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segunda-feira, 26 de junho de 2017

Diarreia funcional


Diarreia funcional merece destaque por ser um achado frequente na população, acometendo homens quanto mulheres.

Clinicamente, a diarreia é definida com aumento do número de evacuações em um mesmo dia e em curtos períodos de tempo. Em geral, a frequência evacuatória varia de três vezes por semana a três vezes ao dia. Porém, a melhor definição para diarreia é um volume aumentado de fezes líquidas ou pastosas a qual o organismo não consegue reter. A diarreia é considerada crônica quando ela persiste por mais de três semanas. Diarreia funcional merece destaque por ser um achado frequente na população, acometendo homens quanto mulheres, entretanto sem uma doença orgânica associada, como doença celíaca ou doença inflamatória intestinal. A presença do dor abdominal associada a alteração do hábito intestinal pode preencher outro critério diagnóstico de doença funcional gastrointestinal, como síndrome do intestino irritável.


Em resumo:


• Os pacientes que apresentam diarreia com dor abdominal são um subtipo da síndrome do intestino irritável.


• Estes pacientes com esta síndrome pode ter um hábito alternante, como períodos de constipação e de diarreia. Em geral, sintomas associados além da dor abdominal são inchaço abdominal, flatulência, borborigmo, urgência para evacuar e sensação de evacuação incompleta.


• Muitos desses sintomas aparecem naqueles que possuem diarreia funcional, porém, eles não se queixam de dores abdominais.


Em que se baseia o diagnóstico de diarreia funcional?


• História clínica 


• Uso de medicamentos


• Dieta


• Exame clínico


• Exame de sangue


• Exame de fezes


Em casos selecionados é necessário exame de endoscopia e/ou colonoscopia. Estes exames avaliam as paredes estômago, intestino delgado e grosso (cólon) para excluir qualquer tipo de problema crônico, por exemplo, doença celíaca, inflamação do intestino grosso e outras doenças intestinais.


Por que os medicamentos e a dieta diária do paciente são importantes?


O diagnóstico dessa doença é feito somente após seu médico analisar todo seu histórico. 


• Medicamentos e alimentação devem analisados para que o especialista verifique se nenhum deles é o responsável pela sua diarreia.


• A lista de remédios que causam diarreia é grande – antibióticos, medicamentos para diabetes, antiácidos, remédios para pressão alta e medicamentos para arritmia cardíaca.


Todo medicamento deve ser informado a seu médico.


Apesar de vários pacientes serem intolerantes à lactose, frutose e glúten, toda restrição deve ser orientada por um profissional para que evite problemas nutricionais.


O que acontece quando não digerimos por completo certos alimentos?


A má absorção de certos alimentos pode causar diarreia. O leite e seus derivados, por exemplo, provocam diarreia nas pessoas que não conseguem absorver lactose. Pacientes com intolerância à lactose produzem menos lactase (enzima que digere a lactose) em seu organismo. Para esses pacientes os médicos recomendam uma dieta sem lactose e/ou suplementos com enzimas digestivas. 


Outros carboidratos como frutose, sorbitol, xilitol também podem causar gases e diarreia, dependendo da quantidade que chega até intestino grosso.


Existe algum teste que pode diagnosticar a intolerância aos carboidratos?


Há exames laboratoriais que mede de forma indireta a presença de intolerância á lactose, porém o método mais sensível para este diagnóstico é o teste respiratório com hidrogênio expirado que mede além da má absorção, a tolerância à sobrecarga do carboidrato.


Da mesma forma, outros carboidratos podem ser testados, especialmente a frutose e sorbitol.


O que fazer quando se confirma a presença de intolerância alimentar?


• Restrições dietéticas específicas, orientadas pelo médico ou nutricionista.


• Uso orientado de suplementos com enzimas digestivas, especialmente na intolerância à lactose. A lactase (Lactosil®), enzima que digere a lactose, pode ser utilizada para auxiliar a digestão.


• Paciente com intolerância à frutose devem conhecer os alimentos e produtos industrializados que contém este carboidrato e evitá-los.


• Alguns pacientes são intolerantes ao sorbitol, carboidrato encontrado na maça, pera, ameixa e em chicletes sem açúcar.


E o café?


A cafeína, presente neste alimento, interfere no funcionamento intestinal aumentando o peristaltismo (movimento do intestino). É bom lembrar que refrigerantes e chás também contém esta substância e evitar o excesso é importante.


Há outras situações que desencadeiam a diarreia funcional?


Algumas pessoas desenvolvem a diarreia depois de passar por algum tipo de cirurgia no estômago, vesícula biliar ou intestino grosso. O mecanismo exato ainda é incerto, mas, certamente está relacionando com o transporte de bile a nível do intestino grosso.


Quais são as causas da diarreia funcional?


Não existe um consenso entre os especialistas, o único ponto em comum é que essa doença está relacionada com o mal funcionamento do aparelho digestivo. A causa da diarreia não é completamente conhecida pelos médicos.


Qual o tratamento mais adequado para os pacientes com diarreia funcional?


O foco do tratamento são os sintomas. 


Quais alimentos em geral devo evitar?


• Lactose


• Frutose


• Sorbitol

• Cafeína

• Outros carboidratos (massas, feijão e vagem).

E pacientes que têm diarreia e constipação de forma alternante?

Normalmente o uso de fibra suplementar contínuo pode ser necessário. Somente um profissional é capaz de indicar o produto e a quantidade necessária.

E para aqueles pacientes que as dietas não funcionam?

Para essas pessoas podem receber medicamentos que combatem a diarreia, como a loperamida (Imosec®), porém o uso deve ser realizado estritamente com ajuda profissional.

Quais outros cuidados?

Na diarreia, seja aguda ou crônica, não deixe descuide da hidratação especialmente com açúcar e eletrólitos (ex: bebidas isotônicas), mas não restrinja apenas a líquidos e não deixe de comer alimentos com fibras. Nas fases de maior intensidade da diarreia, intensifique estas medidas. Se você tem diarreia crônica vá tirando da sua dieta, gradativamente, alguns alimentos para que você tente identificar a origem do problema.

Lembre-se! Alimentos mais associados à piora da diarreia:

• Mel, sucos e frutas ricos em frutose

• Leite e derivados

• Cafeína – café, chás e refrigerantes

• Bebidas alcóolicas

• Alimentos apimentados

• Alimentos gordurosos

• Doces muito concentrados

• Figo, tâmara, uva passas e ameixa

• Chicletes sem açúcar e balas que contém sorbitol, manitol e xilitol

• Fibras em excesso

Quais atitudes, suplementos e medicamentos que também podem ajudar?

É preferível que você coma várias vezes, em menor quantidade e de maneira tranquila, mastigando bem os alimentos. Se possível, tente relaxar após as refeições, inclusive a famosa “siesta” pode diminuir os movimentos peristálticos.

Identifique quais alimentos e bebidas estão piorando seus sintomas. Inclua alimentos ricos em sódio e potássio na sua dieta diariamente. A dieta é sempre individualizada.

Suplementos de fibras com psyllium, pectina ou sintéticas e probióticos (especialmente Lactobacilos) exigem orientação especializada. 

As fibras, algumas vezes associadas à medicação antiespasmódicos, podem evitar a urgência evacuatória.

A diarreia funcional é uma condição benigna e apresenta períodos de melhora dos sintomas, porém mesmo assim, exige uma reavaliação médica intermitente. Qualquer novo sinal ou sintoma como emagrecimento, sangue nas fezes, anemia, ou febre deve ser imediatamente comunicado a seu médico e novos exames serão necessários.  

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