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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Consumir café, mate ou bebidas muito quentes causa câncer?


Um Grupo de Pesquisa internacional com 23 cientistas foi convocado pela International Agency for Research on Cancer (IARC), a agência do câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS), para avaliar a carcinogenicidade relacionada ao consumo de café, mate e bebidas muito quentes. Um resumo das avaliações finais foi publicado na revista The Lancet Oncology e as avaliações detalhadas serão publicadas no Volume 116 das monografias da IARC.

Não foi encontrada nenhuma evidência conclusiva sobre os efeitos cancerígenos de beber café. No entanto, os peritos observaram que o consumo de bebidas muito quentes provavelmente causa câncer de esôfago em humanos. Nenhuma evidência conclusiva foi encontrada para o consumo de mate em temperaturas que não são muito quentes.

"Estes resultados sugerem que o consumo de bebidas muito quentes é uma provável causa de câncer esofágico e que é a temperatura, ao invés das próprias bebidas, que parece ser a responsável," diz o Dr. Christopher Wild, diretor da IARC.

Bebidas muito quentes

A ingestão de bebidas muito quentes foi classificada como provavelmente cancerígena para os seres humanos (Grupo 2A).

Esta conclusão foi baseada em evidência limitada de estudos epidemiológicos que mostraram associações positivas entre o câncer do esôfago e o hábito de beber bebidas muito quentes. Estudos em lugares como China, República Islâmica do Irã, Turquia e América do Sul, onde o chá ou o mate é tradicionalmente bebido muito quente (a cerca de 70 °C), mostraram que o risco de câncer esofágico aumentou com a temperatura na qual a bebida era consumida.

Em experimentos com animais, também houve evidência limitada para a carcinogenicidade da água consumida muito quente.

"Fumar e ingerir bebidas alcoólicas são as principais causas de câncer esofágico, particularmente em muitos países de alta renda", enfatiza o Dr. Wild. "No entanto, a maioria dos casos de câncer do esôfago ocorre em partes da Ásia, América do Sul e África Oriental, onde regularmente o consumo de bebidas muito quentes é comum e onde as razões para a alta incidência desse tipo de câncer não são bem compreendidas."

O câncer esofágico é a oitava causa mais comum de câncer no mundo e uma das principais causas de morte por câncer, com cerca de 400.000 mortes registradas em 2012 (5% de todas as mortes por câncer). A proporção de casos de câncer no esôfago que pode estar ligada ao consumo de bebidas muito quentes não é conhecida.

Mate

Mate frio não tem efeitos carcinogênicos em experiências com animais ou em estudos epidemiológicos. Portanto, beber mate em temperaturas que não são muito quentes, não foi classificado quanto à sua carcinogenicidade para seres humanos (Grupo 3).

Isto foi baseado em evidência inadequada em seres humanos para a carcinogenicidade de beber mate frio ou quente e evidência inadequada em animais experimentais para a carcinogenicidade do mate frio como um líquido de consumo.


Observações:

1. Mate é uma infusão feita a partir de folhas secas de Ilex paraguariensis. Ele é consumido principalmente na América do Sul e, em menor proporção, no Oriente Médio, Europa e América do Norte. Mate é tradicionalmente bebido muito quente (a cerca de 70 °C), mas também pode ser consumido frio.

2. "Muito quente" refere-se a qualquer bebida consumida a uma temperatura acima de 65 °C.

Café

O consumo de café não era classificável quanto à sua carcinogenicidade para seres humanos (Grupo 3).

O grande corpo de evidências atualmente disponível levou à reavaliação da carcinogenicidade do consumo de café, anteriormente classificado como possivelmente cancerígeno para os seres humanos (Grupo 2B) pela IARC em 1991.

Depois de analisar minuciosamente mais de 1000 estudos em humanos e animais, os pesquisadores concluíram que havia evidências inadequadas para a carcinogenicidade de beber café em geral.

Muitos estudos epidemiológicos mostraram que o consumo de café não teve efeitos cancerígenos para tumores malignos do pâncreas, mama feminina e de próstata e riscos reduzidos foram observados para os cânceres de fígado e endométrio.

Para mais de vinte outros tipos de câncer, as evidências não foram conclusivas.



Fontes: International Agency for Research on Cancer, em 15 de junho de 2016

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