tem a certeza do que diz e quando confrontado aceita outra versão ou dá respostas diferentes à mesma pergunta.

Entretanto, é difícil caracterizar esse delírio porque, na maioria das vezes, existe uma desorientação tão grande em relação ao local, à data e às pessoas que podemos pensar tratar-se de delírio (mas não é, é desorientação).

A alteração cognitiva progressiva faz com que o paciente com Doença de Alzheimer confunda facilmente a realidade e, para ele, não é clara a diferença entre o presente e o passado, assim como não é clara a diferença entre esse ou aquele filho ou parente.

A confusão que o paciente demenciado faz entre familiares pode causar frustração nas pessoas envolvidas, acostumadas que estão a serem bem identificadas. Cada situação constrangedora merece ser tratada diferentemente, depois de avaliado se é importante que o paciente saiba realmente quem é essa pessoa ou não. Algumas vezes as coisas podem ser deixadas como estão, outras vezes devem ser lembrada a identidade da pessoa confundida.

Basta de Alzheimer!

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