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quarta-feira, 14 de junho de 2017

Obstrução nasal



A obstrução nasal é uma queixa frequente na prática médica. Embora sua importância na função nasal e sua relação com outras doenças sejam hoje bem conhecidas, nem sempre é valorizada, muitas vezes passando despercebida. 

Esta condição geralmente é causada por alterações na anatomia e fisiologia nasal, secundária a algumas doenças, no entanto, pode ser simplesmente expressão de parte do ciclo fisiológico normal. 

Existem várias situações nas quais a obstrução nasal nada mais é do que o resultado de mudanças fisiológicas:

· Ciclo nasal - o ciclo nasal é alternante (lado a lado), rítmico, de acordo com a congestão e descongestão dos seios cavernosos das conchas nasais. Embora esteja presente em cerca de 80% da população, quase sempre passa despercebido, pois a resistência nasal total permanece constante. As crianças normalmente não apresentam ciclo nasal bem estabelecido em vez da alternância de ciclo, variando de lado a lado, como ocorre nos adultos, ocorre variação da resistência aérea nasal total, simultaneamente em ambos os lados e, consequentemente, períodos longos de obstrução nasal. Nos recém-nascidos a resistência do ar na cavidade nasal apresenta uma variabilidade ainda maior, sugerindo uma imaturidade da reação vasomotora da mucosa nasal

Obstrução nasal paroxística - crianças maiores e adultos, portadores de obstrução unilateral de longa data, decorrente, por exemplo, de desvio de septo nasal não raramente se queixam de obstrução do lado permeável. Nestes casos, acredita-se que o lado não obstruído funcione como um todo, e as queixas acontecem principalmente quando o ciclo nasal intermitentemente obstrui o lado patente

· Reflexo nasopulmonar - adultos e crianças maiores, na vigência de um resfriado comum, frequentemente se queixam de falta de ar, desproporcional à obstrução nasal observada pelo médico. Isto provavelmente seja resultante da diminuição da capacidade vital, secundária à estimulação do reflexo nasopulmonar, devido à obstrução nasal. Vários estudos demonstram que o aumento da resistência aérea nasal produz um aumento na resistência pulmonar, com diminuição da complacência pulmonar e, consequentemente, diminuição da ventilação alveolar. Clinicamente, o paciente pode manifestar-se com fadiga e irritabilidade. Em recém-nascidos, ao contrário, parece haver alterações nasais e pulmonares recíprocas neste caso, as mudanças observadas na resistência nasal ocorrem em direção oposta às pulmonares, resultando numa estabilização da resistência aérea total

· Puberdade e período menstrual - no período puberal, os adolescentes podem apresentar queixa de obstrução nasal sem causa aparente. Isso pode ocorrer em decorrência do aumento do nível de estrógeno e parcialmente da testosterona, os quais aumentam a reação vasomotora fisiológica, por diminuição da atividade da acetilcolinesterase. Pelos mesmos motivos, estas queixas podem ocorrer no período menstrual e mesmo na gravidez

· Fatores psicossomáticos - alterações emocionais (ansiedade, estresse, fadiga e raiva) podem provocar reações vasomotoras intensas em nível da cavidade nasal, mediadas por reflexos hipotalâmicos. Este quadro é caracterizado por obstrução nasal e rinorreia, podendo ser acompanhado de cefaleia do tipo enxaqueca, a qual é mediada pelos mesmos reflexos 

· Estímulos ambientais - muitas das queixas de obstrução nasal nada mais são que a expressão de uma reação vasomotora nasal a estímulo externo, refletindo uma função normal da mucosa nasal, uma vez que ela serve de interface entre o nosso corpo e o meio ambiente. Logo, este quadro obstrutivo pode ser dependente da composição de gases e partículas (poeira, mofo), da temperatura e do índice de saturação de água no ar inspirado. A rinorreia súbita comumente referida quando em contato com o ar gelado ou logo após uma refeição condimentada são exemplos deste tipo de reação vasomotora. 

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