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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Prevalência de transtornos emocionais e comportamentais em adolescentes com asma.




A adolescência é compreendida como um período de transformação, sendo comuns variações do humor e do estado de ânimo. Nesse contexto, a asma pode ser responsável por absenteísmo escolar, distúrbios do sono, limitação para exercícios físicos e interferências nas relações familiares e sociais. Na adolescência, período de construção da identidade pessoal e social, ter asma pode significar ser diferente quando o que mais se deseja é ser igual ao grupo, causando considerável sofrimento emocional.

Há várias décadas, a relação entre asma e fatores emocionais tem sido estudada. Em 1892, Osler escreveu que havia um forte elemento neurótico na maioria dos casos de asma. Nos anos 40, dois autores, orientados pela teoria psicanalítica freudiana, propunham que a sintomatologia asmática seria a representação simbólica de conflitos inconscientes. Na década de 70, numerosos trabalhos da medicina psicossomática reforçavam o papel de fatores psíquicos como desencadeantes de crises. Postulou-se que as mães de crianças asmáticas teriam dificuldades em se colocar entre o bebê e o excesso de estimulação interna e externa. Vários questionamentos sobre a metodologia utilizada nesses trabalhos foram feitos e, muitas vezes, os resultados não se confirmaram. As alterações na relação mãe-filho poderiam estar presentes em algumas situações, mas não eram generalizáveis.

Várias pesquisas mostraram também a relevância de fatores psicológicos interferindo no manejo da asma. Ansiedade, depressão, negação da doença e presença de conflitos familiares têm sido associados à menor adesão ao tratamento e maior morbimortalidade.

A maioria dos estudos sobre a associação de transtornos emocionais e comportamentais (TECs) e asma realizados em crianças e adolescentes com asma mostra que eles têm maior prevalência de transtornos emocionais do que a população geral.

Grande parte destes estudos foi realizada em clínicas especializadas ou hospitais, incluindo apenas pacientes com asma persistente moderada e grave, com amostras reduzidas e seleção por conveniência. Alguns inquéritos de base populacional foram conduzidos, mas os critérios não uniformes quanto à definição de asma dificultam a comparação dos resultados.

Na revisão de literatura, não foram encontrados estudos abordando a associação entre asma e TECs, utilizando como critério de definição de asma o questionário padronizado e validado do International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC).


Transtornos emocionais podem constituir um de vários fatores desencadeantes ou agravantes da doença. Entretanto, os dados da literatura suportam mais a hipótese de que a asma levaria a transtornos emocionais por ser uma doença crônica. Em especial na adolescência, as limitações às atividades físicas, o constrangimento gerado pelos sintomas ou pela necessidade de uso regular de medicações, os efeitos colaterais destas e a ansiedade provocada pela dificuldade respiratória, entre outros, tornam a asma um potencial fator de risco para a saúde mental dos indivíduos.

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