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quarta-feira, 18 de maio de 2016

Hidrossalpinge


A hidrossalpinge (do grego: hydro = água + salpinx = trombeta) é uma condição em que a trompa de Falópio encontra-se bloqueada, preenchida com líquido seroso ou claro. Se a trompa estiver cheia de sangue, fala-se em hematossalpinge e se estiver com pus, em piossalpinge.

A hidrossalpinge pode ser causada por uma infecção nas trompas, muitas vezes transmitida sexualmente (como clamídia ou sífilis, por exemplo). Essas infecções geralmente afetam as trompas de Falópio bilateralmente, embora possam ser unilaterais. Outras causas incluem cirurgias abdominais anteriores, aderências pélvicas, endometriose e outras fontes de infecção, tais como apendicite.

As trompas de Falópio têm o formato de uma trombeta, tubo com uma das extremidades dilatada, a qual é conectada ao ovário, e a outra extremidade é ligada ao útero. Normalmente, elas coletam a cada mês o óvulo que é liberado pelo ovário, que migra em direção ao útero, através delas, indo ao encontro do esperma. Este, por sua vez, logo que depositado na vagina, passa através do colo do útero para as trompas, onde acabam por se juntar ao óvulo, para formar o embrião. O embrião migra através das trompas para o útero e quando o atinge implanta-se na sua parede.

O fluido normalmente produzido pelas trompas de Falópio é descarregado através da extremidade fimbrada (extremidade próxima ao ovário) na cavidade peritoneal. Se essa extremidade tornar-se obstruída, a obstrução resultante não permite que o fluido passe para o abdômen e ele reverte seu fluxo e se acumula nas trompas, constituindo a hidrossalpinge. Assim, não pode se realizar uma gravidez normal no útero e pode desenvolver-se uma gravidez nas trompas (gravidez ectópica ou gravidez tubária), o que pode pôr em perigo a vida da gestante.

A trompa bloqueada pode tornar-se substancialmente distendida, podendo chegar a vários centímetros de diâmetro, assumindo a aparência de uma salsicha. A condição muitas vezes é bilateral e geralmente causa infertilidade. A maioria das mulheres com hidrossalpinge não têm sintomas, exceto problemas de fertilidade. Em algumas mulheres, uma gravidez ectópica pode ser o primeiro sinal. Ocasionalmente, algumas mulheres se queixam de dor pélvica ou no abdômen inferior, que piora durante a menstruação ou logo a seguir. Pode haver também um corrimento vaginal constante associado a este problema. Se as trompas estiverem completamente bloqueadas, o ovo não pode viajar através da trompa para o útero e, assim, a gravidez natural não ocorre, sendo necessários métodos artificiais, se ela é desejada.

Além da história clínica da paciente, existem três maneiras de avaliar se uma ou ambas as trompas estão bloqueadas:

(1) histerossalpingografia,
(2) ultrassonografia e
(3) laparoscopia.

Na histerossalpingografia o médico injeta, através do colo do útero, um líquido opaco aos raios X para verificar se as trompas estão permeáveis ou não. A ultrassonografia é capaz de detectar, através de imagens, a presença da hidrossalpinge. Pela laparoscopia, o médico pode observar diretamente o exterior do útero e das trompas de Falópio e perceber se há indícios de que estejam obstruídas. A laparoscopia permite não só o diagnóstico da hidrossalpinge, mas também a intervenção terapêutica necessária ao tratamento.

Em geral, a hidrossalpinge é uma condição mecânica causada por aderências que estreitam ou fecham a extremidade da trompa, as quais precisam ser desfeitas. Em alguns casos, especialmente quando a hidrossalpinge é pequena, este tipo de bloqueio pode ser reparado por um procedimento cirúrgico laparoscópico. Ele, contudo, aumenta a chance de gravidez ectópica nas mulheres que desejam engravidar depois do procedimento, sendo mais aconselhável a fertilização in vitro. Se houver evidências de que as tubas estão inchadas, é prudente administrar-se antibióticos preventivos para reduzir o risco de reativação do processo inflamatório, que pode levar a novas aderências.

A hidrossalpinge pode ser evitada com medidas para reduzir as doenças inflamatórias pélvicas, principalmente as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Além disso, como a hidrossalpinge é, em alguns casos, uma sequela de uma infecção pélvica, o tratamento profilático com antibióticos pode ser uma maneira de prevenção.

A principal complicação da hidrossalpinge é impedir que a gravidez possa ocorrer. O líquido presente numa trompa é um fator que pode atrapalhar a implantação do embrião, caso a fecundação tenha ocorrido na trompa saudável. Se as duas trompas estiverem obstruídas ou forem retiradas, a gravidez natural fica impedida.

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