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segunda-feira, 4 de junho de 2018

O papel dos neurotransmissores no organismo


As células nervosas não fazem contato físico umas com as outras, mas entre elas existem fendas (chamadas fendas sinápticas) preenchidas por líquidos onde são liberadas certas substâncias, chamadas neurotransmissores. Estas são substâncias químicas endógenas (sintetizadas pelos próprios neurônios) que passam mensagens de um neurônio para as células seguintes, geralmente outros neurônios, através das fendas sinápticas, permitindo que haja comunicação dentro do cérebro e deste para o resto do corpo.

Além dos sinais transmitidos entre os neurônios, os neurotransmissores também transmitem sinais na junção de um neurônio com uma célula muscular ou glandular. Por exemplo, o estômago digere, o coração palpita e nos pulmões há respiração porque o cérebro assim os comanda através dos neurotransmissores. Os neurotransmissores são liberados na fenda sináptica a partir de vesículas existentes na extremidade dos neurônios e são recebidos por receptores nas células-alvo.

Embora, quando tomados num sentido amplo, haja um número quase incontável de neurotransmissores disseminados por todo o corpo, o termo tem sido usado com maior frequência para se referir aos neurotransmissores cerebrais, que fazem a transmissão de estímulos entre os neurônios. Eles assumiram uma grande importância quando se descobriu que muitas enfermidades mentais podem estar relacionadas a eles.

A pesquisa sobre os neurotransmissores cerebrais compreende uma parcela significativa dos atuais estudos no campo da Neurociência. As drogas que afetam a atividade dos neurotransmissores podem influenciar o comportamento. Elas podem, por exemplo, diminuir a síntese de neurotransmissores, afetando a(s) enzima(s) que atua(m) na sua síntese. Quando as sínteses dos neurotransmissores são bloqueadas, a quantidade disponível deles para liberação torna-se menor, resultando em uma diminuição na sua atividade.

Algumas drogas bloqueiam ou estimulam a liberação de neurotransmissores específicos. Há drogas que impedem um neurotransmissor de se ligar ao seu receptor e são chamadas de "antagonistas do receptor". Por exemplo, drogas usadas para tratar pacientes com esquizofrenia, como haloperidol, clorpromazina e clozapina, são antagonistas de receptores de dopamina no cérebro. Outras drogas agem ligando-se a um receptor e imitando o neurotransmissor natural. Tais drogas são chamadas de "agonistas do receptor".

Outras drogas interferem na desativação de um neurotransmissor após sua liberação, prolongando a ação de um neurotransmissor. Por fim, os fármacos também podem impedir a ocorrência de um potencial de ação, bloqueando a atividade neuronal em todo o sistema nervoso central e periférico.

Principais neurotransmissores

Dopamina:

Controla a motricidade. Quando os níveis de dopamina estão baixos, como no Mal de Parkinson, os pacientes têm dificuldades ou mesmo não conseguem se mover. Existem alguns fármacos que atuam elevando os níveis de dopamina: liberadores de dopamina, bloqueadores de sua recaptação e estimulantes de sua síntese.

Serotonina:

Esse neurotransmissor é um dos que possui maior número de funções. Possui forte efeito no humor, memória, aprendizado, alimentação, desejo sexual e sono reparador. A falta desse neurotransmissor é a causa de transtornos depressivos, alimentares, sexuais e do sono. Para sua boa produção é importante o consumo de triptofano, uma jornada de 6 a 8 horas de sono e exercícios físicos regulares.

Noradrenalina:

Este neurotransmissor é uma substância química que induz principalmente a excitação física e mental e o bom humor. Sua falta está associada a transtornos depressivos. A maioria dos antidepressivos usados atualmente são estimuladores da dopamina, serotonina e noradrenalina.

Acetilcolina:

A acetilcolina controla a atividade de áreas cerebrais relacionadas à atenção, aprendizagem e memória e é responsável pelo funcionamento do sistema parassimpático para relaxar os músculos esqueléticos e contrair o sistema digestivo e excretor. Estes seus efeitos são opostos aos da adrenalina. Desse modo, é importante para a boa digestão e relaxamento muscular.

Glutamato:

O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório do sistema nervoso. Os receptores ionotrópicos (que quando ativados exibem grande condutividade a correntes iônicas) de glutamato são protagonistas em processos cognitivos que envolvem a destruição de células.

Aspartato:

O aspartato também atua como modulador excitatório, de modo similar ao glutamato.

Glicina:

A glicina é um neurotransmissor encontrado em todo o organismo e atua como inibitório em neurônios do sistema nervoso central. Também atua como anti-inflamatório, protetor celular e na modulação do sistema imune.

Ácido gama-aminobutírico (GABA)

O GABA é o principal neurotransmissor inibidor no sistema nervoso central. É sintetizado a partir do glutamato, o principal excitatório.

Neurotensina:

A neurotensina é encarregada de regular o hormônio luteinizante e a liberação de prolactina e interage com o sistema dopaminérgico. Dentre os seus papeis funcionais destacam-se a regulação da atividade locomotora, analgesia (diminuição da dor), hipotermia (diminuição da temperatura corporal) e controle da pressão arterial.

Opioides:

As drogas encefalina, endorfina, dinorfinas, heroína e morfina são opioides que modulam as respostas à dor, relaxamento muscular e reduzem o estresse.

Melatonina:

A melatonina regula o ciclo claro-escuro e causa sono quando está escuro. Esta é uma das partes mais importantes para o bom funcionamento do ciclo circadiano, que prepara o organismo para a maior ou menor produção de hormônios e enzimas dependendo do horário do dia.

Histamina:

A histamina regula, por meio do hipotálamo, as funções térmicas e as relacionadas ao despertar, além de regular o fluxo sanguíneo e a resposta à inflamação.



Ainda não existem "normas" cientificamente estabelecidas para níveis apropriados ou "balanços" dos diferentes neurotransmissores. É, na maioria dos casos, impossível medir os níveis de neurotransmissores no cérebro ou no corpo em momentos distintos no tempo. Os neurotransmissores regulam a liberação um do outro e desequilíbrios consistentes e francos nessa regulação mútua estão ligados ao temperamento em pessoas saudáveis.

Fortes desequilíbrios ou perturbações nos sistemas de neurotransmissores têm sido associados a muitas doenças e transtornos mentais. Estes incluem doença de Parkinson, depressão, insônia, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, ansiedade, perda de memória, mudanças dramáticas no peso e nos vícios.

O estresse físico ou emocional crônico pode contribuir para as mudanças no sistema de neurotransmissores. A genética também desempenha um papel nas atividades destes. Além do uso recreativo, medicamentos que diretamente interagem com um ou mais transmissores ou seus receptores são comumente prescritos para problemas psiquiátricos e psicológicos. Notavelmente, drogas que interagem com serotonina e norepinefrina são prescritas para pacientes com problemas como depressão e ansiedade - embora a noção de que há muitas evidências médicas sólidas para apoiar tais intervenções tenha sido amplamente criticada.

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