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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Ansiedade de separação


Considerada por muitos como “o mal do século”, a ansiedade é um sentimento tão peculiarmente desagradável que só quem a sente sabe o quão ruim ela é. Suar, tremer, gaguejar…

Enfim, todos os piores sentimentos do ser humano ficam à flor da pele quando se está sofrendo de ansiedade.

Ela se expressa de vários modos, como preocupação, tensão, medo, pavor, sintomas físicos ou qualquer outro sentimento ruim em excesso. Como reação normal, a ansiedade desempenha um importante papel defensivo ante situações estressantes e prepara as pessoas para a luta ou fuga. Nesse sentido, a ansiedade é reacional e transitória.

No entanto, algumas pessoas sentem ansiedade sem qualquer motivo desencadeante ou sem proporção com um motivo determinado. Essa ansiedade geralmente interfere na vida e nas atividades cotidianas prejudicando-as. É tida, então, como patológica e as pessoas acometidas por ela parecem ter uma predisposição constitucional (provavelmente genética) para a ansiedade.

O ser humano começa completamente ligado física e emocionalmente à mãe. De início, a criança se vê, e efetivamente é, como uma extensão dela. Só passa a assumir sua individualidade e autonomia aos poucos e ao longo de muitos anos. Durante a gestação, há uma ligação real mãe-bebê, seguida por outra etapa em que essa ligação passa a ser intermitente, na amamentação, e ainda outra, menos regular, mas não menos importante, nos cuidados e ajuda à criança (alimentação, higiene, andar, falar, etc.). Nessa fase, já é possível que o pai também tenha alguma participação.

Depois, vem uma separação comportamental: a creche, a escola, a ausência dos pais para trabalhar e, eventualmente, a separação ou morte de um deles ou de ambos. Apesar de uma significativa ligação com ambos os pais, costuma-se reservar a expressão "ansiedade de separação" para as reações do bebê e da criança pequena (até os dois anos de idade) à separação da mãe.

Com o desenvolvimento físico e mental, a criança vai começar a perceber que tem seu próprio corpo, pensamentos e sentimentos e aí vai cada vez mais querer fazer as coisas do seu jeito. O processo de separação normalmente é acompanhado da ansiedade de separação, que pode ser difícil tanto para a criança, como para seus pais.

A ansiedade de separação costuma ter seu pico entre o 10º e o 18º meses de vida e, se for muito excessiva ou muito persistente, perturbando a vida normal da criança, pode-se estar diante de um transtorno da ansiedade de separação.

Alguns sintomas denunciam a ansiedade de separação: na criança muito pequena, o choro aparentemente imotivado, perda de apetite, irritação e recusa de ir ao colo de estranhos. Um pouco mais tarde podem aparecer dificuldade de afastar-se da mãe, medos excessivos ante estímulos menores, sintomas físicos pouco definidos e oscilantes (dor de cabeça e de barriga, náuseas e vômitos, etc.), preocupações excessivas, recusa em ir à escola, medo persistente e excessivo de ficar em casa sozinho, recusa em adormecer desacompanhado ou fora de casa e pesadelos repetidos.

E o que leva a ansiedade de separação normal a se transformar numa perturbação? Entre os motivos que estão na origem e manutenção da perturbação da ansiedade de separação contam-se: instabilidade familiar, dificuldades de adaptação a novas realidades, como entrada no Jardim de Infância, por exemplo, mudanças bruscas na vida da criança, superproteção por parte dos cuidadores e menor autonomia para as crianças ou, ao contrário, excessiva permissividade.

Como lidar com a ansiedade de separação?

•A mãe deve ter a sabedoria de equilibrar a proteção que deve dar a seu filho com a vontade dele de explorar o mundo por si mesmo. Uma criança que tenha amor e cuidados constantes e autonomia para ser ela mesma, adquire a confiança necessária para se soltar.

•A progressiva confiança que a criança vai adquirindo em sua mãe depende de pequenos gestos da parte dela como, por exemplo, responder imediatamente ao choro do bebê, atendê-lo prontamente quando ele está com fome ou com as fraldas molhadas, etc.

•A casa deve ser um ambiente seguro e agradável para a criança. Por exemplo: em vez de ter-se de falar "nãos" para ela, a mãe deve colocar objetos perigosos ou frágeis fora do alcance da criança.

•A mãe deve ajudar a criança a fazer as coisas que lhes são permitidas, não fazer para ela. Assim, evita frustrar seus desejos e ter de aplicar-lhe uma observação condenatória.

•Durante algum tempo a criança pensa na ausência da mãe como definitiva, mesmo quando ela se afasta rapidamente. De nada adianta dizer “mamãe vai ali, mas volta rapidinho” ou sair escondido para que a criança não perceba a ausência. Pelo contrário, ao sair a mãe deve despedir do bebê, cara-a-cara e dizer exatamente quando voltará, mesmo que ele não entenda e chore. Com o passar do tempo, isso reforçará a confiança na sua mãe e passará a aceitar mais facilmente a situação.

•A mãe nunca deve mentir para a criança, achando que isso vai tornar a situação mais fácil. O melhor é sempre dizer a verdade, mesmo acreditando que a criança não compreenda. Com o crescimento, ela passará a compreender as situações e a reagir mais adequadamente a elas.

•Algumas medidas relativamente simples ajudam a controlar a ansiedade de separação: diminuição da ansiedade dos pais, transmissão de confiança, com um contexto tranquilo, com rotinas e regras estáveis, ajuda para que a criança monte estratégias para lidar com o que teme e outras coisas de mesmo sentido.

•A mãe precisa achar o ponto de equilíbrio entre o "estar perto e disponível" e o "manter-se afastada e ocupada com outros assuntos além da criança" para que, durante a infância, a criança tenha espaço para construir por ela mesma o seu eu autônomo e responsável.

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