Comunicação química na psoríase
Entre as dermatoses influenciadas pelo estado emocional, a psoríase é muito evidente. Grande número de pacientes com psoríase relatam agravamento do quadro da doença em situações de estresse. Em estudo de 64 pacientes, Richard Fried e colaboradores, em Nova York, observaram que 29% deles percebia que os surtos da doença eram precipitados pelo seu estado emocional.
É comum a referência ao surgimento de uma crise ou expansão das placas ou intensificação da coceira, quando atravessam uma fase de tensão emocional. Por outro lado, o prejuízo que o estado da pele causa à autoimagem da pessoa e a sua vida social concorre para mantê-la em tensão exacerbada. Entre os pacientes que têm a manifestação cutânea agravada pelo estresse alguns pioram mais do que outros. Embora o estímulo seja o mesmo há variações individuais no curso da psoríase.
O estresse e os nervos
Pensamentos de tensão agem sobre o sistema nervoso central, o sistema nervoso autônomo e o sistema endócrino levando à produção de substâncias mensageiras de estresse.
Na pele, receptores especializados percebem estímulos produzidos nas suas células e os transmitem, por meio de fibras nervosas até os gânglios e a medula espinhal de onde são levados, por feixes nervosos, até o tálamo. Este os envia aos centros corticais superiores encarregados de processar as informações cognitivas.
Por nervos descendentes a informação sensorial é transportada através da medula espinhal até os órgãos periféricos, que são acionados autonomamente. O resultado final são respostas como sudação, rubor, palidez, produção de gordura e outras.
Mensageiros químicos na pele
Substâncias caracterizadas como neurotransmissores, neuropeptídios e neurormônios, cuja secreção é regulada por estímulos diversos, inclusive por processos mentais, têm sido identificadas na pele.
Cada uma tem diferentes efeitos e, em conjunto, seus efeitos se alteram a cada instante. Substância P, somatostatina, peptídio intestinal vasoativo (VIP), neuropeptídio Y, neurocinina A, galanina, dinorfina, endorfinas, peptídio relacionado ao gene da calcitonina (CGRP) são alguns dos mensageiros químicos observados na pele.
Entre elas, a substância P tem definido papel na provocação ou na manutenção das lesões de psoríase e está provavelmente envolvida na ligação entre o estresse e a psoríase.
Comunicação intercelular e curso da psoríase
A estimulação dos receptores, seja por estímulos positivos seja por estímulos danosos, como de resto toda estimulação em qualquer parte do organismo, leva à liberação de substâncias químicas encarregadas de comunicar o fato ao sistema nervoso central. Na psoríase, estímulos prejudiciais causam um aumento de substância P, de VIP e de CGRP por terminações nervosas da pele. Isso produz uma resposta inflamatória de vasodilatação e inchação.
Por outro lado, a ativação de certas áreas do córtex cerebral em momentos de estresse altera a liberação de substância P pelas glândulas supra-renais através de fibras autônomas descendentes, conforme explicam o Prof. Eugene Farber, notável pesquisador no campo da psoríase em Palo Alto, Califórnia, e colaboradores.
Como algumas fibras descendentes inervam neurônios produtores de substâncias opióides na protuberância dorsal da medula espinhal e esses neurônios estão anatomicamente ligados a nervos que contêm substância P na medula, é possível que esses nervos autônomos descendentes possam desencadear a liberação de neuropeptídios na pele.
Por essas vias pode ser entendido como o estresse influencia a fisiologia cutânea. As células estão em permanente comunicação por meio dessas substâncias químicas. Essa comunicação se faz não só entre as células, mas também das células para o sistema nervoso central e deste para as células. Pode-se, assim, explicar, ainda que num nível muito superficial, por que a psoríase tem variações em conformidade com o estado mental e emocional de muitos pacientes.
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