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segunda-feira, 19 de março de 2018

Síndrome da boca ardente



A síndrome da boca ardente, também chamada de síndrome da ardência bucal, é um distúrbio crônico com ou sem infecção, caracterizado por queimação, picadas e/ou comichão na cavidade oral, na ausência de lesões específicas ou qualquer doença orgânica. Envolve mais frequentemente a língua e menos frequentemente os lábios e a mucosa oral. A síndrome da boca ardente tem uma clara predisposição por mulheres na peri/pós menopausa.

A etiologia da boca ardente parece ser multifatorial, envolvendo fatores psiquiátricos, endócrinos, imunológicos, nutricionais, infecciosos e iatrogênicos. De uma forma mais descritiva, a síndrome da boca ardente pode ter como causa a boca seca, o uso de antissépticos orais e certos tipos de pasta de dente, hábitos como uso de goma de mascar, fumo e bebida alcoólica, uso de aparelho dentário, prótese ou comportamentos como bruxismo, compressão da língua contra os dentes, etc, alterações do humor ou de hábitos dietéticos, procedimentos dentários, deficiências nutricionais e medicamentos.

Existem, também, evidências de etiologia imunológica. As reações alérgicas também têm sido imputadas como possíveis causas. O lauril sulfato de sódio, um detergente de cremes dentais conhecidos por causar boca seca, pode estar implicado. Mais recentemente, a deficiência de zinco mostrou ser uma possível causa da síndrome, bem como determinadas infecções, particularmente candidíase. Algumas drogas usadas para hipertensão arterial podem igualmente desencadear o desenvolvimento da síndrome da boca ardente. Outras medicações como a levodopa e o topiramato também causam sintomas tipo queimação oral.

Os fatores de risco para o seu desenvolvimento são sexo feminino, peri-menopausa, depressão e ansiedade, doença de Parkinson e doenças crônicas, incluindo doenças gastrointestinais e urogenitais. As mulheres na peri-menopausa são mais afetadas em decorrência da redução dos níveis de hormônios femininos relacionada à idade.

Quais são as principais características clínicas da síndrome da boca ardente?

A tríade clássica da síndrome da boca ardente é:
1.Dor na boca.
2.Alterações do paladar, com sabor metálico ou amargo.
3.Alterações da salivação.

A dor é do tipo queimação, de intensidade moderada a acentuada, acometendo principalmente as bordas laterais e ponta da língua. Pode haver sensação dolorosa em gengivas, lábios e mucosa bucal. Em mais da metade dos casos, a dor surge espontaneamente, sem que haja um fator precipitante. Cerca de um terço dos indivíduos acometidos relatam o início dela a partir de um tratamento dentário, doença ou uso de algum medicamento. A dor piora no decorrer do dia, em estados de tensão ou fadiga, ao falar muito e com a ingestão de alimentos picantes e quentes. Além dessa tríade pode haver formigamento ou sensação de dormência na boca ou na língua e aumento da sede.

O diagnóstico da síndrome da boca ardente deve ser baseado nas queixas clínicas, no exame físico cuidadoso e em exames laboratoriais para afastar alguma causa orgânica que possa justificar os sintomas. Idealmente, o diagnóstico deve comportar uma avaliação do dentista para melhor conduta nas questões odontológicas.

A cura da síndrome da boca ardente primária permanece indefinida, mas o tratamento da síndrome secundária a uma condição médica ou odontológica subjacente depende da natureza dela. Além de aliviar os sintomas, a meta do tratamento deve ser dirigida para o tratamento do fator causal e, quando possível, ser feita a suspensão de medicamentos suspeitos.

Em suma, os tratamentos implicam, conforme o caso, em tratamento de doenças pré-existentes, suplementação nutricional, ajuste ou substituição de próteses dentárias, troca ou suspensão de medicamentos e uso de alguns fármacos.

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